terça-feira, 26 de agosto de 2014

CONCERTO DE ARANJUEZ - J.RODRIGO

CONCERTO DE ARANJUEZ

Com a deflagração da Guerra Civil Espanhola em Julho de 1936, o compositor Joaquin Rodrigo passou a viver como nômade, estando ora em uma cidade ou país, ora em outro. Na primavera de 1938, em Paris, num encontro, com o violonista Regino Sainz de la Maza e o Marques de Bolarque, foi lhe sugerido a que compusesse um concerto para violão, algo inédito até então. Nascia ali a semente de seu trabalho mais reconhecido no mundo todo - o Concerto de Aranjuez!
Joaquin Rodrigo                           Regino Sainz de la Maza
Com o término da Guerra Civil em Abril de 1939, em setembro do mesmo ano, o casal, Joaquin Rodrigo e Victoria Kamhi, retornou a Madrid e na bagagem trazia o manuscrito completo do Concerto de Aranjuez. Totalmente escrito em Paris, longe da tensa situação política vivida na Espanha, com o cruel conflito e na iminência da Segunda Grande Guerra Mundial, foi neste contexto que nasceu esta linda obra.
O Concerto de Aranjuez é uma composição musical para violão clássico e orquestra. Poucas vezes o som do violão se entrelaça com música produzida por toda a orquestra, os solos do instrumento se destacam em todos os momentos. A intenção da obra era descrever os jardins do Palácio Real de Aranjuez, a residência de verão do Rei Felipe II na segunda metade do século XVI, e reconstruído em meados do século XVIII por Fernando VI. A beleza de seus jardins é indescritível. Dividido em três movimentos: Allegro con spirito, Adagio e Allegro gentile.
Allegro con spirito, o primeiro movimento, tem como base um fandango. Um tema para o violão. A orquestra com o violão contrastando com os outros instrumentos como - violoncelo, clarinete, oboé e flauta.
O Adagio, o mais conhecido dos três, tem ritmo lento e melodia calma, um suave acompanhamento de violão e cordas. Há diálogo entre o corne inglês e o violão. Existe um crescendo na melodia com o acompanhamento dos instrumentos de sopro, mas gradualmente relaxando para a melodia com arpejos de calma do violão. O adagio é lírico, baseado nas melodias cantadas na Semana Santa.
Guernica bombardeada
Rodrigo e Victoria mantiveram silêncio por muitos anos sobre as fontes do segundo movimento, suspeitava-se que houvesse sido sugerido pelo bombardeio de Guernica, em 1937. Entretanto em sua autobiografia, Victoria afirma que é trata-se de uma lembrança dos dias felizes da lua de mel, e também uma resposta à tristeza pela perda do primeiro filho do casal.
Terceiro e último movimento - Allegro gentile, um único tema repetido várias vezes pelo violão e com orquestração. O Concerto termina romântico.
O título da obra remete ao nacionalismo espanhol do compositor. Aranjuez é uma cidade na Nova Castela, ao sul de Madrid, conhecida pela imponência de seu castelo, erguido no século XVIII. Rodrigo dizia ser a obra uma visita "aos tempos passados, à beleza dos jardins de Aranjuez, suas fontes, árvores e pássaros". O Concerto de Aranjuez representa, na verdade, a vitória do espírito sobre o corpo.
Na estreia em Nove de Novembro de 1940, o solista foi Regino Sainz de la Maza, aquele que sugeriu a composição, acompanhado pela Orquestra Filarmônica de Barcelona, regida por César Mensoza Lasalle, no "Palau de la Musica Catalana", em Barcelona, sendo o primeiro concerto de violão e orquestra da História da Música.
Até a sua estreia, não havia uma obra que apresentasse um violão como instrumento solista. Entretanto a sua execução é uma das maiores dificuldades, pois o concerto foi escrito ao piano, obrigando o intérprete a um virtuosismo sem igual.
Rodrigo tentou inspirar os intérpretes do Concerto: "Eu queria indicar uma época específica, o final do século XVIII e o dos século XIX, as cortes de Carlos IV e Fernando VII, uma atmosfera de majas, toureiros, e sons espanhóis regressos da América."
Estreou em Madrid apenas no dia 12 de fevereiro de 1941, no Teatro Espanhol de Madrid, sobre a direção de Jesús Arámbarri, também com Regino Sainz de la Maza como solista. Posteriormente seria publicada pela Literaria Sociedad General de Autores de España, em 1949.
Em 1991 Paco de Lucia gravou Concerto de Aranjuez com a Orquestra de Cadaqués. Rodrigo esteve presente nas gravações, e teria dito que nunca ninguém tinha tocado a sua peça com tanta paixão e intensidade como Paco de Lucia.
O Concerto teve até hoje mais de 50 gravações e a mais vendida é a do violonista Paco de Lucía. Foi até levado para a Lua, em 1969, para inspirar o astronauta americano Neil Armstrong.
Esta obra musical colocou o violão como instrumento clássico, até então considerado como folclórico. É também considerada a música espanhola mais interpretada em todo o mundo, e, em particular, o seu adagio.

No link abaixo, pode-se acessar várias versões da obra:
https://drive.google.com/drive/folders/0B9F356bpnhA-NWRMWVNmei1keFE?resourcekey=0-_lxBs0tExU-CPaDQhKXs9g&usp=sharing

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