Em 05 de Agosto de 1966, foi
lançado no Reino Unido, o álbum Revolver da banda The Beatles, três dias depois
também lançado nos Estados Unidos.
Não pretendo aqui discorrer sobre o álbum que foi o sétimo álbum da discografia oficial da banda. Um disco inovador e que marca o início da fase psicodélica do FAB FOUR. E sim de uma faixa específica: Yellow Submarine.
Vamos vivendo uma bela vida,
Achamos para tudo uma saída,
Céu azul, mar verde e belo,
Em nosso submarino amarelo.
A canção completou cinquenta
anos de sua gravação entre o final de maio e o início de junho deste ano.
Embarcando na fantasia da letra que retrata um velho marinheiro narrando a sua
estória de vida.
Apesar de nos créditos
constarem como autores Lennon & McCartney, esta é uma canção quase que
exclusivamente de Paul McCartney, escrita com alguns palpites de John Lennon e
a ajuda de Donovan Philips Leitch, ou simplesmente Donovan, autor do verso sky of blue and sea of green.
Numa
entrevista em 1980, John Lennon comentou a respeito das autorias das canções
com a marca Lennon & McCartney, dizendo quais eram suas e quais eram de
Paul, com relação à Yellow Submarine, disse ele, “trata-se mesmo de uma criação
do Paul.
Donovan ajudou com a letra. Eu também ajudei com a letra. Nós
virtualmente fizemos a canção nascer no estúdio, mas baseados na inspiração de
Paul, na ideia de Paul, com o título definido por Paul”.
A
ideia desde a sua concepção era para que música fosse cantada por Ringo.
Conforme relatado pelo próprio autor, em uma entrevista no ano de 1994:
"Pensei numa canção para Ringo cantar, o que acabou mesmo acontecendo,
então eu concebi o vocal com pouca variação melódica e comecei a construir uma
história, algo como um marinheiro veterano contando para os jovens sobre onde
ele morava. Pelo que eu me recordo, a canção foi composta quase completamente
por mim”. De início era um submarino colorido.
A
música foi lançada também em compacto simples, sendo o lado B: Eleonor Rigby.
Geoff Emerick |
É
uma das canções mais famosas da banda, e é caracterizada por um refrão
marcante e muitos efeitos sonoros.
A
produção da faixa coube a George Martin e o engenheiro de som foi Geoff
Emerick.
A música foi gravada no dia 26 de Maio de 1966, no Abbey Road Studio,
participaram da gravação, John Lennon no violão, Paul McCartney no baixo,
George Harrison no pandeiro e Ringo Starr na bateria e voz principal, John,
Paul e George fizeram ainda os vocais de apoio.
No
dia 01 de Junho de 1966, reza a lenda que todos os presentes no estúdio
participaram da gravação, um grupo de metais formado por músicos de estúdio, os
quatro Beatles e ainda, George Martin, Pattie Boyd, Mal Evans, Brian Jones,
Neil Aspinall, Marianne Faithfull, Geoff Emerick e até o chofer da banda Alf
Bicknell, numa alegre contagiante festa infantil entoavam o refrão:
“WE
ALL LIVE IN A YELLOW SUBMARINE,
YELLOW SUBMARINE, YELLOW SUBMARINE,
WE ALL LIVE
IN A YELLOW SUBMARINE,
YELLOW SUBMARINE, YELLOW SUBMARINE.”
Pattie Boyd (esposa Harrison na época. Mal Evans, Brian Jones (dos Rolling Stones), Neil Aspinall (junto com Paul na foto) Marianne Faithfull e Alf Bicknel (da esquerda para direita) |
Além
disso, houve ainda: John soprando canudinho dentro de um balde d’água para
fazer borbulhas; brindes com copos de vidro; Ringo gritando com voz de
marinheiro atrás da porta do estúdio; correntes giradas dentro de uma banheira
de estanho para criar sons de água, todos estes efeitos foram inseridos, tendo
ainda apitos, sons de motores, buzinas, sinos de navio, sons de vento e
tempestade, Paul e John conversando através de latinhas, para criar o som do
“capitão” ou gritando frase soltas como ordens.
Beatles no Estúdio 2 do Abbey Road |
O
Estúdio 2 transformou-se num vibrante submarino amarelo.
Beatles no Estúdio 2 do Abbey Road |
Naquela
época já havia uma série televisiva de curta metragem norte americana baseada
no grupo – The Beatles Cartoon.
Produzida pela King Features estreou na ABC
em 25 de Setembro de 1965 e terminou em 07 de Setembro de 1969, foram
produzidos 39 episódios duplos, sempre com títulos de canções do grupo, e a
apresentação de versões de outras canções da banda entre as estórias.
Brian Epstein |
Al Brodax |
Com
o sucesso da série animada o empresário Brian Epstein foi procurado, no início
de 1967, pelo produtor Al Brodax que propôs um longa-metragem de animação com o
quarteto baseado na canção.
O
quarteto decide ceder algumas músicas inéditas para o filme e coloca todo o seu
catálogo musical à disposição da produtora, eles não têm o filme como
prioridade, praticamente não participam da criação, não acompanham o roteiro e
produção, tampouco colocam suas próprias vozes nos personagens. George Martin
se prontificou a cuidar de toda a produção musical.
George Martin |
O
disco com a trilha sonora foi lançado em 17 de Janeiro de 1969, contrariando o
sucesso de crítica e bilheteria do filme, o álbum é considerado o mais fraco do
grupo e o único que não atinge o 1° lugar nas paradas nos EUA e no Reino Unido.
O álbum difere de todo restante da discografia da banda, contando com 13 faixas
no total, apenas seis músicas pertencem ao grupo, sendo que apenas quatro são
inéditas, e gravadas entre 1967 e 1968, algo como sobra de estúdio.
Destas
músicas quatro tem a assinatura Lennon & McCartney e duas escritas por
George Harrison. As demais faixas são instrumentais compostas por George
Martin, inclusive uma versão de Yellow Submarine com arranjo orquestral.
Pepperland |
O líder dos Blues Meanies |
O
filme é altamente psicodélico, com um desfile de cores constante, a estória se
passa em Pepperland, uma terra submarina, onde reina a música e o amor, até ser
atacada e subjugada pelos Blues Meanies, que escravizam a população, e acabam
com toda a alegria do lugar.
Old Fred e Ringo |
O maestro da Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club
Band, Old Fred, consegue escapar e parte a procura dos Beatles como salvadores
do amor e da música, o filme coloca o quarteto em um submarino amarelo para
lutar contra os vilões azuis. O Submarino Amarelo do título repousa em cima de
uma pirâmide semelhante às astecas, em uma colina.
Durante a viagem, os garotos
passam por diversos lugares no fundo do mar, cantando uma música para cada
lugar específico.
George Dunning |
O filme foi dirigido pelo produtor de animação George
Dunning. Os Beatles reais só aparecem no final do filme. Até os dias atuais é considerado
um clássico da animação. Após o lançamento do filme, os Beatles adoraram e se
arrependeram de não terem feito as vozes originais, agendaram uma reunião para
relançar com as vozes, mas com o final da banda esse projeto não foi adiante.
All
Together Now uma típica canção infantil. Assinada por McCartney e Lennon, foi
gravada em 1967, marinheiros cantando durante o trabalho, temos na faixa John
tocando banjo, Paul no baixo, Ringo na bateria, George faz backing e toca
buzinas de carro, foi gravada em apenas seis horas.
It’s
All Too Much é uma homenagem de George Harrison a Pattie, sua esposa, (para quem George comporia também Something anos mais tarde e Eric Clapton faria Layla, também para ela) a versão
original tem oito minutos, foi gravada em 1967. Com George nas guitarras, órgão
e baixo, John nas guitarras e Ringo na bateria (essa gravação não contou com
Paul). Canção gravada pouco depois do lançamento de “Sgt. Peppers” em
1967, e pronta a entrar em Magical Mystery Tour, mas mais uma vez boicotada
pelos companheiros de banda.
Only
a Northern Song, também composta por Harrison, dominam os trompetes
distorcidos, um órgão com reverb, um piano revertido e um xilofone, formando a
música mais psicodélica dos Beatles. A música foi gravada em 1967 e ficou de
fora do disco “Sgt Peppers”, segundo Geoff Emerick, pelos outros membros, por
acharem que a música não servia aos propósitos da concepção do disco. A letra é
mais um desabafo e crítica de Harrison tanto sobre o preconceito e desrespeito
ao povo de Liverpool (“É apenas Uma Canção do Norte”) quanto a empresa no qual
Lennon/McCartney eram vinculados e omissos, a Northern Songs Published, e as
canções de Harrison eram consideradas “músicas contratadas”. No refrão ele diz:
“It doesn't really matter what chords I play/What words I say/Or time of day it
is/As it's only a northern song” ou “Não importa os acordes que eu toco/Ou as
palavras que digo/ Ou qual hora ou dia é hoje/É apenas uma canção da Northern
Songs” ou “Apenas uma canção do Norte”.
Hey
Bulldog, que fecha o lado A, é um rock&roll clássico e enxuto liderado por
um riff de piano, composto por John e gravado em maio de 1968 durante as
gravações do compacto de “Lady Madonna”. Geoff Emerick disse: “Durante
aquelas gravações foi a última vez que vi eles tocando juntos, num sentimento
dinâmico de entusiasmo e compaixão... Depois disso eles foram para Índia e tudo
desmoronou”.
Temos
ainda:
All You Need is Love, que tem autoria de John Lennon e co-autoria de Paul McCartney.
É considerada pela revista Rolling Stone como a melhor canção de todos os
tempos e quebrou uma grande barreira ao ser executada para mais de 26 países e
vista por mais de 400 milhões de pessoas ao mesmo tempo, em 25 de julho de
1967. A música é uma mensagem de paz e amor a todos os povos.
A canção é
recheada de referências: a introdução francesa de “La Marseillaise”,
“Greensleeves”, “In The Mood” de Glenn Miller executado com saxofones, “She
Loves You” cantado espontaneamente por John Lennon, além das palavras “Yes, you
can” e “Yesterday”, outra citação ao passado. George Martin ainda acrescenta
passagens de “Brandenburg Concerto n° 2”.
E
claro a faixa título que já foi dissecada acima.
O
lado B do disco são trilhas musicais compostas e orquestradas pelo produtor da
banda George Martin, sendo elas “Pepperland”, “Sea of Time”, “Sea of Holes”,
“Sea of Monsters”, “March of The Meanies”, “Pepper Land Laid Waste” e “Yellow
Submarine in Pepperland” essa última um arranjo de Martin sobre a música título.
Segundo
John Lennon, ele odiou o trabalho feito por Martin e disse ser desnecessário
usar o nome dos Beatles para produzir “aquela porcaria horrível, para
impressionar amantes de música clássica”. John também achava que Martin era
mais um daqueles que queria ser o “quinto beatle” e injustamente referia-se a
ele como “essas pessoas que acham que nos fizeram musicalmente”.
Robertinho de Recife e George Martin |
A
canção “Pepperland” de George Martin consta na trilha sonora da novela
brasileira “Pantanal”, exibida originalmente pela extinta TV Manchete em
1990, numa versão gravada por Robertinho de Recife com o título Mundo dos Sonhos.
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