quarta-feira, 1 de abril de 2015

Johann Christian Bach - J.C. Bach

Johann Christian Bach, com um pouco de sua história encerro o ciclo Bach. Nascido em Leipzig no dia 05 de setembro de 1735, o mais novo dentre os filhos de Johann Sebastian com Anna Magdalena Wülken.
Apenas uma pequena parte de sua educação musical foi com o seu pai, acredita que o Livro II de O Cravo Bem Temperado tenha sido escrito e utilizado na sua instrução e também com seu primo Johann Elias. Christian tornou-se copista de seu pai até 1750, ano em que Johann Sebastian Bach faleceu, a partir de então se tornou aluno de seu meio-irmão, Carl Philipp Emanuel Bach, na cidade de Berlim. Apenas em suas primeiras composições existem a influência deste seu irmão, havendo pouquíssima referência de seu pai em toda a sua obra.
Giovanni Battista Martini
Em 1754, foi à Bolonha na Itália, aperfeiçoar-se na arte do contraponto com o padre Giovanni Battista Martini. Posteriormente estudou em Nápoles e Milão. Nesta última cidade, converteu-se ao catolicismo e foi admitido como organista da catedral da cidade, em 1760, atuando no cargo por dois anos. Lá, escreveu duas Missas, um Réquiem, um Te Deum, entre outras obras.
Compôs algumas árias que seriam inseridas em obras de outros autores, prática comum, conhecida com pasticci. Foi o único dos quatro filhos músicos de Johann Sebastian Bach a escrever peças em italiano. 
Interior do Teatro Regio de Turim
O Teatro Regio em Turim ofereceu um contrato para que compusesse uma ópera séria, ARTASERSE, com estreia em 1760. Em virtude do grande sucesso da obra, os teatros de Veneza e de Londres ofertaram contratos para outros trabalhos. Johann preferiu a oferta da casa londrina e rumou para Inglaterra em 1762, fixando-se na capital do reino, o contrato previa a composição de duas óperas para o King’s Theatre of London. 
Catedral de Milão - século XVIII

O cargo de organista foi mantido em aberto pela Catedral de Milão na expectativa de seu retorno, o que nunca ocorreu.


Carl Friedrich Abel
Em Londres, teve início sua carreira de músico de aluguel, sem um empregador definido. Foi um dos primeiros músicos autônomos, ora como prestador de serviços, ora como empresário do entretenimento. Fortalecendo-se nesta posição com o advento dos concertos e apresentações públicas, em 1765, ano em que J.C. conheceu o músico Carl Friedrich Abel, e juntos fundaram uma empresa de concertos públicos, empreitada imitada em muitas outras capitais europeias, surgindo um novo ramo de negócio, que decretaria o fim da música escrita para câmara de príncipes e aristocratas, tirava das mãos dos nobres e dos clérigos o papel de produtores musicais. Alcançou grande reconhecimento artístico e ganhou a alcunha “Bach Inglês”. Com Abel, apresentava o Bach Abel Concerts, entre 1764 e 1779, viajando por toda a Europa.
Sua maneira de compor era altamente melódica e brilhantemente estruturada, o que diferenciava de seu pai e dos irmãos mais velhos. Em suas composições há destaque para a melodia e para o acompanhamento, sem muita ênfase na complexidade contrapontística.
Johann Christian foi designado Mestre de Música da Rainha e seus deveres incluíam ministrar aulas de música a ela e seus filhos e acompanhar o Rei Jorge III ao piano, enquanto o rei tocava flauta.
W.A.Mozart - circa 1765
Foi em Londres, entre 1764 e 1765, J. C. fez amizade com o pré-adolescente Wolfgang Amadeus Mozart, que visitava a cidade dentro do roteiro de apresentações do menino prodígio, organizadas por seu pai, Leopold Mozart. Quando Mozart e J. C. Bach se encontraram pela primeira vez, Leopold relatou que os dois eram inseparáveis. Ambos sentavam-se ao órgão, Mozart no colo de Johann Christian, ambos tocando durante várias horas. J.C. Bach teria sido uma das mais importantes influências de Mozart.
Sua primeira ópera londrina, Orione, foi uma das pioneiras no uso da clarineta. Sua ópera La Clemenza di Scipione escrita em 1778 foi uma das mais populares entre os londrinos por muitos anos e tem paralelos interessantes com a última obra de W.A.Mozart desse gênero: La Clemenza di Tito de 1791.
Foi através de Christian que surgiram algumas importantes inovações tais como a distinção entre a sinfonia e a abertura de ópera que durante o barroco eram a mesma coisa, bem como o formato sonata, base da revolução feita pelo classicismo. A forma sonata aparece em algumas de suas sinfonias no primeiro movimento.
Faleceu pobre, no dia 01 de Janeiro de 1782, foi sepultado numa vala comum para indigentes, na igreja de St. Pancras Old, no registro de seu enterro seu sobrenome estava grafado com Back.
St. Pancras Old Church

Mozart, numa carta a seu pai, disse que "foi uma perda para o mundo da música". Na ocasião em que Johann Christian faleceu, Mozart estava compondo seu "Concerto para Piano nº 12, em Lá maior, K 414, o Andante do segundo movimento tem um tema semelhante ao encontrado na abertura da ópera La calamità del cuore de J. C. Bach.
Somente no século XX foi que o mundo musical começou a entender que os filhos de Johann Sebastian Bach tinham o direito de compor num estilo diferente do de seu pai sem que, com isso, seus idiomas musicais fossem inferiores ou sem qualidade, e que compositores como Johann Christian passaram a ser vistos com um interesse renovado. Ele foi um dos primeiros compositores a dar preferência ao recém desenvolvido pianoforte em detrimento dos antigos instrumentos de teclas, como o cravo.
Embora a fama de J. C. Bach tivesse declinado nas décadas após sua morte, sua música ainda era apresentada nos concertos de Londres com alguma regularidade, frequentemente junto com as obras de Haydn.
Um relato completo da carreira de J. C. Bach é fornecido no quarto volume de History of Music de Charles Burney.
Na árvore da família Bach existem mais dois Johann Christian Bach, mas nenhum deles foi compositor.
Foi o único da família a realmente ter feito parte da Sublime Instituição.

https://drive.google.com/drive/folders/0B9F356bpnhA-eEhqVTBsS1V4Tm8?resourcekey=0-rVLkLFOaDVFIXqHxRyw5Zw&usp=sharing

Nenhum comentário:

Postar um comentário