quarta-feira, 26 de abril de 2017

KOZELUCH


Leopold Koželuch foi um professor de música e compositor checo, nascido em 26 de junho de 1747 na cidade de Velvary, na Boemia – Atual República Tcheca, seu nome original é Jan Antonín Koželuh, filho de Antonín Bartholomäus Koželuch, um comerciante sapateiro.

František Xaver Dušek
Iniciou sua educação musical em sua cidade natal, com Anton Kubik.

Fez o ensino médio em Praga e, em seguida, estudou Direito. Após alguns semestres, abandonou os estudos e dedicou-se inteiramente à música. Estudando com seu primo e xará, e também com František Xaver Dušek, que lecionou teclado e composição.

Jan Antonín Koželuh
Em 1773, viu-se obrigado a alterar o seu nome original evitando confusão com o seu primo mais velho, germanizando o nome.

Teatro Nacional de Praga
Foi 1771 que ele fez sua estreia com um balé no Teatro Nacional de Praga, onde escreveu cerca de vinte e cinco obras entre ballets e pantominas até 1778.

O sucesso dessas obras levou-o a abandonar os planos de estudar direito em favor de uma carreira musical.

Johann Georg Albrechtsberger
Mudou para Viena em 1778, onde ficou baseado pelo resto de sua carreira. Foi aluno por um curto espaço de tempo de Johann Georg Albrechtsberger.

Estabeleceu-se na cidade como compositor, pianista e professor. 

Koželuch esteve no lugar certo na hora certa, e foi capaz de avançar sua carreira lá com conexões cuidadosamente cultivadas.
Imperatriz Maria Theresia


Em 1780 compôs uma cantata para o funeral de Maria Theresa.

Dentre os seus alunos incluem Maria Theresia Paradis, Arquiduquesa Marie Louise e a Arquiduquesa Elizabeth de Württemberg, filha da imperatriz Maria Theresia, sendo essa nomeação uma posição oficial do tribunal, e ele sucedeu Georg Christoph Wagenseil, neste cargo.

Georg Christoph Wagenseil


Em 1781, Wolfgang Amadeus Mozart renunciou à sua nomeação como organista da corte em Salzburgo após uma discussão com o seu patrão, o Arcebispo de Salzburgo.

O cargo foi oferecido a Koželuch, que recusou, expressando mais tarde preocupações com os maus tratos que vira Mozart sofrer.


Ignaz von Born
Em 14 de novembro de 1782 casa-se com Maria Allmayr (sobrinha de Ignaz von Born).

Em 1784, criou sua própria empresa de publicações musicais, Musikalisches Magazin, que posteriormente foi gerida por seu irmão Antonín Tomáš. 

Publicando muitas de suas composições, em parceria com investidores estrangeiros.

Catharina Maria Leopoldina Koželuch

Leopold II
No dia 20 de Fevereiro de 1785, nasce sua filha Catharina Maria Leopoldina Koželuch, uma futura pianista.

Em 1791, compôs uma bem recebida cantata encomendada para a coroação do Imperador Leopoldo II em Praga.

Mozart compôs La clemenza di Tito para a mesma ocasião. 


Gravura retratando a morte de Mozart
A morte de Mozart no final do ano proporcionou a Koželuch outra oportunidade: o imperador Franz II ofereceu-lhe as posições de Mozart em sua corte, Kammer Kapellmeister (diretor de música) e Compositor de Hofmusik (compositor), e o dobro do salário de Mozart, cargos que ocuparia até a sua morte.

Excitado pelas ideias maçônicas, em 1791, participou das lojas Zum Palmbaum e Zu den drei Adlern, além de enxergar que naquela instituição teria melhores oportunidades dentro da sociedade vienense.

Sua produção musical declinou na virada do século, pois se dedicou intensamente aos seus deveres na corte, bem como ao ensino musical.

Koželuch deixou cerca de 400 composições. Dentre estas, cerca de trinta sinfonias, vinte e dois concertos de piano, incluindo um concerto para piano de quatro mãos, dois concertos de clarinete, vinte e quatro sonatas de violino, sessenta e três trios de piano, seis quartetos de cordas, dois oratórios, nove cantatas e várias obras litúrgicas, óperas e obras de balé.

Koželuch compôs suas sonatas para serem tocadas no pianoforte recém-emergente ao invés do cravo.

Koželuch compôs a maioria de suas sinfonias durante sua primeira década em Viena, um período em que seus contemporâneos vienenses, Mozart incluso, estavam focalizando em outros gêneros.

Quase todas as obras vocais de Koželuch, incluindo cantatas e óperas, foram perdidas.
Durante sua vida foi reconhecido por toda a Europa; em seus últimos anos, foi muitas vezes criticado como um escritor prolífico. Algumas das suas obras foram atribuídas erroneamente por um longo tempo a Beethoven.

Milan Poštolka, um musicólogo, catalogou as obras de Koželuch em 1964.

Leopold Koželuch morreu em Viena, em 07 de maio de 1818, aos 70 anos, há quase 199 anos.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

A SINFONIA DA ALVORADA


Estamos num período especial para os cristãos, Semana Santa, mas não vou discorrer sobre o tema, pois já o fiz, veja Páscoa e Páscoa e o Messias



Para quem não sabe, o compositor Tom Jobim teria completado, em janeiro deste ano, NOVENTA ANOS. 



E na próxima semana a nossa lamacenta Capital Federal, Brasília, celebrará CINQUENTA E SETE ANOS. 

Juntando as duas efemérides, apresento-vos:


Capa Original - Desenhada por Oscar Niemeyer

A SINFONIA DA ALVORADA.

Vinícius e Tom
Uma das obras menos conhecidas do grande público, fruto de uma parceria de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes.


J.K. e as filhas Maria Estela (esquerda)
 e Márcia
Final da década de 1950, Juscelino fora eleito o 21º Presidente do Brasil, assumindo o cargo em 31 de Janeiro de 1956, dentre as suas metas estava construção e transferência da Capital Federal para o Interior, no Planalto Central, no estado de Goiás, a cidade que se chamaria Brasília, executando assim um antigo projeto para promover o desenvolvimento do interior e a integração do país.

Esta mudança já era prevista nas Constituições de 1891, de 1934 e na de 1946, mas foi adiada sua construção por todos os governos brasileiros desde 1891.

Esta foi uma promessa feita por JK durante um comício em Goiás quando foi indagado se cumpriria a Constituição de 1946, inclusive na criação da capital no Planalto Central.

Oscar Niemeyer e Lúcio Costa
Lideradas pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, as obras começaram em fevereiro de 1957. 

Candangos
Mais de duzentas máquinas e trinta mil operários - os candangos - vindos de todas as regiões do Brasil (principalmente do Nordeste do Brasil) exerceram um regime de trabalho ininterrupto, dia e noite, para construir e concluir Brasília até a data prefixada de 21 de abril de 1960, em homenagem à Inconfidência Mineira.

Congresso Nacional em construção

As obras terminaram em tempo recorde de 41 meses — antes do prazo previsto. Já no dia da inauguração, em pomposa cerimônia, Brasília era considerada como uma das obras mais importantes da arquitetura e do urbanismo contemporâneos.


Para a inauguração Juscelino queria algo diferente e grandioso, algo como era feito na nobreza europeia dos séculos anteriores e encomendou em 1958, aos compositores Tom Jobim e Vinícius de Morais, uma Sinfonia em homenagem à nova Capital.

Vinícius e Tom em Brasília
A ideia fora deixada de lado, até que por intermédio do arquiteto Oscar Niemeyer, Tom e Vinícius foram convidados a visitarem o planalto central para conhecer a cidade que estava sendo erguida, esta viagem ocorreu em Setembro de 1959.

Tom e Vinícius presenciaram a frenética construção da cidade, trabalhadores braçais vindo de todas as partes do país.

Tom Jobim dizia que Brasília fica no lugar mais antigo da terra. E por isso suas alvoradas são tão ricas de cores que multiplicaram ao longo dos bilhões de anos.

Catetinho
Foram dez dias encerrados no "Catetinho", para fazer uma Sinfonia. A viagem foi justificada como uma busca de realismo ao que estava acontecendo no sertão goiano, mas a maior parte do Brasil desconhecia. 

Vinicius misturou-se com operários e engenheiros, enquanto Tom embrenhava-se na mata para ouvir o canto dos pássaros do cerrado.

Inicialmente, JK pretendia apresentar a Sinfonia da Alvorada no dia 21 de Abril de 1960, data oficial da transferência de capital. Depois, postergou a apresentação para o dia 07 de setembro do mesmo ano, entretanto isso nunca aconteceu.
Roberto de Regina, Os Cariocas, Elizeth Cardoso, Radamés Gnatalli

Sua gravação foi realizada em novembro de 1960, no estúdio da Colúmbia no Rio de Janeiro, com a Orquestra Sinfônica sob a regência de Antônio Carlos Jobim, o recitativo interpretado por Vinicius de Moraes e em alguns trechos com participação de Tom Jobim, tendo o acompanhamento do Coral Dante Martinez sob a direção de Roberto de Regina, e participação de Os Cariocas e Elizeth Cardoso, ao piano Radamés Gnatalli e capa original desenhada por Oscar Niemeyer.

A Sinfonia é dividida em cinco partes:
  • I - O Planalto Deserto
  • II - O Homem
  • III - A Chegada dos Candangos
  • IV - O Trabalho e a Construção
  • V – Coral

"O Planalto Deserto" – O Cenário - É descrito o lugar com suas coisas "anteriores ao homem": os campos, as cores, as aves, as auroras...

"O Homem" – Os Atores - Aqueles que ali chegaram para desbravar, para fundar, para erguer e para ficar.

"A Chegada dos Candangos" – Personagens - É a convocação e a chegada de todos os homens que tinham vontade de trabalhar e confiança no futuro.

"O Trabalho e a Construção"- A Ação - Discorre sobre os materiais, e o tipo de trabalho a ser realizado:

"Coral" – Celebração - Todos comemorando a obra concluída.

Texto do Recitativo e Coral

I - O PLANALTO DESERTO

No princípio era o ermo
Eram antigas solidões sem mágoa.
O altiplano, o infinito descampado
No princípio era o agreste:
O céu azul, a terra vermelho-pungente
E o verde triste do cerrado.
Eram antigas solidões banhadas
De mansos rios inocentes
Por entre as matas recortadas.
Não havia ninguém. A solidão
Mais parecia um povo inexistente
Dizendo coisas sobre nada.
Sim, os campos sem alma
Pareciam falar, e a voz que vinha
Das grandes extensões, dos fundões crepusculares
Nem parecia mais ouvir os passos
Dos velhos bandeirantes, os rudes pioneiros
Que, em busca de ouro e diamantes,
Ecoando as quebradas com o tiro de suas armas,
A tristeza de seus gritos e o tropel
De sua violência contra o índio, estendiam
As fronteiras da pátria muito além do limite dos tratados.
- Fernão Dias, Anhanguera, Borba Gato,
Vós fostes os heróis das primeiras marchas para o oeste,
Da conquista do agreste
E da grande planície ensimesmada!
Mas passastes. E da confluência
Das três grandes bacias
Dos três gigantes milenares:
Amazonas, São Francisco, Rio da Prata;
Do novo teto do mundo, do planalto iluminado
Partiram também as velhas tribos malferidas
E as feras aterradas.
E só ficaram as solidões sem mágoa
O sem-termo, o infinito descampado
Onde, nos campos gerais do fim do dia
Se ouvia o grito da perdiz
A que respondia nos estirões de mata à beira dos rios
O pio melancólico do jaó.
E vinha a noite. Nas campinas celestes
Rebrilhavam mais próximas as estrelas
E o Cruzeiro do Sul resplandecente
Parecia destinado
A ser plantado em terra brasileira:
A Grande Cruz alçada
Sobre a noturna mata do cerrado
Para abençoar o novo bandeirante
O desbravador ousado
O ser de conquista
O Homem!

II - O HOMEM

Sim, era o Homem,
Era finalmente, e definitivamente, o Homem.
Viera para ficar. Tinha nos olhos
A força de um propósito: permanecer, vencer as solidões
E os horizontes, desbravar e criar, fundar
E erguer. Suas mãos
Já não traziam outras armas
Que as do trabalho em paz. Sim,
Era finalmente o Homem: o Fundador. Trazia no rosto
A antiga determinação dos bandeirantes,
Mas já não eram o ouro e os diamantes o objeto
De sua cobiça. Olhou tranquilo o sol
Crepuscular, a iluminar em sua fuga para a noite
Os soturnos monstros e feras do poente.
Depois mirou as estrelas, a luzirem
Na imensa abóbada suspensa
Pelas invisíveis colunas da treva.
Sim, era o Homem...
Vinha de longe, através de muitas solidões,
Lenta, penosamente. Sofria ainda da penúria
Dos caminhos, da dolência dos desertos,
Do cansaço das matas enredadas
A se entredevorarem na luta subterrânea
De suas raízes gigantescas e no abraço uníssono
De seus ramos. Mas agora
Viera para ficar. Seus pés plantaram-se
Na terra vermelha do altiplano. Seu olhar
Descortinou as grandes extensões sem mágoa
No círculo infinito do horizonte. Seu peito
Encheu-se do ar puro do cerrado. Sim, ele plantaria
No deserto uma cidade muita branca e muito pura...

Citação de Oscar Niemeyer
- "... como uma flor naquela terra agreste e solitária…"
- Uma cidade erguida em plena solidão do descampado.
- " ... como uma mensagem permanente de graça e poesia..."
- Uma cidade que ao sol vestisse um vestido de noivado
- " ... em que a arquitetura se destacasse branca, como que flutuando na imensa escuridão do planalto..."
- Uma cidade que de dia trabalhasse alegremente
- "…numa atmosfera de digna monumentalidade..."
- E à noite, nas horas do langor e da saudade
- " ... numa luminação feérica e dramática..."
- Dormisse num Palácio de Alvorada!
- " ... uma cidade de homens felizes, homens que sintam a vida em toda a sua plenitude, em toda a sua fragilidade; homens que compreendam o valor das coisas puras..."
- E que fosse como a imagem do Cruzeiro
No coração da pátria derramada.

Citação de Lucio Costa
- "…nascida do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos que se cruzam em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz."

III - A CHEGADA DOS CANDANGOS

Tratava-se agora de construir: e construir um ritmo novo.
Para tanto, era necessário convocar todas as forças vivas da Nação, todos os homens que, com vontade de trabalhar e confiança no futuro, pudessem erguer, num tempo novo, um novo Tempo.
E, à grande convocação que conclamava o povo para a gigantesca tarefa começaram a chegar de todos os cantos da imensa pátria os trabalhadores: os homens simples e quietos, com pés de raiz, rostos de couro e mãos de pedra, e que, no calcanho, em carro de boi, em lombo de burro, em paus-de-arara, por todas as formas possíveis e imagináveis, começaram a chegar de todos os lados da imensa pátria, sobretudo do Norte; forarn chegando do Grande Norte, do Meio Norte e do Nordeste, em sua simples e áspera doçura; foram chegando em grandes levas do Grande Leste, da Zona da Mata, do Centro-Oeste e do Grande Sul; foram chegando em sua mudez cheia de esperança, muitas vezes deixando para trás mulheres e filhos a aguardar suas promessas de melhores dias; foram chegando de tantos povoados, tantas cidades cujos nomes pareciam cantar saudades aos seus ouvidos, dentro dos antigos ritmos da imensa pátria...

Dois locutores alternados
- Boa Viagem! Boca do Acre! Água Branca! Vargem Alta! Amargosa! Xique-Xique! Cruz das Almas! Areia Branca! Limoeiro! Afogados! Morenos! Angelim! Tamboril! Palmares! Taperoá! Triunfo! Aurora! Campanário! Águas Belas! Passagem Franca! Bom Conselho! Brumado! Pedra Azul! Diamantina! Capelinha! Capão Bonito! Campinas! Canoinhas! Porto Belo! Passo Fundo!

Locutor nº 1: - Cruz Alta...
Locutor nº 2: - Que foram chegando de todos os lados da imensa pátria...
Locutor nº 1: - Para construir uma cidade branca e pura...
Locutor nº 2: - Uma cidade de homens felizes...

IV - O TRABALHO E A CONSTRUÇÃO

- Foi necessário muito mais que engenho, tenacidade e invenção. Foi necessário 1 milhão de metros cúbicos de concreto, e foram necessárias 100 mil toneladas de ferro redondo, e foram necessários milhares e milhares de sacos de cimento, e 500 mil metros cúbicos de areia, e 2 mil quilômetros de fios.
- E 1 milhão de metros cúbicos de brita foi necessário, e quatrocentos quilômetros de laminados, e toneladas e toneladas de madeira foram necessárias. E 60 mil operários! Foram necessários 60 mil trabalhadores vindos de todos os cantos da imensa pátria, sobretudo do Norte! 60 mil candangos foram necessários para desbastar, cavar, estaquear, cortar, serrar, pregar, soldar, empurrar, cimentar, aplainar, polir, erguer as brancas empenas...
- Ah, as empenas brancas! -
- Como penas brancas...
- Ah, as grandes estruturas!
- Tão leves, tão puras...
Como se tivessem sido depositadas de manso por mãos de anjo na terra vermelho-pungente do planalto, em meio à música inflexível, à música lancinante, à música matemática do trabalho humano em progressão ...
O trabalho humano que anuncia que a sorte está lançada e a ação é irreversível.

Cantochão
E ao crespúsculo, findo o labor do dia, as rudes mãos vazias de trabalho e os olhos cheios de horizontes que não têm fim, partem os trabalhadores para o descanso, na saudade de seus lares tão distantes e de suas mulheres tão ausentes. O canto com que entristecem ainda mais o sol-das-almas a morrer nas antigas solidões parece chamar as companheiras que se deixaram ficar para trás, à espera de melhores dias; que se deixaram ficar na moldura de uma porta, onde devem permanecer ainda, as mãos cheias de amor e os olhos cheios de horizontes que não têm fim. Que se deixaram ficar muitas terras além, muitas serras além, na esperança de um dia, ao lado de seus homens, poderem participar também da vida da cidade nascendo em comunhão com as estrelas. Que viram, uma manhã, partir os companheiros em busca do trabalho com que lhes dar uma pequena felicidade que não possuem, um pequeno nada com que poder sentir brilhar o futuro no olhar de seus filhos. Esse mesmo trabalho que agora, findo o labor do dia, encaminha os trabalhadores em bando para a grande e fundamental solidão da noite que cai sobre o planalto…
" Deste planalto central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino."
(Brasília, 2 de outubro de 1956)
Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira

V - CORAL

Brasília Brasília Brasília
Brasília Brasília Brasília
Brasília Brasília Brasília
Brasília Brasília Brasília
Brasília Brasília Brasília
BRASIL! BRASIL! BRASIL!
Terra de sol
Terra de luz
Terra que guarda no céu
A brilhar o sinal de uma cruz
Terra de luz
Terra-esperança, promessa
De um mundo de paz e de amor
Terra de irmãos
Ó alma brasileira ...
... Alma brasileira ...
Terra-poesia de canções e de perdão
Terra que um dia encontrou seu coração
Brasil! Brasil!
Ah... Ah... Ah...
B r a s í l i a!
Diem! Diem!

Ô ... ô... ô... ô

Conheçam a gravação original

quinta-feira, 6 de abril de 2017

TAFELMUSIK




O termo TAFELMUSIK significa “música para a mesa”, ou “música para jantares”, ou ainda “música para banquete” como foi citada na postagem referente ao seu autor, o compositor Georg Phillip Telemann.

O termo é usado desde meados do século XVI para a música tocada em festas e banquetes, o termo também foi usado como um título para coleções de música.

O que apresentamos trata-se de uma série de concertos para diferentes formações, cada um com personalidade própria.

O Tafelmusik ou Musique de Table composto a partir de 1733, estaria para Telemann assim como os Concertos de Brandemburgo para Johann Sebastian Bach, seu grande amigo. A obra demonstra a habilidade do compositor numa diversidade de gêneros musicais e uma variedade de instrumentos.

A tradição de Tafelmusik, na qual a música acompanhava refeições de todos os tipos almoços e jantares privados, ou banquetes pródigos realizados por tribunais ou municípios, a fim de entreter os convidados. Iam desde hinos devocionais cantados a suítes orquestrais e serenatas sendo mais de quatro horas de música instrumental, com uma variedade de estilos comparada a uma mesa repleta de todos os tipos de delícias culinárias.

Em razão de suas atribuições, a tradição de Tafelmusik não era uma novidade para Telemann, afinal diversas de suas cantatas e serenatas foram escritas para casamentos, aniversários e eventos políticos.

No início de sua carreira, Telemann liderou as apresentações de Tafelmusik, e também jantou ao som delas (na medida em que ele próprio não participou de todas as apresentações).

Não se sabe ao certo, se Telemann concebeu que as produções fossem realizadas de uma só vez, à medida que o retorno das conclusões à tonalidade de abertura torna evidente, então a justificação não reside na maneira de sua construção, mas na natureza extramusical de seu propósito, Que é claramente expresso através da designação "Tafelmusik".

Erich Reimer argumentou que as três produções da Tafelmusik: "não são concebidas como ciclos musicais, mas funcionalmente como programas aditivos e ricamente variados para banquetes”.

Karl Kaiser levou a conexão culinária um passo adiante, sugerindo que cada produção "evoca deliberadamente um cardápio composto por aperitivo, entrada, prato principal, sobremesa e queijo, juntamente com vinho e café: um banquete barroco".

A coleção foi publicada sob o seguinte título em 1733:

TAFELMUSIK – dividida em Três Produções, cada uma contendo:
  • ·        Abertura com sua suíte para sete instrumentos;
  • ·        Quarteto;
  • ·        Concerto para Sete Instrumentos;
  • ·        Trio;
  • ·        Solo e;
  • ·        Conclusão para Sete Instrumentos.

Cada produção é unificada pela pontuação compartilhada e tonalidade de sua abertura e conclusão.

Primeira Produção
TWV55:E1 - Abertura, suíte para duas flautas, cordas & baixo contínuo em Mi menor
  •               I.                   Ouverture: Lentement - Vite - Lentement
  •             II.                   Rejouissance
  •          III.                   Rondeau
  •          IV.                   Loure
  •            V.                   Passepied
  •          VI.                   Air
  •       VII.                   Gigue

·        TWV43:G2– Quarteto para flauta, oboé, violino & baixo contínuo em Sol Maior
  •               I.                   Largo - Allegro - Largo
  •             II.                   Vivace - Moderato - Vivace
  •          III.                   Grave
  •          IV.                   Vivace

·        TWV53:A2 – Concerto para flauta, violino, violoncelo, cordas e baixo contínuo em Lá Maior
  •               I.                   Largo
  •             II.                   Allegro
  •          III.                   Grazioso
  •          IV.                   Allegro

·        TWV 42:Es1 – Trio para dois violinos e baixo contínuo em Mi Bemol Maior
  •               I.                   Affettuoso
  •             II.                   Vivace
  •          III.                   Grave
  •          IV.                   Allegro

·        TWV 41:h4 – Sonata Solo para Flauta e Baixo Contínuo em Si Menor
  •               I.                   Cantabile
  •             II.                   Allegro
  •          III.                   Dolce
  •          IV.                   Allegro

·        TWV50:5 – Conclusão em Mi Menor para Duas Flautas, Dois Oboés, Fagote, Cordas e Baixo Contínuo
  •               I.                   Sinfonia


Segunda Produção
·        TWV 55:D1 - Aberrura, suíte para trompete, oboé, cordas e baixo contínuo em Ré Maior
  •               I.                   Ouverture
  •             II.                   Air: Tempo giusto
  •          III.                   Air: Vivace
  •          IV.                   Air: Presto
  •            V.                   Air: Allegro

·        TWV 43:d1 - Quarteto para duas flautas, fagote e baixo contínuo em Ré Menor
  •               I.                   Andante
  •             II.                   Vivace
  •          III.                   Largo
  •          IV.                   Allegro

·        TWV 53:F1 - Concerto para três violinos, cordas e baixo contínuo em Fá Maior
  •               I.                   Allegro
  •             II.                   Largo
  •          III.                   Vivace

·        TWV 42:e2 - Trio para flauta, oboé & baixo contínuo em Mi menor
  •               I.                   Affettuoso
  •             II.                   Allegro
  •          III.                   Dolce
  •          IV.                   Vivace

·        TWV 41:A4 – Sonata Solo para violino e baixo continuo em Lá Maior
  •               I.                   Andante
  •             II.                   Vivace
  •          III.                   Cantabile
  •          IV.                   Allegro – Adagio – Allegro – Adagio

·        TWV 50:9 – Conclusão em Ré Menor para Dois Oboés, Trompete, Cordas e Baixo Contínuo
  •               I.                   Allegro - Adagio - Allegro

Terceira Produção
·        TWV55:B1 - Abertura, suíte para dois oboés, dois violinos, cordas e baixo contínuo em Si Bemol Maior
  •               I.                   Ouverture
  •             II.                   Bergerie (un peu vivement)
  •          III.                   Allegresse (vite)
  •          IV.                   Postillons
  •            V.                   Flatterie
  •          VI.                   Badinage (très vite)
  •       VII.                   Menuet

·        TWV43:e2 - Quarteto para flauta, violino, violoncelo e baixo continuo em Mi menor
  •               I.                   Adagio
  •             II.                   Allegro
  •          III.                   Dolce
  •          IV.                   Allegro

·        TWV54:Es1 - Concerto para duas trompas, cordas & baixo contínuo em Mi Bemol Maior
  •               I.                   Maestoso
  •             II.                   Allegro
  •          III.                   Grave
  •          IV.                   Vivace

·        TWV 42:D5 - Trio para duas flautas e baixo continuo em Ré Maior
  •               I.                   Andante
  •             II.                   Allegro
  •          III.                   Grave - Largo - Grave
  •          IV.                   Vivace

·        TWV 41:g6 - Sonata Solo para oboé e baixo contínuo em Sol menor
  •               I.                   Largo
  •             II.                   Presto
  •          III.                   Tempo giusto
  •          IV.                   Andante
  •            V.                   Allegro

·        TWV 50:10 - Conclusão, sinfonia para dois oboés, cordas & baixo contínuo em Si Bemol maior
  •               I.                   Allegro – Adagio – Allegro





Observação:
O TWV que aparece em cada obra refere-se ao catálogo das obras do compositor, elaborado e publicado por Martin Ruhnke, cujo significado é Telemann-Werke-Verzeichnis (Catálogo de obras de Telemann), geralmente é seguido por um número de gênero, uma letra indicando a tonalidade (em alguns casos), se for maiúscula tom Maior, se minúscula tom Menor e um número de trabalho.
A numeração dos gênero segue a ordem:
·        TWV1 a TWV15 – Obras Vocais Sacras
·        TWV20 a TWV25 – Obras Vocais Seculares;
·        TWV30 a TWV39 – Música Instrumental para Teclado e Alaúde;
·        TWV40 a TWV45 – Música de Câmara;
·        TWV50 a TWV55 – Música para Orquestra.
Quanto à tonalidade:
- A ou a – Lá Maior ou menor
- B ou b – Si Maior ou menor
- C ou c – Dó Maior ou menor
- D ou d – Ré Maior ou menor
- E ou e – Mi Maior ou menor
- F ou f – Fá Maior ou menor
- G ou g – Sol Maior ou menor

Posto isso, temos:
A primeira peça do Tafelmusik tem o código TWV55:E1:
É uma música para orquestra, na tonalidade Mi Maior e é a primeira peça do gênero.