quarta-feira, 2 de março de 2016

AMARAL VIEIRA


José Carlos Amaral Vieira nascido em São Paulo – Capital no dia 2 de março de 1952. Amaral Vieira é um dos mais bem sucedidos, versáteis e completos músicos brasileiros de sua geração. Este grande êxito dentro da carreira artística deve-se à postura de seriedade de sua intensiva atividade musical, que lhe assegurou, no Brasil e Exterior, uma sólida posição como pianista, compositor, pedagogo e musicólogo.
Ele não veio de uma família musical, começou a tocar piano aos seis anos de idade. Apaixonou-se pelo som do piano enquanto ouvia as lições de sua irmã cinco anos mais velha do que ele, que tocava sem entusiasmado. Ele disse a ela: "Você acabou de tocar por cinco minutos, e eu vou fazer isto pelos próximos cinquenta e cinco anos." Seus pais acreditavam que o ouviam era a filha praticando, entretanto ela lia um livro, enquanto o seu irmão tocava piano. O guri tentou persuadir seus pais a deixá-lo ir para a escola de música, enquanto eles diziam que um rapaz deveria jogar futebol ao invés de tocar piano. Mas ele não se intimidou.
Aos oito anos de idade faz o primeiro recital de piano, início de aclamada carreira como intérprete, suas primeiras composições datam de 1961:
- Opus 001 Fuga para quatro vozes,
- Opus 002 Allegro (incompleto) para orquestra de cordas,
- Opus 003 Allegro com brio (incompleto) para piano.

João de Sousa Lima

No Brasil estudou piano com o famoso compositor e maestro brasileiro João de Sousa Lima, que reconheceu o talento do jovem e disposto a dar-lhe aulas particulares especiais, disse: "Eu vou te ensinar, mas com uma condição... Eu não vou fazer concessões especiais para você, porque você é jovem eu vou tratá-lo como um adulto." 

Arthur Hartmann             Lucette Descaves                     Olivier Messiaen
Estudou também composição com Artur Hartmann. Posteriormente em 1965, quando tinha 13 anos, ingressou no Conservatoire Supérieur de Musique de Paris teve como professora de piano Lucette Descaves e o compositor Olivier Messiaen foi seu mestre e orientador em composição. Prosseguiu seus estudos como bolsista do DAAD e diplomou-se na Escola Superior de Música de Freiburg, Alemanha, onde teve aulas com Carl Seemann (piano) e Konrad Lechner (composição). 

Seemann     -       Lechner

Após ser diplomado, foi convidado pelo British Council a aperfeiçoar seus conhecimentos em Londres num estágio com o pianista Louis Kentner, que foi discípulo de um aluno pessoal de Liszt na Hungria.

Louis Kentner

Foi recomendado para o cargo de chefe do Departamento de Música da Escola Yehudi Menuhin para as crianças musicalmente talentosas no Reino Unido. Um posto muito cobiçado, por seu prestígio e estabilidade financeira. Entretanto pensou:
- Eu sou um brasileiro. Não tenho o dever de trabalhar para o meu próprio país?
Todo mundo ao redor dele tentou dissuadi-lo, dizendo que ele estava jogando fora uma oportunidade de ouro. Optou por retornar ao Brasil.
Hoje, ele comenta: "Se eu tivesse aceitado a proposta, tenho certeza que não teria me desenvolvido. Eu poderia ter sido abençoado com oportunidades, mas a minha vida teria sido sem desafios. E este é o desafio que nos faz crescer como seres humanos”.
Em 1977 retorna ao Brasil, fixa residência em São Paulo e tem início a sua carreira como divulgador da música de concerto, com ênfase especial à apresentação de um repertório de grande responsabilidade e muitas vezes, ainda inédito em nosso país, como foi o caso da apresentação integral, pela primeira vez na América Latina, do Ciclo das 19 Rapsódias Húngaras de Franz Liszt, que Amaral Vieira realizou no Museu de Arte de São Paulo.
Em 1978 conquistou o Prêmio Internacional de Composição "Arthur Honneger". Dois anos depois conquistou o Grande Prêmio da Fondation de France (outorgado à sua Trilogia opus 137).
Em 1984 aconteceu em São Paulo o Festival Amaral Vieira - O Compositor e sua Obra – foram 14 concertos, com a interpretação de 157 peças de sua autoria, mobilizando quase 200 musicistas no evento.

Lizst

Recebeu o Prêmio Liszt do governo húngaro em 1986 por ocasião do centenário de morte do compositor e em reconhecimento aos seus estudos, gravações e performances da música de Franz Liszt.
É responsável desde 1989 pelo LAUDATE DOMINUM, um programa de rádio dedicado à música sacra que não faz distinção de credo ou de período estético, da música antiga à contemporânea. Ecumênico na acepção plena da palavra, o programa contempla compositores das mais diversas épocas, nacionalidades e credos religiosos e é transmitido ainda nos dias de hoje pela Rádio Cultura FM de São Paulo, aos Domingos, às 9 horas da manhã, com reapresentação as terças-feiras, sempre às 22 horas. Neste programa já foram apresentadas centenas de obras inéditas em nosso país. O programa também vai ao ar aos domingos na Rádio Sodré de Montevidéu (Uruguai).
Amaral Vieira dedica grande parte de seu tempo ao trabalho de pesquisa musical, e em 1990 funda o Arquivo de Música Sacra Brasileira “Furio Franceschini”.
Em 1992 recebe no Japão o Prêmio Min-On1992 da Honra Suprema pelo conjunto de seu trabalho cultural, sendo a primeira vez que foi outorgado a um artista latino americano.
Daisaku Ikeda
No mesmo ano, recebe o convite do Presidente da SGI, para se apresentar no Ikeda Auditorium da Universidade Soka, com a Orquestra Sinfônica Fuji, interpretando sua obra O Alvorecer do Século da Humanidade, inspirada em texto literário de Daisaku Ikeda, Presidente da ‘SGI’, Soka Gakkai International, Japão, com a presença de mais de cinco mil pessoas e transmissão ao vivo por TV para todo o Japão.
No ano seguinte, em fevereiro de 1993, recebe o Prêmio SGI de Cultura do Japão, pelo seu trabalho artístico em prol da Cultura e da Paz Mundial.
No Brasil, a Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) concedeu por sua obra Fantasia Coral para mezzo-soprano, piano, órgão, harpa, coro e duas bandas sinfônicas, o prêmio de “Melhor Obra Vocal de 1992”.
Foi presidente da Sociedade Brasileira de Musicologia entre os anos de 1993 e 1995.
Elias Álvares Lobo
André da Silva Gomes
 Deve-se a ele, entre outros menores, três grandes achados para a Musicologia: o quarto ato, até então desaparecido, (na versão de canto e piano) da ópera “A Louca” (1862) do compositor paulista Elias Álvares Lobo; o “Tratado de Contraponto e Composição” (1830) do compositor luso-brasileiro André da Silva Gomes; em novembro de 1995 descobriu uma composição inédita de Villa-Lobos, a Valsa Brilhante de 1904, para violão constando em catálogo das obras do mestre como “não localizada”. As três obras em manuscritos originais únicos.
Foi novamente agraciado pela APCA com o prêmio da “Melhor Obra Sinfônica de 1993” com “Sons Inovadores”.

Entre janeiro de 1994 e abril de 1995, Amaral Vieira realizou com o mais absoluto êxito tournées pelo Oriente Médio, Alemanha, Bélgica, Japão, China e Bolívia, além de apresentações no Brasil, num total de 85 concertos.

Em dezembro de 1995, quatro de suas obras sacras (Missa Pro Defunctis para coro a cappella, Requiem in Memoriam e Te Deum para coro e orquestra, e Stabat Mater para coro e cordas) foram gravadas pela Orquestra, Coro e Solistas da Eslováquia, e, em agosto de 1996, tiveram seu lançamento simultâneo em CD: na Eslováquia pelo selo Slovart Music e no Brasil pelo selo Paulus.
Em 1996 Amaral Vieira foi agraciado com seis prêmios em reconhecimento ao seu trabalho:
Prêmio Ary Barroso, “Personalidade Artística de 1995”; Prêmio Ateneu Rotário de 1996, do Rotary Club de São Paulo; Prêmio “Homem do Ano 1996” atribuído pela Tertúlia Pensão Jundiaí; Prêmio de “Honra ao Mérito, Paz e Cultura”, atribuído pela Associação Brasil SGI; Prêmio “Taplow Court Culture Award”, da Inglaterra, pelo conjunto de seus trabalhos; Prêmio de “Melhor Obra Sinfônica de 1996” pela APCA para a sua Canção da Juventude opus 274, para orquestra.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil convidou Amaral Vieira para a realização de uma extensa viagem de concertos por oito países da América Latina, apresentando-se com extraordinário sucesso na Colômbia, Equador, Peru, Chile, Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia, recebendo sempre a mais calorosa acolhida por parte do público e críticos musicais.
Nesse mesmo ano realizou duas tournées no Japão (uma de fevereiro a maio, e outra de setembro a dezembro) quando se apresentou em 114 recitais por várias cidades daquele país e concertos com orquestra nas cidades principais, estes últimos, exclusivamente dedicados às suas obras orquestrais.
Em abril/maio de 1996 foram gravadas no Japão as seguintes obras de Amaral Vieira: Sons Inovadores - opus 266 para orquestra, Alvorada de Esperança da Civilização Universal - opus 268 para piano, O Alvorecer do Século da Humanidade - opus 259 para piano e orquestra, Canção da Juventude - opus 274 para orquestra e Words of Encouragement - opus 267 para solistas vocais, coro misto, coro infantil, orquestra de cordas, piano, celesta harpa e percussão, com as quais saiu um CD “Vieira’s World” do selo Min-On.
No mês de junho/1996 fez uma tournée pela Hungria e Romênia após o que foi convidado a integrar o Júri do 4º Concurso Internacional de Piano “Dinu Lipatti” na Romênia.
Um estojo com três álbuns contendo suas interpretações para as obras de Liszt foi editado em setembro em Paris, pelo Selo SM International, com distribuição mundial.
Recebe mais duas honrarias do Japão: Prêmio "Soka University Award of Highest Honor" - Professor Emeritus, o mais alto prêmio daquela Universidade e "Certificado da Amizade Soka", pela Congregação Estudantil da Universidade Soka, ambos em 1997.
Três álbuns inteiramente dedicados às suas composições foram editados em 1997 nos Estados Unidos. No mesmo ano teve suas obras para órgão gravadas pelo artista inglês Iain Quinn (“Obras Completas Para Órgão (1984/96)”).
Em 1997 esteve em Portugal fazendo concertos e ministrando cursos de interpretação para pianistas, tendo sido convidado a fazer parte do Júri do Concurso Internacional do Porto em 1998. Em seguida viajou para a Eslováquia, onde duas de suas obras sacras (Te Deum in Stilo Barocco e Missa Choralis) foram gravadas pela Orquestra e Coro daquele país, estando o CD resultante desse registro, já disponível, na Europa, pela Slovart Records, e no Brasil, pela Paulus.
Em outubro do mesmo ano, seguiu para o Japão, para o lançamento de seu CD “The Refined Timbre of the Historic Fortepiano” gravado em um Schweighofer de 1840; na mesma viagem fez, com muito sucesso, concertos na China, onde foi convidado pela China Performing Arts Agency, a maior agência de concertos do mundo, a voltar em 1999 para uma grande tournée de concertos pelo país.
Em 1998 o compositor tomou posse da Presidência da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, tendo terminado seu mandato em dezembro de 2002.
Suas turnês de concertos incluíram, afora o Brasil, quase todos os países da Europa, América do Sul, Oriente Médio, China e Japão.
Recebe o prêmio da APCA para orquestra e “Melhor Obra Camerística de 1999” com seu quinteto “Fronteiras”.
Assume durante o período de 1999 a 2001 a Direção Artística do Festival Internacional São Bento de Órgão, realizado no Mosteiro de São Bento (SP) que trouxe ao Brasil organistas os mais famosos e recebeu uma média de público de 1.200 pessoas a cada recital.
Em janeiro de 2000 Amaral Vieira foi eleito para a Cadeira nº 39 (Patrono Luciano Gallet) da Academia Brasileira de Música, tendo sido à época o mais jovem Acadêmico dessa prestigiosa Instituição, criada por Villa-Lobos.
Em abril de 2001 assumiu a presidência da Fundação Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, cargo que ocupou por oito anos.
Tendo completado em 2002, cinquenta anos de idade, muitas foram as comemorações com execuções de suas obras durante o ano todo em várias cidades do Brasil e exterior.
Em março de 2003, recebe do Japão, o “Prêmio Arte da Soka Gakkai”, pelo conjunto de seu trabalho como compositor, pianista e divulgador da arte musical em todos os seus segmentos. Este prêmio foi instituído no início desse ano e Amaral Vieira é o primeiro artista estrangeiro a recebê-lo.
Fez parte do Júri do XIX Concurso Internacional de Piano de Epinal na França em 2003, 2007 e 2009, quando o presidiu.
Em fevereiro/março de 2005 esteve pela sétima vez no Japão, onde fez uma tournée de 15 concertos, e em 2008, mais uma tournée de 24 apresentações completando assim, somente naquele país, desde 1994, o espantoso número de 250 concertos em mais de 200 cidades. Nesta mesma viagem recebeu o Prêmio de “Embaixador Honorário da Música” da Universidade Soka dos Estados Unidos por sua importante e incessante contribuição para a Arte em nosso país e no mundo.
Amaral Vieira tornou-se, no Japão, o mais conhecido artista brasileiro dentro de sua área. O público acorre sempre com incomum entusiasmo aos seus recitais, cujos ingressos se esgotam de dois a três meses antes de cada tournée. É importante ressaltar que os teatros japoneses são geralmente de grandes dimensões, chegando a comportar até 5.000 pessoas num único evento.
Em 2006 compôs o “Concerto Breve” opus 321, para piano e orquestra. A obra foi encomendada pelo “Projeto Guri” em comemoração aos 10 anos de sua existência e estreada em dezembro daquele ano, na Sala São Paulo, pela Orquestra do Projeto Guri, tendo como solista o jovem pianista Fausto Ito sob a regência do Maestro John Neschling.
No mês de julho de 2008, o pianista foi agraciado com o prêmio "2008 Golden Laurel Award", outorgado pela "The Delian Society" pelo conjunto de sua obra. É a primeira vez que esta distinção é conferida a um compositor brasileiro. O prêmio é dado uma vez ao ano para um único compositor vivo no mundo. A indicação foi feita por membros da sociedade e a escolha final ratificada por uma comissão internacional. A organização dedicou uma página a Amaral Vieira oficializando o recebimento do Golden Laurel Award, que pode ser acessado no site www.deliansociety.org/vieira.html. Fundada em 2004, essa renomada sociedade musical com sede na Florida (EUA) atua em mais de 30 países em seis continentes.
Em dezembro de 2010 foi apresentada, no Teatro do MASP (SP), a estreia mundial de sua “Cantata de Natal” opus 327 para solistas, coro a quatro vozes, dois pianos, saxofone, tímpanos e percussão.
Em abril de 2011 aconteceu a estreia mundial de sua obra “Missa Paschalis” opus 328 para coro a quatro vozes e orquestra, no Domingo de Páscoa, na Catedral da Sé de São Paulo.
Suas gravações fonográficas contam atualmente com mais de 120 títulos e incluem obras dos mais diversos compositores, assim como o registro de suas próprias composições, que ultrapassam 500 obras, e têm sido gravadas por ele próprio e por outros artistas em vários países do mundo.
Entre algumas de suas composições mais notórias podem ser citadas:
Sonata Piccola, Op. 123
Trilogia - Elegia, Noturno e Toccata Op. 137
Fábulas, Op. 174, 10 peças para piano
Cinco Bagatelas para piano, Op. 178
Te Deum, Op. 181
Missa pro defunctis, Op. 187
Prólogo, Fuga e Final, Op. 194
Requiem in Memoriam, Op. 203
Te Deum in stilo barocco, Op. 213 (1986)
Stabat Mater, Op. 240
O Alvorecer do Século da Humanidade, Op. 259 (1991)
Sons Inovadores, Op. 266 (1992)
Palavras de Encorajamento, Op. 267
Alvorada de Esperança da Civilização Universal Op. 268
Canção da Juventude, Op. 274
Missa Choralis. Op. 282 (1984)
The Snow Country Prince, Op. 284
Aquarelas Japonesas Op. 325 (2010)
In Natali Domini (Cantata de Natal) Op. 327

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