quinta-feira, 29 de novembro de 2018

JEAN MICHEL JARRÉ



Jean-Michel André Jarre é um instrumentista, compositor e produtor musical, nascido em Lyon, na França, no dia 24 de agosto de 1948, filho de Francette Pejot, uma sobrevivente de campo de concentração e ativista da Resistência Francesa do famoso compositor de trilhas sonoras Maurice Jarre.

Jean Michel, Maurice e Jane
Considerado como um pioneiro da new age, música eletrônica e música ambiente.  Também é reconhecido como um organizador de fabulosos espetáculos ao ar livre, que combinam luzes, laser e fogos de artifício, combinados com imagens projetadas na arquitetura existente no local do espetáculo.

Aos cinco anos de idade seus pais se separaram e Jarre foi criado em Lyon por sua mãe e avós, ele só reencontrou seu pai aos 18 anos.

Nos seus primeiros oito anos de vida, Jean Michel passava seis meses por ano no apartamento de seus avós maternos no Cours de Verdun, no distrito de Perrache, em Lyon, dali pôde observar os artistas de rua trabalhando, uma experiência que ele citou como influente em sua arte. 

Seu avô era oboísta, engenheiro e inventor, projetando um antigo mixer de áudio usado na Radio Lyon. Foi ele que o presenteou com seu primeiro gravador.

Foi ainda na infância que teve suas primeiras aulas de piano, foram verdadeiras batalhas seus estudos de piano clássico. 

Archie Shepp, John Coltrane, Chet Baker e Don Cherry

Ele frequentemente acompanhava sua mãe no Le Chat Qui Pêche, o clube de jazz de Paris de um amigo, onde os saxofonistas Archie Shepp e John Coltrane e os trompetistas Don Cherry e Chet Baker eram músicos regulares.


Pierre Soulages
Essas primeiras experiências de jazz sugeriram a ele que a música pode ser "descritiva, sem letras". Ele também foi influenciado pela obra do artista francês Pierre Soulages, cuja exposição foi no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris. As pinturas de Soulages usavam múltiplas camadas texturizadas, e Jarre percebeu que "pela primeira vez na música, você poderia atuar como um pintor com freqüências e sons".
Jeannine Rueff
Enquanto estudava no Lycée Michelet, sua mãe arranjou para ele ter aulas de harmonia, contraponto e fuga com Jeannine Rueff, do Conservatório de Paris.

Cena do filme Des Garçons et des Filles 

Em 1967, tocou guitarra numa banda chamada The Dustbins, que faz uma aparição no filme Des garçons et des filles. Mixou instrumentos, incluindo a guitarra e uma flauta, com efeitos gravados e outros sons. 

Jean Michel no filme
Outras experimentações se seguiram em 1968, quando ele começou a usar fitas gravadas, rádios e outros dispositivos eletrônicos, então juntou-se ao Groupe de Recherches Musicales (GRM) em 1969, de Pierre Schaeffer, um pioneiro da música concreta.
Pierre Schaeffer
Jarre foi apresentado ao sintetizador modular Moog e passou um tempo trabalhando no estúdio do influente compositor alemão Karlheinz Stockhausen em Colônia.

Stockhausen
Em 1970 trouxe a público o seu primeiro single La Cage/Erosmachine, repleto de experimentalismos musicais. 

Há uma lenda que o compositor teria gravado todo o material às escondidas, durante à noite, nos estúdios da GRM, utilizando o que havia à mão para criar os efeitos, inclusive uma máquina de escrever.

O álbum Oxygène, que foi gravado num estúdio improvisado em sua residência e é lançado pela Disques Dreyfus em 1976, foi o seu primeiro grande sucesso, alcançando cerca de 12 milhões de cópias vendidas em todo mundo.

É escolhido pela revista americana "People", em 1977 como uma das personalidades do ano, feito notável para um artista francês que tinha acabado de lançar o seu primeiro álbum.

Oxygene apresenta em sua capa, o planeta Terra desfazendo-se, com um crânio por dentro, do álbum destacam-se os famosos singles Oxygene II e Oxygene IV, sendo o primeiro adaptado em vários anúncios comerciais, e o segundo alvo de variadíssimas covers e do seu primeiro video-clip, em que numa das versões mostra inúmeros pinguins andando no gelo.


Um ano após o lançamento do álbum Equinoxe, e em 1979, Jarre apresentou-se para um público de mais de um milhão de pessoas, na Praça da Concórdia, em Paris, França, um recorde que ele mesmo quebrou três vezes. Mais álbuns seguiram-se, e seu show de 1979 serviu como modelo para suas atuações futuras em todo o mundo.

Ele foi o primeiro músico ocidental a ser autorizado a realizar um show na República Popular da China, e detém o recorde mundial para a maior público num evento ao ar livre. Que foi registrado em seu álbum duplo ao vivo de 1982 - The Concerts In China.

Um grupo de pintores e escultores franceses realizaria uma exposição sobre supermercados em 1983, e convidaram o músico para compor a base musical da exposição. De pronto o convite foi aceito e compôs 30 minutos de música para a exposição. A obra demandou três meses de trabalho. 

Nesse período, ele comparou seu futuro álbum com uma pintura ou escultura, com isto em mente, decidiu que seria algo único e então produziu apenas uma cópia do disco, que foi posto leiloado após a exposição ocorrida no Hotel Drout em 6 de Julho de 1983, o álbum foi vendido por 69.000 Franco Franceses, tornando-se o álbum mais caro vendido na França. 

O dinheiro arrecadado foi doado aos artistas responsáveis pela exposição, e no mesmo dia o álbum foi tocado integralmente pela única vez na Radio Luxemburgo e o próprio Jarre autorizou que os ouvintes gravassem em fitas as músicas do álbum.

Embora o álbum seja único, algumas partes de seu conteúdo foram aproveitadas em futuros trabalhos de Jarre como Rendez-Vous e Zoolook.

Ronald McNair
Em 1986 ele trabalhou num projeto conjunto com a NASA, onde o astronauta Ronald McNair tocaria um solo de saxofone da música Rendez-Vous VI enquanto estivesse em órbita a bordo do Challenger, e os seus batimentos cardíacos seriam usados como amostras de som na música. 

Seria a primeira música gravada do espaço, e seria incluída no álbum Rendez-Vous. Entretanto ocorreu a tragédia com a espaçonave Challenger, no dia 28 de Janeiro de 1986. 

Assim a música foi gravada com outro saxofonista, recebeu o nome de Last Rendez-Vous - Ron's Piece e tanto a música, como o álbum foram dedicados aos astronautas mortos no acidente naquele terrível acidente.

Na frente:
Michael Smith, Francis Scobee, Ronald McNair.
Atrás:
Ellison Onizuka, Christa McAuliffe, Gregory Jarvis, Judith Resnik.

Em 1990, Jarre lançou En Attendant Cousteau (Esperando Cousteau), inspirado pelo oceanógrafo francês Jacques-Yves Cousteau. 
No Dia da Bastilha de 1990, ele realizou um concerto em La Défense, em Paris, assistido por um público recorde de cerca de dois milhões de pessoas, novamente batendo seu recorde mundial anterior. 
Mais tarde, ele promoveu um concerto perto das Pirâmides de Teotihuacan, no México, a ser realizado durante o eclipse solar de 11 de julho de 1991.

Jarre lançou seu primeiro álbum vocal, Métamorphoses, em 2000. Ele foi mixado em uma versão inicial do Pro Tools, uma estação de trabalho de áudio digital projetada para gravar, editar e reproduzir áudio digital. 

Os efeitos sonoros usados incluem a interferência de rádio de telefones celulares e o Macintalk, um programa do Macintosh usado para gerar letras de músicas na faixa "Love, Love, Love". 

Participaram do álbum Laurie Anderson, que também apareceu no Zoolook, Natacha Atlas e Sharon Corr.
Laurie Anderson, Natacha Atlas & Sharon Corr
Jean Michel Jarre é um Embaixador da Boa Vontade da UNESCO, dedicado à causa da cultura, informação e liberdade.

Embora tenha permanecido distante de seu pai, após a morte de Maurice em 2009, Jarre prestou homenagem ao seu legado. Jarre disse sobre seu pai:

"Meu pai e eu nunca realmente conseguimos um relacionamento real. Nós provavelmente nos vimos 20 ou 25 vezes em nossa vida. 
Quando você é capaz, na minha idade, de contar as vezes que viu seu pai, isso diz alguma coisa... Eu acho que é melhor ter conflito, ou, se você tem um pai que morre, você fica triste, mas o sentimento de ausência é muito difícil de preencher, e levei um tempo para absorver isso".


Pouco mais de um ano, após perder seu pai, Jean Michel Jarre teve outra perda lamentável, sua mãe, Francette Pejot (também conhecida como France), faleceu aos 96 anos de idade, no dia 21 de Abril de 2010.

Um pouco de sua obra

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

MOLINO



Francesco Molino, músico, compositor e professor, nascido ao norte da Itália, em Ivrea, uma comuna italiana da região do Piemonte, na Província de Turim, no dia 4 de junho de 1768 filho de Giuseppe Ignazio que também era músico, um oboísta a serviço da banda de tropas piemontesa.

Francesco seguiu seu pai na escolha de uma carreira militar, com a idade de 15 anos, ele se juntou ao Regimento Piemontês como voluntário, assim, também aprendendo o instrumento de seu pai, o oboé. Ali se familiarizou com os rudimentos da música. 

Aprendeu a tocar viola e com 18 anos, fazia parte como violista na orquestra do Teatro Real de Turim.

Em 1817 publicou dois métodos de violão.

Em 1818, Francesco Molino foi para Paris, onde se apresentou como um músico de cordas, no entanto, ele estava adentrando ao mundo do violão. Ferdinando Carulli e outros construíram uma considerável cultura de tocar violão na capital francesa e foi nessa tradição estabelecida que Molino começou a trabalhar.

Ele construiu uma carreira de sucesso para si mesmo, contando com seus alunos de violão membros dos estratos mais altos da sociedade parisiense, e atraindo a admiração de outros como a duquesa de Berry, que também foi sua aluna.

A maior parte de suas composições de violão foi publicada durante este período em Paris de 1820 a 1835. 

O violão sofreu um declínio na popularidade por volta de 1840, e isso se reflete no fato de que as composições posteriores de Molino foram para violino. 

Ele morreu em Paris em 1847.

No total, Molino escreveu sessenta obras para violão. Seu método estabeleceu novos conceitos na técnica de violão e alcançou um sucesso substancial.

Dentre as peças mencionáveis incluem sua Sonata Brilhante Sonata, op. 51; uma série de trios de câmara e noturnos para dueto de violão e flauta; e seu Concerto para Violão e Orquestra op. 56.

Rodolphe Kreutzer
O seu segundo concerto para Violino e Orquestra, Op. 25 foi dedicado a Rodolphe Kreutzer, um violinista virtuoso com quem Molino teve uma profunda amizade.

Houve alguma discordância entre os vários professores de violão quanto à correção das técnicas utilizadas.

Em particular, Fernando Carulli e Molino abordaram o uso do polegar da mão esquerda de maneira diferente. Carulli defendeu o uso do polegar para tocar notas graves dizendo:

"Em alguns métodos, os autores absolutamente proíbem os alunos de fazer uso do polegar da mão esquerda, do lado oposto aos outros dedos, na sexta corda e às vezes na quinta. Como a música é mais agradável quando é mais rica com harmonia, 4 dedos não são suficientes para a sua execução e, ao mesmo tempo, uma melodia exige suas notas graves em casas diferentes, portanto, deve-se usar o polegar, portanto, convido todos aqueles que desejam tocar com maior facilidade, use-o."

Enquanto Molino afirmou que todas as possibilidades musicais estão "à mão" sem o uso do polegar da mão esquerda:

"Eu aconselho os alunos a nunca usarem o polegar da mão esquerda porque é possível produzir no violão toda a harmonia de que ele é capaz, sem usar o polegar, porque para usá-lo, é necessário perturbar completamente a posição da mão. Além disso, o uso do polegar é muito desconfortável para quem tem mãos pequenas, considere a música do Sr. Sor, tão cheia de harmonia que pode ser tomada para a música de piano, e ao mesmo tempo ele a executa sem o uso do polegar."

O famoso Charles de Marescot caricaturou essa diferença de opinião em seu livro La Guitaromanie, no qual aparece uma imagem hilária que descreve uma "discussão" entre os apoiadores dos dois campos de ensino. 

Os guitarristas estão acostumados a ter uma troca acalorada, usando suas guitarras Lacote para superar as opiniões de seus oponentes da maneira mais vigorosa!


A imagem é rotulada "Uma discussão entre os carolinistas e os molinistas"! .

Conheça um pouco de sua obra

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

BUXTEHUDE



Compositor e organista teuto-dinamarquês do período barroco nascido provavelmente em Helsingborg, 1637, na época pertencente à Dinamarca.
Igreja St. Olaf

Buxtehude era de ascendência alemã e é considerado um dos representantes mais importantes do período barroco alemão. 
Placa comemorativa em Helsingør
Seu nome original era Diderich Buxtehude, filho de Hans Jensen Buxtehude e Helle Jespersdatter, seu pai foi organista na Igreja de Saint Olaf e professor em Bad Oldesloe, mudou-se para Hälsingburg, na Suécia, quando Buxtehude tinha um ano de idade.

Seu pai, também seu único professor de música por toda a vida, depois mudou-se para Helsingor, na Dinamarca, onde morreu em 1674. Esta foi a cidade na qual Buxtehude cursou a Lateinschule.

Igreja St Maria em Lubeck
Buxtehude assumiu a função do pai, de organista na igreja em Hälsingburg em 1658 e, em 1660, foi para Helsingor, e, posteriormente, para Lübeck, na Alemanha, onde foi nomeado Werkmeister (gerente geral) e organista da Marienkirche em 11 de abril de 1668, após concorrido concurso para um dos cargos mais cobiçados do norte do país.

Placa de terracota
para os organistas
Franz Tunder
 e Dietrich
Buxtehude
Casou, em agosto daquele ano, com Anna Margarethe Tunder, filha de Franz Tunder, seu antecessor nesta igreja. Esse era o costume da época, no qual o sucessor do organista da igreja deveria se casar com a filha do seu antecessor. 

A partir daí, e nos 40 anos seguintes, Buxtehude entraria na parte mais prolífica de sua carreira, principalmente considerando que sua obra era praticamente nula até então.

Buxtehude ganhou prestígio com a retomada da tradição dos Abendmusik, que eram saraus vespertinos organizados na igreja, idealizados por seu antecessor inicialmente apenas como entretenimento para os homens de negócios da cidade, previstos para ocorrerem em cinco domingos por ano, precedendo o Natal. 

Mas Buxtehude ampliou grandemente o escopo destes saraus e para eles compôs algumas de suas melhores obras, em forma de cantata, das quais se preservam cerca de 120 em manuscrito, com textos retirados da Bíblia, dos corais da tradição Protestante e mesmo da poesia secular. Também se dedicou a outros gêneros, como solos para órgão (variações corais, canzonas, toccatas, prelúdios e fugas) e os concertos sacros. Todos os oratórios se perderam, mas guardam-se os registros de que existiram.
Handel
Mattheson
Em diversas ocasiões, foi visitado por compositores promissores da época, como Georg Friedrich Händel e Johann Mattheson, que o procuravam principalmente quanto à sua fama de organista. 
De todas as visitas, a mais notável foi a de Johann Sebastian Bach, grande admirador de sua obra, que viajou cerca de 320 quilômetros para ouvir Buxtehude. 

Bach prorrogou a estada inicialmente planejada de quatro semanas para quatro meses.
Johann Sebastian Bach (jovem)
Em 1703, após 35 anos de serviço, Buxtehude teve a oportunidade de se aposentar precocemente, seguindo um grande interesse em seu cargo por dois famosos organistas, Georg Frederic Handel e Johann Matheson. 

Entretanto a tradição, conforme relatado, obrigava o pretende ao cargo a casar-se com a filha mais nova de Buxtehude, Anna Margareta, que era pouco atraente, afastando o pretendente à nomeação, uma vez que ninguém aceitava a ideia de contrair matrimônio com ela.

Assim sendo, Dietrich Buxtehude permaneceu organista em St. Mary’s até sua morte. A filha que ele deixara para assustar os aspirantes a candidatos não se demorou muito. O antigo assistente de Buxtehude, um certo JC Schieferdecker, que é famoso por nada mais, casou com ela. Sua ação ficou conhecida na época como “erhielt den schönen Dienst” (o belo trabalho)!

Buxtehude, a despeito da importância para a música alemã e de sua origem também alemã (a família era de Buxtehude, uma cidade a sudoeste de Hamburgo), sempre se considerou dinamarquês.

Dietrich Buxtehude faleceu a 7 de maio de 1707, em Lübeck, na Alemanha.

Buxtehude compôs perto de 100 peças para igreja, entre as quais se contam diversas cantatas, vinte sonatas para cordas e diversas obras para órgão e cravo, muito poucas delas foram incluídas nas importantes coleções de manuscritos alemães do período. Só no século XX foram organizadas edições de suas obras. As composições para órgão, consideradas o ápice de sua arte revelam imaginação estranha e sombria, bem como virtuosismo.

Em sua obra destacam-se o oratório Das jüngste Gericht, as cantatas Also hat Gott geliebt e Gottes Stadt, a Missa brevis em cinco vozes e a sonata para viola de gamba e baixo contínuo.