Arcangelo Corelli foi um
professor, maestro, violinista e compositor italiano, nascido na Vila de
Fusignano, província de Ravena, no dia 17 de Fevereiro de 1653, foi o quinto
filho de Santa Raffini e Arcangelo Corelli, que veio a falecer pouco mais de um
mês antes de seu nascimento.
Pouco se sabe sobre a sua
vida.
Sua vocação musical teria se revelado
muito cedo, ao ouvir um padre violinista, porém sua família apoiava a ideia de
que tivesse a música como profissão. Em sua época esta arte era passatempo e
sinalizava uma educação refinada, entretanto os profissionais não tinham
prestígio social e vinham das classes sociais mais baixas.
Giovanni Battista Bassani |
Sua mãe viúva permitiu que tivesse
aulas com professores desconhecidos, sem deixar a educação formal.
Passou por Lugo e Faenza. Aos
treze anos estava em Bolonha, onde decidiu dedicar-se integralmente à música.
Naquela
cidade manteve contato com afamados professores, dentre eles Giovanni Benvenuti
e Leonardo Brugnoli, e provavelmente Giovanni Battista Bassani e manifestou sua
preferência pelo violino.
Academia Filarmônica - ontem e hoje |
Progrediu rapidamente no
aprendizado do instrumento, tanto que em 1670 foi admitido na Academia
Filarmônica, uma das mais seletivas da Itália.
Corelli foi um dos responsáveis
pela ascensão do violino como instrumento solista.
Matteo Simonelli |
Sentindo a necessidade de
aperfeiçoar-se no contraponto e na composição, decidiu partir para Roma, sob a
orientação de Matteo Simonelli, um exímio contrapontista, que exerceu
importante influência no seu amadurecimento como compositor.
Lully |
Acredita-se que antes de
chegar a Roma tenha feito uma viagem a Paris, onde teria estado com o célebre Jean-Baptiste
Lully.
Também haveria estado em
Munique, Heidelberg, Ansbach, Düsseldorf e Hannover.
Igreja São João dos Florentinos |
Seu primeiro registro seguro,
em Roma, data de 31 de março de 1675, onde consta dentre os violinistas na
execução de um grupo de oratórios na Igreja San Giovanni dei Fiorentini,
incluindo a obra San Giovanni Battista, de Alessandro Stradella.
Stradella |
Em 25 de agosto seu nome
aparece na lista de pagamento pela execução de obras na Festa de São Luís
realizada na Chiesa San Luigi dei Francesi, em presença da nobreza e do corpo
diplomático.
Igreja São Luiz dos Franceses |
Entre 1676 e 1678 é
documentado como segundo violino na mesma Igreja.
Em 06 de janeiro de 1678 foi
o primeiro violino e regente da orquestra que apresentou a ópera Dov'è amore è
pietà, de Bernardo Pasquini, na inauguração do Teatro Capranica. Esta
apresentação significou sua consagração no mundo musical romano.
Pasquini |
Tornou-se primeiro violino da
orquestra de São Luís e em 1679 entrou no serviço da ex-rainha Cristina da
Suécia, que se radicara em Roma e ali mantinha uma corte brilhante.
No ano seguinte concluiu e
apresentou sua primeira coleção organizada de obras, impressa em 1681: Sonate à
tre, doi Violini, e Violone, o Arcileuto, col Basso per l'Organo (Sonatas a
três; dois violinos e violoncelo ou arquialaúde, com órgão como baixo), que
dedicou a Cristina.
Na autoria, fez reverência aos seus estudos iniciais,
assinando como Arcangelo Corelli de Fusignano, o Bolonhês, apelido logo
abandonado.
Entre agosto de 1682 até 1709
esteve sempre à frente da orquestra de São Luís.
Deixou a Corte de Cristina,
em 1.684, pois seu salário não era regular no pagamento de seu salário.
Em 1685 publicou sua Opera
Seconda, composta de doze sonatas de câmara, que recebeu críticas do bolonhês
Matteo Zanni por supostos erros de composição. O autor escreveu uma defesa
indignada que deu origem a uma polêmica epistolar que se estendeu por meses.
Cardela Pamphili |
Com prestígio, tornou-se
conhecido internacionalmente como maestro, compositor e virtuoso do violino,
tendo suas obras reimpressas e admiradas em muitas cidades da Europa.
Passou para o serviço do
cardeal Benedetto Pamphili, um amigo e grande mecenas, que em 1687 o tornou seu
mestre de música. No mesmo ano foi listado entre os membros da prestigiada
Congregazione dei Virtuosi di Santa Cecilia al Pantheon.
Nesta época começou a lecionar,
dentre seus alunos estava Matteo Fornari, que seria também seu secretário e
auxiliar pelo resto da vida.
Ainda em 1687, organizou um
grande concerto em homenagem ao rei Jaime II da Inglaterra por ocasião da
embaixada que ele enviara ao papa Inocêncio XI, conduzindo uma orquestra de 150
músicos.
Opera Terza |
Em 1689, publica sua coleção
de doze sonatas de igreja (Opera Terza).
Cardeal Ottoboni |
Graças à intervenção de
Pamphili, que em 1690 foi transferido para Bolonha, Corelli tornou-se diretor
de música da corte do cardeal Pietro Ottoboni, sobrinho do papa Alexandre VIII.
Era personagem de grande influência na Igreja e se dedicava a um intenso
mecenato, outra eminência a quem deveria amizade e grandes benefícios, e em
cujo palácio veio a morar. Sua amizade se estenderia à família de Corelli,
acolhendo seus irmãos Ippolito, Domenico e Giacinto em sua corte. Ali o
compositor teria total liberdade de ação, sem as pressões que outros músicos
sofriam de seus patrões poderosos.
Sua vida pessoal era modesta
e discreta, somente dando-se ao luxo de adquirir uma coleção de pinturas.
Em 1694, publica uma nova série
de doze sonatas de câmara.
Em 1700 publica suas doze sonatas
para violino e baixo.
Em 1706, Corelli foi admitido
na Accademia dell'Arcadia (Academia da
Arcádia), a glória máxima para um artista, onde adotou o nome simbólico
Arcomelo Erimanteo.
Em 1708 circulou uma notícia
de que havia morrido, gerando pesar em várias cortes europeias, escreveu uma
carta ao governante esclarecendo que ainda vivia, também declarava trabalhava
na elaboração de sua última coleção de obras, os concertos grossos, que não
veria ser publicada.
Em 1710 deixou de aparecer em
público, sendo substituído por seu discípulo Fornari na direção da orquestra de
São Luís.
Até 1712 residiu no Palácio
da Chancelaria, e no fim deste ano, talvez pressagiando seu fim, mudou-se para
o Palazzetto Ermini, onde moravam seu irmão Giacinto e seu sobrinho.
Em 05 de janeiro de 1713
escreveu seu testamento, onde constava um patrimônio relativamente pequeno,
constituído de seus violinos e partituras e uma pensão, mas destacava-se a
grande coleção de pinturas que reuniu ao longo de sua vida, com cerca de 140 peças.
Faleceu na noite de 08 de
janeiro, sem que se saiba a causa do óbito. Não tinha sessenta anos.
Sua morte causou comoção, o
cardeal Ottoboni escreveu uma carta de condolências à família onde se colocava
como seu protetor perpétuo.
Panteão e detalhe da lápide |
Foi sepultado no Panteão,
privilégio nunca concedido a um músico, e conseguiu que o eleitor do Palatinado
conferisse à sua família o título de marqueses de Ladenburg.
Seus obituários foram
unânimes em reconhecer sua grandeza, e durante muitos anos o aniversário de sua
morte foi celebrado solenemente no Panteão.
Handel - Bach - Couperin |
O legado musical que deixou
influenciou toda uma geração de compositores, dentre eles Georg Friedrich
Händel, Johann Sebastian Bach e François Couperin, além de muitos outros de
menor expressão.
Em 1714 é publicada, postumamente,
sua Opera Sesta, com os doze concertos grossos.
Essa série de concertos é considerada
o ápice dos seus esforços em composição, e que manteve sua fama póstuma.
Geminiani |
Sabidamente teve muitos alunos, mas quem foram
eles permanece uma grande incógnita, e poucos são os que seguramente passaram
por sua disciplina, entre eles o já citado Fornari, Giovanni Battista Somis,
Pietro Castrucci, Sir John Clerk of Penicuik, Gasparo Visconti, Giovanni
Stefano Carbonelli, Francesco Gasparini, Jean-Baptiste Anet, Georg Muffat, e Francesco Geminiani, tradicionalmente considerado seu mais dotado
discípulo, às vezes se duvida que tenha de fato aprendido com ele.
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