Jordi Savall i Bernadet, regente,
compositor e gambista, nascido em Igualada, um município da Província de
Barcelona, região da Catalunha, na Espanha, no dia 01 de Agosto de 1.941.
Conservatório Municipal de Música de Barcelona |
Iniciou o estudo musical aos
seis anos em sua cidade natal, com a Joan Just. Entre 1959 e 1965, frequentou e
terminou os seus estudos superiores de música e violoncelo no Conservatório de
Barcelona.
Montserral e Jordi |
Participou do grupo musical
Ars Musicae de Barcelona e ali conheceu Montserrat Figueras, uma cantora
soprano catalã, com que se casaria em 1.968.
Schola Cantorum Basiliensis |
No mesmo de seu casamento,
Jordi e Montserrat partiram para a Basileia, na Suíça, com intuito de ampliar
sua formação na Schola Cantorum Basiliensis, se aprimorando num instrumento
antigo, a viola da gamba, foi discípulo de August Wenzinger, sendo o seu
sucessor na instituição. Ali passou a defender a importância da música antiga
da Península Ibérica.
Especializou-se em música
antiga, traduziu diversos manuscritos mouriscos, turcos, gregos e espanhóis.
Em 1.970, teve início sua
carreira como intérprete de viola da gamba, sendo considerado um dos maiores e
melhores músicos deste instrumento.
Em 1.972, nasce a primeira
filha do casal, Arianna Savall Figueras, cantora e harpista, na atualidade.
No ano seguinte, passa a
atuar como professor de viola da gamba, na Schola Cantorum.
Hopkinson Smith |
Lorenzo Alpert |
Em 1.974, o casal constitui,
juntamente com Lorenzo Alpert (instrumentos de sopro e percussão) e Hopkinson
Smith (instrumentos de corda), o Ensemble Hespèrion XX, dedicado à
interpretação e à revitalização da música original antiga hispânica e europeia desde
o Século VII e anterior a 1800.
O nome do grupo remete ao nome latino da região
europeia que compreende a Itália, a Península Ibérica e o sul da França.
A discografia do grupo inclui
músicas do período antigo retiradas de manuscritos medievais (como o Llibre
Vermell de Montserrat, o Cancionero de Palacio, o Cancioniero de la pomba e
Manuscrit du Roi), e também dos compositores do período da Renascença barroco
espanhol (Antonio de Cabezón, Juan Cabanilles, Juan del Encina), francês
(Francois Couperin), Inglês (John Dowland, Anthony Holborne, Henry Purcell),
alemão (Samuel Scheidt) e Italiano.
O grupo tem dado espaço para
a tradição sefardita musical, em árabe, assim como a redescoberta da
villancicos herança melódica e vocal da América Latina. Mais recentemente,
Hespèrion XXI abordou o repertório de autores de países ligados à área do
Mediterrâneo, como a Turquia.
Em 1.979, nasce o segundo
filho do casal, Ferran Savall Figueras, também músico.
La Capella Reial de Catalunya |
A família retorna a Barcelona
em 1.985, ali dois anos depois o casal contribuíu para a fundação do coro, La
Capella Reial de Catalunya, inspirada no modelo das grandes capelas dos vários
reinos que compunham a nação espanhola da Idade Média e do Renascimento.
O
repertório é focado principalmente na música antiga espanhola da era moçárabe
no Siglo de Oro e produziu uma discografia que vão desde Cantigas de Alfonso el
Sabio até Cancioneros del Siglo de Oro.
Recentemente, para o 500º
aniversário da morte de Isabella de Castiglia, o conjunto tem trabalhado em
pontuações coletadas em um silloge musical, reconstruído pelo próprio Savall,
com o objetivo de reconstruir a atmosfera das cortes itinerantes do fim da
Idade Média: Cd dedicado ao soberano, canções de vários países europeus, refletindo
a complexidade das influências musicais presentes na Espanha há meio milênio,
onde os músicos flamengos, portugueses, andaluzes, sefardistas e italianos se
encontraram.
Le Concert des Nations |
Koopman, Lawrence-King, Biondi |
Em 1989 fundaram a orquestra
Le Concert des Nations, que toma o nome do trabalho de François Couperin
intitulado Les Nations, o conjunto conta com a colaboração de importantes
músicos europeus como Ton Koopman, Andrew Lawrence-King e Fabio Biondi, e propõe
uma interpretação renovada das obras dos grandes músicos europeus, mas seguindo
uma perspectiva histórica rigorosa.
A orquestra apresentou as
primeiras gravações de música escrita para a orquestra de Louis XIII, bem como
obras de Marc-Antoine Charpentier, Bach, Vivaldi e a coleção completa de suítes
Marin Marais.
Jordi dirigiu algumas orquestras
como a Gulbenkian de Lisboa, a Camerata de Salzburgo, a Wiener Kammerorchester e
a Philarmonia Baroque Orchestra de San Francisco.
Jordi Savall recebeu
numerosas distinções durante os seus mais de 25 anos de carreira. Em 1988, foi
condecorado Diretor da Ordem das Artes e Letras do Ministério da Cultura da
França; em 1990, recebeu o Prêmio Creu de Sant Jordi da Generalidade da
Catalunha; em 1998, o Ministério de Cultura de Espanha outorgou-lhe a Medalha
de Ouro de Belas Artes; desde 1999, é membro de honra da Konzerthaus de Viena
e, em 2006, recebeu o título de Doutor honoris causa da Universidade da
Catalunha.
Desde 1998 edita os seus discos
através da sua própria editora, a Alia Vox, que já vendeu mais de dois milhões
de discos em 45 países.
O significado latino do nome
da gravadora, literalmente "outra voz", refere-se à vontade de Savall
de oferecer ao público um repertório musical incomum, mas bem ancorado à
tradição musical do passado.
O seu trabalho também inclui trilha
sonora de filmes, inclusive tendo conquistado o prêmio César em 1992, pela obra
em parceria com sua esposa para o filme Todas as manhãs do mundo (Tous les
matins du monde), de Alain Corneau, baseado na vida de Monsieur de
Sainte-Colombe e Marin Marais, revelou para novas audiências a música desses
compositores para viola da gamba.
Capa do Álbum com a Trilha Sonora de Tous les matins du monde |
No início deste século, o
Hespèrion XX passa a chamar-se Hespèrion XXI.
Du temps & de l'instant |
Em 2005, é lançado o álbum
intitulado Du temps & de l'instant, uma espécie de autobiografia na música
da família Savall, neste trabalho Savall atuou com os membros da família, com sua
esposa Montserrat Figueras e seus filhos, Arianna tocando harpa e cantando e
Ferran executando o theorbo (baixo alaúde).
Theorbo |
A partir de 2009, Savall leciona
como palestrante convidado na Juilliard School, na cidade de Nova York.
Em 23 de novembro de 2011, um
câncer, leva sua esposa e parceira à morte.
Recomendo três trabalhos em
especial para tomar contato com a obra de Jordi Savall, Don Quijote de La Mancha de 2005 (2CDs), Paraísos Perdidos: Christopharus Columbus de 2006 (2CDs) e Erasmus van Rotterdam de 2013 (6CDs).
Jordi e uma Viola da Gamba |
A viola da gamba é um
instrumento normalmente com seis cordas tocadas com arco, desenvolvido no Século
XV, foi muito utilizado na Renascença, em virtude de seu tamanho, era tocado em
pé encostado no colo ou entre as pernas, postura parecida com a forma de tocar
o violoncelo, foi desta posição que surgiu o seu nome em italiano, viola da
gamba ou literalmente viola de perna, pois assim o diferenciava de outro
instrumento semelhante ao violino, viola da braccio, ou viola de braço.
Com uma parte traseira plana,
cintura com concavidade acentuada, suas cordas eram feitas de tripa de animais
que produzem uma sonoridade bem diferente das cordas de aço, mais suave e mais
doce.
Por volta de 1660, cordas de cobre com alma de seda e de tripa começaram
a se tornar disponíveis e então, passaram a ser utilizadas para produzir as
tonalidades mais graves das violas da gamba e de muitos outros instrumentos de
corda.
A viola da gamba pode ter
pelo menos seis modelos, de tamanhos diferentes:
• pardessus viole (que é relativamente raro);
• soprano
• contralto
• tenor
• baixo
• violone.
Casas de pessoas importantes
costumavam ter o que era chamado de cesto de violas da gamba, que podia conter
um ou mais instrumentos de cada tamanho.
Os conjuntos de viola da gamba,
chamados consorts eram comuns nos séculos XVI e XVII. Apenas as gamba soprano,
tenor e baixo eram integrantes regulares do consort de violas da gamba. Esses
conjuntos e a música composta para eles eram muito populares na Inglaterra, no
período elizabetano, com compositores como William Byrd, John Dowland e durante
o reinado do Rei Charles I, por compositores como John Jenkins e William Lawes.
As últimas músicas compostas para conjuntos de violas da gamba foram
provavelmente escritas no início dos anos 1680 por Henry Purcell.
Alguns compositores que
escreveram músicas para virtuosos deste instrumento foram Marin Marais, Johann
Sebastian Bach, Antoine Forqueray e Carl Friedrich Abel.