Marin Marais é considerado figura maior do barroco francês e de toda a história da música, compositor e exímio intérprete de viola da gamba, autor de música sublime e inovadora.
Igreja de Saint-Médard |
Titon du Tillet |
Nascido em Paris, numa família modesta, filho de Vincent Marais, um fabricante de sapatos e Catherine Bellanger, foi batizado na igreja parisiense de Saint-Médard a 31 de Maio de 1656.
De acordo com seu biógrafo Titon du Tillet, a cerimônia ocorreu no próprio dia do seu nascimento.
Aos 11 anos de idade em 1.667, ingressou no coral da Saint Germain l’ Auxerrois, onde conheceu Jean-François Lalouette.
Ali começou a estudar viola de gamba com Hottemann, cinco anos mais tarde, deixou a instituição numa tentativa de se aperfeiçoar no instrumento com Monsenhor de Sainte-Colombe. Foram seis meses de aprendizado, no final dos quais o mestre teria dito não ter mais o que ensinar ao jovem músico.
Jean François Lalouette |
Jean Baptiste Lully |
Tempos depois ingressou na orquestra da Academia Real de Música que era dirigida por Jean-Baptiste Lully, por influência de seu amigo Lalouette que já fazia parte daquela orquestra.
Com Lully estudou composição, orientando o jovem, particularmente no estilo dramático.
Em 1676 casa-se com Catherine Darnicourt, o casal teve dezenove filhos, poucos chegaram a idade adulta, os que chegaram em sua maioria dedicaram-se à música.
No mesmo ano foi contratado como músico do Palácio de Versailles, onde obteve bastante sucesso.
Três anos mais tarde foi indicado ao Ordinaire de la Chambre du Roy pour la Viole (Músico permanente da câmara do rei para a viola), função que manteve até 1725.
Concomitantemente à função no Palácio, entrou na Orquestra da Ópera de Paris, destacando-se como virtuose da gamba, reconhecido por sua técnica e sonoridade, bem como compositor.
Marin escreveu quatro óperas, mas o que o tornou conhecido foi sua música instrumental, como Sonnerie de Ste. Geneviève du Mont-de-Paris peça extraída de La Gamme, para dois violinos e baixo contínuo escrita em 1723, dentre outras peças.
Suas primeiras peças para Viola de Gamba foram escritas em 1.685.
Jean Galbert de Campistron |
Em parceira com Louis Lully (filho mais velho de seu mestre) escreve Alcide, também conhecida como O Triunfo de Hércules, com libreto de Jean Galbert de Campistron que, apresentado em 1.693, obteve grande sucesso.
Madame de Maintenon |
Com outros músicos da corte Marin Marais apresenta-se para vários nobres, além de Luís XIV, como o Duque da Borgonha, Françoise de Rochechouart (Madame de Montespam), Françoise d’Aubigné (Madame de Maintenon), entre outros.
A coletânea Peças em Trio para flautas, violinos e viola, de 1.689, apresenta o repertório utilizado pelo compositor para esses concertos na corte.
Hyacinthe Rigaud Louis de France |
Em 1696 compõe a Ópera Ariane et Bacchus.
Em 1701, Marais foi chamado para dirigir uma grande cerimônia em prol da cura do Delfim Hyacinthe Rigaud, (título do herdeiro da coroa durante as dinastias de Valois e Bourbon) reunindo 250 músicos e cantores, durante a qual foram interpretados, entre outros, dois de seus motetos: Domine salvum fac regem ("Ó Senhor, salvai o rei") e outro cujo nome não ficou registrado.
Por volta de 1704, foi designado como Maestro permanente da Ópera.
Escreveu a tragédia musical Alcyone (representada em 1706), que se transformou em seu maior êxito, destacando-se pela riqueza das suas seções instrumentais, que circularam pela Europa, agrupadas em Suítes.
A famosa cena da Tempestade, que descreve a fúria do mar e os rugidos do vento que destroem o navio do rei Ceix, demonstra a fecunda imaginação pictórica de Marais.
Luis XIV |
Conta-se que Luís XIV, o Rei Sol, gostava tanto desta peça que pedia aos seus músicos para a repetirem até à exaustão.
Sua última obra lírica foi Sémélé, um retumbante fracasso.
Louis de Caix d' Hervelois |
Antoine Forqueray |
Começa também a perder espaço para jovens violistas como Louis de Caix d’Hervelois e Antoine Forqueray.
Solicita e é atendido para que seu filho mais velho, Vincent, assumisse o seu posto de violista na Corte Real, entretanto segue tocando até a morte de Luís XIV.
Marais abandona a vida pública a partir de 1.709, porém segue lecionando e praticando seu instrumento, vivendo com alguma tranquilidade.
Veio a falecer no dia 15 de Agosto de 1.728, pouco mais de um ano após a morte de sua filha mais velha, em 04 de Agosto de 1.727.
Alain Corneau |
As obras que consagraram à viola da gamba foram publicadas em cinco coleções entre 1686 e 1725, compreendendo mais de 550 peças para uma, duas e três violas e baixo contínuo. São obras de grande diversidade e extremamente idiomáticas para o instrumento.
Publicou também coleções de peças para música de câmara (em 1692 e 1723), com os primeiros exemplares de Trio Sonata da França.
Em 1991 é lançado o filme de Alain Corneau, Tous les Matins du Monde (Todas as Manhãs do Mundo), com a participação musical de Jordi Savall, que encarregou-se de divulgar Marais a um público mais vasto, com Gerard Depardieu e seu filho Guillaume Depardieu interpretam Marais.
Trailler do filme
Les Couplets De Folies (Livre De Pièces De Viole) foi tocada no funeral de Umberto Eco em Milão 23 de fevereiro de 2016.
Umberto Eco |
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