Sir Charles Spencer Chaplin foi roteirista, ator, dançarino,
figurinista, diretor, compositor e produtor inglês. Foi o mais famoso artista
cinematográfico da era do cinema mudo. O personagem que mais marcou sua
carreira foi “O Vagabundo" ou Carlitos, criado em 1915, um andarilho
pobretão, de maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro, seu figurino,
um casaco esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu
número, um chapéu coco e uma bengala de bambu, além de seu marcante bigode, este
personagem denunciava as injustiças sociais.
Nascido em dia 16 de abril de 1889 às vinte horas, na
East Street, Walworth, um subúrbio de Londres. Filho de artistas do music hall
londrino, Hannah Hariete Pedlingham Hill, sua mãe era cantora e atriz, Charles
Spencer Chaplin Sr., seu pai, vocalista e ator. Teve uma vida difícil, sobretudo após a separação
dos seus pais, ele e seu irmão mais velho Sidney ficaram com Hannah. A vida
miserável que tinha fez com que sua mãe passasse por sérios problemas
psiquiátricos. Por isto, Charles e Sidney tiveram que viver em um abrigo para
crianças órfãs. Mesmo debilitada, Hannah continuava a se apresentar com seus
números musicais e de dança, até que, em 1894 não conseguiu subir ao palco. Coube
ao pequeno Charlie, aos cinco anos de idade, cantar e representar de acordo com
os ensaios que via da sua mãe. Sua estreia foi um sucesso, resultando em várias
moedas jogadas ao palco, confirmando o seu bom desempenho.
Nestes anos passados em orfanatos, Chaplin encontrou
todos os elementos que utilizaria mais tarde nos roteiros dos filmes que
dirigiu e interpretou. Chaplin acabou construindo a sua vida com a única coisa
positiva que poderia ter herdado da sua família: a paixão pelo teatro. Graças a
seu pai, comemorou o seu oitavo aniversário contratado por uma companhia de
bailarinos chamada Eight Lancashire Lads.
Seu pai era alcoólatra e tinha pouco contato com o
filho. Morreu de cirrose hepática em 1901. Chaplin dizia que sua relação com o
pai nunca foi boa, e as melhores lembranças que guardava da infância estava
ligada à figura da sua mãe Hannah. Contava que quando criança contraiu uma
séria doença ficando de cama por um tempo, sua mãe ficava próxima à janela,
representando o que acontecia do lado de fora da casa, para que o pequeno
Chaplin soubesse o que se passava.
Chaplin iniciou sua carreira como mímico, fazendo
excursões para apresentar sua arte. Em 1913, durante uma de suas viagens pelo
mundo, conheceu o cineasta Mack Sennett, em Nova York, que o contratou para estrelar
seus filmes nos estúdios Keystone Film Company.
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Douglas Fairbanks, Mary Pickford, Charles Chaplin e David Llewelyn Wark Griffit |
Em 05 de Fevereiro de 1919 no auge de seu sucesso, Chaplin
fundou a United Artists, juntamente com seus amigos Douglas Fairbanks, Mary
Pickford e David Llewelyn Wark Griffit, três artistas hollywoodianos com um
objetivo em comum: Ter o domínio dos seus próprios filmes, tanto financeiro
como técnico. Crítico ferrenho da sociedade, ele não se cansava de denunciar os
grandes problemas sociais, tais como a miséria e o desemprego.
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Cenas dos filmes, no alto:
O Garoto, A Corrida do Ouro, Rua da Paz
embaixo:
O Circo e Luzes da Cidade |
Foi na United
Artists que Chaplin produziu grandes obras como: "O Garoto" em 1921,
que conta a história de um bebê que acaba ficando aos cuidados de um vagabundo;
"Em Busca do Ouro" em 1925, que se passa no Alasca em plena corrida
do ouro; Rua da Paz; O Circo, filme que deu a Chaplin em 1929 seu primeiro
Oscar Honorário; "Luzes da Cidade" em 1931, que conta a história do
vagabundo que se finge de milionário para impressionar uma florista cega, por
qual se apaixonou, sendo esse um filme mudo produzido na época do cinema falado.
Charles era contrário ao surgimento do cinema sonoro, dizia
que o cinema mudo era entendido por todos, mas logo se adaptou e voltou a
produzir verdadeiras obras primas: "Tempos Modernos" em 1936, que
satiriza a mecanização da modernidade - o Fordismo e "O Grande Ditador" em 1940,
em que toma partido contra as perseguições raciais na Europa. Talvez uma
resposta à Hitler, pois durante a década de 1930 seus filmes foram proibidos na
Alemanha nazista, considerados subversivos e contrários a moral e aos bons costumes.
Porém, na verdade, representavam uma crítica ao sistema capitalista, à
repressão, à ditadura e ao sistema autoritário que vigorava na Alemanha no
período.
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Tempos Modernos e O Grande Ditador |
Em 1928, no auge da sua carreira, Chaplin perde a sua
mãe, Hannah, em 1928. Após passar por sérios problemas mentais, tendo sido
internada no Asilo Cane Hill e, posteriormente, ido morar junto ao artista, a
mesma falece.
Charles Chaplin tem uma vida sentimental intensa
casa-se quatro vezes, as três primeiras com estrelas do cinema. Com 54 anos,
conhece a filha do teatrólogo irlandês Eugene O'Neill, Oona, de 18 anos, que se
torna sua quarta mulher e com quem vive até o fim da vida, tendo seis filhos.
Em 1952, Chaplin e sua família viajam à Inglaterra.
Entretanto, recebe um comunicado de que seu retorno aos EUA estava proibido
pelo Serviço de Imigração. A justificativa era de que o artista mantinha laços
estreitos com o comunismo. Desse período em diante Chaplin decide morar na
Suíça, onde estabelece residência numa bela mansão em Vevey. Chaplin nunca esqueceu a mágoa que sentiu ao ser expulso dos EUA e traduziu isso através de uma de suas obras-primas: Um Rei em Nova York.
Em 1965, publicou sua autobiografia, Minha Vida.
Em 1972, saiu do exílio especialmente para receber o
Oscar Honorário, pelo conjunto da obra. Na ocasião, Chaplin foi ovacionado pelo
público presente, sendo este um dos momentos mais emocionantes da sua vida.
Em 4 de março de 1975 recebe das mãos da Rainha
Elizabeth II o título de Cavaleiro Real, passando a ser chamado de Sir Charles
Spencer Chaplin.
Na noite de Natal do ano de 1977, na sua mansão em
Vevey, Chaplin falece aos 88 anos de idade. Ao que parece, estava dormindo
quando sofreu um derrame cerebral. Foi enterrado no Cemitério
Corsier-Sur-Vevey. Após três meses do sepultamento, seu corpo foi roubado, a
quadrilha exigiu uma grande quantidade de dinheiro para a família, para que o corpo
fosse devolvido. Uma vez que os ladrões foram capturados pela polícia, a esposa
de Chaplin, Oona, realizou uma grande festa, para mil policiais de Vevey.
Temendo possíveis furtos do corpo, a família providenciou uma grande barra de
concreto para lacrar o túmulo do artista.
Sua obra possui um valor inestimável para o mundo
artístico. Chaplin é referência para muitos diretores de cinema, teatro e até
mesmo de televisão até nossos dias.
Há uma famosa estátua de Chaplin em Vevey.
Em 1992, um
filme sobre sua vida foi feito, com o título Chaplin, dirigido por Sir Richard
Attenborough, estrelando Robert Downey Jr., Dan Aykroyd, Geraldine Chaplin
(filha de Chaplin, interpretando sua própria avó), Anthony Hopkins, Milla
Jovovich, Moira Kelly, Kevin Kline, Diane Lane, Penelope Ann Miller, Paul Rhys,
Marisa Tomei, Nancy Travis, e James Woods.
Chaplin, cujo quociente de inteligência era de 140,
foi também um talentoso jogador de xadrez e chegou a enfrentar o campeão
americano Samuel Reshevsky.
Em grande parte de seus filmes a trilha sonora era de sua autoria, dentre elas as mais famosas são: Smile de Tempos Modernos e Eternally de Luzes da Ribalta.
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Charles tocando violoncelo e regendo orquestra em Mandolin Serenade. |
Muitos têm dito que Chaplin seria ateu, entretanto de
acordo com seu filho, Charles Chaplin, Jr., em seu livro “Meu Pai, Charlie
Chaplin” (inédito no Brasil), páginas 239-240, Chaplin não era um ateu, ele
cita-o dizendo: “Eu não sou um ateu” … “Lembro-me de ele dizer em mais de uma
ocasião. ” Eu sou definitivamente um agnóstico. Alguns cientistas dizem que se
o mundo parasse de girar, nós todos
iríamos nos desintegrar. Mas o mundo continua em curso. Algo deve estar
segurando a todos nós no lugar. Alguma Força Suprema. Mas o que é, eu não poderia te dizer.“
Muitas listas também o citam como um famoso maçom,
apesar de nenhum registro, o “vagabundo” normalmente está em perfeita
esquadria.
Além de algumas músicas selecionadas no link abaixo há um CD duplo completo chamado: Charlie Chaplin - The essential film music collection, que creio que irão gostar.
Discurso final de O Grande Ditador
Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Queremos viver para a felicidade do próximo e não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!
SMILE
Smile canção composta por Charlie Chaplin originalmente em 1936, para seu filme, Tempos Modernos. Em 1954, John Turner e Geoffrey Parsons adicionaram letra à canção. Na letra, o cantor está dizendo para o ouvinte se animar e que há sempre um futuro brilhante, se ele apenas sorrir:
Letra original
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tradução
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Smile
Though
your heart is aching
Smile
Even
though it's breaking
When
there are clouds in the sky - you'll get by
If you
smile through your pain and sorrow
Smile
And maybe
tomorrow
You'll
see the sun comes shinning through
For you
Light up
your face with gladness
Hide
every trace of sadness
Although
a tear
Maybe
ever so near
That's
the time
You must
keep on trying
Smile
What's
the use of crying?
You'll
find that life is still worthwhile
If you
just smile
That's
the time
You must
keep on trying
Smile
What's
the use of crying?
You'll
find that life is still worthwhile
If you
just smile
Smile
Though
your heart is aching
Smile
Even
though it's breaking
When
there are clouds in the sky - you'll get by
That's
the time
You must
keep on trying
Smile
What's
the use of crying?
You'll
find that life is still worthwhile
If you
just smile
You'll
find that life is still worthwhile
If you just smile
Smile
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Sorria
Embora o seu coração esteja doendo
Sorria
Mesmo que ele esteja partido
Quando houver nuvens no céu- você vai se virar
Se você sorrir durante a dor e a tristeza
Sorria
E talvez amanhã
Você verá que o sol vem brilhando
Para você
Ilumine o seu rosto com alegria
Esconda todo rastro de tristeza
Embora uma lágrima
Possa nunca estar tão próxima
Este é o momento
Que você tem que continuar tentando
Sorria
Qual a utilidade do choro?
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas sorrir
Este é o momento
Que você tem que continuar tentando
Sorria
Qual a utilidade do choro?
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas sorrir
Sorria
Embora o seu coração esteja doendo
Sorria
Mesmo que ele esteja partido
Quando houver nuvens no céu- você vai se virar
Este é o momento
Que você tem que continuar tentando
Sorria
Qual a utilidade do choro?
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas sorrir
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas sorrir
Sorria
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