Em 23 de Fevereiro de 1.685,
nascia em Halle, no então reino da Saxonia, atual Alemanha, o filho de Dorothea
Taust, a segunda esposa de Georg Haendel, o cirurgião-barbeiro do Duque de
Saxe, Georg Friedrich Haendel. A grafia de seu nome tem algumas variações tais
como: Georg Friedrich, George Frideric, Händel ou Hendel.
Casa de Haendel em Halle |
Haendel teve seis
meios-irmãos do primeiro casamento de seu pai, um irmão, que morreu logo após
nascer, e duas irmãs. A casa em que nasceu atualmente é o centro cultural e
museu Casa de Haendel.
Seus primeiros estudos gerais
se deram no Gymnasium de Halle entre 1692-1702 e, período durante o qual aprendeu
a tocar órgão e cravo, contrariando ao pai que desejava que seu filho fosse advogado,
não se sabe ao certo de que forma, acredita-se que numa espineta danificada que
tinha em sua casa e não emitia som ou com sua mãe que sendo filha de um pastor luterano
teria alguma educação musical, ou ainda na escola onde poderia receber
rudimentos na arte.
Em certa ocasião quando
acompanhou o pai numa visita a Weissenfels, e teve acesso ao órgão da capela,
diante do duque da Saxónia e do mestre capela J.
Krieger, surpreendeu a todos demonstrando sua habilidade com o teclado.
Duque João Adolfo |
Aconselhado pelo Duque João
Adolfo que percebendo o interesse do garoto pela música, seu pai contratou Friedrich
Wilhelm Zachow, organista da Igreja de Nossa Senhora em Halle, para que
lecionasse fundamentos de harmonia e alguns instrumentos como: órgão, cravo,
violino e oboé, condicionando o menino que estudaria Direito, pois considerava
que música fosse uma perda de tempo.
Como instruções dadas por
Zachow copiou grande quantidade de música de outros mestres, compôs um moteto
por semana e ocasionalmente substituía o professor ao órgão da igreja.
Em 1696, aos doze anos,
escreveu suas primeiras sonatas para oboé e cravo.
Seu pai faleceu em 1697 e deixando
a família numa condição financeira precária, o jovem teve de arranjar uma
ocupação para ajudar no sustento. Começou a lecionar no Gymnasium, além de
conseguir uma nomeação como organista assistente na igreja de Halle.
Conheceu o compositor GeorgPhilipp Telemann que era seu admirador como organista e tornaram-se grandes
amigos, em 1701.
Em 1702, em respeito ao
desejo do pai, se matricula na Universidade de Halle, entretanto não abandona a
música, e segue dividindo o seu tempo entre os estudos jurídicos, e o posto de
organista na catedral calvinista de Halle que conquistara, e as de professor do
ginásio.
Em 1703, abandonou os estudos
na Universidade, decidido que a música tinha mais importância na sua vida. Com
isso abandonou a faculdade, seu emprego e seu alunos e foi embora para
Hamburgo, que na época era um dos principais centros europeus de música, onde
conseguiu emprego como segundo violino e cravista do teatro de ópera da cidade.
Dois anos mais tarde em 1705,
estreou a sua primeira ópera Almira, e logo em seguida a segunda, Nero, de
grande sucesso. A fama veio rápida e novos alunos o procuravam.
Nesta época viajou até Lübeck
para ouvir o grande organista Buxtehude.
Aceitou um convite para ir a
Itália, em 1706, viajou por Florença, Roma, Nápoles e Veneza para se
familiarizar mais com o gênero de óperas italianas e contatando compositores
tais como Arcangelo Corelli, Bernardo Pasquini, Domenico Scarlatti e Giovanni
Pergolese.
Em Florença, estreou em 1707,
com enorme sucesso, a cantata Rodrigo.
Cardeal Ottoboni |
Naquela época, Roma era um
dos maiores centros de arte da Europa, entretanto o papa havia proibido a
produção de óperas, tidas como imorais, assim predominava a música instrumental
e os oratórios, um estilo operístico, porém com temática sacra. O cardeal
Pietro Ottoboni, o maior patrono da música, reunia em seu palácio, semanalmente,
personalidades para debates sobre arte e ouvir música.
Em 1708, compõe o oratório La
Resurrezione, para o príncipe Ruspoli, estreando no dia 8 de abril com uma
montagem suntuosa. Seguiu-se a cantata sacra Il Trionfo del Tempo e del
Disinganno dedicada ao cardeal Ottoboni. Em Nápoles, compôs uma cantata
pastoral para o casamento do Duque de Alvito, em junho do mesmo ano.
Georg Ludwig |
Em Veneza, no dia 26 de Dezembro
de 1709, estreou em Veneza a sua ópera Agrippina, com enorme sucesso.
Em 1710 mudou-se para Hanover,
onde assumiria o cargo de mestre de capela da corte do Eleitor Georg Ludwig, no
ano seguinte recebeu um convite para visitar a corte britânica, solicitou
licença ao nobre, com a autorização para viajar, partiu para Londres.
Em solo inglês compôs a ópera
Rinaldo que estreou em 24 de fevereiro de
1711, com muito sucesso. Ao término de sua licença, retornou a Hanover onde
reassumiria suas atribuições. Esteve em sua terra natal, em novembro daquele
ano, para ser padrinho de uma sobrinha.
No ano seguinte obteve nova permissão
para viajar a Londres, ansiava alcançar o mesmo sucesso, entretanto as duas
óperas que compôs em sua chegada não tiveram um êxito significativo.
Lord Burlington |
Em 1713 residiu na casa do
jovem Lord Burlington, cuja mansão da família era um centro de arte, por
influência da família foi convidado a compor a Ode for the Queen's Birthday e de
Te Deum para celebrar a Paz de Utrecht. O resultado prático da Ode foi uma
pensão anual de 200 libras concedida pela Rainha. No ano de 1714 tornara-se
compositor da corte inglesa, com vencimentos que lhe permitiam luxos e
aplicações em sociedades comerciais. Sua licença havia terminado, e ele não
retornou a Hanover, o que aborreceu o Eleitor Georg Ludwig, que por ironia do
destino, o nobre era o sucessor da rainha Ana e assumiu o posto com a morte da
monarca naquele mesmo ano, sendo intitulado George I.
Encontro entre Haendel e George I |
Os nobres londrinos da época
tinham como um dos passatempos favoritos o passeio de barco pelo Tâmisa,
acompanhados de uma pequena orquestra que os seguia em um barco próprio. Numa
dessas ocasiões o Rei foi convidado a participar, então o Barão Kielmansegge,
amigo de Haendel, providenciou para que a música executada fosse do compositor
alemão, sem que o nobre soubesse, numa forma de reconciliação entre os dois,
George aprovou a composição e ao ser revelado a autoria, perdoou-o.
Existe outra versão de que tal
reconciliação se deveu por intermédio de Francesco Geminiani, célebre virtuoso
do violino, que exigiu que o cravista fosse Haendel, para se apresentar diante
do Rei.
Assim George I não só
confirmou a pensão de Haendel como a dobrou.
Nos anos que se seguiram,
acompanhou o Rei em visita aos domínios alemães, também teve autonomia para que
visitasse outras localidades, com isso pode visitar sua mãe e auxiliar a viúva
de Zachow, seu antigo mestre, com uma pensão por muitos anos.
Johann Christoph Schmidt |
Reencontrou Johann Christoph
Schmidt, um amigo que já havia casado e tinha filhos, a quem convenceu a seguir
com ele para Londres como seu secretário e copista.
Em 1717, tornou-se o mestre
de capela do Duque de Chandos para quem trabalhou por três anos, produzindo
peças como o Chandos Te Deum e os Chandos Anthems. Também compôs músicas litúrgicas,
serenatas, e seu primeiro oratório inglês, Esther, além de lecionar música para
as filhas do Príncipe de Gales.
Margherita Durastanti. |
Em 1719 com a participação do
Rei, a nobreza decidiu formar a Royal Academy of Music, inspirada na academia
francesa, sendo Haendel alistado como compositor oficial, foi até a Alemanha
para contratar cantores, sem muito sucesso Haendel retornou a Londres apenas
com um nome famoso, a soprano Margherita Durastanti.
A estreia da Academia deu-se
no ano seguinte, com uma obra inexpressiva do compositor Giovanni Porta.
Posteriormente encenou-se Radamisto, de Haendel, que foi apresentada por dez
vezes, e seguiu-se a ópera Narciso, de Domenico Scarlatti, com uma recepção
pior que as anteriores.
O Lord Burlington decidiu
contratar Giovanni Bononcini como segundo compositor para a Academia,
tornando-se o maior rival de Haendel.
Giovanni Bononcini |
A ópera Astarto de Bononcini
foi um grande sucesso. Na temporada seguinte foram apresentadas outras três
obras do italiano, enquanto Haendel uma, Floridante.
Entretanto, no ano seguinte,
a situação reverteu no ano seguinte, Floridante foi reapresentado com boa
acolhida, e outras duas, Muzio Scevola e Ottone, tiveram excelente repercussão.
A dificuldade de
relacionamento entre ele e os cantores não era tranquilo, eles tinha altas
remunerações, extravagantes, exigentes, rebelde e vaidade incontrolável,
transformava o ambiente cada vez mais insustentável, até que em 1728 a Academia
foi dissolvida.
Após o fracasso da Royal Academy,
lançou por conta própria uma companhia operística, em associação com o
empresário Heidegger, alugou o King's Theatre por cinco anos e buscou cantores
na Itália, sem muito sucesso. A estreia da companhia foi sem muito sucesso com a
peça Lothario. Para a temporada seguinte recontratou Senesino e a obra Poro foi
um sucesso. Contratou também o baixo Montagnana, entretanto as apresentações de
Ezio e Sosarme em 1732 foram um fracasso.
Em fevereiro de 1733, reapresentou
Esther em forma de oratório, e no fim do ano encenou a ópera Acis and Galatea,
ambos em inglês e bem sucedidos.
No ano seguinte apareceu
Orlando, outro sucesso, e foi convidado pela Universidade de Oxford para
apresentar os oratórios Esther, Athaliah e Deborah. Todos tiveram as casas lotadas.
Com altos e baixos de sua
companhia, e sendo envolvido em disputas entre o Rei e seu filho, o Príncipe de
Gales, que formou uma Companhia que rivalizou com a sua. O atrito com as novas
gerações de compositores britânicos, uma perda de 9000 libras, o levou a
falência em 1737.
Após várias tentativas de se
reerguer e vários reveses em 1741, anunciou que encerraria suas atividades.
Entretanto o convidaram para uma série de concertos beneficentes em Dublim, e
ali mais uma vez sua estrela voltou a brilhar, escreveu Messias (Messiah), a
sua obra mais conhecida, e reapresentou L'Allegro, cujas récitas foram um
verdadeiro triunfo. Logo arranjou para que outras obras fossem encenadas, todas
recebidas com entusiasmo.
Mais uma vez, as crises da
nobreza interferiam em sua situação financeira e novamente viu-se afundado em
dívidas, em 1745, Horace Walpole afirmou que se tornou então uma moda, nos dias
em que Haendel oferecia seus oratórios, os nobres irem todos à ópera.
Durante a rebelião jacobita
ele aproveitou a movimentação política escrevendo obras de cunho patriótico.
Seu oratório Judas Maccabaeus, composto em honra do Duque de Cumberland, que
derrotara os revoltosos, teve enorme repercussão, dando-lhe mais renda do que
todas as suas óperas juntas, e de uma hora para outra tornando-o o
"compositor nacional". Na sequência outras composições suas tiveram
boa aceitação. Susanna foi um sucesso notável, bem como a Fireworks Music, uma
suíte orquestral. Finalmente suas finanças se estabilizaram.
Os anos seguintes foram entre
viagens e dificuldades de saúde, sofreu um acidente de carruagem, estava com
problemas de visão, o braço estava semiparalisado, em 1756 estava praticamente
cego, mas a saúde estava normal e bastante jovial, ainda tocava órgão e cravo
com perfeição, e também se dedicava à caridade.
Seus oratórios davam bastante
lucro, tanto que ao morrer deixou um patrimônio de 20 mil libras, uma pequena
fortuna, incluindo uma expressiva coleção de obras de arte.
Em 1758 abandonou a maioria
de suas atividades públicas, pois sua saúde declinava rapidamente.
Sua última aparição em
público aconteceu em 6 de abril de 1759, numa apresentação de O Messias, mas
desmaiou durante o concerto e foi levado para casa, onde permaneceu de cama,
falecendo na noite de 13 para 14 de abril. Foi enterrado na Abadia de
Westminster, um grande privilégio, em uma cerimônia assistida por milhares de
pessoas.
Seu testamento foi executado
em 1 de junho, deixando a principal parte de seus bens para sua afilhada
Johanna, com dotes para outros familiares e seus assistentes, além de mil
libras para uma instituição de caridade. Seus manuscritos ficaram com o filho
de seu secretário Johnann Schmidt, de mesmo nome do pai, que os guardou até
1772, quando os ofereceu para Jorge III em troca de uma pensão anual.
Os obituários foram
eloquentes: "Foi-se, a Alma da Harmonia partiu!"... "O mais
excelente músico que qualquer época jamais produziu"... "Enternecer a
alma, cativar o ouvido, antecipar na Terra as alegrias do Céu, esta foi a tarefa
de Haendel", e foram publicados vários outros desse teor.
Haendel deixou mais de 600
composições, entre oratórios, óperas e música instrumental. Os mais conhecidos
são o oratório O Messias e seu coro Aleluia. A primeira apresentação de Música
para fogos de artifícios, em Londres, no ano 1749, reuniu 12 mil pessoas.