quinta-feira, 4 de agosto de 2016

BRAHMS

Johannes Brahms nasceu no dia 7 de maio de 1833 na cidade portuária de Hamburgo na Alemanha. Vindo de uma família pobre, seu pai, Johann Jacob, era músico e tocava violino, violoncelo e trompa, que ganhava a vida tocando em bares e tavernas das cidades portuárias.

Foi com seu pai que recebeu a primeira instrução musical, Aos seis anos, demonstrava um talento incomum, a família o incentivou a seguir a carreira musical e a apreciar a literatura inglesa e francesa e a literatura romântica alemã.

Aos sete anos, além das aulas normais, seu pai contratou o excelente professor Otto F. W. Cossel para dar-lhe aulas de piano. Com 10 anos de idade, fez seu primeiro concerto público, interpretando Mozart e Beethoven.

Não tardou a receber um convite para tocar nas cervejarias da noite hamburguesa, sempre ao lado de seu pai. O progresso do filho na música fez com que o pai de Brahms sentisse tentado a partir para os Estados Unidos e tentar repetir o sucesso de Mozart na infância.
Eduard Marxsen


Foi aconselhado por Otto que não fizesse isto, e por sua influência conseguiu que Johannes tivesse aulas com o compositor e regente da Filarmônica de Hamburgo Eduard Marxsen, também considerado o melhor professor da cidade, que só o aceitou como aluno se viajassem para fora da Europa. Foi Marxsen quem lhe deu as primeiras noções de composição. Brahms dedicou a ele o seu Concerto para Piano nº 2 em Si Bemol.


Quando tinha oportunidade, também não deixava de se apresentar para a alta sociedade. Em quatro anos, tornou-se um dos mais famosos músicos de Hamburgo.
Foi neste período que se revelou como um homem bruto, extremamente grosseiro -zombava de todas as mulheres.

Eduard Reményi e Brahms
Como músico de cervejaria, Brahms conhece Eduard Reményi, violinista húngaro que havia se refugiado em Hamburgo. Combinam uma tournée pela Alemanha.

Joseph Joachim
Nesta viagem, Brahms acaba conhecendo Joseph Joachim (famoso violinista intérprete de sucesso na época, que viria a se tornar um de seus maiores amigos), Liszt e também os Schumann. 

Foi Joachim quem sugeriu a Brahms que deixasse Hamburgo para conhecer novos lugares.


Sugestão aceita, a primeira cidade em que parou foi Weimar, onde Franz Lizst morava.

Liszt
Apesar da boa recepção, logo os dois se decepcionaram mutuamente. Suas preferências musicais não combinavam. Conta-se que Liszt, quando conheceu Brahms, tocou para ele sua nova peça, a Sonata em Si Menor. Ao final da apresentação, porém, Liszt viu que seu visitante tinha adormecido na poltrona. (Já falamos sobre Liszt.)

Durante um longo período, Brahms percorreu algumas cidades alemãs.

Foi em Bonn que conheceu o casal Schumann. Posteriormente, no ano de 1853, na casa em Düsseldorf Robert e Clara Schumann o receberam como gênio. 
Robert e Clara Schumann

Robert logo tratou de recomendar as obras de Brahms aos seus editores e escreveu um famoso artigo na Nova Gazeta Musical, intitulado "Novos Caminhos", onde era chamado de "jovem águia" e de "Eleito".

Julie Schumann
Clara tornou-se uma grande amiga e companheira, especulou-se que fosse algo mais do que uma amizade, mas os historiadores concordam que eles nunca se apaixonaram. 

Robert Schumann deixou claro que não tinha nada que pudesse ensinar ao jovem Brahms, mas ele permaneceu na residência e até se apaixonou por uma das filhas do casal, Julie.

Perambulando entre as cidades da Alemanha, fixando-se em duas residências - a de Joachim, em Hanôver, e a de Schumann, em Düsseldorf. 

Essa vida errante de Brahms haveria de terminar em 1856, quando num acesso de loucura Robert atirou-se no rio Reno, Brahms tomou para si as responsabilidades da casa. Foi quando conseguiu o emprego de mestre de capela do pequeno principado de Lippe-Detmold.
Principado Lippe Detmold
na antiga Alemanha


Em seguida iniciou uma viagem por toda a Europa apresentando-se em concertos e procurando um emprego fixo.

Continuou compondo criou peças menores e um esboço de uma sinfonia. Em 1858 escreveu o seu primeiro Concerto para Piano, que teve a estreia no ano seguinte para uma fria audiência de Hanover.

Em 1860, comete um grande erro: assina, junto com Joachim e outros dois músicos, um manifesto contra a chamada escola neo-alemã, de Liszt e Wagner, e sua "música do futuro".
Beethoven

Embora Brahms não fosse afeito a polêmicas, acabou entrando nessa, o que lhe valeu a pecha de reacionário, a qual foi derrubada apenas no século XX pelo famoso ensaio de Schoenberg - "Brahms, o Progressista".


Na verdade, tendo Beethoven como modelo, mas não a ponto de continuar sua obra. Brahms, com seu espírito sóbrio, evitava inspirações, improvisações e alusões poético-literárias. Esse "formalismo" dificultava o acesso à sua música. 

Richard Wagner
O germanismo dificultou, durante muito tempo, a difusão de sua música no estrangeiro e fez com que os amantes de Wagner custassem a se render a Brahms.  Ele era apenas fiel aos princípios nos quais acreditava, sendo que até expressou, em algumas oportunidades, a admiração por algumas obras de Wagner.

Três anos mais tarde, resolve morar em Viena. Seu primeiro emprego na capital austríaca foi como diretor da Singakademie, onde regia o coro e elaborava os programas. 

Apesar do relativo sucesso que obteve, pediu demissão em um ano, para poder dedicar-se à composição. A partir daí, sempre conseguiu sustentar-se apenas com a edição de suas obras e com seus concertos e recitais.

Eduard Hanslick
Em Viena, conseguiu o apoio e admiração do importante crítico Eduard Hanslick, mas isso não foi suficiente para garantir-lhe fama. 

Somente a partir da estreia de Um Réquiem Alemão, em 1868, é que Brahms começou a ser reconhecido como grande compositor. Como reflexo disso, em 1872, é convidado para dirigir a Sociedade dos Amigos da Música, a mais célebre instituição musical vienense. Ficaria lá até 1875.

Hans von Bulow
Em 1876, um fato marcante: a estreia sua Primeira Sinfonia, ansiosamente aguardada, foi um grande sucesso. A partir daí, Brahms ficou marcado como o sucessor de Beethoven. O maestro Hans von Bülow até apelidou essa primeira sinfonia de "Décima", com referência à Nona Sinfonia de Beethoven.

Em 1890, após concluir o Quinteto de Cordas op. 111, decide parar de compor e até prepara um testamento. 

Mas não ficaria muito tempo longe da atividade; no ano seguinte, encontra-se com o célebre clarinetista Richard Mülhfeld e, encantado com o instrumento e suas possibilidades, escreve quatro obras-primas - duas Sonatas para Clarineta e Piano, o Trio para Clarineta, Cello e Piano, e o Quinteto para Clarineta e Cordas, que está entre suas mais importantes peças de música de câmara.

Clara Schumann
Sua última obra publicada foi o ciclo Quatro Canções Sérias, onde praticamente despede-se da vida. Ele dedica a coletânea a si mesmo, como presente no aniversário, em 1896. 

Nesse mesmo ano, morre Clara Schumann.

Brahms cultivou, com exceção da ópera e ao balé, todos os gêneros musicais. Na mocidade foi romântico e intimista, particularmente na música para piano e nos "lieder" (canções), mas poucas obras românticas subsistem porque Brahms tinha o hábito de destruir os originais que não resistiam à sua severa autocrítica.

Em linhas gerais, a música de Brahms caracteriza-se pelo seu caráter melancólico, pela tensão concentrada e obscuridade, pelos ritmos sincopados e pela riqueza temática.

Alguns autores, afirmam que teria sido iniciado na sublime instituição, entretanto não existem documentos comprobatórios e ainda mais porque Brahms considerava-se, orgulhosamente, um "pagão" por não acreditar em Deus. 

Apesar de sua mais famosa obra, o Réquiem Alemão, contradizê-lo. Tornou-se uma figura quase folclórica. 

Johannes Brahms
Com seu corpo pesado e uma grande barba branca, misturava na aparência, como na música, a severidade clássica com fugazes momentos líricos.

Os anos que se seguem são tranquilos, marcados pela solidão, manteve-se solteiro, pelas estreias de suas obras, pelas longas temporadas de verão e pelas viagens principalmente à Itália.

Morreu aos 63 anos, de câncer no fígado, no dia 03 de abril de 1897, em Viena.

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