quinta-feira, 23 de junho de 2016

GEMINIANI


Francesco Xaverio Geminiani, nascido em Lucca, sua data de batismo é 05 de dezembro de 1.687 foi um grande violinista e compositor italiano. Em algumas publicações seu nome do meio está grafado como Saverio.

Filho do famoso violinista Giuliano Geminiani, que foi seu primeiro professor, tornou-se aluno de Carlo Ambrosio Lonati, apelidado de Il Gobbo (O Corcunda), um violinista qualificado, estudou contraponto com Alessandro Scarlatti, posteriormente, e violino com Arcangelo Corelli.

C.A. Lonati        -              A.Scarlatti -                 A. Corelli
Aos vinte anos, em 1707, substituiu seu pai na Capela Palatina de Lucca. Em 1711 ele se tornou spalla e regente da Ópera de Nápoles. Após um breve retorno à sua cidade natal, em 1714 ele foi para Londres, onde suas performances brilhantes lhe deram, em um curto espaço de tempo, grande reputação.

Dois anos após sua chegada a Londres, publicou 12 sonatas para violino, baixo e cravo, que dedicou ao barão Kielmansegge, camareiro do rei George I. Este trabalho obteve grande sucesso.

Handel
O barão, que era seu protetor, falou ao rei, e obteve permissão para que Geminiani executasse algumas de suas produções em sua presença. Handel, que era o cravista da corte, cedeu parte do seu cravo e ambos fizeram um duo, Geminiani justificou a proteção de seus amigos.

Em 1727, o cargo de professor de música e compositor no estado da Irlanda estava vago, e o Conde de Essex indicou o nome de Francesco Geminiani, mas seu nome foi recusado por ele ser católico. O cargo foi dado a Mathieu Bubourg que tinha sido seu aluno e recusou a indicação. Enquanto isso, suas obras publicadas aumentavam a sua reputação. Numa visita que fez a Paris, entrou em contato com Padre Castel que havia publicado no Journal des Savants uma análise apologética da unidade harmônica de suas peças musicais, de volta a Inglaterra, ele traduziu a matéria para o inglês e publicou, silenciando as críticas.

Esteve outras vezes em Paris, onde lançou edições revisadas e corrigidas de muitas de suas obras. Em 1755, na Inglaterra lançou uma revista chamada Harmonical Miscellaney, sem o sucesso que o compositor esperava, e após duas edições fracassadas desistiu da ideia.

Foi à Irlanda em 1761, onde se encontrou com o seu Bubourg, então integrante da orquestra do rei, o pupilo fez questão de saudá-lo e demonstrar toda a gratidão que tinha com o seu antigo mestre.

Francesco Geminiani reunira material durante vários anos para a publicação de um livro sobre música, entretanto uma serviçal roubou os manuscritos, o que lhe causou profunda depressão, o que provavelmente causou sua morte em Dublin no dia 17 de Setembro de 1762.

Geminiani não foi uma unanimidade, alguns o mencionam como modelo de excelência na música instrumental. Outros que suas composições são ousadas e inventivas, porém sem ritmo ou melodia. Independente disto Francesco tentou abandonar o estilo de Corelli, com formas mais modernas, mas mantendo a pureza do estilo de seu mestre.

Em sua obra de composição se destacam suas sonatas para violino e baixo contínuo e seus concerti grossi, onde introduziu a viola como parte do concertino. Para este estilo ele também adaptou algumas sonatas para violino e baixo de seu mestre Corelli.

Escreveu um tratado sobre a arte do violino em 1751, Art of Playing the Violin, que sumariza a prática do instrumento no século XVIII, sendo uma referência até os dias de hoje.

Seu Guida harmonica (c. 1752) é um dos mais originais tratados de harmonia, dando instruções detalhadas para a realização do baixo continuo. Outras de suas obras teóricas são Art of Accompaniment on the Harpsichord, Organ, etc. (1754), Lessons for the Harpsichord, e Art of Playing the Guitar (1760).

Francesco Geminiani foi o primeiro italiano iniciado na Maçonaria, fato ocorrido em 01 de Fevereiro de 1725 na Queen’s Head Lodge, sendo considerado o mais antigo maçom da Itália.

Foi diretor artístico da PHILOMUSICAE ET ARCHITECTURAE SOCIETAS APOLLINIS, sociedade cultural estabelecida em Londres e criada pela Queen’s Head Lodge, com intuito de patrocinar propagar e desenvolver a música de câmara em detrimento a música religiosa e operística. 

Para ouvir e baixar algumas peças do compositor, clique aqui!

quarta-feira, 15 de junho de 2016

AS ESTAÇÕES - O INVERNO



Mais uma vez o Inverno está chegando e este ano ele já entregou o seu cartão de visitas nesse final de Outono...

Só para registrar o em 2016 o Solstício de Inverno aqui no Hemisfério Sul ocorrerá às 19 horas e 34 minutos do dia 20 de Junho de 2016. A Estação mais fria do ano terminará no dia 22 de Setembro, com o Equinócio da Primavera.

Não tornarei a falar sobre o Solstício de Inverno, pois já foi comentado aqui.

No ano passado comentei sobre a Sinfonia Nº 1 - Sonhos de Inverno - em Sol Menor - Op 13 de Tchaikovsky Se não viu, aproveite e clique aqui, inclusive revendo a postagem, vi que ainda não abordei o compositor como prometido, que lapso!

Desta vez darei continuidade ao que fiz no Equinócio de Outono em que sugeri algumas músicas com o Outono como tema. Então agora farei isto com o Inverno, serão dez canções em vários estilos... 

Começamos com algumas músicas brasileiras, que não retratam exatamente o Inverno, mas os sentimentos de reflexão e recolhimento:

Quero que vá tudo pro inferno de Roberto Carlos parceria com Erasmo Carlos lançada em 1965 no álbum Jovem Guarda, música que o cantor baniu de seu repertório.


O Inverno do Meu Tempo de Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola em parceria com Roberto Nascimento, lançado em 1979 no álbum Cartola – 70 anos.


As aparências enganam – música de Tunai e Sérgio Natureza, lançada em 1979 por Elis Regina no álbum Essa Mulher.


Inverno de Adriana Calcanhotto em parceria com Antônio Cícero, a canção faz parte de seu terceiro álbum “A Fábrica do Poema” lançado em 1994.


Nem um dia, canção composta por Djavan e que fez parte do álbum Malásia lançado em 1996.

E algumas internacionais:



Wintertime Love – The Doors – faixa do terceiro álbum da banda - Waiting For The Sun - lançado 1968.


Winter - The Rolling Stones, faixa do álbum Goats Head Soup de 1973.


Winterlong – Neil Young – faixa da coletânea de 1977 – Decade.


Lua D’Inverno música instrumental da banda portuguesa de gothic metal Moonspell faixa do álbum Wolfheart lançado em 1995.



Winter – Haruko pseudônimo da cantora Susanne Stanglow canção do álbum Wild Geese lançado em 2009.


quinta-feira, 9 de junho de 2016

Assim falou Zaratustra

Nietzsche


Richard Strauss compôs a peça no ano de 1896. É um dos primeiros trabalhos feitos para homenagear Nietzsche, embora este estivesse com uma paralisia geral nessa época. Mas, ele deve ter ouvido as notícias referentes a essa homenagem feito pelo compositor.

Richard Strauss

Poema Sinfônico "Assim falou Zaratustra" (Also sprach Zarathustra)

Seu número de catálogo é Opus 30 / TrV 176 - escrita durante o período de 4 de fevereiro a 24 de agosto de 1896. A obra teve a sua estreia no dia 27 de novembro de 1896 em Frankfurt — Frankfurter Opern- und Museumsorchester, com a regência do próprio autor.

O Poema Sinfônico tem inspiração na obra literária homônima de Friedrich Nietzsche, de 1885, que conta a trajetória de Zaratustra, ou Zoroastro, o profeta persa (século VII aC) que desce de seu refúgio solitário na montanha e vai compartilhar seu conhecimento com a humanidade. 
Valendo-se da voz de Zaratustra, Nietzsche denuncia o servilismo à religião e os abusos da sociedade contra o indivíduo. A idéia central do livro é a de que somos seres em transição, do macaco ao que o autor chamou de übermensch, o homem-além-do-homem (ou simplesmente traduzido como super-homem). 


Kubrick
Tal teoria foi inserida por Stanley Kubrick em seu filme "2001, Uma odisseia no espaço" de 1968, e a utilização da música na trilha-sonora conferiu à obra uma imensa popularidade.


Strauss declarou que não foi sua intenção produzir música filosófica, nem muito menos traduzir musicalmente o livro, mas sim homenagear a grande figura de Niezsche e sua obra-prima. As 9 partes são, segundo o compositor, um panorama do desenvolvimento da raça humana desde sua origem, passando pelo contato com a religião, com a ciência, até atingir a figura nietzschiana do übermensch.

A peça utiliza os seguintes instrumentos para sua execução:
A disposição aproximada da orquestra seria está, acrescentando e substituindo alguns instrumentos, tais como o piano pelo órgão, os oboés entrariam próximos aos fagotes e saem a corneta, gongo, caixa e xilofone.

Órgão, 1 Flautim, 3 Flautas, 3 Oboés, 1 Corne-inglês, 3 Clarinetas, 1 Clarineta-baixo, 3 Fagotes, 1 Contrafagote, 6 Trompas, 4 Trompetes, 3 Trombones, 2 Tubas, Tímpanos, 1 Bumbo, Címbalos, Triângulo, Glockenspiel, Carrilhão ou sino, 2 Harpas, e 64 Cordas (16 primeiros-violinos, 16 segundos-violinos, 12 violas, 12 violoncelos e 8 contra-baixos).

Com duração aproximada de 35 minutos, divididos em nove partes, que são tocadas ininterruptamente. Segue comentário e a duração aproximada de cada uma delas:


I. Einleitung, oder Sonnenaufgang
(Introdução, ou O Nascer do Sol) — cerca de 2 minutos
O impacto indescritível disso que seria o contato do homem com o poder de Deus (no programa da estreia em Berlim escrito pelo próprio autor) é construído sobre uma nota grave sustentada pelo órgão, com ajuda dos contrabaixos e do contrafagote, no qual irá se apoiar o inesquecível chamado de 3 notas dos trompetes, complementado pela marcação contundente dos tímpanos. O sol nasce e o homem se confronta com a dor do conhecimento, a certeza da morte.
Instrumentos com destaque na primeira parte. 

II. Von den Hinterweltlern
(Dos habitantes dos mundos ocultos) — cerca de 3 minutos
Originalmente, Strauss intitulou essa passagem como Von Göttlichen, Do Divino, e aqui a música traduz a primeira tentativa do homem em encontrar respostas para os mistérios, apelando para as "verdades" religiosas. Um doce tema nasce nos violoncelos e espalha-se pelas cordas com ecos do canto medieval "Credo in unum Deum" (Cremos em um só Deus).


Violencelo e as demais cortas dominam a segunda parte.


III. Von der großen Sehnsucht
(Do imenso desejo) — cerca de 2 minutos
A tentativa de encontrar conforto na saciedade de seus instintos. As cordas "deslizam" com o tema do desejo e são sistematicamente interrompidas pelos sopros com uma sonoridade sôfrega e desconfortável. No ápice melódico, uma brutal interferência que enuncia a dúvida e prepara o próximo trecho.

IV. Von den Freuden und Leidenschaften
(Das alegrias e das paixões) — cerca de 2 minutos
A revolta do homem frente à falta de respostas e sua entrega às paixões, numa melodia gloriosa nos violinos que simboliza os prazeres carnais, até culminar num comentário jocoso dos trombones simbolizando o fastio.

V. Das Grablied
(A canção do túmulo) — cerca de 2 minutos e meio
O sentimento de impotência e desolação, o desespero do homem (numa melodia que aparece no violino-solo do spalla) frente à invencível morte.




VI. Von der Wissenschaft
(Da ciência) — cerca de 4 minutos
Começa numa passagem sombria, na qual o homem tenta, outra vez, encontrar respostas, agora nas ciências e no aprendizado. Adiante os sopros saltitam, simbolizando o conhecimento, e o tema principal ecoa em confronto.

VII. Der Genesende
(O Convalescente) — cerca de 5 minutos
O movimento trata da ascensão do homem a super-homem, libertando-se do mal e da ignorância. Os temas anteriores retornam, inebriados pela atmosfera da superação dos desejos terrenos. A fanfarra pontua a presença de Zaratustra, que ri extasiado (repiques do oboé) e comemora seu triunfo.
oboé

VIII. Das Tanzlied
(A Canção dançante) — cerca de 8 minutos
Volúpia e felicidade na melodia valsante trazida pelo primeiro-violino, num movimento que vai acumulando tensão em direção ao êxtase triunfal que aos poucos vai se desfazendo até o movimento de conclusão:

IX. Nachtwandlerlied
(Canto do viajante noturno) — cerca de 5 minutos
O sino convida às profundezas da noite. É um “finale” enigmático, deixando "o problema" do homem não resolvido. Ecoa o Universo, as esferas, como se o homem fosse se diluir na matéria da qual ele se destacou. A atmosfera permanece serena mais ainda ambígua, cheia de interrogações. Simbolizando essa dúvida, uma dissonância entre o flautim e os violinos antecede a finalização da peça em suaves pizzicatos.
flautim


Texto de Rafael Fonseca.



A peça apresentada nesta postagem é dirigida pelo maestro letão Maris Jansons a frente da Bavarian Radio Symphony Orchestra.



quarta-feira, 8 de junho de 2016

AS ESTAÇÕES - A PRIMAVERA


Um oratório, sim um oratório. Esta é a classificação de Die Jaherszeiten (As Estações) de Joseph Haydn. Da obra vou apresentar apenas a parte que se refere à Primavera, pois se trata da estação que está se aproximando.
Gottfried van Swieten
Este oratório de Franz Joseph Haydn teve o seu libreto fornecido por Gottfried van Swieten, que já havia entregue anteriormente o libreto de A Criação. O processo de composição de As Estações foi imensamente difícil, pois sua saúde debilitada fez com que levasse dois anos para concluir o trabalho. A magnitude do trabalho demonstra que a demora é justificada. A obra teve sua estreia em 1801 com imenso sucesso, embora inferior ao de A Criação.
Como disse no início, é um oratório, entretanto “As Estações” não têm por tema central elementos da religião cristã, tampouco da mitologia clássica. E sim a essência da vida cotidiana, baseando-se em episódios da vida rural.
A obra é dividida em quatro partes. Cada uma é representando uma das estações - Primavera, Verão, Outono e Inverno.
Focarei uma parte desta obra, a cada estação.
Os movimentos que compões esta parte são:

01 - Introdução e Recitativo: Seht, wie der strenge Winter flieht!
02 - Coral dos Camponeses: Komm, holder Lenz!
03 - Recitativo: Vom Widder strahlet jetzt
04 - Ária: Schon eilet froh der Ackersmann
05 - Recitativo - Der Landmann hat sein Werk vollbracht
06 - Coral com solistas - Sei nun gnadig, milder Himmel
07 - Recitativo - Erhort ist unser Flehn
08 - Solistas e Coral - O wie lieblich ist der Anblick

Haydn
 Segue uma adaptação da letra original em alemão, para o português, do segundo movimento, o Coral: “Komm, Holder Lenz.”

CORO DOS CAMPONESES
Venha bela Primavera! Graça divina venha!
A natureza desperta de seu sono da morte.

MULHERES E MENINAS
Vem a primavera doce.
Já sentimos o suspiro quente,
Breve tudo renascerá.

HOMENS
Não se alegram muito em breve!
Muitas vezes envolto em névoa
O inverno retorna e se espalha
Seu frio entorpece as flores e botões.

TODOS
Venha amada Primavera! Graça divina venha!
Desça sobre nossos campos!
Venha, primavera doce, oh venha

E não se demore.

Nota Explicativa:
Oratório é um gênero musical cantada com conteúdo narrativo, assemelha-se à ópera em sua estrutura (árias, coros, recitativos), entretanto não se destina à encenação. Em geral, os oratórios têm temática religiosa.
O nome oratório da Congregação do Oratório, atualmente conhecida como Confederação do Oratório, uma comunidade de apóstolos criada em 1565, na cidade de Roma, por São Filipe Néri. Aí eram produzidos espetáculos de música sacra, no período que transcorreu de 1571 a 1594.

A gravação que consta no link é de Herbert von Karajan com a Filarmônica de Berlim, feita em 1972, dentro de uma igreja.
https://drive.google.com/drive/folders/0B9F356bpnhA-d0FXRU4xRVBQMTg?resourcekey=0-NZgbCn_Qfi1qT1mrD8DidQ&usp=sharing

quarta-feira, 1 de junho de 2016

THOMAS ARNE


Thomas Augustine Arne, filho de pai anglicano e mãe católica, nascido em Londres no dia 12 de Março de 1.710, e batizado na Igreja de St. Paul.
St.Paul Covent Garden
Drury Lane Theater
Seu pai era um estofador de renome e foi funcionário da City Company of Upholsteres. Conseguiu se firmar e estabelecer-se financeiramente, tendo condições de alugar uma casa grande em Covent Garden, na King Street, além de conseguir manter o filho no Eton College. 
Mas vieram os maus tempos e seu pai viu-se obrigado a complementar a renda familiar trabalhando no Drury Lane Theater como bilheteiro.

espineta

O interesse pela música do menino era tanto que ele tinha uma espineta em seu quarto com as cordas amortecidas com um lenço, e assim praticava secretamente durante a noite, enquanto o resto da família dormia, pois seu pai não aprovava que ele seguisse na música. 



Liveryman
Ele também se vestia como um Liveryman, a fim de ter acesso à galeria do Opera italiano. Foi na ópera que Arne conheceu o músico e compositor Michael Christian Festing, que foi uma grande influência sobre ele. 
St.George Hanover Square
Festing não só lhe ensinou a tocar violino, como também o levou para vários eventos musicais, inclusive disputando com Thomas Roseingrave para o cargo de organista na St. George Hanover Square, e uma visita a Oxford em 1733 para ouvir o Oratório Athalia de George Frideric Handel.

Brasão Eton College
Arne deixou Eton para seguir uma carreira em Direito. No entanto, o pai de Arne o surpreendeu acompanhando um grupo de músicos num dos encontros musicais de Festing. 

Ao descobrir o real talento e vocação do jovem, e depois de muita insistência de seu amigo e compositor, Michael Festing, seu pai concordou que Thomas seguisse com uma carreira musical.


Royal Opera House
Ele se tornou um prolífico compositor de músicas teatrais britânicas do século XVIII, que foram frequentemente realizadas no Royal Opera House, Covent Garden, entre 1733 e 1776, escreveu música para cerca de 90 obras, incluindo peças de teatro, masques (uma forma de entretenimento comum na época), pantomimas e ópera.

Muitas destas peças se perderam principalmente no incêndio no Covent Garden ocorrido em 1808. 

Susannah Maria Arne
Thomas tinha grande admiração pelo talento vocal de sua irmã, Susannah Maria Arne, que foi uma famosa cantora da época, e escreveu diversas músicas em suas obras, exclusivamente para sua voz, contralto, inclusive em sua primeira ópera, Rosamund. Mais tarde ela seria conhecida profissionalmente como "Sra Cibber". 

Rosamund foi um grande sucesso na sua estreia, sendo repetida por dez vezes.

Por seguir o catolicismo de sua mãe, nunca compôs música para a Igreja da Inglaterra, ao contrário da maioria dos principais compositores ingleses do seu tempo.

John Ferederick Lampe

Em 15 de março 1737, casou com a cantora Cecilia Young, cuja irmã, Isabella era a esposa de John Frederick Lampe. Durante este período, óperas e masques de Thomas Arne tornaram-se cada vez mais populares, e ele recebeu o patrocínio de Frederick, príncipe de Gales.
Foi no dia 01 de Agosto de 1740, por ocasião da celebração da Adesão de George I e o aniversário da princesa Augusta, em Cliveden, país de origem de Frederick, que era alemão criado em Hanover, que estreou “The Masque of Alfred” um trabalho de palco cantado, com música de Thomas Arne e libreto de David Mallet e James Thomson. O trabalho foi inicialmente concebido como uma masque, posteriormente revisto foi transformado em oratório totalmente cantado em 1745 e, em seguida, uma ópera em 1753. A obra é mais conhecido por seu final, com a canção patriótica "Rule Britannia", que se tornaria a sua obra mais conhecida.
Parte da Partitura Rule, Brittania!
Trabalhando para o Drury Lane Theatre, em 1740, ele também escreveu incidental música para várias peças de Shakespeare, incluindo "As You Like It", "Noite de Reis", "O Mercador de Veneza", "A Tempestade", "Perdido de amor de Trabalho" e "Romeu e Julieta".

Foi em 1741, que Thomas Arne apresentou queixa na Chancery por danos de violação aos direitos autorais musicais, afirmando que algumas de suas canções teatrais foram impressas e vendidas por Henry Roberts e John Johnson, os livreiros de Londres e distribuidores de música, sem qualquer retorno financeiro ao compositor. O assunto foi resolvido fora do tribunal. Arne foi um dos primeiros compositores a ter apelado à lei sobre questões de direitos autorais.

Em 1750, após uma discussão com o empresário David Garrick, sua irmã Susannah deixou Drury Lane indo para o Covent Garden Theatre, Arne a acompanhou.

Nesse mesmo ano, ocorre uma “coincidência” entre as duas companhias teatrais rivais, a Drury Lane, e Covent Garden que encenam Romeu e Julieta, com a disputa pelo público, teve início a Batalha dos Romeus. A Covent Garden tinha como ponto alto o cortejo fúnebre para Julieta acompanhado pela música de Thomas Arne, que levava maior público para a Covent Garden. Entretanto a Drury Lane de David Garrick introduziu este momento na sua encenação embalada com a música de William Boyce, que então superou a audiência da concorrente. Já comentado aqui.

Em 1755, durante um período passado em Dublin, ele se separou de Cecilia, alegando que ela estava mentalmente doente.

Teve início um relacionamento com uma de suas alunas, Charlotte Brent, uma soprano e ex-criança prodígio. Charlotte Brent atuou em vários trabalhos de Arne, inclusive no papel de Sally na ópera Thomas e Sally de 1760, e como Mandane na ópera Artaxerxes, dois anos depois.
Artaxerxers
Brent e Arne seguiram caminhos distintos e ela se casou com um violinista chamado Thomas Pinto em 1766.

Nos 1760 Arne colaborou com o escritor irlandês Isaac Bickerstaffe, sendo Thomas e Sally a primeira ópera cômica inglesa totalmente cantada, não contendo qualquer diálogo. Artaxerxes foi uma das mais bem sucedidas e influentes óperas inglesas do século 18 e é a única tentativa conhecida de escrever em italiano, Metastasian ópera séria, no idioma Inglês foi frequentemente realizada em Londres na década de 1830 e foi a mais popular ópera inglesa antes do século 20. Numa visita, em 1791, a Londres, Joseph Haydn ficou impressionado com uma apresentação de Artaxerxes. Admitindo não ter consciência da existência de uma ópera no idioma Inglês.

Escreveu, em 1764, “The Arcadian Nuptials”, para celebrar o casamento da princesa Augusta.

Em 1769 Arne compôs a música Thou Soft Flowing Avon, com letra de Garrick, para o Jubileu Shakespeare.
Ele foi premiado com um doutorado em Música na Universidade de Oxford.

Em 1777, pouco antes de sua morte, Arne e sua esposa se reconciliaram. Eles tiveram um filho, Michael Arne, que também foi compositor. Faleceu em 05 de Março de 1778.

Thomas Augustine Arne está sepultado na St. Paul Churchyard, em Covent Garden, Londres.
observe no primeiro andar a placa azul

Em 1988, foi colocada uma placa azul, no número 31 da King Street, em Covent Garden, sua residência natal, as placas azuis indicam que alguém importante morou naquele local.

Ele também escreveu uma versão para God Save the King, na pontuação musical que viria a ser o hino nacional britânico.

Arne foi maçom ativo na ordem, morava nas proximidades do Freemason’s Hall no Covent Garden de Londres, onde Arne viveu por muitos anos, entretanto não há informações quanto a que loja pertencera.

Act III. - Ode- When Britain first at heav'ns command
(Rule, Britannia!)
1
When Britain first, at Heaven's command
Arose from out the azure main;
This was the charter of the land,
And guardian angels sang this strain:
"Rule, Britannia! rule the waves:
"Britons never will be slaves."
2
The nations, not so blest as thee,
Must, in their turns, to tyrants fall;
While thou shalt flourish great and free,
The dread and envy of them all.
"Rule, Britannia! rule the waves:
"Britons never will be slaves."
3
Still more majestic shalt thou rise,
More dreadful, from each foreign stroke;
As the loud blast that tears the skies,
Serves but to root thy native oak.
"Rule, Britannia! rule the waves:
"Britons never will be slaves."
4
Thee haughty tyrants ne'er shall tame:
All their attempts to bend thee down,
Will but arouse thy generous flame;
But work their woe, and thy renown.
"Rule, Britannia! rule the waves:
"Britons never will be slaves."
5
To thee belongs the rural reign;
Thy cities shall with commerce shine:
All thine shall be the subject main,
And every shore it circles thine.
"Rule, Britannia! rule the waves:
"Britons never will be slaves."
6
The Muses, still with freedom found,
Shall to thy happy coast repair;
Blest Isle! With matchless beauty crown'd,
And manly hearts to guard the fair.
"Rule, Britannia! rule the waves:
"Britons never will be slaves."