quarta-feira, 30 de agosto de 2017

SAVALL


Jordi Savall i Bernadet, regente, compositor e gambista, nascido em Igualada, um município da Província de Barcelona, região da Catalunha, na Espanha, no dia 01 de Agosto de 1.941.

Conservatório Municipal de Música de Barcelona
Iniciou o estudo musical aos seis anos em sua cidade natal, com a Joan Just. Entre 1959 e 1965, frequentou e terminou os seus estudos superiores de música e violoncelo no Conservatório de Barcelona.


Montserral e Jordi
Participou do grupo musical Ars Musicae de Barcelona e ali conheceu Montserrat Figueras, uma cantora soprano catalã, com que se casaria em 1.968.

Schola Cantorum Basiliensis
No mesmo de seu casamento, Jordi e Montserrat partiram para a Basileia, na Suíça, com intuito de ampliar sua formação na Schola Cantorum Basiliensis, se aprimorando num instrumento antigo, a viola da gamba, foi discípulo de August Wenzinger, sendo o seu sucessor na instituição. Ali passou a defender a importância da música antiga da Península Ibérica.

Especializou-se em música antiga, traduziu diversos manuscritos mouriscos, turcos, gregos e espanhóis.

Em 1.970, teve início sua carreira como intérprete de viola da gamba, sendo considerado um dos maiores e melhores músicos deste instrumento.

Em 1.972, nasce a primeira filha do casal, Arianna Savall Figueras, cantora e harpista, na atualidade.

No ano seguinte, passa a atuar como professor de viola da gamba, na Schola Cantorum.

Hopkinson Smith
Lorenzo Alpert
Em 1.974, o casal constitui, juntamente com Lorenzo Alpert (instrumentos de sopro e percussão) e Hopkinson Smith (instrumentos de corda), o Ensemble Hespèrion XX, dedicado à interpretação e à revitalização da música original antiga hispânica e europeia desde o Século VII e anterior a 1800.

O nome do grupo remete ao nome latino da região europeia que compreende a Itália, a Península Ibérica e o sul da França.

A discografia do grupo inclui músicas do período antigo retiradas de manuscritos medievais (como o Llibre Vermell de Montserrat, o Cancionero de Palacio, o Cancioniero de la pomba e Manuscrit du Roi), e também dos compositores do período da Renascença barroco espanhol (Antonio de Cabezón, Juan Cabanilles, Juan del Encina), francês (Francois Couperin), Inglês (John Dowland, Anthony Holborne, Henry Purcell), alemão (Samuel Scheidt) e Italiano.

O grupo tem dado espaço para a tradição sefardita musical, em árabe, assim como a redescoberta da villancicos herança melódica e vocal da América Latina. Mais recentemente, Hespèrion XXI abordou o repertório de autores de países ligados à área do Mediterrâneo, como a Turquia.

Em 1.979, nasce o segundo filho do casal, Ferran Savall Figueras, também músico.

La Capella Reial de Catalunya
A família retorna a Barcelona em 1.985, ali dois anos depois o casal contribuíu para a fundação do coro, La Capella Reial de Catalunya, inspirada no modelo das grandes capelas dos vários reinos que compunham a nação espanhola da Idade Média e do Renascimento.

O repertório é focado principalmente na música antiga espanhola da era moçárabe no Siglo de Oro e produziu uma discografia que vão desde Cantigas de Alfonso el Sabio até Cancioneros del Siglo de Oro.

Recentemente, para o 500º aniversário da morte de Isabella de Castiglia, o conjunto tem trabalhado em pontuações coletadas em um silloge musical, reconstruído pelo próprio Savall, com o objetivo de reconstruir a atmosfera das cortes itinerantes do fim da Idade Média: Cd dedicado ao soberano, canções de vários países europeus, refletindo a complexidade das influências musicais presentes na Espanha há meio milênio, onde os músicos flamengos, portugueses, andaluzes, sefardistas e italianos se encontraram.

Le Concert des Nations
Koopman, Lawrence-King, Biondi
Em 1989 fundaram a orquestra Le Concert des Nations, que toma o nome do trabalho de François Couperin intitulado Les Nations, o conjunto conta com a colaboração de importantes músicos europeus como Ton Koopman, Andrew Lawrence-King e Fabio Biondi, e propõe uma interpretação renovada das obras dos grandes músicos europeus, mas seguindo uma perspectiva histórica rigorosa.

A orquestra apresentou as primeiras gravações de música escrita para a orquestra de Louis XIII, bem como obras de Marc-Antoine Charpentier, Bach, Vivaldi e a coleção completa de suítes Marin Marais.

Jordi dirigiu algumas orquestras como a Gulbenkian de Lisboa, a Camerata de Salzburgo, a Wiener Kammerorchester e a Philarmonia Baroque Orchestra de San Francisco.

Jordi Savall recebeu numerosas distinções durante os seus mais de 25 anos de carreira. Em 1988, foi condecorado Diretor da Ordem das Artes e Letras do Ministério da Cultura da França; em 1990, recebeu o Prêmio Creu de Sant Jordi da Generalidade da Catalunha; em 1998, o Ministério de Cultura de Espanha outorgou-lhe a Medalha de Ouro de Belas Artes; desde 1999, é membro de honra da Konzerthaus de Viena e, em 2006, recebeu o título de Doutor honoris causa da Universidade da Catalunha.

Desde 1998 edita os seus discos através da sua própria editora, a Alia Vox, que já vendeu mais de dois milhões de discos em 45 países.

O significado latino do nome da gravadora, literalmente "outra voz", refere-se à vontade de Savall de oferecer ao público um repertório musical incomum, mas bem ancorado à tradição musical do passado.

O seu trabalho também inclui trilha sonora de filmes, inclusive tendo conquistado o prêmio César em 1992, pela obra em parceria com sua esposa para o filme Todas as manhãs do mundo (Tous les matins du monde), de Alain Corneau, baseado na vida de Monsieur de Sainte-Colombe e Marin Marais, revelou para novas audiências a música desses compositores para viola da gamba.
Capa do Álbum com a Trilha Sonora de Tous les matins du monde
No início deste século, o Hespèrion XX passa a chamar-se Hespèrion XXI.

Du temps & de l'instant

Em 2005, é lançado o álbum intitulado Du temps & de l'instant, uma espécie de autobiografia na música da família Savall, neste trabalho Savall atuou com os membros da família, com sua esposa Montserrat Figueras e seus filhos, Arianna tocando harpa e cantando e Ferran executando o theorbo (baixo alaúde).
Theorbo
A partir de 2009, Savall leciona como palestrante convidado na Juilliard School, na cidade de Nova York.

Em 23 de novembro de 2011, um câncer, leva sua esposa e parceira à morte.


Recomendo três trabalhos em especial para tomar contato com a obra de Jordi Savall, Don Quijote de La Mancha de 2005 (2CDs), Paraísos Perdidos: Christopharus Columbus de 2006 (2CDs) e Erasmus van Rotterdam de 2013 (6CDs).

Jordi e uma Viola da Gamba
A viola da gamba é um instrumento normalmente com seis cordas tocadas com arco, desenvolvido no Século XV, foi muito utilizado na Renascença, em virtude de seu tamanho, era tocado em pé encostado no colo ou entre as pernas, postura parecida com a forma de tocar o violoncelo, foi desta posição que surgiu o seu nome em italiano, viola da gamba ou literalmente viola de perna, pois assim o diferenciava de outro instrumento semelhante ao violino, viola da braccio, ou viola de braço.

Com uma parte traseira plana, cintura com concavidade acentuada, suas cordas eram feitas de tripa de animais que produzem uma sonoridade bem diferente das cordas de aço, mais suave e mais doce. 

Por volta de 1660, cordas de cobre com alma de seda e de tripa começaram a se tornar disponíveis e então, passaram a ser utilizadas para produzir as tonalidades mais graves das violas da gamba e de muitos outros instrumentos de corda.


A viola da gamba pode ter pelo menos seis modelos, de tamanhos diferentes:
•         pardessus viole (que é relativamente raro);
•         soprano
•         contralto
•         tenor
•         baixo
•         violone.


Casas de pessoas importantes costumavam ter o que era chamado de cesto de violas da gamba, que podia conter um ou mais instrumentos de cada tamanho. 

Os conjuntos de viola da gamba, chamados consorts eram comuns nos séculos XVI e XVII. Apenas as gamba soprano, tenor e baixo eram integrantes regulares do consort de violas da gamba. Esses conjuntos e a música composta para eles eram muito populares na Inglaterra, no período elizabetano, com compositores como William Byrd, John Dowland e durante o reinado do Rei Charles I, por compositores como John Jenkins e William Lawes. As últimas músicas compostas para conjuntos de violas da gamba foram provavelmente escritas no início dos anos 1680 por Henry Purcell.


Alguns compositores que escreveram músicas para virtuosos deste instrumento foram Marin Marais, Johann Sebastian Bach, Antoine Forqueray e Carl Friedrich Abel.

Ouça e aprecie um pouco de sua obra

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

GOETZ


Hermann Gustav Goetz foi um compositor alemão, nascido em Königsberg, capital e centro cultural e econômico da Prússia, no dia 07 de Dezembro de 1.840, filho de um cervejeiro amante da música.


Louis Köhler
Entrou em contato com a música no início da vida, aprendeu cedo a tocar piano, suas primeiras lições de música foram ministradas por um primo. Cursou o ensino médio em sua cidade natal, aos quinze anos compôs uma sonata de piano para quatro mãos.

Aos 14 anos foi diagnosticado com tuberculose.

Somente em 1.857 passou a ter aulas sérias de música com Louis Köhler teve sua formação musical.


Em 1.858, ele se matriculou na Universidade de Königsberg para cursar matemática, entretanto desistiu do curso.

Universidade de Königsberg
Fachada do Conservatório, acima:
Julius Stern e Hans von Bulow
E em 1.860 decide estudar música, matriculando-se no Conservatório de Stern em Berlim, onde estudou contraponto e instrumentação com Julius Stern, piano com Hans von Bulow e composição com Hugo Ulrich.

Apresentou o seu Concerto para Piano em Mi Bemol Maior, com sucesso no exame final, em 1.862, concluindo os seus estudos naquele conservatório.

No ano seguinte, Carl Reinecke indicou o seu nome para o cargo de organista da igreja de Winterthur, na Suíça, em substituição a Theodor Kirchner que tinha se mudado para Zurique, naquela localidade pode desenvolver uma atividade musical bastante versátil, atuando como pianista, maestro, organista e professor de piano e compondo em momentos de lazer.

Fundou o Coral Sociedade Melodia, na paróquia que durou apenas um ano e meio, por falta de vozes masculinas.

Carl Reinecke - Theodor Kirchner - Joseph Victor Widmann
Em 22 de setembro de 1.868, casou-se com Laura Wirth, a cerimônia foi realizada, por um amigo em comum do casal, Joseph Victor Widmann, poeta e jornalista, que serviu como assistente de paróquia em Frauenfeld.


Em 1.870 mudou-se para a aldeia de Hottingen, hoje um subúrbio de Zurique, mas permaneceu empregado em Winterthur até 1.872. Entre 1.870 e 1.874, ele escreveu críticas para uma revista de música, a "Neue Zürcher Zeitung".

Sua composição de maior sucesso foi, Der Widerspenstigen Zähmung, uma ópera com libreto adaptado da peça de Shakespeare – A Megera Domada.

Lecionou aulas de piano até 1.875. Em seus últimos anos, Goetz viu-se obrigado a desistir as apresentações de concerto e das aulas devido à crescente gravidade de sua tuberculose e que finalmente levou à sua morte - quatro dias antes de seu 36º aniversário, na data de 3 de dezembro de 1.876 em Hottingen. Trabalhava em sua segunda ópera, Francesca da Rimini, que foi concluída de acordo com as suas indicações, por Ernst Frank.

Seu túmulo está no cemitério Zurich Rehalp.

Embora Goetz tenha mostrado um interesse ativo nas importantes tendências artísticas de seu próprio tempo (por um lado, Liszt e Wagner, no outro Brahms), seu próprio estilo de composição foi mais influenciado por Mozart e Mendelssohn e, em menor grau, por Schumann.

Sua música é marcada pelo lirismo e clareza e, alguns a definem como silenciosa e introvertida, evitando efeitos espetaculares. O estilo de Goetz é caracterizado pelo seu domínio técnico em composição.

Durante muito tempo, Goetz foi quase esquecido, embora Gustav Mahler realizasse várias de suas obras; Apenas desde a década de 1990 seus trabalhos foram considerados uma vez mais como importantes.

Gustav Mahler - Felix Weingartner - George Bernard Shaw
O maestro Felix Weingartner achou “incompreensível que a sua ópera comique, Der Widerspenstigen Zähmung, tenha desaparecido completamente do repertório”. Outro grande admirador de suas composições foi George Bernard Shaw, que elogiou a Sinfonia em Fá Maior.

Biblioteca Central de Zurique
Sua filha Margaret doou o espólio de Goetz à Biblioteca Central de Zurique na primeira metade do século 20, e nele constam:

Duas Óperas
  • Der Widerspenstigen Zähmung (A megera domada – baseado na peça de Shakespeare) e;
  • Francesca von Rimini, peça incompleta, concluída por Ernst Frank que compôs a Abertura e o Terceiro Ato, com libreto escrito por seu amigo Joseph Victor Wildmann, baseado no Inferno de Dante.


Peças Vocais
  • Psalm 137 para soprano, coral e orquestra;
  • Nenie (um poema de Friedrich Schiller) para coral e orquestra;
  • Canções e Hinos para Coral;

Peças Orquestrais:
  • Sinfonia em Mi menor – apenas fragmentos sobreviveram ao tempo;
  • Sinfonia em Fá Maior;
  • Abertura de Primavera;
  • Concerto para Piano nº1 em Mi Bemol Maior;
  • Concerto para Piano nº2 em Si Bemol Maior;
  • Rascunhos para um terceiro concerto para piano em Ré Maior;
  • Concerto para Violino em Sol Menor;

Música de Câmara:
  • Piano trio em Sol menor
  • Três pequenas peças para violino e piano
  • Quarteto de Cordas em Si Maior
  • Piano quarteto em Mi maior
  • Piano quinteto em Dó menor
  • Duas Sonatinas para Piano (em Fá Maior e em Mi Bemol Maior)
  • Algumas folhas soltas
  • Sonata para piano a quatro mãos em Ré Maior
  • Sonata para piano a quatro mãos em Sol Maior

Goetz incorporou o heroísmo de um condenado a uma morte precoce, demonstrando a sua vitória sobre uma saúde frágil.

Conheça um pouco de sua obra.




quarta-feira, 9 de agosto de 2017

PURCELL



Henry Purcell nasceu em St Ann's Lane, Old Pye Street, Westminster - a área de Londres mais tarde conhecida como Devil's Acre, no dia 10 de setembro de 1659, filho de Henry Purcell que era cantor na Chapel Royal, teve dois irmãos Edward e Daniel.
Gravura da casa em que nasceu

Daniel Purcell, o mais novo dos irmãos, também foi um compositor prolífico que escreveu a música para a maior parte do ato final de The Indian Queen após a morte de Henry Purcell.

A família de Henry Purcell morava a poucas centenas de metros a oeste da abadia de Westminster.

Purcell teria composto a sua peça aos nove anos de idade, entretanto não há consenso, visto que as datas de suas composições são muito incertas.

The Devil's Acre
Após a morte de seu pai em 1664, Purcell ficou sob a tutela de seu tio paterno Thomas, que lhe mostrou grande carinho e bondade. Thomas era um cavalheiro da Capela de Sua Majestade, e providenciou que Henry fosse admitido como um corista. Henry estudou primeiro com o capitão Henry Cooke, Master of the Children, e posteriormente com Pelham Humfrey, o sucessor de Cooke.

Henry era um corista na Capela Real até que sua voz mudou em 1673, quando ele foi nomeado assistente do construtor de órgãos John Hingston, a quem sucedeu como guardião dos instrumentos musicais do rei, em 1683.

Westminster School

Ele frequentou a Escola de Westminster e, em 1676, no mesmo ano, serviu como afinador de órgão da Westminster Abbey, tornando-se organista em 1679 (cargo que ocupou até o final da vida), sucedendo seu professor John Blow que renunciara ao cargo que ocupava desde 1668.

Theodosius
A partir de então se dedicou quase totalmente à composição de música sacra, cortando as suas ligações com o teatro. Contudo, imediatamente antes de assumir a sua nova posição, tinha composto dois importantes trabalhos para o teatro: a música para Theodosius de Nathaniel Lee, e a Virtuous Wife de Thomas D'Urfey.

Entre 1680 e 1688, Purcell escreveu música para sete peças. A composição de sua ópera de câmara Dido e Aeneas, que constitui um marco muito importante na história da música dramática inglesa, considerada a primeira ópera inglesa genuína, foi atribuída a esse período.

Logo após o casamento de Purcell, em 1682, com a morte de Edward Lowe, foi nomeado organista da Royal Chapel, função que ocupou simultaneamente com a posição idêntica na Westminster Abbey.

Seu filho mais velho nasceu no mesmo ano, cuja vida teve curta duração.

Sua primeira composição impressa, Doze Sonatas, foi publicada em 1683. Por alguns anos depois, ele estava ocupado na produção de música sagrada, odes dirigidas ao rei e à família real, e outras obras similares.

Em 1685, ele escreveu dois dos seus melhores hinos, I was glad and My heart is inditing, para a coroação do rei Tiago II.

Em 1690, ele compôs um cenário da ode de aniversário para Queen Mary, Arise, my muse. Quatro anos depois escreveu uma de suas obras mais elaboradas, importantes e magníficas ode para o aniversário da Rainha, escrita por Nahum Tate, intitulada Come Ye Sons of Art.

Nahum Tate

Em 1687, ele retomou sua conexão com o teatro ao fornecer a música para a tragédia de Dryden, Tyrannick Love.

E em novembro de 1688, Purcell compôs seu hino: Blessed are they that fear the Lord! Alguns meses depois, ele escreveu a música para a peça de D'Urfey, The Fool's Preferment.

Em 1690, ele compôs a música para a adaptação de Betterton de Fletcher e Prophetess de Massinger (depois chamado Dioclesian) e Dryden's Amphitryon.


Durante os primeiros dez anos de seu cargo, Purcell compôs muito. Em 1691, ele escreveu a música para o que às vezes é considerada sua obra-prima dramática, King Arthur, or The British Worthy.

Em 1692, ele compôs The Fairy-Queen (uma adaptação do Sonho da Noite de um Midsummer de Shakespeare).

The Indian Queen foi adaptada de uma tragédia de Dryden e Sir Robert Howard. 

Nessas semióperas (outro termo para o qual na época era "ópera dramática"), os personagens principais das peças não cantam, mas falam suas linhas: a ação se move em diálogo e não recitativo. As músicas relacionadas são cantadas por cantores, que têm pequenos papéis dramáticos.

A quantidade de sua música de câmara instrumental é mínima após sua carreira inicial e sua música de teclado consiste em um número ainda mais mínimo de suítes de cravo e peças de órgãos.

Em julho de 1695, Purcell compôs uma ode para o Duque de Gloucester para seu sexto aniversário. O ode é intitulado: Who can from joy refrain?

As sonatas de quatro partes de Purcell foram compostas em 1697. Nos últimos seis anos de sua vida, Purcell escreveu música para quarenta e duas peças.

Purcell faleceu a 21 de Novembro de 1695, em sua casa em Marsham Street, no auge de sua carreira.

O começo de seu testamento lê-se:
Em nome de Deus Amém. Eu, Henry Purcell, da cidade de Westminster, cavalheiro, perigosamente enfermo quanto à constituição do meu corpo, mas em boa e perfeita mente e memória (graças a Deus), faça por estes presentes publicar e declarar que esse é o meu último Vontade e Testamento. E eu concedo e leigo à minha esposa amorosa, Frances Purcell, toda a minha propriedade...

Abadia de Westminster
Purcell foi enterrado ao lado do órgão na Abadia de Westminster. A música que ele tinha composto anteriormente para o funeral de Queen Mary foi realizada durante o dele também.

Após sua morte, os funcionários de Westminster o honraram ao decidir por unanimidade que ele fosse enterrado sem despesas no corredor norte da Abadia. O seu epitáfio diz: "Aqui, jaz Henry Purcell, que deixou essa vida e foi para aquele lugar abençoado onde somente sua harmonia pode ser superada".

Purcell gerou seis filhos com sua esposa Frances, quatro dos quais morreram na infância. Sua esposa, bem como seu filho Edward (1689-1740) e a filha Frances, sobreviveram a ele. Frances, a mãe, morreu em 1706, tendo publicado uma série de obras de seu marido, incluindo a famosa coleção chamada Orpheus Britannicus, em dois volumes, impressos em 1698 e 1702, respectivamente. Edward foi nomeado organista de St Clément Eastcheap, Londres, em 1711 e foi sucedido por seu filho Edward Henry Purcell. Ambos os homens foram enterrados em St Clement perto da galeria de órgãos.

Sua facilidade em compor para todos os gêneros e públicos, sua popularidade na corte durante reinados de três monarcas e sua vasta produção de odes cortesãs, música cênica, cânticos sacros, canções seculares, música de câmara e música voluntárias para órgão são uma prova clara de seu prodigioso talento.
(Na linguagem musical, voluntário é uma peça, geralmente para um órgão, que é tocada como antes ou depois de um trabalho sacral).

Dotado de um sentido melódico muito expressivo, Purcell compôs toda a sua obra encaminhando-se para a modernidade. As suas composições dirigiam-se, sobretudo, à Igreja, ao Estado, à corte e ao entretimento. Em todas as composições mostrou certa admiração pelo passado, combinada com a vontade de aprender com o presente.

Apesar de incorporar elementos estilísticos italianos e franceses em suas composições, o legado de Purcell era uma forma excepcionalmente inglesa de música barroca. Ele geralmente é considerado um dos maiores compositores ingleses; Nenhum outro compositor inglês nativo se aproximou de sua fama até Edward Elgar, Ralph Vaughan Williams, William Walton e Benjamin Britten no século 20.

Benjamin Britten
Purcell também teve uma forte influência sobre os compositores do renascimento musical inglês do início do século 20, mais notavelmente Benjamin Britten

Purcell é homenageado assim como Johann Sebastian Bach e George Frideric Handel com um dia de festa no calendário litúrgico da Igreja Episcopal em 28 de julho.

Numa entrevista de 1940, Ignaz Friedman afirmou que ele considerava Purcell tão grande quanto Bach e Beethoven.

Na Victoria Street, Westminster, Inglaterra, há um monumento de bronze para Purcell, esculpido por Glynn Williams e erguido em 1994.


As obras de Purcell foram catalogadas por Franklin Zimmerman, que lhes deu um número precedido por Z.





Jeremiah Clarke

Tão forte foi a reputação de que uma peça bastante popular em cerimônias de casamento foi incorretamente atribuída a Purcell por muitos anos. O chamado Trumpet Voluntary que foi de fato escrito por volta de 1700 é na verdade uma peça para cravo escrita por Jeremiah Clarke (1674 - 1707) foi um compositor britânico. 

Clarke, da geração pós-Purcell, e que serviu como organista nas catedrais de Winchester e São Paulo (Londres), bem como na Chapel Royal, e sua produção inclui música eclesiástica, odes, canções e música cênica. 

Suicidou-se em 1707, aparentemente por um caso de amor frustrado. Foi sepultado na Catedral de São Paulo em Londres.

O Equívoco

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

THE AMERICAN FOUR SEASONS

Philip Glass
Peter Oundjian
Robert McDuffie
Intitulado como The American Four Seasons, o Concerto para Violino nº 2 de Philip Glass, estreou mundialmente em Toronto no dia 9 de dezembro de 2009, com o violinista Robert McDuffie, para quem Philip Glass havia composto a obra, acompanhado pela Orquestra Sinfônica de Toronto sob a regência de Peter Oundjian. 



Sua estreia europeia ocorreu meses depois em Londres no dia 17 de abril de 2010, com o violinista agora acompanhado pela Orquestra Filarmônica de Londres sob a condução da maestrina Marin Alsop.


Marin Alsop
O concerto foi escrito entre o verão e o outono de 2009, após vários anos de conversas entre o compositor e o violinista, que tinha a ideia de criar uma peça que servisse como acompanhante às Quatro Estações de Vivaldi.


Independente de como seriam as ligações entre a obra de Vivaldi e a sua música, Glass lançou-se ao trabalho.

Quando o Philip Glass apresentou a obra a Robert McDuffie, notou que sua interpretação das estações era algo diferente de Glass. Desta forma o compositor apresenta isso como uma oportunidade para o ouvinte fazer sua própria interpretação. 

Os títulos dos movimentos não oferecem pistas sobre qual deles representa Primavera, Verão, Outono ou Inverno, com o compositor acolhendo outras interpretações tanto dos músicos quanto dos ouvintes sobre qual estação refere-se cada um deles.


A pedido de McDuffie o concerto foi escrito para violino solo; cordas e sintetizadores, ao invés de cravo.

A ideia original era denominar cada um dos movimentos com o nome das estações, mas ambos não chegaram ao consenso, tanto que no segundo movimento, o violinista imaginava a representação de uma beleza gelada enquanto Glass pensava no vento refrescante do verão com pessoas deitadas na grama ao sol.

Em vez da cadência típica encontrada na maioria dos concertos de violino, este apresenta peças solo para o violino que antecipa a cada um dos movimentos, assim sendo temos como forma final do concerto uma obra em quatro andamentos, separados por três “canções”, com um Prelúdio antes do Primeiro movimento.


O compositor também informou que estes poderiam ser tocados separadamente.


McDuffie considera Glass como o Vivaldi americano pela semelhança entre os seus estilos, ao passo que considera o Padre Ruivo como o primeiro minimalista do mundo.


Kremetata Baltica
O que apresento nesta postagem é a versão deste concerto interpretado pela Kremerata Baltica, com Gidon Kremer como Solista, que estreou em San José, Costa Rica em agosto de 2013.
Gidon Kremer
Boa audição