quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Solstício de Verão

Solstício de Verão é um fenômeno da astronomia que marca o início do Verão. É o instante em que o hemisfério Sul está inclinado cerca de 23º na direção do Sol.

O termo solstício tem a sua origem no latim solstitius que significa "ponto onde a trajetória do sol aparenta não se deslocar". Consiste em sol + sistere que significa "parado".

No solstício de Verão ocorre o dia mais longo do ano e consequentemente a noite mais curta do ano, em termos de iluminação por parte do Sol. O solstício de Verão pode acontecer no dia 21 ou 22 de Dezembro, dias em que a radiação solar incide de forma vertical sobre o Trópico de Capricórnio.

O solstício acontece graças aos fenômenos de rotação e translação do planeta Terra, pois graças a eles a luz solar é distribuída de forma desigual entre os dois hemisférios.

O solstício de Inverno significa que a luz do sol não incide com tanto fulgor no hemisfério em questão. São fenômenos opostos dependendo do hemisfério em que um determinado país se encontra. Por esse motivo, quando é Verão no Brasil (hemisfério sul), é Inverno nos Estados Unidos (hemisfério norte).

Como o que nos interessa aqui é a música e não a astronomia...

Antonio Vivaldi escreveu uma série de doze concertos, publicados em Amsterdã no ano de 1725 como Opus 8 e sob o título de  Il Cimento dell’Armonia e dell’Invenzione, ou em português, A Disputa da Harmonia e da Invenção.


Com este título, Vivaldi queria apresentar obras inovadoras e experimentais em diversos aspectos, contrapondo a sua criatividade (a “invenção”) com o tradicionalismo da escrita musical (a “harmonia”).

Concerto nº 1 em Mi maior – A primavera
Concerto nº 2 em Sol menor – O verão
Concerto nº 3 em Fá maior – O outono
Concerto nº 4 em Fá menor – O inverno
Concerto nº 5 em Mi bemol maior – A tempestade do mar
Concerto nº 6 em Dó maior – O prazer
Concerto nº 7 em Ré menor
Concerto nº 8 em Sol menor
Concerto nº 9 em Ré menor
Concerto nº 10 em Si bemol maior – A caça
Concerto nº 11 em Ré maior
Concerto nº 12 em Dó maior

À primeira vista, a inovação que mais salta aos olhos é o caráter programático não só dos quatro primeiros concertos conhecidos como as quatro estações, mas também de mais três outros: o nº5 RV.253 La Tempesta di Mare (A tempestade do mar), o nº6 RV. 180 Il Piacere (O prazer) e o nº10 RV.362 La caccia (A caça). Estes, porém, não trazem nenhuma outra indicação na partitura explicitando seu conteúdo, muito menos sonetos anexados.

A primeira edição do Opus 8 traz uma dedicatória ao Conde Wenzel von Morzin, a quem Vivaldi endereçou uma carta provavelmente com uma cópia da publicação. Nesta carta, as seguintes linhas são bem reveladoras:

Não se surpreenda se, entre estes poucos e fracos concertos, Vossa Excelência encontre As Quatro Estações, as quais têm por tanto tempo desfrutado da amável generosidade de Vossa Excelência. Mas acredite, eu considerei imprimi-las porque, apesar de serem as mesmas, eu acrescentei a elas, além dos sonetos, uma indicação muito clara de todas as coisas que nelas se explicam, assim eu estou certo de que elas parecerão novas para você.

Ou seja, (1) os concertos já eram conhecidos antes de sua publicação, e (2) as indicações da partitura foram adicionadas posteriormente.

O Verão

Sob a dura estação de sol aceso
Definha homem, definha rebanho e arde o pinho;
Solta o cuco a voz, e logo com ele
Canta a rolinha e o pintassilgo.

Zéfiro doce expira mas, desafiado,
Surge Bóreas (*) de repente ao seu lado;
E chora o pastor, porque decerto
Teme feroz tempestade e seu destino

Rouba dos membros cansados o seu repouso,
O temor dos relâmpagos e trovões ferozes
E de moscas e moscões o zumzum furioso.

Ah, que pena, seus temores eram verdadeiros!
Troveja e fulmina o céu e majestoso
Quebra o topo das espigas e danifica os grãos.

 (*) Já falamos de Zéfiro no post da Primavera. Bóreas é seu irmão, o vento do norte, frio e violento.

Concerto para violino, cordas e contínuo Op.8 nº2 RV.315 em Sol menor – “Verão”

De acordo com o soneto podemos ouvir os sons que representam:

No primeiro movimento temos a languidez devida ao calor do verão, os sons dos pássaros, principalmente do cuco. O sussurrar do zéfiro e estrondoso Bórea. A tristeza da melodia representando o pranto do camponês temendo o temporal que se aproxima.

No segundo movimento temos os sons dos mosquitos que atrapalham o descanso do camponês, seguem-se os trovões que anunciam o temporal.

No terceiro e último movimento o Temporal de verão.

Encontrei o vídeo a seguir no Youtube, vale a pena assistir:
http://www.youtube.com/watch?v=Sd95r8vPig8

Uma pequena reflexão:
O Sol é vida, sem ele não poderíamos existir.
A luz do sol não distingue quem a recebe... 
Tanto faz raça, credo, status.
A luz do sol esta à disposição de todos os seres.
O sol é o símbolo maior da caridade e da fraternidade.
Sejamos todos como o sol do meio dia, que ilumina, clareia, fortalece,
E não faz sombra a ninguém.

Comece por fazer o necessário, depois o possível, e de repente você fará o impossível."
São Francisco de Assis. 

Como hábito, no link abaixo, consta integralmente o Concerto para violino, cordas e contínuo Op.8 nº2 RV.315 em Sol menor – “Verão” e outras peças de Vivaldi, dentre elas alguns movimentos dos outros oito concertos de  Il Cimento dell’Armonia e dell’Invenzione, excetuando os três concertos que representam as demais estações.


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