Alto: Moses Centro: Abraham e Lea Abaixo: Fanny |
Em 1816, o pai viajou para Paris
juntamente com os filhos. Na capital francesa, os dois receberam aulas de piano
com Marie Bigot de Morogues, grande pianista da época.
Alto: Marie Bigot de Morogues - Terêncio - Carl Friedich Zelter Abaixo: Johann Sebastian Bach - Goethe - Hegel |
Em 1818, aos nove anos de idade, Jakob,
publicou uma tradução de Andria, obra clássica de Terêncio, célebre
poeta da Roma antiga e fez sua primeira apresentação em público, em Berlim,
começando sua carreira como instrumentista, maestro e compositor.
Aos dez anos,
em 1819, teve com professor Carl Friedich Zelter aulas de composição e foi o
responsável por apresentar-lhe a obra de Johann Sebastian Bach.
Aos 12 anos, tocou especialmente
para o poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe, e apesar da enorme diferença de
idade - Goethe então tinha 72 anos, tornaram-se grandes amigos.
Mais tarde,
na Universidade de Berlim, seria aluno do filósofo Georg Friedrich Hegel, ao
mesmo tempo em que estudava desenho e pintura na Escola de Belas Artes.
Com apenas 17
anos, compôs uma obra-prima: a abertura para Sonho de uma noite de verão
(A Midsummer Night's Dream), baseada na obra de William Shakespeare.
Um ano antes, compusera um octeto
para cordas. Aos 20 anos, já havia composto uma boa quantidade de cantatas,
sinfonias, óperas, quartetos e concertos. Mendelssohn era considerado um novo
gênio da música.
Quando
completou integralmente seus estudos acadêmicos, Mendelssohn recebeu a
permissão do pai, para, enfim, dedicar-se em tempo integral à música, sua maior
paixão. Também com a devida autorização e o financiamento paterno, empreendeu
uma série de longas viagens pela Europa, com o objetivo de ampliar ainda mais
seu universo cultural e musical. Esteve na Inglaterra, Irlanda, Áustria, Itália
e França. Pelo caminho, fez amizades com vários compositores, a exemplo de Fryderyk Franciszek Chopin, Franz Liszt e Louis Hector Berlioz
Fryderyk Franciszek Chopin - Franz Liszt - Louis Hector Berlioz |
Heinrich Heine e Mozart a quem comparava o talento de Mendelssohn |
Ao
conhecê-lo, Berlioz escreveu: "O que ouvi dele me entusiasmou, estou
fortemente convencido de que é um dos maiores talentos musicais de nosso tempo
e é também uma dessas almas cândidas que raras vezes encontramos". Já o
poeta Heinrich Heine o trataria como um "segundo Mozart":
"Excetuando-se o jovem Mendelssohn, que é um segundo Mozart --e sobre isso
todos os músicos estão de acordo-- não conheço nenhum outro músico genial em
Berlim", disse Heine.
Além do
mérito de sua própria obra, Mendelssohn também foi responsável pela
redescoberta de outro gênio da música universal.
Trecho da partitura da Paixão Segundo São Matheus |
No Natal de
1823, ganhou de sua tia-avó, Sara Levy, a partitura completa da Paixão
segundo São Mateus, de Bach. Mendelssohn estudou-a nos mínimos detalhes e,
depois de cinco anos, e após convencer músicos e cantores a participarem,
apresentou a obra em Berlim, no dia 11 de março de 1829. A Paixão segundo
São Mateus era apresentada na íntegra, pela primeira vez após a morte de
Bach, ocorrida 79 anos antes. O público recebeu-a com entusiasmo. A partir daí,
Bach retornava para o público e as audições de suas obras se multiplicariam com
o tempo. Nos anos seguintes, Mendelssohn divulgou outras partituras do
compositor, durante suas viagens, à frente de várias orquestras.
Estas experiências fizeram crescer
em seu coração uma vontade imensa de trazer para a linguagem musical as
histórias de personagens bíblicos. Mendelssohn já havia composto “Paulus” que
teve sua primeira apresentação em Dusseldorf (Alemanha) em 1836, e planejou
compor uma obra sobre o apóstolo Pedro para acompanhar o primeiro. Porém a
diversidade, o drama e a grandiosidade dos acontecimentos da vida de Elias o
tocaram profundamente. Estas características são transmitidas musicalmente por
toda a obra de forma magistral. Desde sua premiére, no dia 26 de agosto de
1846, na cidade de Birmingham (Inglaterra), o “Elias” tomou o vulto de uma das
mais ricas e dramáticas obras musicais da forma de Oratório, tendo sua
popularidade superada somente pelo Messias de Handel
O amor de
Mendelssohn pela música barroca de Bach levaria o amigo Berlioz a comentar:
"O único defeito de Mendelssohn é que ele ama demasiadamente os
mortos".
Mendelssohn
era também admirador de Handel, de quem recebeu notória influência. Além disso,
foi um dos primeiros músicos a valorizar os últimos quartetos de cordas
compostos por Beethoven, composições consideradas um tanto quanto herméticas
naquele tempo.
Georg Friedrich Händel - o logo da Orquestra Gewandhaus - Ludwig Van Beethoven |
Em
1835 assumiu a regência da orquestra Gewandhaus, de Leipzig. Sob sua
direção, esta sociedade musical teve seus melhores momentos e tornou-se um
verdadeiro centro musical da época, com a mais importante orquestra de toda a
Europa.
Cécile Jeanrenaud - Robert Alexander Schuman |
Em 1837,
Mendelssohn casou-se com Cécile Jeanrenaud, filha de um clérigo da igreja
francesa, com quem teve cinco filhos. Mendelssohn continuava a trabalhar
incansavelmente, divulgando as obras dos contemporâneos, compondo, regendo,
lecionando, dando recitais de piano e difundindo os autores do passado (Bach, Haendel e Mozart). Em 1843, fundou o prestigioso
Conservatório de Música de Leipzig, onde junto com outros mestres, como Robert
Schumman, dava aulas de composição e piano. Tudo isso começa a minar sua saúde,
as inúmeras tarefas e as viagens constantes causam-lhe intensa fadiga e dores
de cabeça.
Em 14 de maio
de 1847, sua irmã morre subitamente. O compositor estava em Frankfurt,
regressando da nona viagem à Inglaterra, quando recebe a notícia, desmaiando e
sofrendo uma trombose cerebral. Consegue se recuperar, mas deixa de ser o jovem
forte e cheio de vitalidade; tomado por violentas crises nervosas, passa uma
temporada de repouso na Suíça. O tratamento não deu muito resultado. De volta a
Leipzig, pede demissão de seu cargo de diretor Conservatório de Música. Em 04
de novembro de 1847, com apenas 38 anos, morreu em meio a um ataque de
apoplexia (perda temporária da função cerebral).
Um eclético. Além de compositor,
ele era também pintor, escritor, esportista --praticava natação, esgrima e
equitação- e, segundo consta, era exímio dançarino. Homem refinado, poliglota,
membro de uma rica família de banqueiros e intelectuais judeus convertida ao
cristianismo.
Foi idolatrado como gênio por
seus contemporâneos germânicos. Sua música, porém, foi banida do país durante o
nazismo, devido às suas origens judaicas.
Talvez não haja na história da música um compositor
tão leve e pitoresco como Mendelssohn. Dotado de uma elegância singular, foi
sempre um músico meticuloso, pianista vibrante e um maestro audaz. Seu perfil
musical contrasta com o romantismo da época em que viveu. Mendelssohn é mais
sentimento que paixão. São melodias límpidas e plenas do sentimento da
natureza. Todas estas particularidades da personalidade do compositor
encontraram suas bases na sua infância e no seu posterior desenvolvimento.
A sua popularidade se deve exatamente ao fato de que
Mendelssohn foi um músico cujas características técnicas eram essencialmente
clássicas, mas com um profundo sentimento romântico; uma mistura cujo produto
final era sempre o bom gosto e a sutileza.
Grande viajante, teve a alma aberta ao folclore, à
natureza e aos costumes dos países que visitou. E sua música realmente reflete
isso.
Diversos autores o relacionam entre os maçons famosos
da Alemanha.
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