Astor Pantaleón
Piazzolla nascido em Mar del Plata – Argentina no dia 11 de março de 1921, caso ainda
estivesse vivo, completaria 95 anos, filho
único dos imigrantes italianos Vicente “Nonino” Piazzolla e Asunta Mainetti,
foi um bandoneonista e compositor argentino, cujo repertório incluía clássicos,
como Adios Nonino, Libertango, dentre outras composições que trouxeram ao tango
elementos do jazz e da música erudita.
Vicente, Asunta e Astor |
Em 1925, aos quatro
anos foi com a sua família viver em Nova York em busca de melhores condições de
vida, permaneceram lá até 1936, com um breve retorno a sua cidade natal em
1930.
Nos Estado Unidos se
tornou fluente em espanhol, inglês, italiano e francês. Em 1929 ganhou seu
primeiro bandoneón de seu pai, que comprou o instrumento numa casa de penhores
por dezenove dólares. A garoto estuda durante um ano com Andrés DÁquila, e
realiza a sua primeira gravação não comercial em acetato, Marionete Spagnol, em
30/11/1931, na Rádio Recording Studio.
Dois anos mais tarde,
em 1933, passou a estudar com o pianista húngaro Bela Wilda, discípulo de
Sergei Rachmaninoff, e com ele aprende a gostar de música clássica, em especial
de Johann Sebastian Bach.
Tempos depois
conheceu o cantor Carlos Gardel, que se tornou amigo da família e convidou o
pequeno Astor a participar do filme “El Dia Que Me Quieras” em 1935, onde Astor
fazia uma pequena aparição, como entregador de jornal. Esta cena é emblemática
na história do tango.
No ano seguinte, 1936,
a família regressa para Mar del Planta, Astor Piazzolla estava com 15 anos de
idade e mesmo ainda muito jovem começou a tocar em algumas orquestras de tango,
quando passou a ter um contato mais direto com o tango e tornar-se um grande
admirador das interpretações do violinista Elvino Vardaro, um exímio tocador de
tango, que mais tarde viria a fazer parte de seu grupo.
Anibal Troilo |
Dois anos mais
tarde, aos 17 anos de idade, resolveu sair de Mar Del Plata e rumou para
capital Buenos Aires, lá começou a tocar em diversos grupos e em algumas
orquestras de tango, até realizar o seu sonho, em 1939, quando consegue
ingressar na Orquestra de Aníbal Troilo Pichuco, que era um dos melhores
intérpretes do bandoneon.
Alberto Ginastera |
Raul Spivak |
Necessitando evoluir
musicalmente, e ser o arranjador da orquestra Troilo, inicia seus estudos com
Alberto Ginastera em 1941.
No ano seguinte casa-se com Dedé Wolff, em 1943
nasce Diana, no mesmo ano estuda piano com Raul Spivak. Em 1944 nasce Daniel.
Seus arranjos são considerados avançados para sua época.
Diana, Dede, Astor e Daniel - Mar del Plata - 1954 |
Francisco Fiorentino |
Data de 1943 sua
primeira composição de caráter erudito a Suíte para Cordas, Harpa e Orquestra.
Em 1944 deixa a Orquestra de Troilo para acompanhar a orquestra do cantor
Francisco Fiorentino por dois anos.
Em 1946, forma a sua
primeira orquestra que dura apenas três anos, com esta orquestra desenvolve em
suas obras um grande impulso criativo e colocando mais dinamismo harmônico nas
orquestrações, enfim um tango ousado e moderno, e muito diferente daquele
normalmente tocado dentro da Argentina, o que fez com seu nome começasse a
aparecer.
Ainda neste ano compõe
El Desbande, considerado por ele como seu primeiro tango.
Começa a compor
trilhas sonoras para filmes e em 1949, desfaz a orquestra e por pouco quase não
abandona o tango por completo. Por esse tempo ele estudava com os grandes
maestros Bartok e Stravinsky e ainda direção orquestral com Hermann Scherchen,
além de ouvir muito jazz.
Bela Bartok Igor Stravinsky Hermann Scherchen |
O músico perseguia um estilo, uma música que em nada
se parecia com o tango. Aos 28 anos decide abandonar o bandoneon para
dedicar-se à escrita e para aprofundar seus estudos musicais.
Entre 1950 e 1954
compõe várias obras, claramente distintas da concepção do tango até então, quando
começa a definir o seu estilo: Para lucirse, Tanguango, Prepárense,
Contrabajeando, Triunfal, Lo que vendrá.
Fabien Sevitzky |
Em 1953 participa do
Concurso Fabien Sevitzky com a obra: Buenos Aires (três peças sinfônicas) -
composta em 1951, conquistando o primeiro prêmio, a obra é apresentada na
Faculdade de Direito de Buenos Aires pela Orquestra Sinfônica da Radio do
Estado com a adição de dois acordeões e sob a direção do próprio Sevitzky.
Dentre os prêmios
deste concurso estava uma bolsa de estudo do governo francês e Piazzolla foi
para Paris estudar música clássica com Nadia Boulanger, quando teve a
oportunidade de mostrar a ela o seu tango. Nadia passou a incentivar Piazzolla
com uma frase:
Nadia Boulanger |
"Astor, suas
peças clássicas são bem escritos, mas o verdadeiro Piazzolla está aqui, nunca
mais deixar isso para trás." Isto fez com que retornasse ao tango e ao
bandoneón. Desta forma começou a trabalhar com mais afinco e eficiência a
estrutura sofisticada do tango e gravou uma série de músicas.
Em 1955, Astor
Piazzolla retornou para a Argentina e fundou o Octeto Buenos Aires, quando ele
passou a mostrar verdadeiramente a sua nova música e dando início a idade
contemporânea do tango. Esse Octeto durou até 1958, quando ele retornou para
Nova Iorque para trabalhar como arranjador.
Permaneceu nos Estados Unidos até 1959,
e nessa época escreveu a canção Adiós Nonino, uma das mais conhecidas de suas composições,
feita em homenagem ao seu pai, quando este estava no leito de morte, Vicente
“Nonino” Piazzolla. Diria, vinte anos depois: “Talvez eu estivesse rodeado de
anjos. Foi a mais bela melodia que escrevi e não sei se alguma vez farei
melhor".
Com Adiós Nonino,Decarísimo e Muerte de
un Ángel começou a trilhar um caminho de sucesso que tería picos em seu
concerto no Philarmonic Hall de Nova York e na musicalização de poemas de Jorge
Luis Borges.
Regressou então para
Argentina onde fundou muitos de seus quintetos que ficariam famosos.
Astor e Amelita |
Em 1966 seu
casamento com Dedé Wolff acabou e pouco tempo depois passou a namorar a cantora
Amelita Baltar.
Desse época, até por volta do início da década de 70, Piazzolla
fez diversas composições e atuou em Paris, Itália e Buenos Aires. Em 1973, após
um período exaustivo de grande produtividade como compositor, ele sofreu um
ataque cardíaco fazendo com que ele tivesse que diminuir as suas atividades
artísticas.
Nesse mesmo ano
mudou-se para Itália e durante esse período fez uma série de gravações e composições
que duraram por volta de cinco anos.
Em 1973, teve
algumas músicas usadas como trilha sonora do filme Toda Nudez Será Castigada,
dirigido por Arnaldo Jabor e adaptado da peça homônima de Nélson Rodrigues. A principal delas foi Fuga n° 9, do disco Música Contemporânea de la Ciudad de Buenos Aires, Vol.1 (1971).
Por conta disso,
Piazzolla ganhou uma Menção Especial do Júri, como melhor trilha, no Festival
de Gramado do mesmo ano.
Em 1974 separou-se
de Amelita Baltar e dois anos mais tarde conheceu Laura Escalada com que viveu
até sua morte.
Astor e Laura Escalada |
Em 1988, participou do Programa Chico & Caetano da Rede Globo. Participação de Astor Piazzolla no Programa Chico & Caetano em 1988
Até por volta de 1990, Astor Piazzolla fez uma série de
concertos com o seu quinteto, inúmeras gravações, principalmente pela Europa,
América do Sul, Japão e Estados Unidos.
No dia 4 de agosto
de 1990, em Paris, Astor Piazzolla sofreu um acidente vascular cerebral e dois
anos mais tarde, faleceu em Buenos Aires no dia 4 de julho de 1992.
Piazzola deixou um
legado de mais de 1000 obras, gravações com diversos artistas como Gary Burton,
Tom Jobim e Fernando Suarez Paz, entre outros.
A música de Astor
Piazzolla é sem dúvida uma das maiores expressões artísticas que a Argentina já
deu ao mundo. Incorporando ao tango um pouco de jazz e um pouco de música
clássica, Piazzolla conseguiu um resultado formidável e ao mesmo tempo
inovador, sofisticando esse ritmo portenho e revolucionando seus conceitos.
Por muito tempo
recusou escrever ou colocar uma letra na sua grande obra-prima, porém, aceitou
a proposta da cantora argentina Eladia Blázquez, que lhe apresentou um poema
que havia escrito sob a versão musical, e ele, comovido, concordou. Resta
referir que Eladia renunciou a quaisquer direitos de autor que podia reclamar,
enaltecendo ainda mais esta grande obra do tango.
Astor Piazzolla e Eladia Blázquez - 1988 |
ADIÓS
NONINO
Desde una
estrella al titilar...
Me hará
señales de acudir,
por una
luz de eternidad
cuando me
llame, voy a ir.
A
preguntarle, por ese niño
que con su
muerte, lo perdí,
que con
"Nonino" se me fue...
Cuando me
diga, ven aquí...
Renaceré...
Porque...
¡Soy...!
la raíz, del país
que amasó
con su arcilla.
¡Soy...!
Sangre y piel, del "tano" aquel,
que me dio
su semilla.
Adiós
"Nonino".. que largo sin vos,
será el
camino.
¡Dolor,
tristeza, la mesa y el pan...!
Y mi
adiós.. ¡Ay! Mi adiós,
a tu amor,
tu tabaco, tu vino.
¿Quién..? Sin piedad, me robó la mitad,
al
llevarte "Nonino"...
Tal vez un
día, yo también mirando atrás...
Como vos,
diga adiós ¡No va más..!
Recitado:
Y hoy mi
viejo "Nonino" es una planta.
Es la luz,
es el viento y es el río...
Este
torrente mío lo suplanta,
prolongando
en mi ser, su desafío.
Me sucedo
en su sangre, lo adivino.
Y presiento
en mi voz, su propio eco.
Esta voz
que una vez, me sonó a hueco
cuando le
dije adiós Adiós "Nonino".
¡Soy...!
La raíz, del país
que amasó
con su arcilla...
¡Soy...!
Sangre y piel,
del
"tano" aquel,
que me dio
su semilla.
Adiós
"Nonino"... Dejaste tu sol,
en mi
destino.
Tu ardor
sin miedo, tu credo de amor.
Y ese
afán... ¡Ay...! Tu afán
por
sembrar de esperanza el camino.
Soy tu
panal y esta gota de sal,
que hoy te
llora "Nonino".
Tal vez el
día que se corte mi piolín,
te veré y
sabré... Que no hay fin.
Para ouvir e baixar, inclusive a versão cantada - acesse:
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