As
biografias sobre Beethoven sempre o tratam como gênio. A genialidade é um dom.
E Ludwig van Beethoven realmente foi um.
Edmond
Bordeaux Szekely, em seu livro, Ludwig Van Beethoven, escreveu: “Beethoven foi mais do que um simples músico, foi um super-homem...
Seus acervos de ideias criativas capacitam-no a igualar-se a um Shakespeare, ou
a um Michelângelo, na história da evolução humana”.
As
sinfonias ímpares de Beethoven, excluindo a Nona, são vigorosas. Enquanto que
as sinfonias pares são elegantes e ternas, refletindo aspecto masculino nas
ímpares, e aspecto feminino nas pares, coincidência?
Não
creio, tanto que a Nona Sinfonia é o elo de união entre o masculino e o
feminino.
Não
irei comentarei sobre as sinfonias, o que já foi feito em uma postagem
anterior, tampouco sobre a biografia deste gênio, que fico devendo, e sim de
uma peça específica, sua Sinfonia n.º 5 em Dó menor Op. 67, composta entre 1804
e 1808, trata-se de uma das obras mais populares da Música Erudita, se não for
a mais conhecida! Exatamente o centro das nove sinfonias.

As
quatro sinfonias anteriores foram compostas em tonalidade maior (Dó, Ré, Mi
bemol e Si Bemol, respectivamente), sendo esta a primeira em tonalidade menor, fato
que tornou a ocorrer apenas em 1824 com a Sinfonia n.º 9, em Ré menor op. 125,
complementando a 6ª em Fá, a 7ª em Lá e a 8ª em Fá.
Quando
começou a escrever essa sinfonia, Beethoven encontrava-se num momento difícil
de sua vida. Desilusões amorosas, e a surdez que se acentuava.
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Capa da publicação da Sinfonia com a dedicatória ao príncipe Lobkowitz (acima) e ao conde Razumovsky (abaixo) |
A
Quinta Sinfonia começou a ser composta em 1805, logo após o término da
Terceira. Havendo entre as duas, afinidade expressiva. Como uma ideia central
poderosa. Curiosamente algo aconteceu fazendo que a composição ficasse
interrompida durante todo o ano de 1806. Voltou a trabalhar na obra em 1807,
concluindo no início do ano seguinte, a Sinfonia foi dedicada ao conde Andrey Kirillovich Razumovsky e ao príncipe Franz Josef Maximillian von Lobkowitz, seus principais mecenas na época.

Existe
ainda a possibilidade da dúvida, afinal trata-se de uma obra revolucionária
para época, não havia a introdução lenta das outras sinfonias da escola
Haydniana, que Beethoven seguira nas sinfonias anteriores, também não há a
fanfarra das aberturas das óperas. A sinfonia parte direto para o tema
principal.
"Beethoven
enfrenta as ondas do mar e permanece no leito do oceano que para as nuvens no
seu curso, dispersa as névoas e revela o puro azul do céu e a face escaldante
do sol.” Foi essa a descrição quanto à energia do primeiro movimento feita por Richard Wagner.
O
primeiro movimento expressa o sentimento de conflito e luta, enquanto os
seguintes progridem para sua superação, culminando no sentimento de exultação e
vitória do final.
Os
instrumentos usados nesta sinfonia são:
Família
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Instrumentos
|
Madeira
|
2 flautas
2 oboés
2 clarinetes (em si bemol e dó)
2 fagotes
1 contrafagote e 1 piccolo (ambos apenas no 4º Movimento)
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Metais
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2 trompas (em mi bemol e dó)
2 trompetes
3 trombones (alto, tenor e baixo, apenas no 4º Movimento)
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Percussão
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2 Tímpanos (em sol e em dó)
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Cordas
|
Violinos
Violas
Violoncelos e
Contrabaixos
|
Composta
em quatro movimentos, que representariam cada um os quatro elementos da
natureza:
O
primeiro andamento: Allegro con brio, grande tensão, com dramatismo extremo, o
fogo.
Uma
análise do primeiro movimento, eu me lembro dessa explicação no filme CONRACK,
estrelado por Jon Voight:
O
destino ou a morte batendo à porta, os instrumentos duelam algo como o bem e o
mal, o arrependimento ou desfaçatez, por fim a batalha final... Quem vence? A
música neste movimento é rápida e enérgica.
O
segundo andamento: Andante com Moto – Più mosso – Tempo I, uma marcha fúnebre
que se eleva pela sua emoção e beleza, o ar. Temos a predominância de uma
melodia triste, bonita e sentimental. Retratando as desilusões pelas quais que
o compositor passava e sofria.
O
terceiro andamento: Scherzo Allegro – Trio – Scherzo, uma contração, a água. É
a parte musical mais simples da sinfonia. Representaria o terceiro movimento
vem como a esperança diante da tristeza representada no movimento anterior.

A
Quinta Sinfonia é uma síntese de tudo o que representa Beethoven: Sua força,
tristeza e grandiosidade.
Como
já comentado na postagem sobre as sinfonias, na Quinta, a Esfera da Cabala, A
Força do Rigor, o Geburah, foi expressa por Beethoven, o Destino batendo à
nossa porta. Sua audição é recomendada quando quisermos sair dos estados de
irritação, egoísmo, vingança e ódio. Conhecida como ”Sinfonia da Vitória” tem a
interpretação espiritual da conquista do eu inferior. É a Sinfonia do ‘Destino
do Homem’. Estimula a traçar as estruturas do que queremos ser na vida, ou
seja, a criar nosso destino.
Provemos
então da taça...
Algumas
curiosidades:
Durante
a Segunda Guerra Mundial, os países ocupados pela Alemanha eram proibidos de
ouvir outras rádios que não as indicadas pelo III Reich. Todavia, muitas
pessoas desafiavam a proibição para escutar a BBC de Londres, que durante a
guerra usou como prefixo as notas iniciais da V Sinfonia de Beethoven, cujas
notas - três curtas e uma longa - correspondem a letra "V" - vitória
- em código Morse. Nesta, como em outras ocasiões, a liberdade foi associada a
Beethoven.
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código Morse |
Em
1976, o pianista Walter Murphy gravou uma versão em música disco para esta
sinfonia, e a lançou como single. O single fez muito sucesso, chegou ao
primeiro lugar na Billboard Hot 100 e foi incluído no legendário filme Os
Embalos de Sábado à Noite. "A Fifth of Beethoven" é considerada um
clássico desse gênero, e frequentemente aparece quando se fala na era Disco.
Uma
pesquisa do Programa de Oncobiologia da UFRJ expôs uma cultura de células
MCF-7, ligadas ao câncer de mama, à meia hora da obra. Um em cada cinco delas
morreu, numa experiência que abre uma nova frente contra a doença, por meio de
timbres e frequências.
Maiores informações sobre a pesquisa no link abaixo:
No
link disponível a Quinta Sinfonia na íntegra e a versão Disco.