quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Primeira Postagem! Espero que de muitas...

Caros Irmãos,

Se a régua de 24 polegadas for bem administrada conseguirei manter este blog sempre ativo e atualizado, a ideia é transcrever aqui alguns trabalhos apresentados em nossa loja.

A primeira postagem será a transcrição de um trabalho feito quando ocupei o cargo de Mestre de Harmonia no período de 2007/2008.

Espero que gostem.


Trabalho de Mestre de Harmonia
No passado as Lojas Maçônicas tinham a Coluna da Harmonia formada pelo conjunto dos Irmãos músicos que contribuíam para o brilhantismo e beleza dos trabalhos ou festejos maçônicos. Atualmente, devido ao tamanho dos templos e facilidades tecnológicas, a maioria das Lojas não dispõe de um piano ou órgão, sendo a Harmonia de responsabilidade do Mestre de Harmonia.
A Harmonia é a disposição bem ordenada entre as partes de um todo, é a conformidade, a simetria, a suavidade, é a Paz e a Tranqüilidade. É também a consonância ou sucessão agradável de sons.
Na Música é a arte e ciência que tem por objeto a formação e o encadeamento dos acordes, segundo as leis da tonalidade, do cromatismo.
A palavra grega MOUSIKE significa não apenas música, mas também todas as formas de expressão que tenham por finalidade a criação da Beleza. O termo Música derivou-se de “Arte das Musas”.
Musas – do grego mousa – substantivo feminino, por extensão – tudo quanto pode inspirar um poeta. Da Mitologia – Divindade inspiradora da poesia. Cada uma das nove deusas que presidiam às Artes Liberais. (Aurélio Buarque de Hollanda).
São elas:
  • - Euterpe: a musa da música e da poesia lírica;
  • - Terpsícore: a musa da dança e do canto coral;
  • - Tália: a musa da comédia;
  • - Melpômene: a musa da tragédia;
  • - Polínia: a musa dos hinos sacros;
  • - Erato: a musa da poesia amorosa;
  • - Clio: a musa da história;
  • - Urânia: a musa da astronomia; e
  • - Calíope: a musa da poesia épica (eloqüência).
Euterpe era a mais importante delas por ser a música a principal arte.
Eram filhas de Zeus e de Mnemósine, em algumas versões são filhas da deusa Harmonia ou de Geia (Terra) com Urano (Céu).
Mas o que é Música? De um modo simplista á a arte ou ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido.
Na Escola Pitagórica a música era utilizada para o fortalecimento da união entre os discípulos, Pitágoras entendia que a música era capaz de instruir e purificar a mente humana. A música era uma disciplina moral, pois freava os ímpetos agressivos do ser humano.
A Lira é a Jóia que representa o cargo do Mestre de Harmonia, trata-se de um instrumento musical de corda cuja origem remonta do início da história. Era o símbolo de Apolo, o deus da música e da poesia; era também o instrumento preferido dos gregos para acompanhar canções e textos recitados. A Lira também é instrumento que tocam os anjos em diversas gravuras. David usava uma lira para embelezar os seus salmos.
A estrutura de uma lira consiste num corpo oco – caixa de ressonância – do qual partem, verticalmente, dois braços (montantes), que, por vezes, também são ocos. Junto ao topo, os braços ficam ligados a uma barra – o jugo – que liga as cordas até outra saliência de madeira transversal – o cavalete – disposta junto à caixa de ressonância e que lhe transmite as vibrações das cordas. As cordas são percutidas com a ajuda de um plectro (palheta). O número de cordas variava, geralmente entre seis e oito. As cordas eram feitas de tripa ou tendões de boi ou carneiro. Há quem afirme que os braços primitivos deste instrumento eram feitos com chifres de cabra.
Lírica ou Lírico é uma palavra que deriva de seu nome. Lírica tratava-se de um gênero poético cujo principal traço era a melodia.
A lira, na Maçonaria não é um símbolo muito importante, não possui nenhum significado próprio que se relacione exclusivamente com a Maçonaria, mantendo o seu simbolismo profano e Universal, ou seja, trata-se do Símbolo da Música.
O cargo de Mestre de Harmonia é um desdobramento do cargo de Mestre de Cerimônias, pois tem relação intrínseca com a beleza dos trabalhos.
É conferido ao Mestre de Harmonia o dever de selecionar e executar as peças musicais pertinentes a cada sessão, a fim de embelezá-las. É de sua responsabilidade o perfeito estado de funcionamento dos aparelhos, para que a Harmonia Musical seja perfeita em cada sessão, econômica ou não.
O Mestre de Harmonia é um cargo extremamente discreto, pois em momento algum nos rituais é dado a ele qualquer fala, seja nas instruções ou na ritualística. Tampouco na planta do templo o seu posto é marcado, ficando a critério da arquitetura da Loja a sua melhor disposição. Normalmente está na coluna do Sul, próximo ao Guarda do Templo. Entretanto cabe a ele, a importância de buscar a harmonia e a beleza nos trabalhos.
Nos rituais, nos nossos estatutos pede-se que toquemos preferencialmente compositores maçônicos, vejam preferencialmente, assim creio que nada impeça que toquemos qualquer compositor, desde que sua música seja adequada aos trabalhos. O bom senso prevalecerá como em todas as ações de um maçom.
Discordo dos autores consultados para a confecção deste trabalho, quando sugerem até as obras a serem tocadas, dando grande importância à Mozart, e restringindo bastante o bom gosto e a criatividade daquele que ocupar o cargo de Mestre de Harmonia.
Entretanto alguns cuidados quanto ao tipo de música a ser executada devem ser observados:
  • - Evitar músicas cantadas dando preferência às músicas instrumentais;
  • - Evitar músicas sacras que nos remetam a determinada religião, pelo caráter universal de nossa ordem.
Cabe aqui outra ressalva, disse evitar, e não que não é permitido, afinal somos livres e de bons costumes.
É interessante que o Mestre de Harmonia prepare músicas adequadas, principalmente para as Sessões de Iniciação, Elevação e Exaltação; bem como para os Solstícios e Equinócios, e tantas outras Sessões Magnas.
Alguns autores citam que só é permitida a entrada no Templo antes dos trabalhos se iniciarem a três Irmãos, são eles: O Arquiteto que prepara o templo para a sessão que se realizará; o Mestre de Harmonia que prepara o equipamento e os respectivos discos a serem executados e o Guarda do Templo que permitirá o acesso aos demais irmãos quando do início da Sessão.
Um outro parêntese, neste trecho, pois em nossa Loja, antes do acesso do Guarda do Templo, teremos ainda a visita do Irmão Mestre de Cerimônias que conferirá se tudo está em conformidade aos trabalhos que irão se realizar. E principalmente teremos a purificação do Templo que será executada pelo Venerável Mestre acompanhado de outros dois mestres.
No momento de retirar-se do Templo, a Ordem de Saída é inversa à entrada, assim o Mestre de Harmonia deve aguardar a saída de todos os obreiros, ficando após a sua saída apenas o Guarda do Templo.
Vários são os compositores que pertenceram à nossa Ordem, dentre eles podemos citar:

Wolfgang Amadeus Mozart, Beethoven, Haendel, Sibelius, Liszt, Phillip Souza, Cherubini, Salieri, Carlos Gomes, na medida do possível pretendo apresentar algumas obras destes autores.
As primeiras composições maçônicas datam de 1723 e foram publicadas junto com a primeira Constituição da Grande Loja de Londres; são elas:
  • - A Canção dos Aprendizes – Matthew Birkhead;
  • - A Canção dos Companheiros – Charles Delafaye;
  • - A Canção do Vigilante – James Anderson;
  • - A Canção do Mestre – James Anderson.
Esta última, publicada em 1738 juntamente com a segunda edição das Constituições de Anderson.
 No Brasil, foram compostas as seguintes obras:
  • Hymno do REAA – M.A. Silveira Neto e Jerônimo Pires Missel
  • Hino Maçons Avante – Jorge Buarque Lira e Mario Vicente Lima
  • Hino Maçônico – Dom Pedro I (D. Pedro IV de Portugal)
  • Canto Ritualístico Maçônico – Francisco Sabetta e José Bento Abatayguara
  • Hino Maçônico para Abertura e Fechamento dos Trabalhos – Otaviano Bastos
  • A Acácia Amarela – Luiz Gonzaga (o Rei do Baião) - para ouvir ou fazer download desta música acesse o link abaixo:
  • https://drive.google.com/folderview?id=0B9F356bpnhA-cnRPejZYTmJmekk&usp=sharing
Acácia Amarela - composição de Luiz Gonzaga e Orlando Silveira

Ela é tão linda é tão bela
Aquela acácia amarela
Que a minha casa tem
Aquela casa direita
Que é tão justa e perfeita
Onde eu me sinto tão bem

Sou um feliz operário
Onde aumento de salário
Não tem luta nem discórdia
Ali o mal é submerso
E o Grande Arquiteto do Universo
É harmonia, é concórdia
É harmonia, é concórdia

A seguir, como curiosidade, a origem do nome das notas musicais:
No Século XI, um monge chamado Guido d’Arezzo reparou que um Hino a São João Batista, composto por Paolo Diácono, em sua primeira estrofe de sete versos continha a seguinte estrutura: o primeiro começa em Dó, o segundo em Ré, o terceiro em Mi e assim sucessivamente até o Si. Até então estas notas eram identificadas por letras, sendo A= Lá, B= Si, C=Dó etc... Guido então teve a ideia de chamar as notas pela primeira sílaba de cada um destes versos, desta forma quem conhecesse este hino saberia identificar as notas musicais, facilitando o ensino musical.
A primeira estrofe do Cântico tinha a seguinte letra e a correspondente tradução:
Ut queant laxis
Para que possam, de libertas
Ressonare fibris
Vozes, ressoar
Mira gestorum
As maravilhas das tuas ações
Famuli tuorum
Os teus servos,
Solve polluti
Apaga dos impuros
Labii reatum
Lábios a culpa,
Sancte Ioannes
Ó São João.
Acesse o link e conheça a música: http://www.youtube.com/watch?v=SugtS3tqsoo
Guido d’Arezzo não tinha querido dar um nome à nota B, mas como isso era uma situação estranha depois arranjou-se o nome Si a partir das iniciais das duas palavras do sétimo verso do hino Ut queant laxis – e isto apesar de esse verso não começar em Si.
Depois, como o Ut era difícil de pronunciar, passou-se a chamar-lhe Dó no século 17.
Para finalizar entendo que cabe ao Mestre de Harmonia, a busca constante do equilíbrio na Sessão, trazendo através das melodias o sentimento de harmonia dentre os irmão e assim fortalecer a egrégora da Loja.
Milton Batistuci de Souza
Mestre de Harmonia
Gestão 2007/2008.


3 comentários:

  1. Bom dia , perfeito ,parabéns e muito obrigado.
    Ricardo Cesar

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  2. Querido Irmão Milton, parabéns!
    Excelente trabalho, o último parágrafo resume tudo sobre o Mestre de Harmonia, muito obrigado!
    Que saudades da nossa SANGREAL...
    TFA
    Irmão Mangano

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  3. Querido Irmão Milton, parabéns!
    Excelente trabalho, o último parágrafo resume tudo sobre o Mestre de Harmonia, muito obrigado!
    Que saudades da nossa SANGREAL...
    TFA
    Irmão Mangano

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