quinta-feira, 19 de abril de 2018

THE DARK SIDE OF THE MOON



Lançado há quarenta e cinco anos, exatamente no dia 24 de Março de 1973, no Reino Unido, um disco histórico, The Dark Side Of The Moon, o oitavo disco do Pink Floyd, que correspondeu a uma pequena e importante mudança no som da banda, caracterizada pela diminuição na duração das canções com letras mais pessoais e instrumentais menores. O álbum, inicialmente, seria chamado de Eclipse.


Os integrantes originais: Syd. Nick, Roger e Rick
O grupo Pink Floyd foi fundado em 1965, pelos estudantes Syd Barrett (guitarrista e vocalista), Nick Mason (baterista), Roger Waters (baixista e vocalista) e Richard Wright (tecladista e vocalista), tornaram-se populares tocando no cenário alternativo londrino. Sob a liderança de Barrett, lançaram dois singles de sucesso e um bem-sucedido álbum de estreia, The Piper at the Gates of Dawn, de 1967. 

The Piper at the Gates of Dawn

David Gilmour foi integrado como o quinto membro em dezembro de 1967, enquanto Barrett saiu, em abril de 1968, por uma deterioração mental causada por psicotrópicos e drogas pesadas. 
Gilmour

A partir deste período, a banda se reinventou, Waters passou a ser o principal letrista e responsável pelos conceitos de álbuns como The Dark Side of the Moon (1973), Wish You Were Here (1975), Animals (1977) e The Wall (1979).

Entre 1972 e 1973, Pink Floyd não era um nome importante no mundo da música, não detinha grandes sucessos de vendagem.

Ainda abalado pela saída de Syd Barrett, que durante os primeiros anos foi o líder e principal compositor da banda, nesse período conturbado nasceu um disco amargo, que falava da vida nas suas mais míseras partes.

Meddle
O grupo se reunião, entre junho de 1972 a janeiro de 1973, no estúdio Abbey Road, em Londres, para gravarem o álbum. Syd Barrett foi o personagem que inspirou Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright para a temática do disco, principalmente na referência à loucura.

O conceito básico do disco foi desenvolvido quando a banda estava ensaiando no Broadhurst Gardens Studios em Londres para a turnê do álbum Meddle.

A banda sairia numa turnê pelo Reino Unido, Estados Unidos e Japão. Não era o objetivo naquele momento criar material novo, entretanto as ideias foram aparecendo. Roger Waters propôs que o novo material fosse apresentado já naquela nova turnê, contando que sua principal ideia era criar canções que focassem em coisas que "cansam as pessoas", assim como na pressão que os integrantes sofriam por seu estilo de vida e os problemas envolvendo Syd Barrett, todos concordaram.

O grupo trabalhou junto na criação do material novo, Roger gravou as primeiras fitas demo em um pequeno estúdio próprio em sua casa em Londres. 

O ensaio do novo material foi em segredo num pequeno armazém que pertencia aos Rolling Stones, posteriormente migraram para o Rainbow Theater. 

Os músicos compraram novos equipamentos, incluindo amplificadores, uma mesa de mixagem e um conjunto inteiro de iluminação de palco.


álbum do Medicine Head
Então veio a ideia de realizar um concerto com suas novas canções, antes mesmo de gravá-las, ali mesmo e providenciaram mais de nove toneladas em equipamentos, e o novo projeto foi intitulado como The Dark Side of the Moon.

Entretanto a banda Medicine Head já tinha lançado um disco com aquele título, mudaram então para Eclipse, pouco tempo descobriram que o álbum havia sido um fracasso comercial e então voltaram ao nome inicial.

Gravação Pirata dos Shows
O concerto Dark Side of the Moon: A Piece for Assorted Lunatics foi realizado pela primeira vez no Rainbow em 17 de fevereiro de 1972 com uma plateia formada apenas por jornalistas e críticos, e recebeu avaliações muito boas de quase todos os presentes. 

As novas canções foram apresentadas quase que na mesma ordem em que foram lançadas no disco, mas o som apresentava algumas diferenças em relação ao que mais tarde foi lançado, principalmente devido à falta de sintetizadores e aos momentos em que liam alguns trechos da Bíblia no começo de algumas canções.

A banda seguiu fazendo pausas estratégicas na turnê para realizar as gravações em estúdio, realizando o último concerto novamente naquele teatro em 4 de novembro de 1973.
Alan Parsons ao centro
No estúdio a banda trabalhou ao lado do engenheiro de som Alan Parsons, com quem já haviam trabalhado no disco Atom Heart Mother e que já era famoso por ter trabalhado no Álbum Abbey Road dos Beatles. Para as sessões, foram usadas as técnicas mais avançadas disponíveis na época.
Interior do Estúdio Abbey Road onde o disco foi gravado

A capa do disco, que juntamente com a Abbey Road dos Beatles é das mais famosas imagens do rock. 

A arte de um disco muitas vezes pode até ser isenta de significado, no entanto, não é o caso desse álbum, nela cada detalhe foi milimetricamente calculado para que o resultado trouxesse inúmeros significados às ideias da banda para o álbum, um feixe de luz transpassando um prisma e se decompondo em um espectro de cores. 



Uma metáfora, não só para as dúvidas que a humanidade possui, mas para a própria humanidade. A astronomia diz que a lua tem um lado oculto que ninguém foi capaz de ver. 

O título relaciona esse “lado oculto da lua” como o lado que todo ser humano possui e tenta esconder, nosso lado repleto de falhas, mas o mais humano. De todos os detalhes envolvidos na capa, apenas um não possui base em estudos muito profundos.

A luz branca se divide em seis raios coloridos, ao invés das sete cores tradicionais do arco-íris. Teria isso algum significado em especial? “Não. Na verdade, o azul escuro não ficou esteticamente bonito junto das outras cores e então resolvemos tirá-lo fora, porque a arte deve estar acima da ciência“. 


Storm Thorgerson entre David Gilmour e Roger Waters
Além das inúmeras interpretações, uma mais simples é citada por Storm Thorgerson, o designer responsável pela arte:
“como aquele simples som – representado pelo feixe – poderia significar uma complexidade de coisas que a banda queria tratar.”

As faixas se apresentam na seguinte ordem, no vinil quase não se percebe a mudança das faixas:

Speak to me, foi composta por Mason, – com uma introdução com sons de máquinas de escrever, risadas e barulhos aleatórios introduzem o ouvinte no clima de loucura do disco.

Breathe, de autoria coletiva da banda, elimina toda aquela balbúrdia e tudo muda para a melancolia da faixa, um poema sobre a miséria humana, cantado por David Gilmour.

On the Run retoma o som alucinado, representando a loucura causada pelas drogas, em forma de efeitos eletrônicos, o instrumental foi composto por Gilmour e Waters.

Time, outra composição coletiva, é um dos maiores destaques do Pink Floyd, o clima tenso de sua introdução acumula até certo ponto e desaba em letra e melodia bem fortes, cantadas por Gilmour e Wright. A poesia da letra retrata o envelhecimento em versos como And you run and run/ To catch up with the sun/ But it’s sinking (E você corre e corre/ Pra alcançar o sol/ Mas ele está se pondo) e o medo da morte nos versos But you are older/ And shorter of breath/ And one day closer to death (Mas você está mais velho/ E com menos fôlego/ E a cada dia mais próximo da morte).

Clare Torry
The Great Gig In The Sky, de Rick Wright, é uma metáfora para o desespero que tudo o foi apresentado até aqui no disco, a voz de Clare Torry demonstra momentos de desespero e de relaxamento.



Money, composição de Roger Waters, tem um clima animado pra falar do dinheiro e de todo seu poder, retratados na voz de David Gilmour, com a participação do saxofonista, Dick Parry.

Dick Parry.
Us And Them traz a solidão num brilhante arranjo, uma das melhores canções que a banda já fez, de autoria de Waters e Wright e interpretadas por Wright e Gilmour.

Any Colour You Like, parceria de Gilmour, Mason e Wright, é outra faixa instrumental que representa os estados alterados da mente através da guitarra psicodélica de David Gilmour.


Brain Damage, de Roger Waters e também vocalista, se caracteriza pelo tom apropriado pra falar de Syd Barret, as drogas e a loucura são o tema central aqui. Roger Waters parece escrever diretamente para seu amigo: “I will see you on the dark side of the moon”.

Eclipse é escrita com a métrica de uma poesia. Trata de um resumo das ideias colocadas no disco, simplifica o ser humano com atos e metáforas em um arranjo que parece de fim de espetáculo, também escrita e cantada pro Waters.



O álbum começa e termina com o mesmo som, o pulsar de um coração.

Aconselha-se a ouvir o álbum na sequencia e viajar na loucura apresentada.

Em quase todas as faixas podem ser ouvidas conversas e frases ao fundo, são vozes de pessoas selecionadas pela equipe de gravação, feitas em forma descontraída. Algumas vozes incluem risadas um tanto assustadoras, além de frases aleatórias.

Speak To Me
I’ve been mad for fucking years, absolutely years, been over the edge of yonks, been working me buns off for bands… (Eu tenho estado louco por malditos anos, um longo tempo, tenho estado no limite, tenho trabalhado muito por bandas…)
I’ve always been mad, I know I’ve been mad, like the most of us… very hard to explain why you’re mad, even if you are not mad… (Eu sei que fui louco, eu sempre fui louco, como a maioria de nós… muito difícil de explicar porque você está com raiva, mesmo se você não é louco…)

On The Run
Live for today, gone tomorrow, that’s me! (Vive pra hoje, se vai amanhã, esse sou eu!)

Great Gig In The Sky 
I never said I was frightened of dying. (Eu nunca disse que estava com medo de morrer.)

Us And Them
I haven’t had a good thump in years, absolutely years. (Eu não tive um bom baque em anos, absolutamente em anos.)
I don’t know! I was really drunk at the time. (Eu não sei! Eu estava muito bêbado na hora.)

Brain Damage
I can’t think of anything to say except… ahahahahahaha! I think it’s marvellous! (Eu não consigo pensar em nada, exceto… ahahahahahaha! Eu acho maravilhoso!)

Eclipse
There is no dark side of the moon, really… as a matter of fact it’s all dark.
(Não há lado escuro da lua, na verdade… ela é toda escura.) – última frase do disco quase inaudível.

The Dark Side of The Moon vendeu mais de quinze milhões de cópias, considerado o terceiro álbum mais vendido do mundo.



Há uma lenda que o disco teria um sincronismo com o filme o Mágico de Oz. Tocando o disco após o terceiro rugido do leão da MGM, a sincronia entre filme e álbum será incrivelmente quase perfeita. A sincronia vai desde as melodias – que se encaixam muito bem nas cenas, parecendo trilha sonora – até frases que combinam com o que está acontecendo no filme. Eis alguns trechosNum especial para a MTV em 2002, os membros da banda afirmam que não poderiam planejar isto, mesmo por que não era possível reproduzir o filme no estúdio. 

Embarquem nessa viagem


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