quinta-feira, 28 de março de 2019

SONATAS PARA PIANO - BEETHOVEN


Relembrando os 192 anos do falecimento de um gênio!


Derivada do latim “sonare”, a sonata é uma música instrumental composta para um instrumento solo. Desenvolvida entre os séculos 17 e 18, a sonata é um dos mais populares formatos de composição para piano, sua estrutura, costumeiramente escrita em três movimentos distintos favorece o enquadramento de pensamentos ou sentimentos contraditórios, dependendo da intenção do compositor ou da época em que foi escrita, ela pode ter outras quantidades de movimentos. Scarlatti foi o compositor que mais escreveu esse tipo de música, forma mais de quinhentas sonatas para cravo.

Bulow
As sonatas para piano surgiram no período clássico, sendo considerada a primeira peça a Sonata Opus 2 de Clementi, foi nesse período que a sonata adquiriu a característica mais comum, três movimentos, dois rápidos, e um lento entre eles.

De acordo com Hans von Bulow, definiu duas coleções de obras como o Velho e o Novo Testamento da música, o velho seria o Cravo Bem Temperado de Johann Sebastian Bach e o novo As Sonatas de Piano de Ludwig van Beethoven.

Para quem ainda não sabe, Beethoven foi um compositor alemão, do período de transição entre o Classicismo (século XVIII) e o Romantismo (século XIX). 

Foi um dos compositores mais respeitados e mais influentes de todos os tempos, nascido em Bonn, numa data incerta, mas batizado em 17 de Dezembro de 1770, e faleceu em Viena no dia 27 de março de 1.827. Beethoven foi um pianista excepcional, tanto que quando chegou a Viena em 1792, firmou-se primeiro como pianista, e foi sua forte personalidade de instrumentista que chamou a atenção do público vienense. Sobre o compositor prometo falar em breve...

O assunto desta postagem serão as suas 32 sonatas para piano, principalmente às dez intituladas.

Beethoven escreveu suas 32 sonatas para piano entre 1795 e 1822. Apesar de originalmente não ter a intenção de ser um todo significativo, elas compõem uma das mais importantes coleções de obras da história da música.

Essas obras são reconhecidas como o primeiro ciclo de grandes peças de piano adequadas às apresentações em salas de concertos, tanto públicas quanto privadas. A primeira pessoa a tocá-los em um único ciclo de concerto foi Hans von Bülow, a primeira gravação completa é de Artur Schnabel para o selo His Master's Voice.

No início aparecem influências de Haydn e Mozart, mas logo ele buscou novas maneiras de compor, tanto que seis de suas primeiras sonatas (números 1, 2, 3, 4, 7 e 11) tinham quatro movimentos longos, algo pouco usual naquela época.

Costumeiramente dividem-se suas sonatas em três períodos:
  • Sonatas iniciais – período de 1795 a 1801 são aquelas numeradas de 01 a 15.
  • Sonatas Intermediárias – período entre 1802 e 1814 são as numeradas de 16 a 27.
  • Sonatas tardias – período entre 1816 a 1822, e são as que seguem do número 28 a 32.
Depois de escrever suas primeiras 15 sonatas, Beethoven escreveu para Wenzel Krumpholz: "A partir de agora, vou tomar um novo caminho". As sonatas de Beethoven deste período são muito diferentes das anteriores.

Sua experimentação em modificações na forma sonata comum de Haydn e Mozart se tornou mais ousada, assim como a profundidade da expressão. As sonatas do período mais romântico foram altamente influenciadas pelas de Beethoven. 

A partir de 1804, Beethoven passa a publicar sonatas com um único opus. Não está claro por que ele fez isso.

Suas últimas sonatas são consideradas, até nossos dias, como as obras mais difíceis do repertório do compositor. Beethoven encontrara um novo caminho, incorporando técnicas de fuga e exibindo uma mudança radical da forma de sonata convencional. A sonata "Hammerklavier" foi considerada como intocável até a sua primeira apresentação pública documentada, em 1836, por Franz Liszt na Salle Erard em Paris.

Entre 1794 até 1805 foram compostas 23 Sonatas enquanto que entre 1809 e 1822 apenas nove Sonatas foram escritas.

Beethoven foi um compositor a frente de sua época, suas cinco últimas sonatas (opus 101,106, 109, 110 e 111) são ousadas e, mas também trazem inúmeras reverências ao passado: fugas (opus 106 e opus 110) e uma abertura francesa (opus 111) estão presentes nestas obras.

Estas peças estiveram esquecidas por muitos anos, voltando ao repertório dos grandes pianistas quase meio século depois de serem compostas.

Dentre estas sonatas para piano solo, dez tiveram nomes, as nomenclaturas foram dadas pelos editores das obras do compositor alemão, ou ainda por admiradores e por seus amigos. São elas:
  • Número 08 – Opus 13 – Patética;
  • Número 14 – Opus 27 – Ao luar;
  • Número 15 – Opus 28 – Pastoral
  • Número 17 – Opus 31 nº 02 – Tempestade
  • Número 18 – Opus 31 nº 03 – A Caça
  • Número 21 – Opus 53 – Waldstein
  • Número 23 – Opus 57 – Apassionata
  • Número 24 – Opus 78 – Para Teresa
  • Número 26 – Opus 81a - A despedida
  • Número 29 – Opus 106 – Hammerklavier
A Sonata Patética é uma das sonatas mais conhecidas, este apelido foi atribuído pelo editor vienense Eder. Beethoven não só não se opôs a este nome como gostou e assim a qualificava. Seu “Adagio cantabile”, movimento central, apresenta uma das mais belas e inspiradas melodias de Beethoven. Com essa sonata, Beethoven abriu as portas para o futuro quanto às possibilidades de expressão ali apresentadas.
Rellstab

Lago de Lucerna, Suíça
A Sonata para Piano, Nº 14 foi intitulada "Sonata Quasi Una Fantasia". O título "Sonata ao Luar" tem suas origens em observações feitas pelo crítico alemão de música e poeta Ludwig Rellstab.  

Giulietta Guicciardi
Em 1832, cinco anos após a morte de Beethoven, Rellstab comparou o efeito lento e nostálgico do primeiro movimento ("Adagio sostenuto") com o luar brilhando sobre o Lago de Lucerna.

Nesta sonata Beethoven inovou quanto à estrutura da obra não respeitando a regra clássica para uma obra de três movimentos: rápido, lento, rápido. 

Nesta sonata Beethoven começa com um movimento lento ("Adagio sostenuto"). Beethoven dedicou a composição a sua amada condessa Giulietta Guicciardi.

Joseph von Sonnenfels
Sonata para piano nº 15 em ré maior, Op. 28, Pastoral ou Pastorale, esta alcunha tornou-se conhecida através da publicação de A. Cranz, mas foi cunhado pela primeira vez por uma editora londrina, Broderip & Wilkinson.

É muito admirada por sua tecnicidade e por sua beleza. Publicada em 1801, é dedicada ao conde Joseph von Sonnenfels. 

Não se sabe ao certo se o título "pastoral" se refere ao sentido do campo e da natureza (o sentido pastoral da 6ª sinfonia), ou à sua sensação de calma, simplicidade e leveza.

Anton Schindler
A Sonata para piano n. ° 17, em Ré Menor, Opus 31, n. ° 2, é geralmente referida como 'A Tempestade' (em alemão, Der Sturm). O nome vem de uma alegação por parte de Anton Schindler de que a sonata foi inspirada na peça homônima de Shakespeare. No entanto, os musicólogos desconfiam das informações de Schindler.

A Sonata para Piano No. 18 em Mi bemol maior, op. 31, No. 3, apelidada de A Caça, tem um estilo brincalhão em todo o seu desenvolvimento, entretanto, essa jocosidade oculta profundidades de emoção. O seu formato é incomum, ela não apresenta o tradicional movimento intermediário lento, substituído por um scherzo e seguido por um minueto, antes de ser lançado no final animado.

Waldstein
A Sonata para Piano n.° 21 de Beethoven, Op. 53, conhecida como "Waldstein" é uma das mais notáveis sonatas de seu segundo período, Waldstein é uma obra chave da década de 1803 a 1812 e formou um padrão para composições de piano. Seu nome da sonata advém da dedicatória de Beethoven a seu amigo e patrono Ferdinand von Waldstein de Viena. Também é conhecida como "L'Aurora" (O Amanhecer) em italiano, pela sonoridade dos acordes de abertura do terceiro movimento, que evoca uma imagem de amanhecer.

Curiosidade: Escrito entre 1803 e 1804, publicado em 1805, o Andante favori (WoO 57) seria o segundo movimento da sonata "Waldstein". Um amigo de Beethoven disse a ele que a sonata era muito longa, a princípio ficou contrariado com a crítica, entretanto, após muito refletir, Beethoven convenceu-se da necessidade daquela correção. O andante foi excluído e, substituído Introduzione Molto adagio. Sua publicação separadamente ocorreu um ano após a publicação da sonata.

Conde Brunswick
A Sonata "Appassionata" foi dedicada ao conde Franz von Brunswick. A "Appassionata" foi apelidada em 1838, onze anos após a morte do compositor, por um editor de arranjos para quatro mãos. Esta sonata é considerada por vários criticos, como um verdadeiro drama dos mais passionais e clássicos que jamais foi composto para o piano.

Thérèse von Brunswick
A Sonata para Piano No. 24 em Fá sustenido maior, op. 78, composta num período em que a sua surdez aumentava e seu estado emocional não era melhor, é uma peça concisa, despretensiosa e objetiva, tem apenas dois movimentos.

Apelidada de "à Teresa", pois fora escrita para a condessa Thérèse von Brunswick, uma candidata a "Amada Imortal" de Beethoven, era uma das sonatas favoritas do compositor e parecia ter algum significado especial para ele.

Sonata para piano No. 26 em Mi bemol maior, op. 81a, conhecida como Les Adieux, título que implica uma natureza programática. 
Arquiduque Rudolph

O ataque francês a Viena, liderado por Napoleão Bonaparte em 1809, forçou o patrono de Beethoven, arquiduque da Áustria Rudolph Johann Joseph Rainer, a deixar a cidade. 

No entanto, há alguma incerteza sobre esta natureza da peça - ou, pelo menos, sobre o grau em que Beethoven desejava que essa natureza programática fosse conhecida. 

Ele intitulou os três movimentos "Lebewohl" (despedida), "Abwesenheit" (ausência) e "Wiedersehen (reencontro)", e supostamente considerou o francês "Adieux" como uma tradução pobre do sentimento do "Lebewohl" alemão.

Na primeira publicação de 1811, foi acrescentada uma dedicatória que dizia "Na partida de sua Alteza Imperial, pelo arquiduque Rudolph em admiração".

É considerada a terceira grande sonata do período intermediário, as outras são Waldstein e Apassionata.

Piano Sonata No. 29 em Si Bemol maior, op. 106 - conhecido como o Grande sonata para o piano, ou simplesmente como o Hammerklavier, é vista como uma das obras mais importantes do terceiro período do compositor e entre as maiores sonatas para piano de todos os tempos. Concluído em 1818, é frequentemente considerado como a composição de piano mais desafiadora tecnicamente de Beethoven e um dos trabalhos solo mais exigentes no repertório de piano clássico.

À medida que o período romântico progrediu depois de Beethoven e Schubert, as sonatas para piano foram desaparecendo, sendo compostas em menor número. Passou a ser considerado um formato acadêmico.

Outros grandes compositores ainda se dedicaram ao formato, entretanto obra de Beethoven parecia inibir sua criação. Dentre eles, Chopin compôs apenas três, assim como Schumann, Mendelssohn e Brahms. Rachmaninoff deixou duas dessas obras e Liszt apenas uma, considerada a de maior dificuldade técnica de todo o repertório pianístico.

Alguns compositores, surgidos a partir do final do século 19 ainda utilizaram esse formato, tais como Alexander Scriabin, Sergei Prokofiev, Béla Bartók, Aaron Copland e Igor Stravinsky.

Voltando ao mestre, faço uma indagação seriam as 32 Sonatas para piano, a representação das 10 esferas e os 22 caminhos da Árvore da Vida. E as esferas seriam, coincidentemente, as que foram intituladas?



quinta-feira, 14 de março de 2019

BARBER



Samuel Osborne Barber foi um compositor americano de música orquestral, ópera, coral e música de piano, nascido em West Chester, na Pennsylvania no dia 9 de Março de 1910, filho de Marguerite McLeod, uma pianista de ascendência britânica e do médico Samuel Le Roy Barber.

Louise Homer
Sua tia Louise Homer, que era contralto no Metropolitan foi quem despertou o seu interesse pela música.

Ele começou a estudar piano aos seis anos de idade e aos sete anos compôs sua primeira obra Sadness, uma peça de 23 compassos para piano solo em Dó Menor.

Sua família queria que ele fosse um menino americano típico, atlético e que jogasse futebol, entretanto, ele preferia a música, inclusive tendo escrito uma carta a sua mãe, desabafando e demonstrando o seu desejo em prosseguir na música, e que não lhe pedisse para ser atleta.

Aos dez anos arriscou-se em sua primeira ópera intitulada The Rose Tree, com doze anos de idade, conseguiu um emprego como organista na igreja local.
Fachada atual do Curtis Institute
Aos catorze anos ingressou no Curtis Institute of Music na Philadelphia, onde estudou piano com Isabelle Vengerova, composição com Rosario Scalero e George Frederick Boyle, e voz com Emilio de Gogorza.
Isabelle Vengerova, Rosario Scalero, G.F. Boyle e Emilio de Gorgoza

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No Instituto de Música conheceu Gian Carlo Menotti, que se tornou seu parceiro na vida.

M.L.Curtis Bok
Samuel Barber era um prodígio em composição, voz e piano, tornando-se o favorito da fundadora do conservatório, Mary Louise Curtis Bok.

Com dezoito anos, Barber ganhou o Prêmio Bearns Joseph H. da Universidade de Columbia por sua sonata para violino, destruído pelo compositor.


Seu primeiro trabalho orquestral, uma abertura para a peça teatral The School for Scandal, composta em 1931, quando ele tinha 21 anos.
Toscanini

Em 1935, ele foi agraciado com o American Prix de Rome.

Uma de suas obras mais conhecidas o Quarteto para Cordas Op. 11 composto em 1936, sua fama deve-se ao seu Adagio que foi orquestrado por Arturo Toscanini e foi utilizada numa transmissão radiofônica como homenagem ao Presidente Roosevelt após o seu falecimento (1945). 

Esta obra foi utilizada em filmes como:

Platoon 

O Homem Elefante

Óleo de Lorenzo

Em 1942, depois que os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial, Barber se alistou na Força Aérea Americana, nesta ocasião compôs a sinfonia foi originalmente intitulado Symphony Dedicado às Forças Aéreas e foi estreada no início 1944 por Serge Koussevitsky e a Orquestra Sinfônica de Boston, e revisada por Barber em 1947.

Isaac Stern
P.B.Shelley
Outras obras de destaque são "Concerto para Violino" Opus 14 sendo este interpretado pelo grande violinista Isaac Stern, "Music for a Scene from Shelley", Opus 7 baseada num poema de Percy Bysshe Shelley.

Samuel Barber foi agraciado com o Prêmio Pulitzer duas vezes:

Em 1958, para a sua primeira ópera Vanessa, e em 1963 para o seu Concerto para Piano e Orquestra.

A partir de 1966, depois do fracasso de sua Ópera Anthony & Cleopatra, tornou-se recluso, continuando a compor até quase os setenta anos de idade. The Third Essay for orchestra (Terceiro ensaio para orquestra), composta em 1978, foi seu último grande trabalho. Neste período sofreu com depressão e alcoolismo.

Barber morreu de câncer em 23 de janeiro de 1981 em seu apartamento 907 Fifth Avenue, em Manhattan com a idade de 70.  O funeral realizou-se na Primeira Igreja Presbiteriana em Nova York três dias mais tarde. Ele foi sepultado no Cemitério Oaklands em sua cidade natal de West Chester, Pensilvânia.


Além de compor, Barber foi ativo em organizações que tentaram ajudar os músicos e promover a música. Foi presidente do Conselho Internacional de Música da UNESCO. Ele trabalhou para trazer a atenção e melhorar as condições adversas que enfrentam músicos e organizações musicais no mundo.

Ele foi um dos primeiros compositores norte-americanos para visitar a Rússia (então parte da União Soviética). Barber também foi influente na campanha bem sucedida de compositores contra ASCAP, cujo objetivo era aumentar royalties pagos aos compositores.

Samuel Barber, dizia que compunha para si próprio, seguindo o seu impulso, a sua forma de trabalhar, não se preocupando com estéticas musicais.

Curiosidade:
Muitas de suas obras se perderam, porque o próprio compositor rasgou muitas de suas partituras manuscritas e não publicadas.