José Carlos Amaral Vieira nascido em São Paulo – Capital no dia 2 de março de 1952. Amaral Vieira é um dos mais bem sucedidos, versáteis e completos músicos brasileiros de sua geração. Este grande êxito dentro da carreira artística deve-se à postura de seriedade de sua intensiva atividade musical, que lhe assegurou, no Brasil e Exterior, uma sólida posição como pianista, compositor, pedagogo e musicólogo.
Ele
não veio de uma família musical, começou a tocar piano aos seis anos de idade. Apaixonou-se
pelo som do piano enquanto ouvia as lições de sua irmã cinco anos mais velha do
que ele, que tocava sem entusiasmado. Ele disse a ela: "Você acabou de tocar
por cinco minutos, e eu vou fazer isto pelos próximos cinquenta e cinco
anos." Seus pais acreditavam que o ouviam era a filha praticando, entretanto
ela lia um livro, enquanto o seu irmão tocava piano. O guri tentou persuadir
seus pais a deixá-lo ir para a escola de música, enquanto eles diziam que um
rapaz deveria jogar futebol ao invés de tocar piano. Mas ele não se intimidou.
Aos
oito anos de idade faz o primeiro recital de piano, início de aclamada carreira
como intérprete, suas primeiras composições datam de 1961:
-
Opus 001 Fuga para quatro vozes,
-
Opus 002 Allegro (incompleto) para orquestra de cordas,
No
Brasil estudou piano com o famoso compositor e maestro brasileiro João de Sousa
Lima, que reconheceu o talento do jovem e disposto a dar-lhe aulas particulares
especiais, disse: "Eu vou te ensinar, mas com uma condição... Eu não vou
fazer concessões especiais para você, porque você é jovem eu vou tratá-lo como
um adulto."
Estudou também composição com Artur Hartmann. Posteriormente em
1965, quando tinha 13 anos, ingressou no Conservatoire Supérieur de Musique de
Paris teve como professora de piano Lucette Descaves e o compositor Olivier
Messiaen foi seu mestre e orientador em composição. Prosseguiu seus estudos como
bolsista do DAAD e diplomou-se na Escola Superior de Música de Freiburg,
Alemanha, onde teve aulas com Carl Seemann (piano) e Konrad Lechner
(composição).
Após ser diplomado, foi convidado pelo British Council a aperfeiçoar seus conhecimentos em Londres num estágio com o pianista Louis Kentner, que foi discípulo de um aluno pessoal de Liszt na Hungria.
Arthur Hartmann Lucette Descaves Olivier Messiaen |
Seemann - Lechner |
Após ser diplomado, foi convidado pelo British Council a aperfeiçoar seus conhecimentos em Londres num estágio com o pianista Louis Kentner, que foi discípulo de um aluno pessoal de Liszt na Hungria.
Louis Kentner |
Foi
recomendado para o cargo de chefe do Departamento de Música da Escola Yehudi
Menuhin para as crianças musicalmente talentosas no Reino Unido. Um posto muito
cobiçado, por seu prestígio e estabilidade financeira. Entretanto pensou:
-
Eu sou um brasileiro. Não tenho o dever de trabalhar para o meu próprio país?
Todo
mundo ao redor dele tentou dissuadi-lo, dizendo que ele estava jogando fora uma
oportunidade de ouro. Optou por retornar ao Brasil.
Hoje,
ele comenta: "Se eu tivesse aceitado a proposta, tenho certeza que não
teria me desenvolvido. Eu poderia ter sido abençoado com oportunidades, mas a
minha vida teria sido sem desafios. E este é o desafio que nos faz crescer como
seres humanos”.
Em
1977 retorna ao Brasil, fixa residência em São Paulo e tem início a sua
carreira como divulgador da música de concerto, com ênfase especial à
apresentação de um repertório de grande responsabilidade e muitas vezes, ainda
inédito em nosso país, como foi o caso da apresentação integral, pela primeira
vez na América Latina, do Ciclo das 19 Rapsódias Húngaras de Franz Liszt, que
Amaral Vieira realizou no Museu de Arte de São Paulo.
Em
1978 conquistou o Prêmio Internacional de Composição "Arthur
Honneger". Dois anos depois conquistou o Grande Prêmio da Fondation de
France (outorgado à sua Trilogia opus 137).
Em
1984 aconteceu em São Paulo o Festival Amaral Vieira - O Compositor e sua Obra
– foram 14 concertos, com a interpretação de 157 peças de sua autoria, mobilizando
quase 200 musicistas no evento.
Lizst |
Recebeu
o Prêmio Liszt do governo húngaro em 1986 por ocasião do centenário de morte do
compositor e em reconhecimento aos seus estudos, gravações e performances da
música de Franz Liszt.
É
responsável desde 1989 pelo LAUDATE DOMINUM, um programa de rádio dedicado à
música sacra que não faz distinção de credo ou de período estético, da música
antiga à contemporânea. Ecumênico na acepção plena da palavra, o programa
contempla compositores das mais diversas épocas, nacionalidades e credos
religiosos e é transmitido ainda nos dias de hoje pela Rádio Cultura FM de São
Paulo, aos Domingos, às 9 horas da manhã, com reapresentação as terças-feiras, sempre
às 22 horas. Neste programa já foram apresentadas centenas de obras inéditas em
nosso país. O programa também vai ao ar aos domingos na Rádio Sodré de
Montevidéu (Uruguai).
Amaral
Vieira dedica grande parte de seu tempo ao trabalho de pesquisa musical, e em
1990 funda o Arquivo de Música Sacra Brasileira “Furio Franceschini”.
Em
1992 recebe no Japão o Prêmio Min-On1992 da Honra Suprema pelo conjunto de seu
trabalho cultural, sendo a primeira vez que foi outorgado a um artista latino
americano.
Daisaku Ikeda |
No
ano seguinte, em fevereiro de 1993, recebe o Prêmio SGI de Cultura do Japão,
pelo seu trabalho artístico em prol da Cultura e da Paz Mundial.
No
Brasil, a Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) concedeu por sua obra
Fantasia Coral para mezzo-soprano, piano, órgão, harpa, coro e duas bandas
sinfônicas, o prêmio de “Melhor Obra Vocal de 1992”.
Foi
presidente da Sociedade Brasileira de Musicologia entre os anos de 1993 e 1995.
Elias Álvares Lobo |
André da Silva Gomes |
Deve-se a ele, entre outros menores, três grandes achados para a Musicologia: o
quarto ato, até então desaparecido, (na versão de canto e piano) da ópera “A
Louca” (1862) do compositor paulista Elias Álvares Lobo; o “Tratado de
Contraponto e Composição” (1830) do compositor luso-brasileiro André da Silva
Gomes; em novembro de 1995 descobriu uma composição inédita de Villa-Lobos, a
Valsa Brilhante de 1904, para violão constando em catálogo das obras do mestre
como “não localizada”. As três obras em manuscritos originais únicos.
Foi
novamente agraciado pela APCA com o prêmio da “Melhor Obra Sinfônica de 1993”
com “Sons Inovadores”.
Entre
janeiro de 1994 e abril de 1995, Amaral Vieira realizou com o mais absoluto
êxito tournées pelo Oriente Médio, Alemanha, Bélgica, Japão, China e Bolívia,
além de apresentações no Brasil, num total de 85 concertos.
Em
dezembro de 1995, quatro de suas obras sacras (Missa Pro Defunctis para coro a
cappella, Requiem in Memoriam e Te Deum para coro e orquestra, e Stabat Mater
para coro e cordas) foram gravadas pela Orquestra, Coro e Solistas da
Eslováquia, e, em agosto de 1996, tiveram seu lançamento simultâneo em CD: na
Eslováquia pelo selo Slovart Music e no Brasil pelo selo Paulus.
Em
1996 Amaral Vieira foi agraciado com seis prêmios em reconhecimento ao seu
trabalho:
Prêmio
Ary Barroso, “Personalidade Artística de 1995”; Prêmio Ateneu Rotário de 1996,
do Rotary Club de São Paulo; Prêmio “Homem do Ano 1996” atribuído pela Tertúlia
Pensão Jundiaí; Prêmio de “Honra ao Mérito, Paz e Cultura”, atribuído pela
Associação Brasil SGI; Prêmio “Taplow Court Culture Award”, da Inglaterra, pelo
conjunto de seus trabalhos; Prêmio de “Melhor Obra Sinfônica de 1996” pela APCA
para a sua Canção da Juventude opus 274, para orquestra.
O
Ministério das Relações Exteriores do Brasil convidou Amaral Vieira para a realização
de uma extensa viagem de concertos por oito países da América Latina,
apresentando-se com extraordinário sucesso na Colômbia, Equador, Peru, Chile,
Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia, recebendo sempre a mais calorosa
acolhida por parte do público e críticos musicais.
Nesse
mesmo ano realizou duas tournées no Japão (uma de fevereiro a maio, e outra de
setembro a dezembro) quando se apresentou em 114 recitais por várias cidades
daquele país e concertos com orquestra nas cidades principais, estes últimos,
exclusivamente dedicados às suas obras orquestrais.
Em
abril/maio de 1996 foram gravadas no Japão as seguintes obras de Amaral Vieira:
Sons Inovadores - opus 266 para orquestra, Alvorada de Esperança da Civilização
Universal - opus 268 para piano, O Alvorecer do Século da Humanidade - opus 259
para piano e orquestra, Canção da Juventude - opus 274 para orquestra e Words
of Encouragement - opus 267 para solistas vocais, coro misto, coro infantil,
orquestra de cordas, piano, celesta harpa e percussão, com as quais saiu um CD
“Vieira’s World” do selo Min-On.
No
mês de junho/1996 fez uma tournée pela Hungria e Romênia após o que foi
convidado a integrar o Júri do 4º Concurso Internacional de Piano “Dinu
Lipatti” na Romênia.
Um
estojo com três álbuns contendo suas interpretações para as obras de Liszt foi
editado em setembro em Paris, pelo Selo SM International, com distribuição
mundial.
Recebe
mais duas honrarias do Japão: Prêmio "Soka University Award of Highest
Honor" - Professor Emeritus, o mais alto prêmio daquela Universidade e "Certificado
da Amizade Soka", pela Congregação Estudantil da Universidade Soka, ambos
em 1997.
Três
álbuns inteiramente dedicados às suas composições foram editados em 1997 nos
Estados Unidos. No mesmo ano teve suas obras para órgão gravadas pelo artista
inglês Iain Quinn (“Obras Completas Para Órgão (1984/96)”).
Em
1997 esteve em Portugal fazendo concertos e ministrando cursos de interpretação
para pianistas, tendo sido convidado a fazer parte do Júri do Concurso
Internacional do Porto em 1998. Em seguida viajou para a Eslováquia, onde duas
de suas obras sacras (Te Deum in Stilo Barocco e Missa Choralis) foram gravadas
pela Orquestra e Coro daquele país, estando o CD resultante desse registro, já
disponível, na Europa, pela Slovart Records, e no Brasil, pela Paulus.
Em
outubro do mesmo ano, seguiu para o Japão, para o lançamento de seu CD “The
Refined Timbre of the Historic Fortepiano” gravado em um Schweighofer de 1840;
na mesma viagem fez, com muito sucesso, concertos na China, onde foi convidado
pela China Performing Arts Agency, a maior agência de concertos do mundo, a
voltar em 1999 para uma grande tournée de concertos pelo país.
Em
1998 o compositor tomou posse da Presidência da Sociedade Brasileira de Música
Contemporânea, tendo terminado seu mandato em dezembro de 2002.
Suas
turnês de concertos incluíram, afora o Brasil, quase todos os países da Europa,
América do Sul, Oriente Médio, China e Japão.
Recebe
o prêmio da APCA para orquestra e “Melhor Obra Camerística de 1999” com seu quinteto
“Fronteiras”.
Assume
durante o período de 1999 a 2001 a Direção Artística do Festival Internacional
São Bento de Órgão, realizado no Mosteiro de São Bento (SP) que trouxe ao
Brasil organistas os mais famosos e recebeu uma média de público de 1.200
pessoas a cada recital.
Em
janeiro de 2000 Amaral Vieira foi eleito para a Cadeira nº 39 (Patrono Luciano
Gallet) da Academia Brasileira de Música, tendo sido à época o mais jovem
Acadêmico dessa prestigiosa Instituição, criada por Villa-Lobos.
Em
abril de 2001 assumiu a presidência da Fundação Conservatório Dramático e
Musical de São Paulo, cargo que ocupou por oito anos.
Tendo
completado em 2002, cinquenta anos de idade, muitas foram as comemorações com
execuções de suas obras durante o ano todo em várias cidades do Brasil e
exterior.
Em
março de 2003, recebe do Japão, o “Prêmio Arte da Soka Gakkai”, pelo conjunto
de seu trabalho como compositor, pianista e divulgador da arte musical em todos
os seus segmentos. Este prêmio foi instituído no início desse ano e Amaral
Vieira é o primeiro artista estrangeiro a recebê-lo.
Fez
parte do Júri do XIX Concurso Internacional de Piano de Epinal na França em
2003, 2007 e 2009, quando o presidiu.
Em
fevereiro/março de 2005 esteve pela sétima vez no Japão, onde fez uma tournée
de 15 concertos, e em 2008, mais uma tournée de 24 apresentações completando
assim, somente naquele país, desde 1994, o espantoso número de 250 concertos em
mais de 200 cidades. Nesta mesma viagem recebeu o Prêmio de “Embaixador
Honorário da Música” da Universidade Soka dos Estados Unidos por sua importante
e incessante contribuição para a Arte em nosso país e no mundo.
Amaral
Vieira tornou-se, no Japão, o mais conhecido artista brasileiro dentro de sua
área. O público acorre sempre com incomum entusiasmo aos seus recitais, cujos
ingressos se esgotam de dois a três meses antes de cada tournée. É importante
ressaltar que os teatros japoneses são geralmente de grandes dimensões,
chegando a comportar até 5.000 pessoas num único evento.
Em
2006 compôs o “Concerto Breve” opus 321, para piano e orquestra. A obra foi
encomendada pelo “Projeto Guri” em comemoração aos 10 anos de sua existência e
estreada em dezembro daquele ano, na Sala São Paulo, pela Orquestra do Projeto
Guri, tendo como solista o jovem pianista Fausto Ito sob a regência do Maestro
John Neschling.
No
mês de julho de 2008, o pianista foi agraciado com o prêmio "2008 Golden
Laurel Award", outorgado pela "The Delian Society" pelo conjunto
de sua obra. É a primeira vez que esta distinção é conferida a um compositor
brasileiro. O prêmio é dado uma vez ao ano para um único compositor vivo no
mundo. A indicação foi feita por membros da sociedade e a escolha final
ratificada por uma comissão internacional. A organização dedicou uma página a
Amaral Vieira oficializando o recebimento do Golden Laurel Award, que pode ser
acessado no site www.deliansociety.org/vieira.html. Fundada em 2004, essa
renomada sociedade musical com sede na Florida (EUA) atua em mais de 30 países
em seis continentes.
Em
dezembro de 2010 foi apresentada, no Teatro do MASP (SP), a estreia mundial de
sua “Cantata de Natal” opus 327 para solistas, coro a quatro vozes, dois
pianos, saxofone, tímpanos e percussão.
Em
abril de 2011 aconteceu a estreia mundial de sua obra “Missa Paschalis” opus
328 para coro a quatro vozes e orquestra, no Domingo de Páscoa, na Catedral da
Sé de São Paulo.
Suas
gravações fonográficas contam atualmente com mais de 120 títulos e incluem
obras dos mais diversos compositores, assim como o registro de suas próprias
composições, que ultrapassam 500 obras, e têm sido gravadas por ele próprio e
por outros artistas em vários países do mundo.
Entre
algumas de suas composições mais notórias podem ser citadas:
Sonata
Piccola, Op. 123
Trilogia
- Elegia, Noturno e Toccata Op. 137
Fábulas,
Op. 174, 10 peças para piano
Cinco
Bagatelas para piano, Op. 178
Te
Deum, Op. 181
Missa
pro defunctis, Op. 187
Prólogo,
Fuga e Final, Op. 194
Requiem
in Memoriam, Op. 203
Te
Deum in stilo barocco, Op. 213 (1986)
Stabat
Mater, Op. 240
O
Alvorecer do Século da Humanidade, Op. 259 (1991)
Sons
Inovadores, Op. 266 (1992)
Palavras
de Encorajamento, Op. 267
Alvorada
de Esperança da Civilização Universal Op. 268
Canção
da Juventude, Op. 274
Missa
Choralis. Op. 282 (1984)
The
Snow Country Prince, Op. 284
Aquarelas
Japonesas Op. 325 (2010)
In
Natali Domini (Cantata de Natal) Op. 327
Para ouvir e fazer o download acesse o link:
https://drive.google.com/drive/folders/0B4FphzZsBcqhY3pJcko3blVZRk0?resourcekey=0-ZNkmH-ym4H9y1ee8NAcM9g&usp=sharing
https://drive.google.com/drive/folders/0B4FphzZsBcqhY3pJcko3blVZRk0?resourcekey=0-ZNkmH-ym4H9y1ee8NAcM9g&usp=sharing
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