quinta-feira, 26 de julho de 2018

MOMENTOQUATRO

Dessa vez não discorrerei sobre música instrumental. 


No ano de 1966 é formado no Rio de Janeiro um grupo vocal formado por colegas do Colégio de Aplicação da UFRJ, seu nome MOMENTOQUATRO.

Todos os integrantes do grupo eram nascidos na cidade do Rio de Janeiro e faziam a sua estreia no meio musical brasileiro e tornar-se-iam famosos no decorrer da década de 1970. 

Eram eles:

José Rodrigues Trindade, nascido em 25 de Novembro de 1947, compositor, cantor, multi-instrumentista (tocava piano, violão, acordeão, flauta, bateria, saxofone e trompete) e mais tarde publicitário e escritor, popularmente conhecido pelo seu nome artístico Zé Rodrix;

David Tygel, nascido em 04 de julho de 1949, cantor, arranjador, instrumentista (viola caipira e violão) e compositor;


Carlos Mauricio Mendonça Figueiredo nascido em 30 de Agosto de 1952, cantor, compositor, arranjador e instrumentista (baixo elétrico e violão) mais conhecido como Mauricio Maestro, e;

Ricardo Vilas Boas Sá Rego nascido em 30 de agosto de 1949, cantor, compositor e letrista, seu nome artístico na época era Ricardo Sá, atualmente Ricardo Vilas. 
Elbrick
Foi mais conhecido por sua militância política, foi um dos presos políticos trocados pelo embaixador dos Estados Unidos Charles Burke Elbrick em setembro de 1969.



O quarteto esteve presente no cenário artístico de 1966 a 1968. Em 1967, gravou um compacto duplo, lançado pela gravadora Phillips, contendo a faixa “Glória”, primeiro registro de uma composição de Zé Rodrix, além de Passaraio também de sua autoria, e duas músicas de Noel Rosa – Minha Viola e Três Apitos.

Ainda em 1967 participaram do III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, acompanhando Marilia Medalha na canção Diana Pastora de Fernando Lobo e João Mello, e o grupo também acompanhou Edu Lobo, Marília Medalha e o Quarteto Novo na apresentação de "Ponteio", vencedor daquele mesmo Festival.

Marília, Edu e MomentoQuatro

Participam do IV Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, com a música A Charrete composição de Zé Rodrix.



Ouça as músicas participantes dos festivais acima.


Nesse mesmo ano lançam o seu único álbum intitulado Momento4uatro também pela gravadora Phillips, os arranjos orquestrais foram feitos por Rogério Duprat, o disco conta com as seguintes faixas:


  • 01 Passa ontem (Luiz Werneck, Zé Rodrix)
  • 02 Três Pontas (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos)
  • 03 Festa (Ricardo Sá, Fernando Werneck)
  • 04 Dos caminhos longo estranhos até chegar junto dela (David Tygel, Ricardo Sá, Zé Rodrix)
  • 05 No brilho da faca (Paulo Sergio Valle, Novelli, Wagner Tiso)
  • 06 Classe dominante (Ricardo Sá, Joyce)
  • 07 Ele falava nisso todo dia (Gilberto Gil)
  • 08 De Luzia, Ana e Maria (Joyce, Zé Rodrix)
  • 09 Irmão de fé (Márcio Borges, Milton Nascimento)
  • 10 Veleiro (Edu Lobo, Torquato Neto)
  • 11 Proton, eletron, neutron (Paulo Sergio Valle, Marcos Valle)
  • 12 Litoral (Toninho Horta, Ronaldo Bastos)

O álbum atualmente é extremamente raro, mas encontra-se sua versão em MP3 disponível em alguns blogs.

da esquerda para direita:
Som Imaginário, Sá Rodrix e Guarabyra e Joelho de Porco
O grupo se dissolveu ainda em 1968 seus membros seguiram carreiras distintas. Zé Rodrix integrou o Som Imaginário, posteriormente formou o trio Sá, Rodrix e Guarabyra, partindo para carreira-solo em 1973, nos anos 80 participou do grupo Joelho de Porco. 
Maurício e Joyce

Mauricio Maestro tornou-se produtor a arranjador. Formou dupla com a cantora Joyce e fundou em 1978 o grupo Boca Livre com David Tygel, Claudio Nucci e Zé Renato. 

Boca Livre
Ricardo Vilas se dedicou a literatura e a música como cantor, compositor e instrumentista.

Em 2007, o grupo voltou a se reunir em palco durante o show comemorativo de 40 anos de carreira de Ricardo Villas, em sua primeira apresentação pública desde 1969. Juntos cantaram "Glória" (Ricardo Villas e Zé Rodrix), "Novo romântico" (Ricardo Villas e David Tygel), "Flechas envenenadas" (Ricardo Villas e Maurício Maestro) e "Viver" (Ricardo Villas), além de "Três apitos/Minha viola" (Noel Rosa) e "Ponteio" (Edu Lobo e Capinam), canções do repertório do único LP gravado pelo grupo.



O show, realizado no Teatro Maison de France (RJ), foi gravado ao vivo para registro em DVD.

Zé Rodrix faleceu em São Paulo, Capital no dia 22 de Maio de 2009.


quinta-feira, 19 de julho de 2018

MARSELHESA



Uma pequena homenagem a campeã da Copa do Mundo de 2018.

O COMPOSITOR


Claude Joseph Rouget de Lisle, nascido em Lons-le-Saunier, na região da Borgonha na França, no dia 10 de Maio de 1760, filho mais velho de Claude Ignace Rouget e Jeanne Madeleine Gaillande.

Claude foi oficial do exército francês em Estrasburgo e músico autodidata. Ele se alistou no exército como engenheiro e alcançou o posto de capitão.

Sua composição mais conhecida foi criada na noite entre os dias 25 e 26 de Abril de 1792, a peça foi inicialmente chamada Chant de guerre pour l'armée du Rhin ("Canção de Guerra para o Exército do Reno") e foi essa canção que o imortalizou, durante a Revolução Francesa, a canção alcançou grande popularidade ficando conhecida como A Marselhesa.

Lisle se recusou a fazer o juramento de fidelidade à nova constituição, em virtude disto foi dispensado do serviço militar e jogado na prisão em 1793, escapando por pouco da guilhotina, durante o período conhecido como Terror, foi salvo durante a Reação Termidoriana.

Louis Philippe I
Com o final da Revolução, Rouget de Lisle escreveu outras canções do mesmo tipo que a Marselhesa e em 1825 publicou Chants français (canções francesas) em que pôs a música cinquenta canções de vários autores. 

Sua publicação Essais en vers et en prose (Ensaios em Verso e Prosa, 1797) contém a Marselhesa; um conto de prosa romântico - Adelaide e Monville; e alguns poemas ocasionais. Ele retornou à vida pública após a Revolução de Julho.

Louis Philippe I concedeu-lhe o título da Legião de Honra.

David d'Angers
Morreu em Choisy-le-Roi em 1836. Antes de sua morte, foi imortalizado em bronze pelo renomado escultor francês Pierre Jean David d'Angers. 

Os seus restos mortais encontram-se depositados no Hôtel des Invalides. (Palácio dos Inválidos é um monumento parisiense, cuja construção foi ordenada por Luís XIV, em 1670, para dar abrigo aos inválidos dos seus exércitos.

Vista Aérea do Hôtel des Invalides
Hoje em dia, continua acolhendo os inválidos, mas é também uma necrópole militar e sede de vários museus).


Foi iniciado em 1782 na Loge Les Frères Discrets em Charleville-Mézières, França.

A CRIAÇÃO

Barão Dietrich
Em 1792, a França estava em guerra com a Áustria, Rouget de Lisle servia em Estrasburgo, na noite de 25 de Abril daquele ano, durante um jantar com os oficiais da guarnição, o prefeito de Estrasburgo, o barão Philippe-Frédéric de Dietrich, lastimava que a França não tivesse um hino nacional, um canto "que reunirá nossos soldados de todas as partes para defender sua pátria ameaçada", a peça seria um estímulo para encorajá-los no combate de fronteira, na região do rio Reno, solicitou a seu convidado Rouget de Lisle que compusesse essa canção.

Após o jantar, Lisle retornou a seus aposentos e escreveu as palavras num ataque de excitação patriótica, e, durante a noite, anotou as palavras e a música. A peça foi chamada de "Um canto de guerra pela Arca do Reno". As palavras são carregadas de fortes emoções nacionalistas, uma canção revolucionária, um hino à liberdade, um apelo patriótico para mobilizar todos os cidadãos e uma exortação à luta contra a tirania e a invasão estrangeira.
Marechal Luckner

O autor dedicou a canção ao marechal Nicolas Luckner, um bávaro a serviço do exército francês.

A letra da música reflete a invasão da França por exércitos estrangeiros (da Prússia e da Áustria) que estavam em andamento quando foi escrita.

O sucesso inicial ocorreu por intermédio de viajantes, e em pouco tempo chegou à Provença, no sudeste da França. Um mês depois de composta, a canção chegava a Paris com os soldados federados especialmente entre as unidades do exército de Marselha.

General Dumouriez
Em 20 de setembro de 1792, o exército revolucionário, comandado pelo general Charles-François Dumouriez, venceu a Batalha de Valmy, travada contra a nobreza francesa e seus aliados austríacos e prussianos, que tentavam derrubar o regime instaurado em 1789.

Servan de Gerbey
Como a grande maioria dos alsacianos não falava francês, uma versão alemã ("Auf, Brüder, auf dem Tag entgegen") foi publicada em outubro de 1792 em Colmar.

Na ocasião, Joseph Marie Servan de Gerbey, ministro da Guerra da França, escreveu a Dumouriez: 

"O hino conhecido pelo nome de La Marseillaise é o Te Deum da República".

O APELIDO

François Mireur
A melodia logo se tornou a convocação para a Revolução Francesa e foi adotada como "A Marselhesa" depois que a melodia foi cantada nas ruas por voluntários (fédérés em francês) de Marselha no final de maio. Esses fédérés estavam entrando na cidade de Paris em 30 de julho de 1792, depois que um jovem voluntário de Montpellier, chamado François Mireur, Um médico recém-formado, cantou em uma reunião patriótica em Marselha, e as tropas adotaram a canção da Guarda Nacional de Marselha. Mireur mais tarde tornou-se general de Napoleão Bonaparte e morreu no Egito aos 28 anos.

A ADOÇÃO

Napoleão I
Napoleão III
A Convenção Nacional Francesa aceitou-o como o hino nacional francês em um decreto aprovado em 14 de julho de 1795, tornando-se o primeiro hino da França. A música é o primeiro exemplo do estilo "European March". 

A melodia e letras evocativas do hino levaram ao seu uso generalizado como uma canção de revolução e sua incorporação em muitas peças de música clássica e popular.

Luix XVIII
Mais tarde, Napoleão I, retirou-lhe esse status, durante o seu reinado, "Veillons au Salut del'Empire" foi o hino não oficial do regime, e no reinado de Napoleão III, foi "Partant pour la syrie".

A canção foi banida por Luís XVIII e Carlos X, sendo restabelecida brevemente após a Revolução de Julho de 1830.

Carlos X
Durante o século XIX e início do século XX, "A Marselhesa" foi reconhecida como o hino do movimento revolucionário internacional; como tal, foi adotado pela Comuna de Paris em 1871, embora com novas letras sob o título "La marseillaise de la Commune". Oito anos depois, em 1879, foi restaurado como o hino nacional da França e permaneceu assim desde então.

CURIOSIDADES

Uma placa no prédio da Place Broglie, onde a casa de De Dietrich se encontrava, celebra o evento.

Quando a revolução de 1830 restabeleceu-lhe o status de hino nacional, a obra foi reorquestrada por Hector Berlioz.

Em 1881, o militante anticlerical Leo Taxil escreveu uma música em defesa da laicidade e da democracia liberal na França. A música usava a melodia de A Marselhesa e, por conta disso, ficou conhecida como A Marselhesa Anticlerical.

Não se sabe se Claude Joseph Rouget de Lisle, o autor de A Marselhesa, se inspirou, de algum modo, no primeiro andamento do Concerto n.º 25, em C major (K. 503)  de Wolfgang Amadeus Mozart, datado de 1786, para realizar a melodia de A Marselhesa, porque, na verdade, existem algumas ressonâncias.

Piotr Ilitch Tchaikovsky, em 1880, com base em A Marselhesa, escreveu uma peça orquestral a Abertura 1812 para comemorar a vitória russa sobre Napoleão, fazendo sobressair musicalmente os temas de música russa tradicional à melodia de A Marselhesa com o intuito de mostrar precisamente essa vitória.

Na Revolução de 1917, os revolucionários adotaram para a Rússia um hino provisório denominado A Marselhesa Operária, que durou de outubro 1917 a meados de 1918, e que possuía uma adaptação da melodia de A Marselhesa, feita por Aleksandr Konstantinovitch Glazunov.



Em 1942 - o filme Casablanca - há uma cena em que um grupo de oficiais nazistas cantam Die Wacht Am Rhein - um hino patriótico nazista, Laslo pede a banda que interprete a Marselhesa. 


Em 1967 – The Beatles usaram os acordes iniciais de Marselhesa em All You Need Is Love 

O Maestro Guido Raimonda ao gravar a obra completa de Giovanni Batista Viotti descobriu uma peça escrita em 1781 - o Tema e Variações em C maior, uma pontuação que em 1792 seria reutilizado por Claude Joseph Rouget de Lisle para a Marselhesa, o hino nacional francês.


A paternidade de Viotti foi reconhecido na verdade, apenas em 2013.

A LETRA


Allons enfants de la Patrie,
Le jour de gloire est arrivé!
Contre nous de la tyrannie,
L'étendard sanglant est levé, (bis)
Entendez-vous dans les campagnes
Mugir ces féroces soldats?
Ils viennent jusque dans vos bras
Égorger vos fils, vos compagnes!

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchons, marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchez, marchez!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

Que veut cette horde d'esclaves,
De traîtres, de rois conjurés?
Pour qui ces ignobles entraves,
Ces fers dès longtemps préparés? (bis)
Français, pour nous, ah! quel outrage
Quels transports il doit exciter!
C'est nous qu'on ose méditer
De rendre à l'antique esclavage!

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchons, marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchez, marchez!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

Quoi! des cohortes étrangères
Feraient la loi dans nos foyers!
Quoi! ces phalanges mercenaires
Terrasseraient nos fiers guerriers! (bis)
Grand Dieu! par des mains enchaînées
Nos fronts sous le joug se ploieraient
De vils despotes deviendraient
Les maîtres de nos destinées!

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchons, marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchez, marchez!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

Tremblez, tyrans et vous perfides
L'opprobre de tous les partis,
Tremblez! vos projets parricides
Vont enfin recevoir leurs prix ! (bis)
Tout est soldat pour vous combattre,
S'ils tombent, nos jeunes héros,
La terre en produit de nouveaux,
Contre vous tout prêts à se battre !

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchons, marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchez, marchez!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

Français, en guerriers magnanimes,
Portez ou retenez vos coups!
Épargnez ces tristes victimes,
À regret s'armant contre nous. (bis)
Mais ces despotes sanguinaires,
Mais ces complices de Bouillé,
Tous ces tigres qui, sans pitié,
Déchirent le sein de leur mère !

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchons, marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchez, marchez!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

Amour sacré de la Patrie,
Conduis, soutiens nos bras vengeurs
Liberté, Liberté chérie,
Combats avec tes défenseurs ! (bis)
Sous nos drapeaux que la victoire
Accoure à tes mâles accents,
Que tes ennemis expirants
Voient ton triomphe et notre gloire !

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchons, marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchez, marchez!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

(Couplet des enfants)
Nous entrerons dans la carrière,
Quand nos aînés n'y seront plus,
Nous y trouverons leur poussière
Et la trace de leurs vertus (bis)
Bien moins jaloux de leur survivre
Que de partager leur cercueil,
Nous aurons le sublime orgueil
De les venger ou de les suivre.

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchons, marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!

Aux armes, citoyens,
Formez vos bataillons,
Marchez, marchez!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons!
Avante, filhos da Pátria,
O dia da Glória chegou!
Contra nós da tirania,
O estandarte ensanguentado se ergueu.(bis)
Ouvis nos campos
Rugir esses ferozes soldados?
Vêm eles até os vossos braços
Degolar vossos filhos, vossas mulheres!

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchemos, marchemos!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchai, marchai!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

O que quer essa horda de escravos,
De traidores, de reis conjurados?
Para quem (são) esses ignóbeis entraves,
Esses grilhões há muito tempo preparados? (bis)
Franceses, para nós, ah! que ultraje
Que comoção deve suscitar!
É a nós que ousam considerar
Fazer retornar à antiga escravidão!

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchemos, marchemos!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchai, marchai!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

O quê! Tais multidões estrangeiras
Fariam a lei em nossos lares!
O quê! Essas falanges mercenárias
Arrasariam os nossos nobres guerreiros! (bis)
Grande Deus! Por mãos acorrentadas
Nossas frontes sob o jugo se curvariam
E déspotas vis tornar-se-iam
Os mestres dos nossos destinos!

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchemos, marchemos!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchai, marchai!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

Tremei, tiranos! e vós pérfidos,
O opróbrio de todos os partidos,
Tremei! vossos projectos parricidas
Vão finalmente receber seu preço! (bis)
Somos todos soldados para vos combater.
Se tombarem os nossos jovens heróis,
A terra novos produzirá,
Contra vós, todos prestes a lutarem!

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchemos, marchemos!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchai, marchai!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

Franceses, guerreiros magnânicos,
Levai ou retende os vossos tiros!
Poupai essas tristes vítimas,
A contragosto armando-se contra nós. (bis)
Mas esses déspotas sanguinários,
Mas esses cúmplices de Bouillé,
Todos os tigres que, sem piedade,
Rasgam o seio de suas mães!

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchemos, marchemos!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchai, marchai!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

Amor Sagrado pela Pátria
Conduz, sustém nossos braços vingativos.
Liberdade, liberdade querida,
Combate com os teus defensores! (bis)
Debaixo as nossas bandeiras, que a vitória
Chegue logo às tuas vozes viris!
Que teus inimigos agonizantes
Vejam teu triunfo e nossa glória.

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchemos, marchemos!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchai, marchai!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

(Verso das crianças)
Entraremos na carreira (militar),
Quando nossos anciãos não mais lá estiverem.
Lá encontraremos suas cinzas
E o resquício das suas virtudes (bis)
Bem menos desejosos de lhes sobreviver
Que de partilhar seus caixões,
Teremos o sublime orgulho
De vingá-los ou de segui-los.

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchemos, marchemos!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchai, marchai!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!

quinta-feira, 5 de julho de 2018

BRAZILIAN OCTOPUS

Único disco do Brazilian Octopus
A multinacional Rhodia, indústria pioneira na fabricação de fibras sintéticas para vestuário, através de seus executivos decidiu formar um supergrupo musical que se responsabilizasse pela sonorização dos desfiles que a empresa promoveria, com exibição televisiva em horário nobre. 

Livio Rangan
Livio Rangan,
 nascido em Trieste, que chegou ao Brasil em 1953, era jornalista de profissão, começou na publicidade ao pedir o patrocínio da Rhodia para um espetáculo de balé, e foi contratado para dirigir o departamento de marketing da companhia, foi o responsável por recrutar os músicos para o evento, os escolhidos eram de orientações tão diversas, como o bruxo dos mil instrumentos Hermeto Pascoal (flauta), o pós-tropicalista Lanny Gordin (guitarra), o bossanovista Cido Bianchi (piano), Olmir ”Alemão” Stocker (violão e guitarra), Nilson da Matta (contrabaixista de jazz), contando ainda Douglas de Oliveira (bateria), João Carlos Pegoraro (vibrafone) e, Carlos Alberto de Alcântara Pereira (sax e flauta).

A missão do grupo O Brazilian Octopus era executar ao vivo a trilha sonora do Momento 68, o mais ambicioso dos espetáculos institucionais da Rhodia produzidos até então no país, que pretendia associar a Rhodia com o futuro que já havia chegado. Com direção musical do maestro Rogério Duprat e direção cênica de Ademar Guerra, esse show-desfile tinha os atores Raul Cortês e Walmor Chagas encabeçando o elenco, ao lado dos cantores Gilberto Gil, Caetano Veloso, Eliana Pitman e do bailarino Lennie Dale. Os textos eram assinados por Millôr Fernandes. "Eu me fantasiei de leão várias vezes naqueles desfiles da Rhodia. O grupo todo se vestia de bicho e tocava dentro de uma jaula", lembra Hermeto.


“A única vez que a Rhodia tem algum tipo de dificuldade com relação à ditadura foi no desfile Momento 68, no qual vários elementos que compuseram a temática do desfile eram inspirados nos movimentos da cultura jovem internacional, em pleno momento de engajamento e questionamento dos valores tradicionais. Dessa maneira, o governo os considerava como ‘subversivos’. O desfile não chegou a ser censurado propriamente, mas foi vigiado com mais atenção.” (Gal Costa)

Esse encontro inusitado aconteceu mesmo, mais exatamente em 1968. O grupo só existiu durante um ano e deixou apenas um álbum como registro de sua passagem pelo cenário musical - intitulado Brazilian Octopus, e marca um capítulo pouco conhecido da história da nossa música instrumental.

"Sem dúvida, o grupo mais estranho surgido na música brasileira", comenta Marcelo Dolabela, em seu dicionário ABZ do Rock Brasileiro (ed. Estrela do Sul, 1987).

Com músicos tão versáteis, não foi tarefa difícil. A gravação do álbum aconteceu a partir dos encontros e ensaios dos oito integrantes. O LP foi lançado pela Fermata em 1969, trazendo 12 temas instrumentais, com vários destaques.

Integrantes mais conhecidos:
Alexander Gordin, mais conhecido como Lanny Gordin, nascido em Xangai na China em 28 de Novembro de 1951, de pai russo e mãe polonesa, viveu em Israel até os seis anos, quando se mudou para o Brasil. Os primeiros trabalhos de Lanny Gordin foram com artistas da Jovem Guarda. Foi um guitarrista onipresente na Tropicália, ele participou de todos os álbuns lançados no país naquele fim de década, por Caetano, Gil, Gal e Bethânia, além de outros vários artistas iniciantes.

Hermeto Pascoal, o futuro bruxo dos instrumentos e das sonoridades estranhas, era ainda iniciante.

O álbum marca a estreia de Hermeto em disco, apesar de já colaborar com outras formações instrumentais até então.

Aparecido Bianchi ou Cido Bianchi, que juntamente com o contrabaixista Sabá e o baterista Toninho, formou o Jongo trio, grupo que acompanhou Baden Powell e acabou sendo convidado para tocar com Elis Regina e Jair Rodrigues no show "Dois na Bossa", que virou LP de muito sucesso. Faleceu em São Paulo no 01 de Março de 2015 aos 79 anos, foi o primeiro nome contatado por Lívio para a arregimentação dos outros músicos e para a própria concepção do projeto, além do Jongo Trio, participou também do Milton Banana Trio.

Olmir Stocker, nascido em Taquari no Rio Grande do Sul no dia 17 de junho de 1936, mais conhecido como Alemão, trabalhou na rádio gaúcha e acompanhou na guitarra diversos artistas na tevê, com especial destaque para Elis Regina. 

Em São Paulo, começou a trabalhar com Roberto Carlos e Wanderléia. Foi o autor de O Caderninho, hit da geração jovem guarda.

Nilson Carlos Ruiz Matta, ou apenas Nilson Matta, nascido em São Paulo no dia 1 de março de 1949 é um baixista e compositor brasileiro que reside nos Estados Unidos, mais especificamente em Nova Iorque desde 1985. 

Ele também é conhecido por seu trabalho com Trio da Paz, Don Pullen African Brazilian Connection, Joe Henderson, Yo-Yo Ma e Nilson Matta's Brazilian Voyage.


As músicas:
Gamboa - Cyro Pereira, Mário Albanese
Rhodosando - Hermeto Pascoal
Canção Latina - Olmir Stocker "Alemão" – posteriormente recebeu letra de Vitor Martins
Pavane - Gabriel Fauré – Adaptação do Brazilian Octopus
As Borboletas (Les Papillons) - André Popp e Pierre Cour
Momento B/8 - Brazilian Octopus, Rogério Duprat
Summer Hill - Carlos Lyra e Vinícius de Moraes
Gosto De Ser Como Sou - Cyro Pereira, Mário Albanese
Chayê - Hermeto Pascoal
Canção De Fim De Tarde - Tereza Souza, Walter Santos
O Pássaro (The Bird) – Lanny Gordin
Casa Forte - Edu Lobo

Produzido por Mario Albanese e Fausto Canova, com duração total de 29 minutos e 28 segundos, as canções de Brazilian Octopus, o disco, passeiam por estilos derivados do Easy Listening, que foram revalorizados a partir dos anos 1990. 

A sonoridade transita por vários ritmos brasileiros, sendo experimental e psicodélica, transmitindo diversas sensações.

São 12 faixas que compõem um dos 100 discos psicodélicos mais emblemáticos da história, de acordo com a conceituada revista inglesa “Mojo”.

"Naquela época, não pensávamos em grana, só queríamos tocar. Foi uma experiência maravilhosa", recorda Cido Bianchi, hoje também maestro e arranjador.

A gravação de Pássaro de Lanny Gordin acabou provocando um bate-boca no estúdio entre Hermeto e os técnicos de som. "Como essa música tinha uma linha melódica repetitiva, ele escreveu um contracanto tocado por duas flautas, para variar um pouco. Só que, na hora da mixagem, o contracanto tinha sumido da gravação. O Hermeto ficou tão bravo que queria pegar o técnico", diverte-se o saxofonista Carlos Alberto.

Hermeto não aparece na capa do disco porque não pôde comparecer à sessão de fotos. Um funcionário da agência de propaganda Standard, que gerenciava a conta da Rhodia, foi fotografado ao piano. Assim como um velhinho, um cachorro e uma criança, que não tinham nada a ver com a gravação, mas aparecem na capa. A sessão de fotos foi realizada num terreno descampado, cuja aridez lembrava a superfície da Lua - referência à então badalada corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética.

"Nunca recebemos um tostão por esse disco. Parece que ele foi lançado na Europa, onde fez até um certo sucesso", diz Carlos Alberto, lembrando que os integrantes do Brazilian Octopus chegaram a procurar a diretoria da Fermata, para tirar satisfações sobre a vendagem do álbum. Em vez de cheques, receberam apenas elogios e um convite para gravar outro disco. Como imaginaram que não receberiam nada novamente, recusaram. Terminou ali o inusitado octeto.

Hermeto Pascoal não se surpreende, nem mesmo se incomoda, ao saber que cópias domésticas do único álbum do Brazilian Octopus vêm circulando no formato CD, em São Paulo. "Se a gravadora não se interessa em fazer o CD, essas pessoas têm que copiar mesmo. É o único jeito que o público tem de ouvir a nossa música", referenda um dos pais dessa raridade da MPB instrumental dos anos 60.

Fontes:
Texto escrito por Carlos Calado, e publicado no site Cliquemusic em 24/11/2000.
wikipedia
jc.ne10.uol.com.br
monkeybuzz.com.br


BRAZILIAN OCTOPUS - merece ser ouvido!