quarta-feira, 27 de junho de 2018

QUARTETO NOVO


Vamos mudar um pouco o foco essa semana. Eu vou apresentar um grupo de música instrumental chamado Quarteto Novo, formado no ano de 1966, na capital do estado de São Paulo.

Inicialmente era originalmente um trio, o Trio Novo, que acompanhava o cantor e compositor Geraldo Vandré num programa de tevê patrocinado pela farmacêutica Rhodia. Que no ano seguinte não renovaria seus contratos publicitários, deixando o grupo à sorte, Vandré resolveu bancar do próprio bolso ensaios e turnês do grupo. O Trio novo era composto pelo carioca Théo de Barros (contrabaixo e violão); o pernambucano Heraldo do Monte (viola e guitarra); e o catarinense Airto Moreira (bateria e percussão).
Vandré
Com a entrada do flautista alagoano Hermeto Pascoal, nascia então o Quarteto Novo. Em 1967 o conjunto gravou seu único LP: Quarteto Novo, pela Odeon. Neste mesmo ano, participou como grupo de apoio para Edu Lobo e Marília Medalha na apresentação da música Ponteio, que venceu o 3º Festival de Música Popular Brasileira.


O grupo foi dissolvido em 1969, viveu pouco, porém forte contribuição para o repertório fonográfico nacional, tanto que o LP foi reeditado em 1973.

O álbum apresentou ao público nacional e internacional, o baião, estilo regional do nordeste brasileiro, um estilo pouco conhecido fora do Brasil. Para alguns talvez seja o melhor disco de música instrumental feito no Brasil em todos os tempos.

Se, sempre o se, tivessem gravado outros álbuns, com certeza seriam reconhecidos como uma das principais referências do jazz tupiniquim.

As faixas:
O ovo (Geraldo Vandré e Hermeto Pascoal)
Fica mal com Deus (Geraldo Vandré)
Canto Geral (Hermeto Pascoal e Geraldo Vandré)
Algodão (Luiz Gonzaga e Zé Dantas)
Canta Maria (Geraldo Vandré)
Síntese (Heraldo do Monte)
Misturada (Airto Moreira e Geraldo Vandré)
Vim de Sant'Anna (Théo de Barros)

Os integrantes:
Teófilo Augusto de Barros Neto, nascido no Rio de Janeiro em 10 de Março de  1943, mais conhecido como Théo de Barros, compositor, violonista, cantor e arranjador. Parceiro de Geraldo Vandré em Disparada e Menino das Laranjas.

Heraldo do Monte, nascido no Recife em 01 de Maio de  1935, compositor, arranjador e instrumentista, toca guitarra, cavaquinho, viola e contrabaixo. Músico de grande importância na história da música brasileira instrumental.

Airto Guimorvan Moreira, nascido em Itaiópolis no dia 05 de Agosto de 1941, baterista, percussionista e compositor, conhecido simplesmente por Airto Moreira, considerado como um dos melhores percussionistas do mundo.

Hermeto Pascoal, nascido em Lagoa da Canoa ou Olho d'Água Grande no dia 22 de Junho de 1936 é um compositor, arranjador e multi-instrumentista, com uma carreira internacional muito reconhecido por seu talento, qualidade e criatividade.

A linguagem do jazz se adapta tanto à marcação de samba quanto ao 2/4 do baião; as linhas de flauta substituem os trompetes tradicionais (e a voz — lembrem que era 1967 e a bossa nova mandava e desmandava); a guitarra vai dar norte a Pat Metheny e, quando sai de lado para a viola ou violão de 12 cordas, se ouve tudo que Duofel vai fazer nos próximos 40 anos. (Blue Dog – Pqpbach).

Boa diversão!

quarta-feira, 20 de junho de 2018

ALBINONI



Tomaso Giovanni Albinoni foi um compositor barroco italiano, nascido na República de Veneza no dia 08 de junho de 1671, filho de Antonio Albinoni, rico comerciante de papel em Veneza.

Pietro Ottoboni
Estudou violino e canto. Sabe-se relativamente pouco de sua vida ao se levar em conta a importância que conquistou como compositor e o fato de que viveu durante um período relativamente bem documentado.

Não pensava em seguir a carreira artística e muito menos em ganhar dinheiro com ela.
Decidiu mais tarde, por dedicar-se às composições musicais para violino, deixando a responsabilidade por gerir a herança do pai e a responsabilidade da fábrica para os seus dois irmãos mais novos.
Alexandre VII

Em 1694 dedicou seu Opus I ao compatriota veneziano Pietro Ottoboni, sobrinho-neto do papa Alexandre VIII e mecenas de outros compositores em Roma como Arcangelo Corelli. É provável que Albinoni tivesse sido contratado em 1700 como violinista por Fernando Carlo, duque de Mântua, a quem dedicou sua coleção de peças instrumentais Opus 2. Em 1701 compôs suas muito populares suítes Opus 3, dedicando tal coleção ao grão-duque Fernando III da Toscana.

Em 1705 contraiu matrimônio. Antonino Biffi, mestre-capela da Basílica de  São Marcos em Veneza foi testemunha de seu casamento, por ser, evidentemente, amigo de Albinoni.

J.S. Bach
Antes de 1705, escreveu, sobretudo, sonatas para trio e concertos para violino, porém entre 1705 e 1719 dedicou-se particularmente a sonatas para instrumento solo e concertos para oboé.

Tomaso Albinoni foi um dos primeiros compositores a escrever concertos para violino solo. Sua música instrumental atraiu a atenção de Johann Sebastian Bach, que escreveu pelo menos duas fugas sobre temas de Albinoni (Fuga sobre um tema de Albinoni em lá, BWV950, Fuga sobre um tema de Albinoni em si menor, BWV951) e constantemente usava seus baixos como exercícios de harmonia para seus pupilos.

Vivaldi
Corelli
Diferentemente da maior parte dos compositores de sua época, parece que jamais buscou um posto na igreja ou na corte, porém é certo que era um homem independente com recursos próprios. Em 1722, Maximiliano II da Baviera, a quem Albinoni havia dedicado um conjunto de doze concertos, o convidou para dirigir duas de suas óperas em Munique.

Conseguiu fama precoce como compositor de ópera em muitas cidades da Itália, incluindo, além de Veneza, Gênova, Bolonha, Mântua, Udine, Piacenza e Nápoles. 

Durante essa época compôs abundante obra instrumental. Tendo sido muito famoso em sua época como compositor de óperas, tendo composto cerca de oitenta peças, destas 28 foram produzidas em Veneza entre 1723 e 1740, aproximadamente setenta dessas partituras foram destruídas na Segunda Grande Guerra Munida, com a destruição da Biblioteca Estadual da Saxônia, durante o bombardeio de Dresden, em Fevereiro de 1945 e atualmente é mais conhecido por sua música instrumental. Ele foi tão popular em sua época quanto Arcangelo Corelli e Antonio Vivaldi.
Dresden bombardeada
Em torno de 1740, uma coleção de sonatas para violino foi publicada na França como obra póstuma. Durante muito tempo, acreditou-se que tivesse morrido perto dessa data. Entretanto parece que continuou vivendo em Veneza, sem que tenha legado para a posteridade nenhuma composição no último período de sua vida. Um arquivo da paróquia de San Bernabé indica que Tomaso Albinoni faleceu em Veneza no dia 17 de janeiro de 1751, de diabetes.

Remo Giazotto
Sua obra mais conhecida pelo grande público, o "Adágio de Albinoni" (Adágio em sol menor para violino, cordas e órgão), não foi escrito por ele, trata-se de uma "reconstrução" de 1945, feita por Remo Giazotto, musicólogo e autor de uma biografia do compositor, a partir de um fragmento manuscrito que recebeu da direção da Biblioteca Estadual da Saxônia que fora encontrado entre as ruínas do prédio após a Segunda Guerra, e que seria parte do movimento Adagio de uma sonata da chiesa (possivelmente a Op.4), composta por Albinoni por volta de 1708.

Cenas finais do filme THE DOORS de 1.991 dirigido por Oliver Stone, antes dos créditos são do túmulo de Jim no cemitério Père Lachaise em Paris, enquanto "The Severed Garden (Adagio)" toca no fundo.



Aprecie

quinta-feira, 14 de junho de 2018

DVORAK


Antonín Leopold Dvořák, membro da chamada escola nacionalista do período romântico, consagrou-se como um dos principais nomes da música clássica do século 19, e a figura mais representativa da composição tcheca, aplicou algumas das características da música popular da Morávia e da sua terra natal, a Boêmia (então parte integrante do Império Austro-Húngaro e atualmente parte República Checa).
Casa onde nasceu Dvorak

Filho de uma modesta e numerosa família, Dvorák nasceu no dia 8 de setembro de 1841, em Nelahozeves, um pequeno povoado próximo a Praga.

Foi batizado na igreja católica de St. Andrew na mesma aldeia. Os anos que Dvořák passou em Nelahozeves nutriram a forte fé cristã e o amor pela sua herança boêmia que tão fortemente influenciou a sua música.
Igreja St. Andrew

O mais velho de oito irmãos, desde criança demonstrou interesse pela música, seu pai, Frantisek Dvořák era dono de um açougue e de uma pensão, tocava órgão e piano em uma banda. 

Aos 11 anos, Dvorák foi enviado a uma escola da região para aprender alemão. Foi onde entrou em contato com a viola e logo desenvolveu grande intimidade com o instrumento. No entanto, devido à má situação econômica da família, quando tinha 15 anos teve de interromper os estudos para ajudar o pai nos negócios.

Smetana
Mesmo assim, continuou alimentando a paixão pela música. Fazia apresentações aos hóspedes da pensão, começou a tocar em igrejas e em bandas de vilas vizinhas. Chegou a aprender o ofício de açougueiro, mas, embora o pai quisesse que ele herdasse os estabelecimentos, não pôde deixar que o talento do filho fosse desperdiçado. Em 1859, terminou o curso de órgão em Praga.

as irmãs Josesphina
e Anna
Ao longo da década de 1860, tocou viola na Orquestra Provisória do Teatro da Boêmia, que em 1866 era regida por Bedřich Smetana. Quando tinha dezoito anos, Dvořák era um músico em tempo integral. Recebia cerca de 7,50 dólares por mês. A constante necessidade de complementar sua renda levou-o a ensinar lições de piano. 

Foi através dessas aulas de piano que conheceu sua esposa. A princípio, ele se apaixonou por sua pupila Josefina Čermáková, para quem ele compôs Cypress Trees. No entanto, ela nunca correspondeu a esse amor e acabou casando com outro homem.
Anna

Em 1873, Dvořák casou-se com a irmã de Josefina, Anna. Eles tiveram nove filhos, sendo que três morreram antes de completar cinco anos.
Brahms

Deixou a orquestra para seguir a carreira de organista de igreja. Escreveu várias composições durante este período. A música de Dvořák atraiu o interesse de Johannes Brahms, que o ajudou na sua carreira; também recebeu a ajuda do crítico Eduard Hanslick.

Hanslick
Seu primeiro sucesso foi Hymnus, uma espécie de hino dedicado ao povo tcheco, baseado numa obra de Vítězslav Hálek, famoso poeta de seu país. Assim conseguiu a colocação de organista na Igreja de Saint-Ethelbert, que ocupou até 1877. Datam desses anos Stabat Mater e outras obras sinfónicas, vocais e, sobretudo, de câmara. Em 1875 obteve uma renda do Estado.

A obra de Dvořák conheceu um sucesso cada vez maior: surgiram as Danças eslavas (1878), Quarteto op. 51 (1879) e as primeiras sinfonias. O compositor foi diversas vezes para a Inglaterra, onde recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade de Cambridge em 1891. Obteve o mesmo título também da Universidade de Viena e da Universidade de Praga.

Hálek
Em 1892 aceitou o convite para dirigir o Conservatório Nacional de Música de Nova York, onde teve contato com a espiritualidade dos negros e a música típica norte-americana. Foi neste período que compôs duas de suas obras mais famosas: a Sinfonia nº 9 ("Sinfonia do Novo Mundo") e o Quarteto em fá maior, conhecido como "Quarteto americano", ambas em 1893. No entanto, a saudade de seu país fez com que o compositor retornasse para o lugar de professor de composição que obtivera em 1891.

Túmulo de Dvorak
Quando deixou Nova York, voltou a Boêmia, onde foi nomeado diretor do Conservatório de Praga até 1901. Dvorák morreu em 1º de maio de 1904, aos 63 anos, em Praga. A morte do compositor desencadeou uma jornada de luto por toda a região da Boêmia. O corpo de Dvorák está enterrado no cemitério de Vysehrad, em Praga.

As composições de Dvořák têm estilos muito próprios, com grande riqueza melódica e colorido orquestral.

A produção de Dvořák foi numerosa. Ele abordou todos os gêneros, revelando-se um especialista em música de câmara.

As nove sinfonias são obras primas do conjunto sinfônico romântico do século XIX.

Ouça

quarta-feira, 6 de junho de 2018

LOCATELLI



Pietro Antonio Locatelli foi um compositor barroco italiano e violinista, nascido em Bergamo, República de Veneza, atual Itália, no dia 03 de setembro de 1695. 


Pouco se sabe sobre a sua infância. Na juventude, foi treinado nas "cantileiras" da Basílica de Santa Maria Maggiore, como violinista.

Seus primeiros professores de violino, provavelmente, foram Ludovico Ferronati e Carlo Antonio Marino. O mestre de capela, Francesco Ballarotti, pode ter-lhe ensinado composição.
Corelli

Ele era uma criança prodígio e graças às suas habilidades excepcionais, um talento para tocar violino, foi a Roma para aprofundar seus estudos musicais, durante o Outono de 1711, supostamente com Antonio Montanari ou Giuseppe Valentini e, talvez, por um curto tempo com Arcangelo Corelli. Para um violinista no limiar de sua carreira, Roma era o lugar para se estar.

Numa carta datada de 17 de marco de 1714, Locatelli escreveu a seu pai em Bergamo informando que conseguira ser um membro da Accademia di vari instrumenti, os músicos domésticos do príncipe Michelangelo Caetani, onde Valentini tinha trabalhado como um violinista e compositor.
Camillo Cybo
Pietro Ottoboni
Entre 1716 e 1722, Locatelli foi também membro da Congregazione generale dei musici di S. Cecilia, e, assim, sob a proteção do mordomo do Papa, monsenhor Camillo Cybo. Prestou serviços em outras casas nobres romanas, inclusive a do cardeal Pietro Ottoboni, na igreja de San Lorenzo e San Damaso, provavelmente até 7 de fevereiro de 1723.

Foi em Roma que Locatelli estreou como compositor. Em 1721, os Doze Concertos grosso, Op. 1, dedicado ao Camillo Cybo.

De 1723-1728, o compositor viajou pela Itália e Alemanha. Mântua, Veneza, Munique, Dresden, Berlim, Frankfurt e Kassel são os lugares que existem registros de sua visita. A maioria de seus concertos foi escrita neste período.

A atividade de Locatelli na corte do regente de Mântua, Philipp von Hessen-Darmstadt, é atestado por um documento 1725 em que há referência a seu nome como "nosso virtuoso".

Pisendel
Em maio 1728, Locatelli visitou a corte prussiana, em Berlim. Mudou-se de Dresden para Potsdam com Augusto II e cerca de 500 pessoas, incluindo Johann Georg Pisendel, JohannJoachim Quantz e Silvius Leopold Weiss.

Em 1729, Locatelli mudou-se para Amsterdã, onde permaneceu até sua morte. Em Amsterdã, que era conhecida em toda a Europa por sua cena musical, Locatelli pôde trabalhar como músico livre, sem restrições para uma igreja ou um tribunal. Ele poderia compor o que e quando quisesse. 
Giovanni B. Martini

Para um compositor do século XVIII, isso foi altamente excepcional. Ele participou pouco da cena musical da cidade. Não tinha alunos e nunca tocou em público. Na noite de quarta-feira, porém, ele dava concertos em casas particulares, que eram muito populares na cidade. Ele não compunha tanto como anteriormente, mas pode editar seus Opus 1-9 e os trabalhos de outros músicos, como Op de Giovanni Battista Martini.

Foi considerado o Paganini do Século XVIII.

L'Arte del Violino, impresso em Amsterdã em 1733, foi uma das publicações musicais mais influentes do início do século XVIII. É uma coleção de doze concertos para violino solo, cordas e baixo contínuo, com um "capricho" para violino desacompanhado inserido no primeiro e último movimento de cada concerto como uma espécie de cadência.

Ele também escreveu sonatas para violino, uma sonata para violoncelo, trio sonatas, concerti grossi e um conjunto de sonatas para flauta (sua Op. 2). Seus primeiros trabalhos mostram a influência de Arcangelo Corelli, enquanto as peças posteriores estão mais próximas de Antonio Vivaldi em grande estilo. 

Como compositor, Locatelli foi mais atraído pelas formas de sonata e concerto. Ambos revelam que ele foi capaz de uma melodia elegante e expressiva.

Nos círculos aristocráticos ele era um reconhecido, admirado e virtuoso e compositor. Em 1741 ele montou um negócio de venda de cordas de violino de sua casa.

Locatelli faleceu no dia 30 março 1764 em sua casa em Prinsengracht, Amsterdã.

Os Estados da Holanda e da Frísia Ocidental concederam permissão a Locatelli para imprimir sua própria música e vendê-la de casa. Além de vender suas composições, ele também vendia livros que adquirira de toda a Europa. Como compositor e comerciante, ele foi capaz de se sustentar. 

Dada a sua riqueza quando ele morreu uma enorme biblioteca foi descoberta em sua casa com mais de mil documentos que demonstra o interesse de Locatelli na literatura e ciência. Todas estas coisas, bem como seus instrumentos e muito mais, foram leiloadas em agosto de 1765.

Aproveite!