Caros Irmãos,
Se a régua de 24 polegadas for bem administrada conseguirei manter este blog sempre ativo e atualizado, a ideia é transcrever aqui alguns trabalhos apresentados em nossa loja.
A primeira postagem será a transcrição de um trabalho feito quando ocupei o cargo de Mestre de Harmonia no período de 2007/2008.
Espero que gostem.
Trabalho de Mestre de Harmonia
No passado as Lojas
Maçônicas tinham a Coluna da Harmonia formada pelo conjunto dos Irmãos músicos
que contribuíam para o brilhantismo e beleza dos trabalhos ou festejos
maçônicos. Atualmente, devido ao tamanho dos templos e facilidades
tecnológicas, a maioria das Lojas não dispõe de um piano ou órgão, sendo a
Harmonia de responsabilidade do Mestre de Harmonia.
A Harmonia é a disposição
bem ordenada entre as partes de um todo, é a conformidade, a simetria, a
suavidade, é a Paz e a Tranqüilidade. É também a consonância ou sucessão
agradável de sons.
Na Música é a arte e
ciência que tem por objeto a formação e o encadeamento dos acordes, segundo as
leis da tonalidade, do cromatismo.
A palavra grega MOUSIKE
significa não apenas música, mas também todas as formas de expressão que tenham
por finalidade a criação da Beleza. O termo Música derivou-se de “Arte das
Musas”.
Musas – do grego mousa –
substantivo feminino, por extensão – tudo quanto pode inspirar um poeta. Da
Mitologia – Divindade inspiradora da poesia. Cada uma das nove deusas que
presidiam às Artes Liberais. (Aurélio Buarque de Hollanda).
São elas:
- -
Euterpe: a musa da música e da poesia lírica;
- -
Terpsícore: a musa da dança e do canto coral;
- -
Tália: a musa da comédia;
- -
Melpômene: a musa da tragédia;
- -
Polínia: a musa dos hinos sacros;
- -
Erato: a musa da poesia amorosa;
- -
Clio: a musa da história;
- -
Urânia: a musa da astronomia; e
- -
Calíope: a musa da poesia épica (eloqüência).
Euterpe era a mais importante delas por
ser a música a principal arte.
Eram filhas de Zeus e de
Mnemósine, em algumas versões são filhas da deusa Harmonia ou de Geia (Terra)
com Urano (Céu).
Mas o que é Música? De um
modo simplista á a arte ou ciência de combinar os sons de modo agradável ao
ouvido.
Na Escola Pitagórica a
música era utilizada para o fortalecimento da união entre os discípulos,
Pitágoras entendia que a música era capaz de instruir e purificar a mente
humana. A música era uma disciplina moral, pois freava os ímpetos agressivos do
ser humano.
A Lira é a Jóia que representa
o cargo do Mestre de Harmonia, trata-se de um instrumento musical de corda cuja
origem remonta do início da história. Era o símbolo de Apolo, o deus da música
e da poesia; era também o instrumento preferido dos gregos para acompanhar
canções e textos recitados. A Lira também é instrumento que tocam os anjos em
diversas gravuras. David usava uma lira para embelezar os seus salmos.
A estrutura de uma lira
consiste num corpo oco – caixa de ressonância – do qual partem, verticalmente,
dois braços (montantes), que, por vezes, também são ocos. Junto ao topo, os
braços ficam ligados a uma barra – o jugo – que liga as cordas até outra
saliência de madeira transversal – o cavalete – disposta junto à caixa de
ressonância e que lhe transmite as vibrações das cordas. As cordas são
percutidas com a ajuda de um plectro (palheta). O número de cordas variava,
geralmente entre seis e oito. As cordas eram feitas de tripa ou tendões de boi
ou carneiro. Há quem afirme que os braços primitivos deste instrumento eram
feitos com chifres de cabra.
Lírica ou Lírico é uma
palavra que deriva de seu nome. Lírica tratava-se de um gênero poético cujo
principal traço era a melodia.
A lira, na Maçonaria não
é um símbolo muito importante, não possui nenhum significado próprio que se relacione
exclusivamente com a Maçonaria, mantendo o seu simbolismo profano e Universal,
ou seja, trata-se do Símbolo da Música.
O cargo de Mestre de
Harmonia é um desdobramento do cargo de Mestre de Cerimônias, pois tem relação
intrínseca com a beleza dos trabalhos.
É conferido ao Mestre de
Harmonia o dever de selecionar e executar as peças musicais pertinentes a cada
sessão, a fim de embelezá-las. É de sua responsabilidade o perfeito estado de
funcionamento dos aparelhos, para que a Harmonia Musical seja perfeita em cada
sessão, econômica ou não.
O Mestre de Harmonia é um
cargo extremamente discreto, pois em momento algum nos rituais é dado a ele
qualquer fala, seja nas instruções ou na ritualística. Tampouco na planta do
templo o seu posto é marcado, ficando a critério da arquitetura da Loja a sua
melhor disposição. Normalmente está na coluna do Sul, próximo ao Guarda do
Templo. Entretanto cabe a ele, a importância de buscar a harmonia e a beleza
nos trabalhos.
Nos rituais, nos nossos
estatutos pede-se que toquemos preferencialmente compositores maçônicos, vejam
preferencialmente, assim creio que nada impeça que toquemos qualquer
compositor, desde que sua música seja adequada aos trabalhos. O bom senso
prevalecerá como em todas as ações de um maçom.
Discordo dos autores
consultados para a confecção deste trabalho, quando sugerem até as obras a
serem tocadas, dando grande importância à Mozart, e restringindo bastante o bom
gosto e a criatividade daquele que ocupar o cargo de Mestre de Harmonia.
Entretanto alguns
cuidados quanto ao tipo de música a ser executada devem ser observados:
- -
Evitar músicas cantadas dando preferência às músicas instrumentais;
- -
Evitar músicas sacras que nos remetam a determinada religião, pelo caráter
universal de nossa ordem.
Cabe aqui outra ressalva, disse evitar,
e não que não é permitido, afinal somos livres e de bons costumes.
É interessante que o
Mestre de Harmonia prepare músicas adequadas, principalmente para as Sessões de
Iniciação, Elevação e Exaltação; bem como para os Solstícios e Equinócios, e
tantas outras Sessões Magnas.
Alguns autores citam que
só é permitida a entrada no Templo antes dos trabalhos se iniciarem a três
Irmãos, são eles: O Arquiteto que prepara o templo para a sessão que se
realizará; o Mestre de Harmonia que prepara o equipamento e os respectivos
discos a serem executados e o Guarda do Templo que permitirá o acesso aos
demais irmãos quando do início da Sessão.
Um outro parêntese, neste
trecho, pois em nossa Loja ,
antes do acesso do Guarda do Templo, teremos ainda a visita do Irmão Mestre de
Cerimônias que conferirá se tudo está em conformidade aos trabalhos que irão se
realizar. E principalmente teremos a purificação do Templo que será executada
pelo Venerável Mestre acompanhado de outros dois mestres.
No momento de retirar-se
do Templo, a Ordem de Saída é inversa à entrada, assim o Mestre de Harmonia
deve aguardar a saída de todos os obreiros, ficando após a sua saída apenas o
Guarda do Templo.
Vários são os
compositores que pertenceram à nossa Ordem, dentre eles podemos citar:
Wolfgang
Amadeus Mozart, Beethoven, Haendel, Sibelius, Liszt, Phillip Souza, Cherubini,
Salieri, Carlos Gomes, na medida do possível pretendo apresentar algumas obras
destes autores.
As primeiras composições maçônicas datam
de 1723 e foram publicadas junto com a primeira Constituição da Grande Loja de
Londres; são elas:
- - A
Canção dos Aprendizes – Matthew Birkhead;
- - A
Canção dos Companheiros – Charles Delafaye;
- - A
Canção do Vigilante – James Anderson;
- - A
Canção do Mestre – James Anderson.
Esta última, publicada em 1738
juntamente com a segunda edição das Constituições de Anderson.
No Brasil, foram compostas as seguintes obras:
- Hymno
do REAA – M.A. Silveira Neto e Jerônimo Pires Missel
- Hino
Maçons Avante – Jorge Buarque Lira e Mario Vicente Lima
- Hino
Maçônico – Dom Pedro I (D. Pedro IV de Portugal)
- Canto
Ritualístico Maçônico – Francisco Sabetta e José Bento Abatayguara
- Hino
Maçônico para Abertura e Fechamento dos Trabalhos – Otaviano Bastos
- A Acácia Amarela – Luiz Gonzaga (o Rei do Baião) - para ouvir ou fazer download desta música acesse o link abaixo:
- https://drive.google.com/folderview?id=0B9F356bpnhA-cnRPejZYTmJmekk&usp=sharing
Acácia Amarela - composição de Luiz Gonzaga e Orlando Silveira
Ela é tão linda é tão bela
Aquela acácia amarela
Que a minha casa tem
Aquela casa direita
Que é tão justa e perfeita
Onde eu me sinto tão bem
Sou um feliz operário
Onde aumento de salário
Não tem luta nem discórdia
Ali o mal é submerso
E o Grande Arquiteto do Universo
É harmonia, é concórdia
É harmonia, é concórdia
A seguir, como
curiosidade, a origem do nome das notas musicais:
No Século XI, um monge
chamado Guido d’Arezzo reparou que um Hino a São João Batista, composto por
Paolo Diácono, em sua primeira estrofe de sete versos continha a seguinte estrutura: o primeiro começa em Dó, o segundo em Ré, o
terceiro em Mi e assim sucessivamente até o Si. Até então estas notas eram
identificadas por letras, sendo A= Lá, B= Si, C=Dó etc... Guido então teve a
ideia de chamar as notas pela primeira sílaba de cada um destes versos, desta
forma quem conhecesse este hino saberia identificar as notas musicais,
facilitando o ensino musical.
A primeira estrofe do Cântico tinha a seguinte letra e a correspondente
tradução:
Ut queant laxis
|
Para que possam, de libertas
|
Ressonare fibris
|
Vozes, ressoar
|
Mira gestorum
|
As maravilhas das tuas ações
|
Famuli tuorum
|
Os teus servos,
|
Solve polluti
|
Apaga dos impuros
|
Labii reatum
|
Lábios a culpa,
|
Sancte Ioannes
|
Ó São João.
|
Acesse o link e conheça a música: http://www.youtube.com/watch?v=SugtS3tqsoo
Guido d’Arezzo não tinha querido dar um
nome à nota B, mas como isso era uma situação estranha depois arranjou-se o
nome Si a partir das iniciais das duas palavras do sétimo verso do hino Ut
queant laxis – e isto apesar de esse verso não começar em Si.
Depois, como o Ut era
difícil de pronunciar, passou-se a chamar-lhe Dó no século 17.
Para finalizar entendo
que cabe ao Mestre de Harmonia, a busca constante do equilíbrio na Sessão,
trazendo através das melodias o sentimento de harmonia dentre os irmão e assim
fortalecer a egrégora da Loja.
Milton Batistuci de Souza
Mestre de Harmonia
Gestão 2007/2008.
Bom dia , perfeito ,parabéns e muito obrigado.
ResponderExcluirRicardo Cesar
Querido Irmão Milton, parabéns!
ResponderExcluirExcelente trabalho, o último parágrafo resume tudo sobre o Mestre de Harmonia, muito obrigado!
Que saudades da nossa SANGREAL...
TFA
Irmão Mangano
Querido Irmão Milton, parabéns!
ResponderExcluirExcelente trabalho, o último parágrafo resume tudo sobre o Mestre de Harmonia, muito obrigado!
Que saudades da nossa SANGREAL...
TFA
Irmão Mangano