Compositor, organista e
ornitologista francês, autor de vasta produção, que se estende pela música para
órgão, piano, de câmara, vocal (com ou sem instrumentos), concertante, sinfônica,
coral-sinfônico e uma ópera: São Francisco de Assis.
Olivier Eugène Prosper
Charles Messiaen nascido no dia 10 de Dezembro de 1908 em Avignon, no sul da França.
Foi primeiro filho de Pierre Messiaen (1883-1957), um professor de inglês que
traduziu as peças de Shakeaspeare para o francês e Cécile Sauvage (1883-1927),
uma poetisa que publicou uma sequência de poemas, L'âme bourgeon en ("A
Alma de brotamento"), o último capítulo de Tandis que la terre tourne
("À medida que as voltas da Terra"), que trata o nascimento de seu
filho.
O casal e Olivier aos dois anos. |
Seu pai foi convocado como
soldado durante a Primeira Guerra Mundial. Cécile Sauvage muda-se para Grenoble
onde Olivier passa uma parte importante da sua infância.
Grenoble fica situada
perto das montanhas as quais irão marcar intensamente Messiaen.
Foram estas montanhas em particular, que Messiaen teve em mente em diversas obras, nomeadamente em ‘Montagnes’, terceiro andamento do ciclo vocal Harawi (1945), ou em ‘Les Mains de l’abîme’ do Livre d’Orgue (1951), ou ainda ‘Chocard des Alpes’ da obra Catalogue d’Oiseaux (1956-58).
Grenoble |
Foram estas montanhas em particular, que Messiaen teve em mente em diversas obras, nomeadamente em ‘Montagnes’, terceiro andamento do ciclo vocal Harawi (1945), ou em ‘Les Mains de l’abîme’ do Livre d’Orgue (1951), ou ainda ‘Chocard des Alpes’ da obra Catalogue d’Oiseaux (1956-58).
Foi nessa época que Olivier
adquire uma fé católica inabalável.
Ravel e Debussy |
Em 1918, seu pai voltou da
guerra, a família muda-se para Nantes. O jovem Olivier continua com as aulas de
música. Recebeu as primeiras aulas de piano com os professores Véron e Gontran
Arcouët e harmonia com o professor Jehan de Gibon.
No ano seguinte, seu pai
consegue um emprego de professor no Liceu Charlemagne em Paris, e a família se
mudou novamente.
Aos onze anos de idade, entrou
no Conservatório de Paris, para estudar piano e percussão.
Estuda diversas disciplinas
com diferentes professores entre os quais Jean e Noël Gallon (aulas privadas em
paralelo com o conservatório), Georges Falkenberg (piano), Georges Caussade
(contraponto e fuga), César Abel Estyle (piano acompanhamento) e Joseph Baggers
(tímpanos e percussão).
No Conservatório conquista
diversos prêmios entre os anos de 1924 e 1930, mérito dele e de seus
professores:
- Maurice Emmanuel (história
da Música) desenvolve o interesse no jovem Olivier por ritmos antigos gregos e
modos exóticos.
Emmanuel - Dupré - Dukas |
- Marcel Dupré (órgão e improvisação)
que transmite o legado dos grandes organistas franceses, instrumento que teve
como mentores Alexandre Guilmant e Charles Marie Widor,
- Paul Dukas (composição e
orquestração) é o responsável pelo seu domínio da orquestração e composição.
Eglise de la Sainte-Trinite |
Ele ouve o canto dos pássaros e transcreve em sua música. Fascinado pelas aves, que inspiraram sua vida e muitas de suas composições, ele também se torna um ornitólogo.
Aos vinte e dois anos de idade, em Setembro de 1931, foi designado organista na Eglise de la Sainte-Trinite de Paris, sendo o mais jovem instrumentista a ocupar este posto, que ocupou até à sua morte, sucedendo Charles Quef, ali compôs numerosas obras.
Junho de 1932 casa-se com a
violinista e compositora Claire Delbos para a qual escreve como prenda de casamento
a obra Thème et variations para violino e piano.
Em 1936-7 escreve Poème pour Mi para soprano com piano ou orquestra (‘Mi’ é o nome afectivo da sua mulher).
A sua maior obra desta época foi o ciclo de nove meditações para órgão intituladas La Nativité du Seigneur (1935), com a duração de cerca de uma hora, na qual, pela primeira vez Messiaen utiliza um sistema rítmico próprio combinado com uma estrutura melódico-harmónica muito particular.
Ela termina seus dias em um hospital psiquiátrico, falecendo em 1959.
Em 1936-7 escreve Poème pour Mi para soprano com piano ou orquestra (‘Mi’ é o nome afectivo da sua mulher).
A sua maior obra desta época foi o ciclo de nove meditações para órgão intituladas La Nativité du Seigneur (1935), com a duração de cerca de uma hora, na qual, pela primeira vez Messiaen utiliza um sistema rítmico próprio combinado com uma estrutura melódico-harmónica muito particular.
Ela termina seus dias em um hospital psiquiátrico, falecendo em 1959.
École Normale de Musique |
Quando eclodiu a segunda
guerra mundial foi chamado a cumprir o serviço militar.
Em Maio de 1940 foi capturado e feito prisioneiro de guerra tendo sido levado para o campo de concentração de Görlitz na Silesia. onde esteve dois anos.
Foi ali que compôs o Quatuor pour la fin du
temps ("Quarteto pelo fim do tempo"), sua obra mais célebre, para os
quatro instrumentos disponíveis: piano, violino, violoncelo e clarinete. Tendo sido
apresentada em circunstâncias insólitas, na própria prisão, perante cerca de
cinco mil prisioneiros oriundos de diversos países, a 15 de Janeiro de 1941.
São intérpretes o próprio Messiaen, em piano, e três outros músicos também aí
detidos - o violoncelista Étienne Pasquier, o violinista Jean Le Boulaire e o
clarinetista Henri Akoka.
Em Maio de 1940 foi capturado e feito prisioneiro de guerra tendo sido levado para o campo de concentração de Görlitz na Silesia. onde esteve dois anos.
Stalag VIII A, Görlitz |
da esquerda para direita: Jean Le Boulaires, Messiaen (em pé), Henri Akoka e Étienne Pasquier |
Yvonne Loriod |
Ali conheceu uma jovem estudante, Yvonne Loriod, que se torna a primeira e mais importante intérprete de suas obras para piano, casaram-se em 1961.
A década de quarenta
constituiu um importante período na sua composição onde se incluem obras como
Visions de l’Amen (1943) para dois pianos, Trois petites liturgies (1943-44)
vocalorquestral, Vint Regards sur l’Énfant-Jésus (1944) para piano, Harawi
(1945) soprano e piano.
Koussevitzky |
Até compor a Turangalîla-Symphonie,
escrita entre 1946 e 1948, por encomenda de Serge Koussevitzky para a Boston
Symphony Orchestra.
A obra estreou em 1949, sob a regência do maestro Leonard Bernstein.
Olivier decide utilizar na obra um um instrumento musical eletrônico com teclado, denominado Ondas Martenot.
A máquina foi criada em 1928 por Maurice Martenot, originalmente muito semelhante ao teremim, que produz um som ondulante com válvulas termiónicas de frequência oscilatória.
Uma obra, de inspiração mística, e com uma linguagem musical caracterizada por um ritmo novo e elementos exóticos.
A obra estreou em 1949, sob a regência do maestro Leonard Bernstein.
Olivier decide utilizar na obra um um instrumento musical eletrônico com teclado, denominado Ondas Martenot.
A máquina foi criada em 1928 por Maurice Martenot, originalmente muito semelhante ao teremim, que produz um som ondulante com válvulas termiónicas de frequência oscilatória.
Criador e Criatura - Maurice Martenot e Ondas Martenot |
Uma obra, de inspiração mística, e com uma linguagem musical caracterizada por um ritmo novo e elementos exóticos.
Na década seguinte, nos anos
cinquenta, quase toda a sua música é baseada no canto dos pássaros onde explora
o seu fascínio pelo ritmo.
Em 1966, torna-se professor
de composição, função que ocupa até à sua reforma em 1978.
Seu ensino no Conservatório
de Paris também contribuiu para sua reputação internacional, como a lista de
seus alunos é longa e prestigiosa.
Dentre seus alunos temos Pierre
Boulez, Pierre Henry, Marius Constant, Antoine Duhamel, Jean Prodromides
Gilbert Amy, François-Bernard Mache, Paul Méfano, Karlheinz Stockhausen, Iannis
Xenakis, Michaël Levinas, Tristan Murail, Adrienne Clostre, Gérard Grisey,
Philippe Fenelon, Kent Nagano, George Benjamin, Alain Louvier Alain Abbott,
Erzsébet Szőnyi, Alain Mabit Jean-Pierre Leguay, Betsy Jolas, Serge Garant,
Gilles Tremblay, Michel Fano, Claude Vivier, Michèle Reverdy, Serge Gut, José
Antônio Rezende de Almeida Prado, etc.
Na década de 1960, o
compositor procurou fazer uma síntese estilística do seu próprio legado e criou
obras de profunda devoção religiosa e grandes proporções como a célebre
oratória La Transfiguration, resultado de uma encomenda da Fundação Gulbenkian.
Messiaen viaja com a pianista
Yvonne Loriod e leciona em vários países: Argentina, Bulgária, Canadá, EUA,
Finlândia, Hungria, Itália, Japão.
Saint François d'Assise
(1975-83) ópera em 3 atos e 8 quadros com libreto do compositor, constitui uma
inesperada experiência no domínio da ópera tendo sido encomendada e estreada na
Ópera de Paris, tendo se seguido, imediatamente, a sua última e monumental obra
para órgão Livre du Saint-Sacrament (1984) por encomenda da American Organists
Guild.
Finalmente depois de ter escrito algumas pequenas peças, conclui em 1992 Éclairs sur l'Au-Delà, obra encomendada por Zubin Mehta para a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque, no âmbito das comemorações do 150º aniversário deste agrupamento.
Mehta |
Finalmente depois de ter escrito algumas pequenas peças, conclui em 1992 Éclairs sur l'Au-Delà, obra encomendada por Zubin Mehta para a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque, no âmbito das comemorações do 150º aniversário deste agrupamento.
Suas grandes obras fizeram dele um dos compositores mais influentes da música contemporânea na segunda metade do século XX. Entre os elementos característicos de sua linguagem são:
- A cor;
- Cantos de pássaros;
- Ritmos;
- Modos de transposição;
- Inspiração cristã;
- Métrica grega e cantochão.
Ele morreu 27 de abril de 1992 no Hospital Beaujon, em Clichy. E seu corpo está sepultado no cemitério de Saint-Théoffrey a 35 km de Grenoble, entre Laffrey e La Mure, a cidade em que ele possuía uma propriedade.
“A música é um diálogo
permanente entre o espaço e o tempo, entre som e cor, o diálogo que leva a
unificação: o tempo é o espaço, o som é cor, o espaço é um momento de complexo
superposto, sons complexos existem simultaneamente como cores complexas. O
músico que pensa, vê, ouve, fala através desses conceitos básicos e pode até
certo ponto se aproximar do além." Olivier Messiaen
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