quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

STILLE NACHT

Não falarei sobre o Solstício de Verão, que ocorreu nesta quarta-feira, dia 21 de Dezembro de 2016, pois já comentei algumas vezes sobre isso neste blog.


STILLE NACHT



Há quase duzentos anos, a pequena cidade de Oberndorf bei Salzburg, na Áustria entrava para a história da música mundial. 


Foi ali na Véspera de Natal de 1.818 na Igreja de St. Nikola que foi apresentada pela primeira vez a mais popular canção natalina Stille Nacht, Silent Night ou Noite Feliz.




A poesia foi escrita pelo padre Joseph Mohr e a melodia foi composta em 1.818 por Franz Xaver Gruber, professor e organista.

Os autores:


JOSEPH MOHR

Josephus Franciscus Mohr, nascido em Salzburgo no dia 11 de Dezembro de 1792, filho de Anna Schoiberin, uma bordadeira oriunda da cidade de Hallein, e Franz Mohr, um soldado mercenário e desertor, oriunda da cidade de Mariapfarr, região montanhosa de Lungau ao sul de Salzburg.

Teve como padrinho de batismo, Joseph Wohlmuth, o último carrasco oficial de Salzburgo, que não assistiu ao batismo, tendo sido representado por uma Franziska Zachin. Como os pais eram solteiros, Joseph de acordo com o costume da época, recebeu o nome de seu padrinho.

O vigário e diretor musical da Catedral de Salzburgo, Johann Nepomuk Hiernle foi o seu incentivador e primeiro professor de música, ainda menino foi cantor e violinista nos corais da Igreja Universitária e do Mosteiro Beneditino de São Pedro. Entre 1.808 a 1.810, estudou em Kremsmünster, na Alta Áustria, retornando a Salzburg estudou no Lyceum e em 1.811 foi admitido no seminário, graças a uma dispensa especial, por ser filho ilegítimo. Formou-se e foi ordenado sacerdote em 21 de Agosto de 1.815.

No outono daquele ano foi enviado para trabalhar na aldeia de Ramsau, próximo a Berchtesgaden, servindo como padre assistente em Mariapfarr entre 1815 e 1817. Foi nessa localidade que escreveu Stille Nacht em 1816.

Com a saúde debilitada retornou a Salzburg no verão de 1817, após uma breve recuperação foi enviado à Paróquia de Oberndorf, onde conheceu Franz Gruber, professor na vizinha Arnsdorf.

Mohr foi um homem generoso e doou a maior parte do seu salário para a caridade, foi transferido de um lugar para outro, e permaneceu em Oberndorf apenas até 1819.

Depois de Oberndorf ele foi enviado para Kuchl, seguido de estadias em Golling an der Salzach, Bad Vigaun, Adnet E Anthering. Em 1827 foi feito pastor de Hintersee, e em 1837 da aldeia alpina de Wagrain.

Aqui ele criou um fundo para permitir que crianças de famílias pobres pudessem frequentar a escola e um sistema para o cuidado dos idosos. Mohr faleceu de doença pulmonar no dia 4 de dezembro de 1848, aos 55 anos.

FRANZ GRUBER

Franz Xaver Gruber nasceu no dia 25 de Novembro de 1.787, na aldeia de Hochburg, na Alta Áustria, próximo a nascente do Rio Salzach, filho dos tecelões de linho Josef e Maria Gruber. Seu nome dado foi gravado no registro de batismo como "Conrad Xavier", mas foi mais tarde alterado para "Franz Xaver". Foi o quinto dos seis filhos do casal.

Seu pai se opunha tenazmente ao talento musical do filho. Mas Franz começou a aprender a tocar órgão escondido do pai. Teve aulas de música com Andreas Peterlechner, o organista local, Andreas um dia adoeceu e o jovem Franz, então com 12 anos de idade, substituiu-o ao órgão, surpreendendo a todos. E durante toda a doença do organista oficial foi Franz quem acompanhou os hinos da comunidade. Diante disso, o velho Gruber teve que ceder, e deixou-o estudar para tornar-se organista.

Franz trabalhou como tecelão até os 18 anos e então estudou para se tornar professor. Ele completou a sua educação musical e estudou com o organista da igreja de Burghausen, Georg Hartdobler.

Em 1807, Gruber tornou-se professor em Arnsdorf, e também zelador e organista da igreja.

No ano seguinte casou-se com uma viúva, Maria Elisabeth Fischinger Engelsberger. Eles tiveram dois filhos, os quais ambos morreram jovens.

Para melhorar os seus rendimentos financeiros, em 1816, ele assumiu as responsabilidades adicionais de organista e mestre de coro na Igreja de São Nicolau, na aldeia vizinha de Oberndorf bei Salzburg, onde conheceu o padre Joseph Mohr.


Após a morte de sua primeira esposa, em 1825, Gruber se casou com uma ex-aluna, Maria Breitfuss. Eles tiveram dez filhos, quatro dos quais sobreviveram até a idade adulta. Em 1829 mudou-se para Berndorf, assumindo funções de professor, sacristão e maestro, permanecendo ali por seis anos.

Em 1835, obteve sua nomeação como maestro e organista da paróquia de Hallein, em Salzburgo, onde compôs muitas outras músicas religiosas.

Maria Gruber morreu durante um parto em 1841. No ano seguinte, ele se casou com Katherine Wimmer.

Gruber continua sua carreira musical até a sua morte aos 76 anos, em Hallein, no dia 07 de Junho de 1.863.

A OBRA


Os dois, o padre e o organista, logo se tornaram grandes amigos, ligados pelo amor de Deus e interesse pela música. Ambos comentavam a falta de um hino simples que cantasse com pureza o nascimento de Jesus.

Antes da véspera de Natal de 1.818, o padre assistente Joseph Mohr caminhou três quilômetros para apresentar um manuscrito de seis estrofes que fora escrito em 1.816, a seu amigo Franz Gruber.
Igreja St. Nikola
Ele precisava de uma música para a Missa do Galo que estava a apenas algumas horas de distância, e esperava que seu amigo, um professor que também servia como mestre de coro e organista da igreja pudesse musicar o seu poema. Gruber compôs a melodia para "Stille Nacht" de Mohr em apenas algumas horas. Entretanto o órgão da igreja estava quebrado, assim foi feito um arranjo para violão.

Karl Mauracher
Os autores cantaram Stille Nacht pela primeira vez na Missa de Natal na Igreja de São Nicolau, no dia 24 de Dezembro de 1818, enquanto Mohr tocava violão e o coral repetia as duas últimas linhas de cada verso.

Um ano mais tarde, Karl Mauracher, um perito, que veio para Oberndorf a fim de consertar o órgão, ouviu a melodia de Gruber. 

Gostou tanto do hino que levou uma cópia da música para sua aldeia natal, no Vale do Zillertal, perto de Innsbruck, no Tirol.

A partir dali, letra e melodia espalharam-se pelo mundo, com sucesso cada vez maior. Mas não se sabendo os nomes dos autores, pensou-se que era uma canção folclórica do Tirol.

Posteriormente, Franz Gruber compôs o arranjo para órgão e para orquestra.

Fora de Oberndorf, a música encontrou seu caminho por duas famílias musicais: Rainer e Strasser. Os Rainer cantaram na véspera de Natal de 1819 em sua igreja em Fügen, e três anos depois apresentaram para o czar Alexander I da Rússia e o imperador Franz I da Áustria. Eles também fizeram a primeira apresentação de Stille Nacht nos Estados Unidos, em Nova York, em 1839.

Os Strasser eram uma família de fabricantes de luvas que também eram excelentes cantores. Todos os anos, viajavam para feiras alemãs vendendo suas luvas e muitas vezes cantavam para entreter os compradores. Um jornal de Leipzig relatou que os Strasser cantaram Stille Nacht numa destas feiras em 1832.

Em meados dos anos 1800, a música era bem conhecida e bem amada, mas sua autoria era desconhecida.

Imperador
Frederico Guilherme IV
Em 1854, o Imperador Frederico Guilherme IV chegou a ouvir este hino, quando apresentado pelo coro da Capela Imperial de Berlim. E ele ordenou que se procurasse pelos autores.

O padre Mohr então já havia falecido. Mas Franz Xaver Gruber, que (após seis anos em Berndorf) desde 1835 trabalhava como organista e regente do coral na paróquia de Hellein (próximo de Salzburgo) e pôde dar todos os detalhes a respeito da origem de letra e melodia do seu hino de Natal, em correspondência datada de 30 de Dezembro de 1.854.

O manuscrito original foi perdido, entretanto outro manuscrito foi descoberto em 1.995, com a caligrafia de Mohr, os pesquisadores dataram o documento como sendo de 1.820, sendo este o manuscrito mais antigo que se tem com a letra de seu autor. O documento é de propriedade do Salzburg Museum Association.


Na década de 1.890, várias inundações do rio Salzach destruíram grande parte de Oberndorf, a igreja foi demolida em 1.906, e uma capela memorial foi erigida em seu local em 1937. 

Nela há um belo altar de madeira e vitrais dedicados ao Mohr e Gruber.

Todos os anos em 24 de dezembro, a área circundante é iluminada com centenas de velas e pessoas de vários lugares do mundo vão até ali para cantar e celebrar este maravilhoso hino.


A letra original e a sua tradução para o português.


Stille Nacht, Heilige Nacht
Stille Nacht, heilige Nacht,
alles schläft, einsam wacht
nur das traute, hochheilige Paar.
Holder Knabe im lockigen Haar,
schlaf' in Himmlischer Ruh',
schlaf' in himmlischer Ruh'!

Stille Nacht, heilige Nacht,
Hirten erst gutgemacht!
Durch der Engel Halleluja
tönt es laut von fern und nah:
Christ, der Retter, ist da!
Christ, der Retter, ist da!

Stille Nacht, heilige Nacht!
Gottes Sohn, o wie lacht
Lieb' aus deinem göttlichen Mund,
da uns schlägt die rettende Stund',
Christ, in deiner Geburt!
Christ, in deiner Geburt!

Stille Nacht, heilige Nacht,
die der Welt Heil gebracht,
Aus des Himmels goldenen Höh'n,
uns der Gnaden Fülle läßt seh'n,
Jesum in Menschengestalt!
Jesum in Menschengestalt!

Stille Nacht, heilige Nacht,
wo sich heut' alle Macht
väterlicher Liebe ergoß,
und als Bruder huldvoll umschloß,
Jesus die Völker der Welt!
Jesus die Völker der Welt!

Stille Nacht, heilige Nacht,
lange schon uns bedacht,
als der Herr vom Grimme befreit,
in der Väter urgrauer Zeit
aller Welt Schonung verhieß!
Aller Welt Schonung verhieß!
Noite silenciosa, noite sagrada
Noite silenciosa, noite santa,
Todos dormem, acordo solitário
Só os fiéis, e o santo par.
Santo bebê tão meigo e suave,
Dorme em paz celestial,
Dorme em paz celestial!

Noite silenciosa, noite santa,
Os pastores fizeram bem!
Pelos anjos Aleluia
Parece alto de perto e de longe:
Cristo, o Salvador nasceu!
Cristo, o Salvador nasceu!

Noite silenciosa, noite santa!
Filho de Deus, como rir
O amor de seu rosto santo,
parece-nos como a aurora da graça redentora,
Cristo, seu nascimento!
Cristo, seu nascimento!

Noite silenciosa, noite santa,
trouxe a salvação para o mundo,
Das alturas do céu "de ouro”,
Nós contemplamos a graça de Sua,
Jesus em forma humana!
Jesus em forma humana!

Noite silenciosa, noite santa,
Se hoje todo o poder
amor paterno derramado,
E como um irmão adotado,
Jesus, os povos do mundo!
Jesus, os povos do mundo!

Noite silenciosa, noite santa,
nós há muito O esperávamos,
quando o Senhor o livra da ira
do Pai de longínquos tempos
Prometida para poupar em todo o mundo!
Prometida para poupar toda a humanidade!


John Freeman Young

Em 1859, o padre episcopal John Freeman Young, que então servia na Igreja da Trindade, na cidade de Nova York, publicou a tradução inglesa que é mais frequentemente cantada hoje, usando três dos seis versos originais de Mohr.


Durante a primeira guerra mundial, em 1914, na Frente Ocidental as tropas alemãs entoaram a versão alemã da canção, o que chamou a atenção das tropas britânicas, que se juntaram cantando a versão inglesa, assim, em ambos os lados ao invés de trocar tiros, trocaram saudações de Natal, uns com os outros, culminando numa trégua não oficial durante a véspera e o dia de natal daquele ano, e com a confraternização entre as tropas inglesas, alemãs e francesas.


A canção foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Áustria e da Humanidade pela UNESCO em Março de 2.011.

A obra foi gravada por grande número de intérpretes dos mais variados gêneros musicais, com versões em mais de 140 idiomas.


A versão cantada por Bing Crosby é o terceiro single mais vendido de todos os tempos, com cerca de 10 milhões de cópias.

Atualmente letra e música são de Domínio Popular.




Versão atual em alemão
Versão em Inglês
Music: Franz Xaver Gruber, 1818
Words: Joseph Mohr, 1816/1818

Stille Nacht, heilige Nacht,
Alles schläft; einsam wacht
Nur das traute hochheilige Paar.
Holder Knabe im lockigen Haar,
Schlaf in himmlischer Ruh!
Schlaf in himmlischer Ruh!

Stille Nacht, heilige Nacht,
Hirten erst kundgemacht
Durch der Engel Halleluja,
Tönt es laut von fern und nah:
Christ, der Retter ist da!
Christ, der Retter ist da!

Stille Nacht, heilige Nacht,
Gottes Sohn, o wie lacht
Lieb' aus deinem göttlichen Mund,
Da uns schlägt die rettende Stund'.
Christ, in deiner Geburt!
Christ, in deiner Geburt!
Music: Franz Xaver Gruber, 1818
Words: John Freeman Young, 1863

Silent night, holy night
All is calm all is bright
'Round yon virgin Mother and Child
Holy infant so tender and mild
Sleep in heavenly peace
Sleep in heavenly peace

Silent night, holy night,
Shepherds quake at the sight.
Glories stream from heaven afar,
Heav'nly hosts sing Alleluia;
Christ the Savior is born
Christ the Savior is born

Silent night, holy night,
Son of God, love's pure light.
Radiant beams from Thy holy face,
With the dawn of redeeming grace,
Jesus, Lord, at Thy birth
Jesus, Lord, at Thy birth


Duas versões em português

1ª versão - Pedro Sinzig, c. 1912

Noite feliz! Noite feliz!
o Senhor, Deus de amor,
pobrezinho nasceu em Belém.
Eis, na lapa, Jesus, nosso bem!
Dorme em paz, ó Jesus!
Dorme em paz, ó Jesus!

Noite feliz! Noite feliz!
Oh! Jesus, Deus da luz,
quão afável é teu coração
que quiseste nascer nosso irmão
e a nós todos salvar!
e a nós todos salvar!

Noite feliz! Noite feliz!
Eis que, no ar, vêm cantar
aos pastores os anjos dos céus,
anunciando a chegada de Deus,
de Jesus Salvador!
de Jesus Salvador!
2ª versão - Anônimo

Noite de paz! Noite de amor!
Tudo dorme em derredor.
Entre os astros que espargem a luz,
proclamando o menino Jesus,
brilha a estrela da paz!
brilha a estrela da paz!

Noite de paz! Noite de amor!
Nas campinas ao pastor
lindos anjos, mandados por Deus,
anunciam as novas dos céus:
Nasce o bom Salvador!
Nasce o bom Salvador!

Noite de paz! Noite de amor!
Oh! que belo resplendor
ilumina o Menino Jesus!
No presépio do mundo eis a luz,
sol de eterno fulgor!
sol de eterno fulgor!

Assim encerramos as atividades deste blog neste ano de 2016, divirtam-se com as várias versões.

Albanês - Gezur Krislinjden
Alemão - Frohe Weihnacht
Armênio - Shenoraavor Nor Dari yev Pari Gaghand
Bretão - Nedeleg laouen
Catalão - Bon Nadal
Coreano - Chuk Sung Tan
Croato - Čestit Božić
Espanhol - Feliz Navidad
Esperanto - Gajan Kristnaskon
Finlandês - Hyvää joulua
Francês - Joyeux Noël
Grego - Kala Christougena
Magyar - Kellemes Karácsonyt
Inglês - Merry Christmas
Italiano - Buon Natale
Japonês - Merii Kurisumasu (modificação de merry xmas)
Mandarim - Kung His Hsin Nien
Norueguês - GOD JUL
Occitan - Buon Nadal
Polaco - Wesołych Świąt Bożego Narodzenia
Português - Feliz Natal
Romeno - Sarbatori Fericite
Russo - S prazdnikom Rozdestva Hristova
Tcheco - Klidné prožití Vánoc
Sueco - God Jul
Ucraniano - Srozdestvom Kristovym

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

BAGUER



Em destaque, a Catalunha
Carlos ou Carles Baguer foi um compositor e organista espanhol da era clássica. 

Em sua época era conhecido como “Carlets”, originário da Catalunha, nascido em Barcelona, num dia incerto do mês de Março de 1.768.

Tendo servido a maior parte de sua vida na Catedral da Cidade.


Catedral de Barcelona
Teve a sua formação musical com o seu tio Francesc Mariner, que além de compositor era o organista da Catedral de Barcelona, aos dezoito anos, em 1786, foi nomeado vice-organista da Catedral, com a morte de seu tio, três anos mais tarde, assumiu o cargo, permanecendo por quase vinte anos, até a sua morte.

Órgão da Catedral
de Barcelona
Baguer foi uma das figuras musicais mais importantes da Catalunha naquela época. Famosos eram os seus improvisos e interpretações, entretanto suas composições foram de maior importância.

Teve como alunos durante a sua vida Matthew Ferrer, seu sucessor na catedral catalã, Ramon Carnicer e Bernat Betran.

Em 1796, teria ocorrido uma disputa entre Baguer e Francesc Queralt para ser o responsável pela apresentação do Oratório da Paixão daquele ano, tendo sido vencedor Queralt.

Haydn
Pleyel

Suas obras de importância mais significativas foi o conjunto de dezenove sinfonias em estilo clássico, demonstrando a influência do classicismo italiano e da escola de Viena, principalmente Franz Haydn e Pleyel




Boccherini
Estas obras fazem dele, juntamente com Luigi Boccherini e Gaetano Brunetti, os principais compositores de sinfonias na Espanha.

Brunetti
Ele também escreveu um concerto para dois fagotes, um concerto de trompa inglesa (obra esta que foi perdida), peças para órgão, seis duetos de flautas, música vocal (canções, árias, cavatinas...) dentre elas algumas canções de natal.

Igreja de S.Felipe Neri
Também é extensa produção musical de natureza religiosa: missas, antífonas, salmos, oratórios e dramas sagrados, como a morte de Abel, A Ressurreição de Lázaro, para apresentação na Igreja de São Felipe Neri e na Catedral de Barcelona.

Gozzi
Musicou também uma ópera, A Princesa Filósofa (La Principessa Filosofa), um drama em três atos, com libreto de Carlo Gozzi, que estreou em 1797 no Teatro de Santa Cruz de Barcelona. 

Teatro Santa Cruz
Suas obras foram preservadas em vários arquivos catalães (Barcelona, ​​Montserrat, Canet de Mar, Olot, Cervera, Esparraguera, Villafranca del Penedes, Gerona, Manresa) e alguns no restante da Espanha (Barbastro, Toledo).

Carlos Baguer foi ordenado sacerdote, mas renunciou ao estado clerical em 1801.


Faleceu em 29 de Fevereiro de 1808, o dia em que tropas francesas ocuparam a Cidadela e Montjuïc.

Apesar de contemporâneo de Wolfgang Amadeus Mozart, não há registros que tenham se conhecido.

Por não dispor de material deste autor, no link está a íntegra do álbum Symphonies da Série Contemporaries of Mozart. 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

GOSSEC

FRANÇOIS-JOSEPH GOSSEC

Nascido em 17 de Janeiro de 1.734, filho de um pequeno fazendeiro chamado François-Philippe Gosse e Marguerite Brassens residentes na aldeia de Vergnies, no Condado de Hainault, um exclave francês nos Países Baixos Austríacos, pertencente atualmente à Bélgica.

Exclave é uma parte de um país que não está ligado ao seu próprio território, mas sim cercado por outro país. Exemplo: Alaska um estado americano que faz fronteira com o Canadá, mas não com outros estados americanos.

Seu sobrenome também pode ser grafado das seguintes formas: Gaussian, Gosse, Gosset ou Gossez. Foi compositor, educador musical e músico.

Desde cedo demonstrou interesse pela música. Aos seis anos de idade, cantava no coro da Igreja da Peregrinação em Walcourt, próximo a Charleroi na Holanda Austríaca, posteriormente, na Igreja de St. Aldegonde em Maubeuge.

Integrou uma pequena orquestra da Igreja do St. Peter, liderada pelo diretor musical Jean Vander Belen que ministrou suas primeiras lições de violino, piano, harmonia e composição.
Rameau

Em 1742 ele foi admitido no coro da Catedral de Nossa Senhora (Antuérpia) e recebeu novas lições de Andre-Joseph Blavier.

Por essa ocasião perde o contato com sua própria família, mesmo quando ele fez uma excursão da Bélgica ocupada em 1792 e 1793, não encontra seus pais e outros parentes. Em seguida, ele viveu em Bruxelas e Liège.


Pouplinières

Aos dezessete anos, em 1751, ele foi com uma carta de recomendação de Blavier a Paris procura por Jean-Philippe Rameau, o então regente da orquestra privada de Alexandre-Joseph Le Riche de la Pouplinières. Rameau que o contratou como um membro da sua orquestra.

Nessa mesma época foi iniciado na Loja "La Réunion des Arts".




Stamitz
A primeira sinfonia de Gossec foi composta em 1.754, a seguir produziu várias óperas e outras composições próprias.

Nesse mesmo ano, Rameau se desliga da orquestra, para seu lugar foi contratado Johann Stamitz, que permaneceu no cargo até 1756. Então Gossec assume o cargo de maestro da orquestra e ali permanece até a morte de seu patrono, de la Pouplinières, em 1762.

Em 1758 ele se casou com a cantora Marie-Elisabeth Georges. Seu filho nasceu em 1760, ocasião em que estreava o seu Réquiem, em maio, uma peça de noventa minutos, em Paris, na Eglise Jacobine na Rue St. Jacques, que o fez famoso.

Entre 1762 e 1769, trabalhou para o príncipe Louis-Joseph de Bourbon de Chantilly, e em 1766, acumulou suas obrigações também com Louis François Joseph de Bourbon. 

Com estas duas orquestras ele foi muito bem sucedido.



No ano de 1.769 fundou o Concert des Amateurs, sendo o seu diretor até 1772, quando juntamente com Simon Leduc e Pierre Gaviniès, reorganizou o Concert Spirituel (uma sociedade parisiense, organizadora de concertos), sendo seu diretor entre 1773 e 1777. 

Palácio Les_Tuileries - Sede do Concert Spirituel
Nessa série de concertos ele conduziu suas próprias sinfonias, bem como as de seus contemporâneos, em especial obras de Joseph Haydn, cuja música se tornara cada vez mais popular em Paris, até mesmo superando a obra sinfônica de Gossec. Em 1775 ele recebeu um prêmio como "maître de la musique".

Em 1778, Mozart visitou Gossec durante uma viagem a Paris, e descreveu-o em uma carta a seu pai como "um amigo muito bom e um homem muito seco".

Dauvergne
Em 1780, foi nomeado vice-diretor da Ópera de Paris e, na sequência da renúncia de Antoine Dauvergne em 1782, assume o posto de diretor, embora seus poderes fossem limitados pela luta entre o secretário de Estado e os artistas.


Nessa década a produção sinfônica de Gossec diminuiu quando ele começou a se concentrar em óperas.


Barão Breteuil
Deixa a Ópera de Paris, para organizar a École de Chant, fundada pelo Barão Louis-Auguste le Tonnelier De Breteuil em 1784, juntamente com Etienne Méhul, foi condutor da banda da Garde Nationale, durante a Revolução Francesa tornando-se popular e conhecido como o músico oficial da Revolução sendo considerado o inventor da música popular democrática. Por esta razão, ele se desentendeu com a Restauração Bourbon.

Fundou com o músico André Ernest Modeste Grétry, o Conservatório de Paris, onde trabalhou como inspetor e como professor de composição em 1.795. Dentre os inspetores estavam também Méhul e Luigi Cherubini.

Grétry - Mehul - Cherubini

Em 1815, após a derrota de Napoleão em Waterloo, o Conservatório foi fechado por algum tempo por Louis XVIII, e Gossec, aos oitenta e um anos de idade teve que se aposentar.

Até 1817, trabalhou em suas últimas composições, incluindo um terceiro Te Deum, e foi apoiado por uma pensão concedida pelo Conservatório.

Faleceu no dia 16 de fevereiro de 1829, em Passy, no âmbito do Segundo Restauração, depois de sessenta e cinco anos de uma carreira que termina com o último Te Deum em 1817. Gossec foi enterrado no Père-Lachaise, onde ele descansa perto da sepultura seu amigo Gretry.

Algumas de suas técnicas anteciparam as inovações da era romântica: ele marcou seu Te Deum para 1200 cantores e 300 instrumentos de sopro, e vários oratórios exigem a separação física de vários coros, incluindo invisíveis atrás do palco. Ele escreveu vários trabalhos em homenagem à revolução francesa, incluindo Le Triomphe de la République, e L'Offrande à la Liberté.

Carl Stalling
Enquanto a maioria das pessoas teria dificuldade em reconhecer Gavotte Gossec por seu título, a própria melodia permanece familiar nos Estados Unidos e em outros lugares porque Carl Stalling usou um arranjo dele em vários desenhos animados Warner Brothers.

Ele era pouco conhecido fora da França, e suas numerosas composições, sagradas e seculares, foram ofuscadas por aqueles de compositores mais famosos, entretanto foi uma inspiração para muitos, e estimulou o renascimento da música instrumental.

Gossec é considerado o pai da sinfonia francês. Suas quase 50 Sinfonias contribuíram para o desenvolvimento do gênero na França. Em 1809, compôs a sua última peça sinfônica, a Sinfonia em 17 partes, composta para celebrar o vigésimo aniversário da tomada da Bastilha.

Entre suas óperas incluem Le Pêcheur (1766), Toinon et Toinette (1767), Sabino e Thésée.

Berlioz
Música Sacra merecem destaques, o oratório Nativité (1774). A Missa pro defunctis - também chamado de Grand Messe des morts e conhecida como o Réquiem - composta em 1760 é um trabalho inovador de grande beleza, que provavelmente inspirou Mozart a seu famoso Réquiem, e também o Grande Messe des morts de Berlioz, Messe des Vivants (1813) e Te Deum (1817).

Nascido durante o reinado de Louis XV, dois anos após Joseph Haydn, tinha 16 anos quando Johann Sebastian Bach faleceu (1750), 22 anos quando Mozart nasceu (1756), 30 anos na época do falecimento de Jean- Philippe Rameau.


Uma rua nos arredores de Paris leva seu nome, começando na Rue de Picpus e terminando na Avenue Daumesnil.




Ouça Gossec e conheça parte de sua obra!

MICHAEL HAYDN



Johann Michael Haydn foi um compositor do período clássico. 
Lar da família Haydn
em Rohrau

Nascido no dia 14 de Setembro de 1.737, na Aldeia de Rohrau na Áustria, próxima a fronteira da Hungria, numa família de artesãos, seu pai, Matthias Haydn, era fabricante de roda de carroças e sua mãe, Maria Koller, era cozinheira no palácio do Conde Harrach, era o sexto dos doze filhos do casal, sendo o segundo Joseph, o mais famoso da família. Seu pai, Mathias, era um entusiasmado músico folclórico que durante sua juventude foi autodidata na harpa. Ao longo da vida, ensinou também canto a seus filhos.



Catedral de St. Stephen
Reutter
Aos oito anos de idade foi para Viena, 

onde cantou no coro da Catedral de St. 

Stephen (Stephansdom) sob a direção de 

Johann Georg Reutter, era um menino 

soprano, permaneceu ali até a mudança 

de sua voz, seu irmão Joseph tinha sido ativo como solista soprano desde 1740. 


Albrechtsberger
Existem indicações que teria estudado com Johann Georg Albrechtsberger (o professor de Beethoven) e Franz Joseph Aumann. 

Michael foi um estudante de música tão brilhante quanto Joseph, e quando Joseph atingiu a idade em que não mais podia manter a voz de soprano, Michael o substituiu com igual brilhantismo.

Aos doze anos, Michael já ganhava algum dinheiro extra como organista substituto na catedral. Após sua saída do coro, em 1753, permaneceu no seminário jesuíta compondo, prelúdios, fantasias, missas e outras obras litúrgicas pelas quais segundo o seu biógrafo Stadler era muito apreciado.
Catedral de Nagyvárad

Pouco depois de ter deixado o coral da escola, em 1757, Michael foi indicado mestre-capela em Nagyvárad, Grosswardein (atual Oradea na Romênia) para servir Arcebispo Sigismund como maestro da catedral da região.



Hieronymus
Cinco anos mais tarde, em 1762, com o falecimento de Eberlin, Michael Haydn é nomeado diretor musical da corte do príncipe-arcebispo Hieronymus de Salzburg, e depois também assumiu as funções de organista na igreja de St. Peter, que era dirigida pelos beneditinos.

Igreja de St. Peter
Permaneceu em Salzburg por 43 anos, durante o qual escreveu mais de 360 composições que compreendem tanto sacras quanto seculares.



O seu início como diretor musical foi bastante criticado durante os primeiros dias de sua incumbência, seus serviços não eram inteiramente satisfatórios para seus empregadores, além da reprovação de seus contemporâneos, incluindo, Leopold Mozart e seu filho Wolfgang.
Leopold Mozart

Nem suas atividades musicais e sua conduta pessoal foram edificantes para aqueles que estavam ao seu redor. Leopold o criticava por estar constantemente embriagado.

Em 17 de agosto de 1768 casou com a cantora Maria Magdalena Lipp (1745-1827), filha do maestro da catedral, uma mulher de vida austera, que foi a responsável na mudança comportamental de Michael que abandonou a preguiça, a bebida e a inércia.

Mozart, 1768
O casal tem uma única filha, Aloisia Josepha, nascida 31 de janeiro de 1770 que morreu pouco antes de seu primeiro aniversário, em 27 de Janeiro de 1771.

Na época do casamento, com a mudança de seu comportamento, enfim conhece pessoalmente a família Mozart, primeiro, Leopold e posteriormente Amadeus de quem se tornou amigo íntimo, ambos tinham grande consideração, respeito e admiração pelas obras de cada um.

Michael também foi professor e teve como alunos os compositores Carl Maria von Weber e Anton Diabelli.
Weber e Diabelli
As obras sacras de Michael Haydn são consideradas de maior importância, com destaque para o Réquiem em Dó menor em memória do Arcebispo Sigismundo - que influenciou bastante o Réquiem de Mozart.

Prolífico compositor secular, foram cerca de 40 sinfonias e partitas, vários concertos e música de câmara, incluindo um Quinteto de Cordas em Dó maior, que muitos julgaram ter sido composto por seu irmão mais velho. Joseph considerava a música produzida por seu irmão muito boa, a ponto de dizer que as obras religiosas de Michael foram superiores às suas.

Joseph Haydn
Michael permaneceu próximo de Joseph durante toda a vida. Tanto que em 1802, quando recebeu “honoráveis posições e lucrativas propostas”, tanto de Esthjerázy, quanto do grão-duque da Toscana, escreveu a Joseph em Viena pedindo conselhos, decidindo permanecer em Salzburgo.

A amizade com Mozart gerou influências e algumas confusões entre os autores de algumas obras. Durante muitos anos, a obra que hoje conhecemos como a sua sinfonia nº 26 foi considerada como a sinfonia nº 37 (K 444) de Mozart, isso ocorreu devido o movimento inicial ter sido escrito com a grafia de Amadeus que compôs a introdução lenta do primeiro movimento, mas o restante escrito com outra grafia é trabalho de Michael, isto foi descoberto em 1.907. 

Vários dos trabalhos de Michael Haydn teriam influenciado Mozart. Em três exemplos: o Te Deum, que teria influenciado Wolfgang em seu K. 141; o final da sinfonia 23 que pode ter sido uma fonte das ideias para o final do Quarteto em Sol, K. 387; e (em forma de fuga e tema de encerramento), o finale da Sinfonia No. 29 (1784) de Michael, em comparação ao monumental final da Sinfonia 41 – Júpiter; ambas em Dó maior.

Wynton Marsalis

Atualmente uma das obras ainda interpretadas é o seu concerto para trombone em Ré Maior. Sugiro a audição do Adágio com a interpretação de Wynton Marsalis.

Como era costume entre os compositores da época, e em virtude de seu papel como diretor e organista, Haydn escreveu em todas as formas de composição, mas com uma predileção para os textos litúrgicos, aos quais dedicava seus melhores esforços.

Michael Haydn não gostava de ver suas obras impressas e grande parte de suas composições permaneceu em manuscritos. Da mesma forma que jamais compilou um catálogo temático de suas composições, nem pediu que alguém o fizesse.


Biblioteca de Saint Peter
Michael Haydn tentou uma unificação das características dos mestres contemporâneos que escreveram para a Igreja, incorporando um toque pessoal, entretanto sua individualidade e profundidade de concepção não foram suficientes para preservar muitas das suas obras para a posteridade. A coleção completa de trabalhos inéditos de Michael Haydn é preservada na Biblioteca do mosteiro beneditino de Saint Peter, em Salzburg.

Túmulo de Michael Haydn

Michael Haydn faleceu aos 68 anos de idade, em Salzburg, no dia 10 de agosto de 1806, três anos antes de seu irmão mais velho. Foi sepultado no cemitério da Igreja de Saint Peter, no sopé de uma capela talhada na rocha; divide espaço com Maria Anna Mozart, Nannerl, a irmã mais velha de Wolfgang Amadeus Mozart.

Em 1808, Nikolaus Lang compilou o primeiro catálogo do compositor em sua obra "Biographische Skizze" (Esboço Biográfico).

Em 1907, Lothar Perger compilou um catálogo de suas obras orquestrais, incorporando a letra P às suas composições instrumentais.

Klafsky

Em 1915, Anton Maria Klafsky conduziu um trabalho similar com relação a sua música sacra de coral.

Em 1982, Charles H. Sherman, que havia registrado em disco muitas das sinfonias de Joseph para o selo Doblinger, publicou um catálogo cronológico das sinfonias de Michael, acolhido por certas companhias fonográficas. 


Mais tarde, em  1991, Sherman juntou-se a Donley Thomas para publicar um catálogo cronológico de todas as músicas de Michael Haydn, utilizando uma numeração contínua, a exemplo do que fez Köchel com relação a toda a obra musical de Mozart.

A tarefa de catalogar a música de Michael é facilitada pelo fato de que eu quase sempre preenchido a data de conclusão em seus manuscritos, entretanto é necessário estimar datas quando o autógrafo de uma dada obra não sobrevive para a posteridade.

Em 2006, para marcar o bicentenário da sua morte, foi realizada em Salzburgo uma exposição sobre sua vida e obra perto da Igreja de Saint Peter.

Aprecie sem moderação