Esta será uma postagem diferente... apenas cinco músicas,
sendo quatro nacionais e contemporâneas, com significado bastante grande.
Os últimos dias de 2013 foram tristes para a família
Sangreal dois grandes irmãos partiram em uma nova jornada rumo ao nosso
desconhecido destino: Pierre Godfroid Joseph Ciriades e Ivo de Francesco Filho.
As pompas fúnebres em duas ocasiões dentro da mesma semana,
23 e 26/12.
Lembrei-me do saudoso Ir.´. Alberto numa conversa que
tivemos dizendo que no dia em que partisse deste oriente gostaria de “ouvir” a
música Amazing Grace, no dia de sua viagem comentei com os familiares a
respeito e assim foi feito em dois momentos, na cerimônia de despedida no
crematório e nas Pompas Fúnebres em loja.
Comecei a refletir neste momento individual do ser humano, a
partida deste mundo. Os mistérios que cercam o mundo de lá, lembrei-me de
algumas canções:
A primeira, uma música de Raul Seixas e Paulo Coelho, primeira faixa do álbum Há dez mil anos atrás, Canto
para minha morte, com uma letra bastante objetiva, sobre como será a passagem,
em que momento ocorrerá...
CANTO PARA MINHA MORTE
Eu sei que determinada rua que eu já passei não tornará
ouvir o som dos meus passos
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos e que nunca
mais eu vou abrir
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa pode ser que essa
pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado e eu não sei em que
esquina ela vai me beijar
Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi
destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?
Vou te encontrar vestida de cetim, pois em qualquer lugar
esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não
desejo, mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar. Eu te detesto e amo morte, morte,
morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida?
Existem tantas... um acidente de carro. O coração que se
recusa a bater no próximo minuto
A anestesia mal aplicada. A vida mal vivida, a ferida mal
curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no
meio-fio...
Oh morte, tu que és tão forte, que matas o gato, o rato e o
homem
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a
erva
E que a erva alimente outro homem como eu porque eu
continuarei neste homem
Nos meus filhos, na palavra rude que eu disse para alguém
que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...
Vou te encontrar vestida de cetim, pois em qualquer lugar
esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não
desejo, mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar. Eu te detesto e amo morte, morte,
morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida.
A segunda música é Epitáfio de Sérgio Britto (Titãs), faixa do álbum A melhor banda de todos os tempos da última semana, também
uma música bastante objetiva e que traz a reflexão sobre o que fizemos de
nossas vidas, arrependimentos e que devemos aproveitar mais as pequenas coisas.
EPITÁFIO
Devia ter amado mais, ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração...
O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger, enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos, com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier...
O acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger, enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...
A seguir a nossa incompreensão e egoísmo em relação àqueles
que partem de repente e muitas vezes muito jovens, pessoas que amamos e que nos
deixam... Love in the afternoon – Renato
Russo em parceria com Dado Villa Lobos (Legião Urbana), presente no álbum O Descobrimento do Brasil.
É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais.
Quando eu lhe dizia:
"- Me apaixono todo dia
E é sempre a pessoa errada."
Você sorriu e disse:
"- Eu gosto de você também."
Só que você foi embora cedo demais
Eu continuo aqui,
Com meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você em dias assim
Um dia de chuva, um dia de sol
E o que sinto não sei dizer.
Vai com os anjos! vai em paz.
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez.
É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais
E cedo demais
Eu aprendi a ter tudo o que sempre quis
Só não aprendi a perder
E eu, que tive um começo feliz
Do resto não sei dizer.
Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre mais eu sei
Que você está bem agora
Só que este ano
O verão acabou
Cedo demais.
Por fim, Encontros e
Despedidas de Milton Nascimento e Fernando Brandt, presente no álbum homônimo, uma letra com um duplo
sentido, mas se buscarmos a subjetividade teremos uma interessante mensagem
sobre o “mundo de lá” e o mistério da vida.
Milton Nascimento e Fernando Brant
Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir.
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida
Muitas outras músicas tratam deste tema, a partida, mas por favor, não se preocupem se quando eu partir não
“ouvi-las”...
Link para estas músicas:
https://drive.google.com/drive/folders/0B9F356bpnhA-T1lYZVZrN3BIM2s?resourcekey=0-cgKlBNumPyUB7ijJ6QMyRw&usp=sharing
Em tempo, a quinta música é a citada inicialmente – Amazing Grace composta por um John Newton, um traficante de escravos do século XVIII, após sua conversão religiosa, ocorrida ao sobreviver a uma tempestade em alto mar, em que pediu a Deus que tivesse compaixão de sua alma e o ajudasse a levar seu navio com mais de 500 negros a um porto seguro. Após o milagre libertou todos os escravos e transformou-se em abolicionista. A canção o testemunho pessoal de seu encontro com Deus.
AMAZING GRACE
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SUBLIME GRAÇA
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Amazing grace, oh how sweet the sound
That saved a wretch like me
I once was lost, but now I'm found
Was blind, but now I see
T'was grace that taught my heart to fear
And grace my fear relieved
How precious did that grace appear
The hour I first believed
Through many dangers, toils and snares
I have already come
T'was grace that brought me safe thus far
And grace will lead me home
When we've been there ten thousand years
Bright shining as the sun
We've no less days to sing God's praise
Then when, when we first begun
The Lord has promis’d good to me,
His word my hope secures;
He will my shield and portion be,
As long as life endures.
Yes, when this flesh and heart shall fail,
And mortal life shall cease;
I shall possess, within the veil,
A life of joy and peace.
The earth shall soon dissolve like snow,
The sun forbear to shine;
But God, who call’d me here below,
Will be forever mine.
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Maravilhosa Graça, Oh quão doce é o som
Que salvou um miserável como eu
Eu estava perdido, mas agora eu me encontrei
Eu estava cego, mas agora eu vejo.
Foi a graça que ensinou meu coração a temer
E a graça aliviou meus medos
Quão preciosa aquela graça apareceu
Na hora em que eu acreditei
Através de muitos perigos, labutas e armadilhas
Eu já percorri
Foi a graça que me trouxe até aqui seguro
E a graça vai me levar para casa
Quando estivermos lá há 10 mil anos,
Brilhantes como a luz do sol,
Não teremos menos dias para cantar louvores a Deus
Do que quando, quando começamos no princípio
O Senhor prometeu o bom para mim,
Sua palavra assegura a minha esperança;
Ele será meu escudo e porção será,
Enquanto a vida dura.
Sim, quando esta carne e coração se falhar,
E a vida mortal, cessará,
Eu devo possuir, dentro do véu,
Uma vida de alegria e paz.
A terra em breve se dissolverá como a neve,
O sol deixará de brilhar;
Mas Deus, que me chamou aqui em baixo,
Será para sempre meu.
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Uma curiosidade sobre a música, a letra é de autoria
conhecida e a música, autor desconhecido... entretanto como todos os Spirituals
ele foi composta usando apenas as teclas negras do piano, a chamada escala
escrava composta pelas notas com acidentes (bemóis ou sustenidos). Ou seja: Dó
sustenido; Ré sustenido; Fá sustenido; Sol sustenido e Lá sustenido ou Ré
bemol, Mi bemol, Sol bemol, Lá bemol e Si bemol. Crê-se que a melodia era o
lamento dos escravos no interior do navio durante a tempestade.
Neste link compartilhei diversas versões de Amazing Grace:
Se puderem e quiserem comentem e compartilhem... Que o ano de 2014 seja maravilhoso para com todos nós.
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