quinta-feira, 27 de setembro de 2018

RADAMÉS GNATTALI 1985


Postagem rápida de uma produção independente lançada pela Editora 3º Mundo em 1985.

Radamés Gnattali
Trata-se de uma gravação solo com Radamés Gnattali ao piano, numa apresentação realizada na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, no mês de dezembro de 1984.


No repertório nove clássicos da música popular brasileira, temperados com os improvisos de Gnattali.

Capa do Álbum

Temos no Lado A:

Faixa 01 – Carinhoso – Pixinguinha e João de Barro
Faixa 02 – Ponteio – Edu Lobo e Capinam
Faixa 03 – Preciso Aprender a Ser Só – Marcos e Paulo Sérgio Valle
Faixa 04 – Corcovado – Tom Jobim

Já no Lado B, aparecem:
Faixa 01 – Chovendo Na Roseira – Tom Jobim
Faixa 02 – Manhã de Carnaval – Luiz Bonfá e Antônio Maria
Faixa 03 – Cochicho – Pixinguinha
Faixa 04 – Do Lago à Cachoeira – Sérgio Ricardo
Faixa 05 – Nova Ilusão – José Menezes e Luiz Bittencourt

Contracapa do Álbum


quinta-feira, 20 de setembro de 2018

CLASSICAL JAZZ QUARTET


A primavera de 2018, no Hemisfério Sul, começa oficialmente no dia 22 de setembro, às 22h54, pelo horário de Brasília, e vai até o dia 21 de dezembro, às 19h23, desconsiderando o horário brasileiro de verão.

A palavra "primavera" vem do latim primus, que significa "antes", e provavelmente do sânscrito “ver”, significaria então “resplandecer, iluminar, arder” e que, por extensão, acabou por indicar também a estação em que o Sol arde, isto é, o verão. Prima-vera, portanto, é a “estação antes do verão”.

A primavera é uma estação de transição, a atmosfera vai gradualmente saindo da secura do inverno e para a umidade e calor típico do verão. A chuva da primavera é mais esperada do ano para os agricultores que começam a semeadura da safra de verão.
Porém não vou falar de Primavera, tampouco de mudanças, mas de semeadura com uma postagem, no mínimo, inusitada.


Abramos nossas mentes, lancemos sementes de liberdade de expressão e imaginemos quatro nomes da música erudita vivendo em pleno século XXI e sendo jazzistas...

Bob Belden
Com essa suposição, apresento o álbum em questão cuja interpretação tradicional de clássicos da música é abandonada, e adquire uma nova, atualizada e curiosa roupagem jazzística!

Temos Piotr Tchaikovsky (em breve neste blog), Johann Sebastian Bach, Sergei Rachmaninoff e Georg Handel, com arranjos escritos por Bob Belden e interpretados pelo Classical Jazz Quartet, criado no início deste século, o grupo é composto pelos seguintes músicos:

Kenny Barron (piano) nascido no dia 09 de junho de 1943, na Filadélfia, Pensilvânia, é o irmão mais novo do saxofonista Bill Barron, é considerado um dos mais influentes pianistas de jazz tradicionais desde a era do bebop.  Um de seus primeiros shows foi como pianista contratado com o quarteto de Dizzy Gillespie. Por volta de 1962 foi membro do Jazztet, mas não gravou com eles. Participou também do grupo Sphere. Entre 1987 e 1991, gravou com Stan Getz, alguns álbuns, dentre eles Voyage, Bossas & Ballads - The Lost Sessions, Serenity, Anniversary e People Time. Foi nove vezes indicado para o Grammy Awards e para o American Jazz Hall of Fame.  Em 2009, foi eleito membro da Academia Americana de Artes e Ciências. Em maio do ano seguinte recebeu o Doutorado Honorário em Música da Berklee College of Music, juntamente com a cantora e compositora africana Angelique Kidjo, o guitarrista espanhol Paco de Lucia e a dupla de compositores Leon Huff e Kenneth Gamble. Durante 25 anos, Barron lecionou harmonia de piano e teclado na Universidade Rutgers em Nova Jersey. Atualmente é professor na Juilliard School of Music. Dentre seus alunos de piano estão Earl MacDonald, Harry Pickens e Aaron Parks.

Stefon DeLeon Harris ou simplesmente Stefon Harris (vibrafone) nascido no dia 23 de março de 1973, em Albany, New York. Sua intenção era participar da Filarmônica de Nova York até ouvir a música de Charlie Parker. Durante a década de 1990, gravou com Charlie Hunter e Steve Turre como músico de estúdio. Assinou com o Blue Note, que lançou seu primeiro álbum, A Cloud of Red Dust (1998). Seu segundo álbum, Black Action Figure, foi indicado ao Grammy Award. Em 2001, ele trabalhou com o pianista Jacky Terrasson no Village Vanguard em Nova York e gravou o álbum Kindred com ele durante o mesmo ano. Seu álbum The Grand Unification Theory (2003) ganhou o prêmio Martin E. Segal do Jazz at Lincoln Center. Harris colaborou com o saxofonista David Sánchez e o trompetista Christian Scott em 2011 no álbum Ninety Miles. Eles gravaram o álbum em Havana, Cuba.

Lewis Nash (bateria), nascido no dia 30 de dezembro de 1958. Segundo a revista Modern Drummer, Nash tem uma das discografias mais longas do jazz e tocou em mais de 400 discos, o que lhe valeu a honra de ser o Músico Mais Valioso do Jazz pela revista em sua edição de maio de 2009. Reconhecido por sua adaptabilidade a diversos gêneros musicais. Em 2008, Nash tornou-se parte do The Blue Note 7, um septeto formado naquele ano em homenagem ao 70º aniversário da Blue Note Records.

Ron Carter (Baixo) ou Ronald Levin Carter, nascido no dia 4 de maio de 1937 em Ferndale, Michigan. É o baixista de jazz mais gravado da história. Carter é também um violoncelista que gravou inúmeras vezes com este instrumento. Começou a tocar violoncelo com a idade de 10 anos, mas quando sua família se mudou para Detroit, viu-se obrigado a mudar para o contrabaixo devido ao estereótipo dos músicos clássicos, a grande maioria eram brancos na época. Ele estudou no Cass Technical High School, em Detroit, e, mais tarde, a Eastman School of Music, em Rochester, Nova York, onde tocou em sua Orquestra Filarmônica. Ele concluiu seu bacharelado na Eastman em 1959 e, em 1961, um mestrado em contrabaixo na Manhattan School of Music, em Nova York. Foi membro do Miles Davis Quintet no início dos anos 1960, que também incluía Herbie Hancock, Wayne Shorter e o baterista Tony Williams, ficou com Davis até 1968. Depois de deixar Davis, Carter foi durante vários anos um dos pilares da CTI Records, fazendo álbuns em seu próprio nome e também aparecendo em muitos discos da gravadora com diversos outros músicos. Notáveis parcerias musicais nas décadas de 1970 e 1980 incluíram Joe Henderson, Houston Pessoa, Hank Jones, Gabor Szabo e Cedar Walton. Durante a década de 1970, ele integrou o New York Jazz Quartet. Em 1986, Carter tocou contrabaixo em "Big Man on Mulberry Street" no álbum de Billy Joel, The Bridge. Em 1993, ele ganhou um Grammy Award de Melhor Grupo de Instrumental de Jazz e outro Grammy em 1998 por uma composição instrumental para o filme "Round Midnight”. Em 1994, Carter apareceu no álbum de compilação do Red Hot Organization, Stolen Moments: Red Hot + Cool, álbum, criado para conscientizar e financiar o combate a epidemia de AIDS na comunidade afro-americana. Em 2001, Carter colaborou com Black Star e John Patton para gravar "Money Jungle" para a compilação do Red Hot Organization, Red Hot + Indigo, uma homenagem a Duke Ellington. Em 2012 foi eleito para o Down Beat Jazz Hall of Fame.  Carter é um professor emérito do Departamento de Música do City College de Nova York, tendo lecionado lá por 20 anos, e recebeu um doutorado honorário da Berklee College of Music na primavera de 2005.

O material apresentado foi extraído dos álbuns:


- Tchaikovsky's Nutcracker (2001, Vertical Jazz), 

relançado pelo selo Kind of Blue, como The Classical Jazz Quartet Play Tchaikovsky (2006);

- The Classical Jazz Quartet Play Bach (Vertical Jazz, 2002);


- The Classical Jazz Quartet Play Rachmaninov ( Kind of Blue, 2006); e

- Christmas ( Kind of Blue, 2006).

Trata-se de um álbum duplo com as seguintes faixas:



Agradecimento especial ao CARLINUS do blog http://oserdamusica.blogspot.com por ter compartilhado este CD duplo.








quinta-feira, 13 de setembro de 2018

GRANADOS


GRANADOS


Pantaleón Enrique Joaquín Granados Campiña foi considerado um representante do nacionalismo musical espanhol, nascido em Lérida ou Lleida, capital da comunidade autônoma da Catalunha, no dia 27 de julho de 1867, foi o terceiro dos cinco filhos de Calixto Granados, capitão do exército espanhol, e Enriqueta Campiña. Teve sua iniciação musical com o capitão José Junceda, um dos maestros do exército.

Basilica de
La Mare de Deu de La Merce
Após passar quatro anos em Santa Cruz de Tenerife, sua família se estabeleceu permanentemente em Barcelona em 1874.

Pujol
Estudou na Escola do Coro da Basílica de la Mare de Déu de la Mercè, posteriormente com Francisco Jurnet e Joan Baptista Pujol, o principal professor de piano da região, e mestre de grandes músicos como Isaac Albéniz ou Ricardo Viñes.

Pedrell
Em 1883, com 16 anos, venceu uma competição de piano na qual interpretou Op. 22 Sonata, de Schumann, dentre os jurados estava Felipe Pedrell, que o aceitou como aluno de harmonia e composição em 1884 e cujos ensinamentos o marcaram profundamente.

Bériot
Com o patrocínio de Eduardo Conde, proprietário das lojas El Siglo de Barcelona, ele foi para capital francesa, em 1887, com a intenção de ingressar no renomado Conservatório de Paris, entretanto contraiu tifo que o deixou acamado por três meses, impedindo de se apresentar para as provas, contudo, teve aulas particulares com Charles-Wilfrid de Bériot, descendente de espanhóis, que insistiu num refinamento em suas composições e improvisações. Conheceu Debussy, Ravel e Saint-Saëns. Ele retornou a Barcelona em 1889.

O primeiro grande recital de Granados ocorreu em seu retorno a Barcelona, após sua formação em Paris. Ocorrido no Teatro Lírico, em 20 de abril de 1890, em sua trajetória como pianista, cultivou uma excelente reputação de improvisador ao piano, realizando obras do grande repertório e, principalmente, apresentando suas próprias composições. 

Entre as primeiras a cativar o público estão “danças espanholas”, que acabariam formando uma das coleções mais populares de seu catálogo.

Igreja de San Pedro de Las Pueles antes do incêndio em 1909
Em Sete de Dezembro de 1892, contrai matrimônio com Amparo Gal Lloberas em cerimônia realizada na Igreja de San Pedro de Las Pueles.

Jospe Feliu i Codina

Figura de Maria del Carmen
Seu primeiro sucesso como compositor foi no ano de 1898, com Maria del Carmen, uma zarzuela em três atos, um gênero lírico-dramático espanhol em que se alternam cenas faladas, cantadas e danças, com libreto de Josep Feliu i Codina, que foi apreciada pela rainha María Cristina, que decidiu conceder a Cruz de Carlos III a Granados, essa honraria tem por finalidade condecorar pessoas que tenham destaque por ações em benefício da Espanha com o lema "Virtuti et Merito".

Como professor criou um método para estudantes com foco em quatro aspectos da técnica pianística: os pedais, ligados, ornamentos e dificuldades especiais do instrumento.
Em 1901, ele fundou sua própria escola de música, a Academia Granados. 
Alicia de Larrocha

Mais tarde, o pianista Frank Marshall foi nomeado diretor do centro e mudou o nome da instituição para Marshall Academy, embora continuasse com a tradição pedagógica iniciada por Granados.

A escola ainda está ativa, e dali surgiu a mais destacada pianista catalã do cenário internacional do século 20, Alicia de Larrocha, interprete da Suite para piano Goyescas apresentadas no link abaixo, que é considerada sua maior obra. 

Francisco Goya
A obra traz grande influência de Franz Liszt, foi composta em 1911, trata-se de um conjunto de seis peças baseadas em pinturas de Francisco Goya. 

O sucesso fez com que compusesse uma ópera com o mesmo tema, em 1914, com o libreto de Francisco Periquet, entretanto com o início da Primeira Guerra Mundial a estreia europeia foi cancelada. 

A primeira apresentação ocorreu em Nova York no dia 28 de janeiro de 1916 e foi muito bem recebido. 

Piano com o rolo da Duo-Art
Ainda em Nova York, gravou ao piano suas músicas no sistema "Duo-Art", da Aeolian Company, as quais sobrevivem até hoje e podem ser ouvidas – apresento também no link sua interpretação para “Oriental” de Danças Espanholas.

Enrique Granados foi convidado a apresentar um recital de piano para o presidente Woodrow Wilson. O atraso em aceitar o convite do recital fez com que ele perdesse seu barco de volta à Espanha embarcando, então em um navio para a Inglaterra.
Presidente Woodrow Wilson

No dia 24 de Março de 1916, seguiu no SS Sussex para Dieppe França, entretanto no Canal da Mancha, o navio foi torpedeado por um submarino alemão, o navio partiu em duas partes e apenas uma afundou, levando 50 passageiros. 


Ao ver sua esposa Amparo se agitando na água, Granados saltou ao mar, ambos se afogaram. 

Por ironia, sua cabine ficava justamente na parte que não afundara e fora rebocada até o porto, com a maioria dos passageiros, exceto Granados e sua esposa, a bordo. 

Destroços do SS Sussex
Granados durante toda a sua vida teve medo de água e viagens marítimas.

Granados e sua esposa deixaram seis filhos: Eduard (um músico), Solita, Enrique (campeão de natação), Víctor, Natalia e Francisco.

Os documentos pessoais de Enrique Granados estão preservados, entre outras instituições, na Biblioteca Nacional da Catalunha.

Sua música pode ser dividida em basicamente três estilos ou períodos:

Nacionalista (1886-1898) incluindo peças como Danzas Españolas, 6 Piaszas sobre cantos populares espanhóis;
Romântico-Modernista (1899-1910), incluindo peças como Escenas Románticas e Escenas Poeticas;
O período de Goya (Goyescas) (1911-1916), que inclui a suíte de piano Goyescas, a ópera Goyescas, vários Tonadillas para voz e piano e outras obras.

Granados foi uma influência importante em pelo menos dois outros importantes compositores e músicos espanhóis, Manuel de Falla e Pablo Casals. Ele também foi o professor do compositor Rosa García Ascot.

Como intérprete, ele fez uma importante extensão da obra para teclado Domenico Scarlatti transcrevendo vinte obras do compositor e inclusão das peças italianas nos programas dos muitos concertos que deu em Paris e toda a geografia espanhola.

Desde a sua morte, a música de Granados não deixou de estar presente no repertório de concerto.

Várias de suas obras foram transcritas para o violão, e também apresentamos as Danzas Espanolas interpretadas por Angel e Celidonio Romero, de Los Romeros.


Como curiosidade, também foi um talentoso pintor no estilo de Goya.

Boa audição!

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

ALFREDO DA ROCHA VIANNA FILHO



Nascido em 23 de Abril de 1897 no bairro carioca da Piedade numa casa espaçosa e apelidada de Pensão do Vianna, pois além dos pais e dos oito irmãos, grande era o número de agregados que ali viviam. Alfredo da Rocha Vianna seu pai era flautista amador e funcionário dos telégrafos, sua mãe Raimunda era dona de casa, nos finais de semana recebiam músicos amadores da vizinhança que frequentavam a casa para tocar.
Irineu "Batina"
Os costumes da época impediam que o pequeno Alfredo participasse destes saraus, mas de seu quarto ouvia os recitais e na manhã seguinte conseguia reproduzir as músicas numa simples flauta de folha.
Seu pai o encaminhou para aulas de bandolim e cavaquinho, aos 12 anos de idade, apesar do garoto não gostar daqueles instrumentos, ele era apaixonado pela clarineta de sons agudos. Foi insistindo até que passou finalmente a tocar flauta. Seu Alfredo percebendo o talento do menino comprou-lhe uma flauta de verdade e convenceu Irineu de Almeida, conhecido como Irineu Batina, um dos tantos agregados da pensão, a ensinar e orientar o menino, levando-o mais tarde a tocar na orquestra da Agremiação do Rancho Filhos da Jardineira na qual era diretor de harmonia, tal agremiação era algo como as atuais escolas de samba.
Estamos falando de PIXINGUINHA, apelido de infância que na verdade era a junção de dois outros apelidos do pequeno Alfredo: Sua avó, Dona Edwirges – o chamava de Pizindim - que em banto quer dizer - menino bom; enquanto os seus amigos na época da infância o apelidaram de Bexiguinha – numa referência às marcas no rosto deixadas por varíola – doença que tinha sido acometido.
Seu ouvido apurado e talento musical não demoraram a ser notados. Com apenas 14 anos de idade foi contratado para o Conjunto da Concha, na casa de chope da Lara, Rio de Janeiro. 
Conjunto da Concha:
Bonfiglio de Oliveira - Padua - Otaviano - Pixinguinha
O sucesso foi imediato. Foi contratado para tocar no Ponto, no ABC e no Cassino. As apresentações adentravam a madrugada, mas entusiasmado não com o dinheiro e sim por fazer o que gostava, o cansaço não incomodava.
Foi convidado para tocar na orquestra do maestro Paulo Sacramento, no Teatro Rio Branco. Dali ao passou a ser visto por pessoas da alta sociedade que o contratavam para tocar em festas, teatros, clubes e até circos.
Sua carreira passou a ser gravada em disco de altas rotações desde 1911, com o choro “Lata de Leite”.
Com 20 anos de idade, Pixinguinha gravaria as primeiras músicas de sua autoria: Sofres Porque Queres e Rosa.
Com o talento que tinha percebeu que precisava formar um grupo. Seu parceiro de primeira hora foi Nelson Cavaquinho e criaram o grupo – Os Batutas. O grupo foi bem recebido e em 1921 já eram convidados a se apresentar no teatro Municipal do Rio de Janeiro – o ponto alto da carreira dos músicos da época.

No ano seguinte um empresário Arnaldo Guinle propôs uma temporada de apresentações na capital Francesa - Paris. Agradaram tanto que acabaram ficando por seis meses. 
O sucesso e o retorno financeiro não foram suficientes para segurar os desentendimentos internos no grupo, que acabou na mudança de sua formação. Os Batutas mudou tanto, que restou da formação original apenas Pixinguinha e Donga – cantor do primeiro samba gravado em 1917.
Pixinguinha foi crescendo musicalmente, tornando-se inimitável e insuperável na flauta.
João de Barro
No ano de 1926 foi convidado a dirigir a orquestra do Teatro Rialto. Foi lá que conheceu a amor de sua vida – Albertina de Souza: uma bela estrela do Teatro de Revista. O encontro não poderia dar em outra coisa – casaram-se. Pixinguinha sofreu dois anos depois com o fim definitivo do grupo Os Batutas. Sobrou para ele e Donga formarem a Orquestra “Pixinguinha-Donga” que gravou vários discos pela etiqueta Parlophone.
Em 1928, o músico atingiu seu melhor período de produção artística. Compôs a canção – Carinhoso, produzida a partir da parceria com o compositor João de Barro. Compôs ainda Ingênuo, Já Te Digo, Lamento, A Vida é um Buraco.

Em 1929, foi contratado pela gravadora RCA Victor, atual BMG, e no ano seguinte compôs Urubu Malandro.
Aos 35 anos, o músico forma o grupo da Velha Guarda e oito anos depois abandona a flauta para optar pelo saxofone, em virtude de um acidente que sofreu e machucou o lábio, perdendo a embocadura para tocar flauta.

Uma outra versão para a troca de instrumento é que Pixinguinha não conseguia manusear o instrumento antigo, devido a danos físicos que o alcoolismo o estava causando. Tal como os grandes músicos do Jazz, ele estava viciado.
O episódio com as bebidas rendeu um choro “Briguei com Virginia”. Muitos pensaram que fosse uma mulher, antiga paixão. Mas o nome é referência a uma marca de pinga.
Seus grandes sócios de copo eram Donga e João da Bahiana, que se encontravam quase todos os dias no centro do Rio antigo, no Bar Gouveia, sempre aos fins de tarde. Eles se autodenominavam “nós somos um poema”.
Donga - Angela Maria - João da Bahiana - Pixinguinha

A flauta continuaria presente em suas composições, Pixinguinha encontrou um novo parceiro: Benedito Lacerda, flautista que acompanhou em gravações e apresentações. Dessa união surgiram: Um a zero; Proezas do Sólon; Oito Batutas; O Gato e o Canário e Ainda me Recordo. Foram quinze anos de canções que a Música Popular Brasileira agradece.

Um fato curioso na biografia de Pixinguinha aconteceu em 1933, quando aos 36 anos de idade foi retirar a sua primeira certidão de nascimento:
Ele nasceu Alfredo da Rocha Vianna Filho, em 1897, entretanto se registrou com o mesmo nome do pai esquecendo de colocar o “Filho”, errou também o nome da mãe – de Raimunda Rocha Vianna, passou a Raimunda Maria da Conceição.
Pixinguinha tocou ainda com os cantores Francisco Alves, Chico Viola, Mario Reis, Silvio Caldas e até Carmem Miranda, sempre com arranjos de sua autoria.
Outro fato curioso: Em 1952, na Igreja de São Geraldo, por ocasião das bodas de pratas com enlace com Dona Betinha, ao chegarem à missa, notou-se que o organista tinha faltado. Não fez de rogado, foi ele mesmo manusear o instrumento e o filho, Alfredinho, ficou do lado da mãe, tomando seu lugar na missa.
Sete anos depois, o prefeito do Rio de Janeiro, Negrão de Lima, homenageou Pixinguinha, dando nome dele a rua onde se localiza sua residência. Mas a placa de inauguração não durou muito – foi furtada por seus amigos, os escritores Sergio Porto – o Stanislaw Ponte Preta e Lucio Rangel.
Anos 60, entram em cena a Bossa Nova e novas amizades. Uma delas é Vinicius de Moraes. Os dois em 1962 escrevem a trilha sonora do filme Sol Sobre a Lama. Vinicius não sabe se trabalha ou passa o dia admirando a forma de produzir melodias do mestre Pixinguinha. Na música Lamento, o “poetinha” coloca a letra e nos dá uma ótima composição.

Dois anos depois o coração do músico fraquejou – teve um enfarte. Internado ele compõe 20 músicas. Entre elas: Solidão, Mais Quinze Dias, Harmonia das Flores, No Elevador, Mais Três, e Vou para Casa. Nessa época em parceria com Hermínio Bello de Carvalho escreveu “Fale Baixinho”, sendo música finalista num festival de canção. A partir daí passa a ter uma vida menos agitada, se retirando da vida noturna, para cada vez mais raras apresentações.
Em 1971, Dona Betinha passa mal e é internada, e dois dias depois, ele acaba sofrendo com problemas cardíacos e também vai para o mesmo hospital. Para não deixar a esposa preocupada, finge não estar hospitalizado, veste uma boa roupa, terno e chapéu e com flores nas mãos vai visitá-la. A farsa era combinada com o filho, Alfredinho e por acontecer no horário de visita do estabelecimento de saúde, ela não percebia. Ou fingia não saber. Vinicius sabendo do fato disse que não fosse ele mesmo, queria ser Pixinguinha.
O problema de saúde da dona Betinha, era sério. No dia 7 de junho de 1972, aos 72 anos, ela morreu. Ele foi brutalmente afetado pelo fato. Meses depois, em fevereiro, durante o carnaval de 1973, Pixinguinha foi a Igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, batizar o neto Oscar Rodrigo. Enquanto conversava com os amigos presentes, passou as sentir dificuldade respiratória. Era um novo enfarte. Seu filho, Alfredinho, ainda tentou levá-lo até a sacristia para que pudesse repousar a tempo de alguém encontrar um médico para pronto atendimento, lamentavelmente às dezesseis horas e trinta minutos do dia 17 de fevereiro de 1973, ali mesmo na sacristia, aos 74 anos, nos deixava o grande Pixinguinha. Ele mesmo não esperava a morte, pois previa viver até os 80 anos, mas não foi possível. Foram 65 anos de uma atividade profissional ininterrupta.
Era carnaval e a Banda de Ipanema, que se preparava para uma apresentação, avisada do fato, parou. Não havia clima para festa. Partiu o Batuta, o menino bom, chegando ao céu, não ao som das harpas. Nesse dia, Deus fez exceção – pediu que os anjos tocassem flautas e saxofone. Há quem jure que a partir desse dia, os grandes músicos brasileiros ao morrer, são recepcionados por ele, com seu sorriso fácil e bom humor eterno.
Deixou além de Vinícius, muitos fãs, Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Edu Lobo, Baden Powell, Paulinha da Viola, dentre outros. Jacob do Bandolim – um dos maiores bandolinista brasileiro - dois dias antes de morrer, 1969, visitou Pixinguinha. Disse que fazia aquilo para pedir a benção a seu santo.
Tinha ainda entre seus admiradores ilustres intelectuais como Sérgio Buarque de Hollanda, Rui Barbosa e Mário de Andrade, que no livro Macunaíma criou um personagem especial para o músico na historia – “um negão filho de Ogum Bexiguento fadista de profissão. Isso em 1926.
A sua música deu nova roupagem à MPB e fez escola, a ponto de ser fonte de inspiração para outros músicos. Foi o fixador do “chorinho brasileiro” e autor de clássicos até hoje indispensáveis em qualquer roda de “choro”, como “Carinhoso, Ingênuo, Lamento, Rosa, Sofres porque Queres e Vou Vivendo”. A sua peça musical “Gargalhada” é utilizada, presentemente, como prova final no curso de flautista na Escola de Música da Universidade de Paris.
De Pixinguinha não sabemos a data em que foi iniciado Maçom, provavelmente final da década de 60, foi membro da loja “Comércio e Artes” do Rio de Janeiro, a Loja Primordial do Grande Oriente do Brasil (não a original, pois a Loja foi reconstituída várias vezes após as dissidências que marcaram a história da Ordem), já que, constitucionalmente, as três Lojas formadoras do Grande Oriente – Comércio e Artes, União e Tranqüilidade e Esperança de Niterói – não podem abater colunas.

Um episódio que beira ao folclórico demonstra o grande ser humano que era Pixinguinha:
Certa vez, altas horas da noite ao retornar para sua casa foi abordado por um grupo de assaltantes. Num lance de candura, conseguiu convencer os bandidos a irem até sua casa, que sua esposa, Dona Bete, prepararia uma refeição para ambos. E assim, foi – chegando a sua residência, acordou a pobre esposa – para produzir jantar. Após saciar os criminosos, ele ainda deu uns trocados para que pudesse pegar um transporte para suas residências, e ainda deu conselhos. Esse era Pixinguinha.

Não foi o mais rico, pois semelhante ao jogador Garrincha, fazia o que gostava por prazer, e não possuía preocupação com contratos e ganhos.

Em 2012, durante a exposição "Pixinguinha" feita pela curadora Lu Araujo, os fãs tiveram acesso à sua carteirinha de membro da Loja Commércio e Artes, localizada na Lapa, Oriente do Rio de Janeiro. Apesar de ser popular no país, o compositor era discreto, "Pixinguinha era muito reservado e mesmo quem pesquisa sobre ele não encontra muitas informações sobre a sua vida privada," comentou a curadora.


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RADAMÉS GNATTALI



Nascido em Porto Alegre, em 27 de janeiro de 1906, exatos 150 anos depois do nascimento de Wolfgang Amadeus Mozart, criado no Bairro Bom Fim, Radamés Gnattali foi um arranjador, compositor e pianista, filho mais velho do imigrante italiano Alessandro Gnattali, um marceneiro de profissão, apaixonado pela música, principalmente pela ópera que teve aulas com César Fossati, tornou-se músico profissional, tocando fagote e, posteriormente, passando a regente.

Na convivência com a família Fossati que conheceu Adélia Fossati, uma pianista com quem se casou. Os nomes dos três primeiros filhos do casal: Radamés, Aída e Ernâni, foram retirados de personagens de óperas de Verdi. Os outros dois filhos foram Alexandre e Teresinha.

A própria mãe, percebendo o interesse do pequeno Radamés, quando tinha seis anos de idade, decidiu ministrar lições de piano, e ao mesmo tempo iniciou-se nos estudos do violino com a prima Olga Fossati.

Aos 14 anos, entrou para o Conservatório de Porto Alegre para estudar piano, ingressando já no 5º ano, ali foi aluno de Guilherme Fontainha e na Escola Nacional de Música, com Agnelo França. Ao mesmo tempo praticou o violão e o cavaquinho. 

Participou da Jazz Band Colombo, tocando as 'trilhas' dos filmes mudos exibidos no Cine Colombo.

Em 1923 ao concluir com mérito o 8º ano do curso de piano, foi ao Rio de Janeiro acompanhado por Fontainha, para um recital. Nessa ocasião conheceu Ernesto Nazareth.

Terminou o curso de piano em 1924, com medalha de ouro no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre e fez concertos em várias capitais brasileiras, dedica-se ainda ao violino, que troca pela viola em 1925 para integrar o quarteto de cordas Henrique Oswald, em que atua durante quatro anos. Também passou a estudar composição e orquestração.

Nesta temporada, conhece Vera, estudante de piano de São Leopoldo. Os dois se apaixonam e começam a namorar. No carnaval de 1925, Vera é eleita rainha da folia em São Leopoldo, recebendo de presente um hino composto pelo amado.

Apesar da oposição dos pais da moça, comerciantes, casaram-se em 1932, viveram juntos por 33 anos, até 1965, quando ficou viúvo. Com ela teve seus dois filhos: Roberta, que se tornou psicanalista, e Alexandre, formado em odontologia e que se dedicou à filosofia ioga.
Gluckman
Aos 23 anos, em outubro de 1929, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, estreou como solista interpretando o Concerto n° 1 para piano e orquestra de Tchaikovsky, sob a regência de Arnold Glückman.

Ainda em 1929, o governo gaúcho recusara seu pedido de uma bolsa de estudos. Em 9 de julho de 1931, no Theatro São Pedro, interpretou peças para piano de vários compositores, inclusive as suas “Rapsódia Brasileira” e “Ponteio, Roda e Samba” – esta, uma suíte de três peças construídas sobre temas populares (a terceira peça, mais tarde, teria o título alterado para “Baile”, em vez de “Samba”). O crítico Léo Lanner, escreveu no jornal Correio do Povo, sobre a Rapsódia Brasileira para Piano: "Não é rapsódia, mas ensaio, embora tímido, de poderosa obra sinfônica".

Ainda naquele ano muda-se em definitivo para o Rio de Janeiro, adquire a fama de virtuose do teclado, sem recursos financeiros para seguir a carreira de concertista, decide tocar em orquestras de teatro.

Desde o início dos anos 30, trabalhou direto no então jovem meio de comunicação, o rádio. passou pela Rádio Clube do Brasil, Rádio Mayrink Veiga, na Gazeta de Cajuti, e Transmissora. Foi nessa última que começou a escrever seus primeiros arranjos. 

Em 1936 passa a fazer parte do grande elenco de artistas, músicos e comunicadores da PR8 Rádio Nacional, onde trabalhou por 30 anos, como arranjador. Ali Radamés criou a Orquestra Carioca, a primeira rádio a dedicar-se exclusivamente à música brasileira. Em 1939 substituiu Pixinguinha como arranjador da gravadora RCA Victor. 

Foi o autor da parte orquestral de gravações célebres como a do cantor Orlando Silva para Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro, da famosa gravação original de Aquarela do Brasil (Ary Barroso) ou de Copacabana (João de Barro e Alberto Ribeiro) imortalizada na voz de Dick Farney.

O modernista Mário de Andrade escreveu: “Apesar da mocidade, já domina a orquestra como raros entre nós. É a maior promessa do momento”.

Arnaldo Estrella
Em 1942, faleceu seu pai, Alessandro, o que faz com que o compositor retorne a cidade de Porto Alegre, e traz consigo a sua mãe, Dona Adélia, para morar com ele, até o seu falecimento em 1954.

Em 1943 acontece a primeira audição de uma obra de Radamés no exterior. O Concerto n° 2 para piano e orquestra foi interpretado por Arnaldo Estrella em Washington, Chicago e Filadélfia. 

Naquele mesmo ano estreia o programa de grande sucesso, “Um milhão de melodias” que ficou 13 anos no ar, era uma espécie de parada musical onde eram apresentadas composições de todas as partes do mundo, para o programa, acrescida de dois violões, cavaquinho e vasta percussão, transforma a Orquestra Carioca da Rádio Nacional na Orquestra Brasileira de Radamés Gnattali com a proposta de abrasileirar as orquestrações.
Orlando Silva - Francisco Alves - Carlos Galhardo - Silvio Caldas
Entre 1930 e 1941, sua composição erudita aproveita temas folclóricos e a traz a influência do estilo de Grieg e do jazz. A partir da metade da década de 1940, abandona o nacionalismo neoclássico, em obras tais como Trio Miniatura, Brasiliana nº 1 e o Concerto Romântico. Suas composições populares ficam mais simplificadas, e os arranjos para os "quatro grandes", como eram conhecidos os quatro principais cantores do disco e do rádio - Orlando Silva, Francisco Alves, Carlos Galhardo e Silvio Caldas −, têm uma orquestração mais intimista, com instrumentos como marimba, guitarra e acordeom, produzindo um timbre considerado precursor da bossa nova.
Dick Farney

O arranjo de Copacabana, gravado em 1946 por Dick Farney, é considerado por alguns críticos um marco nesse processo, antecipando, com seu ambiente camerístico, as sonoridades bossa-novistas.

Em 1949, ao lado de Zé Menezes (guitarra), Pedro Vidal Ramos (contrabaixo) e Luciano Perrone (bateria), forma o Quarteto Continental, ampliado para sexteto em 1960, com a inclusão de sua irmã Aída Gnattali (piano) e Chiquinho do Acordeon.

O conjunto viaja pela Europa e tem grande importância na divulgação da música popular brasileira. Como pianista solo, destaca-se como intérprete de Ernesto Nazareth, de quem grava em disco uma série de oito obras, em 1953.

Na década de 1950, além do trabalho nas rádios, Radamés Gnattali criou trilhas para o cinema, com destaque para os filmes Tico-tico no fubá (1952) de Adolpho Celi, Rio, 40 graus (1955) e Rio, Zona Norte (1957) de Nelson Pereira dos Santos.

Tom Jobim
Em 1954 estreou o programa “Quando os maestros se encontram”. A idéia inicial era incentivar jovens talentos da regência. 

Dentre os novatos havia um que depois ficou famoso e amigo de Radamés, Antonio Carlos Jobim, no programa dirige uma orquestra sinfônica completa, que executa músicas do repertório nacional e internacional.

Os temas populares brasileiros sempre foram fonte de inspiração para Radamés Gnattali. 

Na Brasiliana nº 6 para piano e orquestra (1954), utilizou o tema da famosa canção gaúcha “Prenda Minha”. Na Sinfonia Popular nº1 (1955), o segundo movimento é baseado no tema de um pregão baiano chamado “Flor da Noite”. O ritmo do toque do berimbau foi usado para construir a “Capoeira”, movimento final da Brasiliana nº 3, de 1948.

A série de Brasilianas, aliás, é uma espécie de síntese da obra de Radamés Gnattali.

Nela encontramos toda a riqueza da música brasileira em formações as mais variadas que vão desde o piano e o violão solo até a grande orquestra sinfônica com e sem solistas.

Outro reflexo da vivência radiofônica na obra de Gnattali é a inusitada instrumentação de suas peças. Cercado de bons solistas na Rádio Nacional, o compositor procura escrever para eles.
Edu da Gaita, Chiquinho do Acordeon, Jacob Bittencourt e Laurindo de Almeida
É assim que surge seu Concerto para Harmônica de Boca e Orquestra (1958), escrito para Edu da Gaita; Concerto para Acordeão e Orquestra (1958), para Chiquinho do Acordeão; Retratos, concerto para bandolim e orquestra, para Jacob Bittencourt; Suíte Popular Brasileira para Violão e Piano (1956), com Laurindo de Almeida.

Em 1960 embarcou para Europa, apresentando-se num sexteto que incluía Acordeão, Guitarra, Bateria e Contrabaixo.

Foi contemporâneo de compositores como Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros e Pixinguinha.

Em 1966, passou a viver com Nelly Martins, ex-atriz da Rádio Nacional, cantora e pianista que, abandonando a carreira artística, acabou se formando em medicina.

Nas décadas de 1960 e 1970, com a substituição do rádio pela televisão como principal meio de comunicação de massa, as orquestras radiofônicas desaparecem, e Gnattali passa a se dedicar mais à música erudita. Trabalha na TV Excelsior e TV Globo, como maestro e arranjador, entre 1968 e 1979, responsável por trilhas de novelas, casos especiais, minisséries e demais atrações musicais da emissora.

Na década de 70, Radamés teve influência na composição de choros, incentivando jovens instrumentistas como Raphael Rabello, Joel Nascimento e Mauricio Carrilho, e para a formação de grupos de choro como o Camerata Carioca. Também compôs obras importantes para o violão, Orquestra, concerto para piano e uma variedade de choros.

Foi parceiro de Tom Jobim. No seu círculo de amizades Tom Jobim, Cartola, Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha Donga, João da Baiana, Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri. É autor do hino do Estado de Mato Grosso do Sul - a peça foi escolhida em concurso público nacional.

Radamés foi um dos mestres mais requisitados nesse período, demonstrando uma jovialidade que encantou novos chorões como Joel Nascimento, Raphael Rabello e Maurício Carrilho. Nasceu assim uma amizade que gerou muitos encontros e parcerias. Em 1979 surgiu, no cenário da música instrumental, o conjunto de choro Camerata Carioca, tendo Radamés como padrinho.

Camerata Carioca e Radamés Gnattali
Em janeiro de 1983, recebeu o Prêmio Shell na categoria de música erudita; na ocasião, foi homenageado com um concerto no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, que contou com a participação da Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro, do Duo Assad e da Camerata Carioca. 

Em maio do mesmo ano, numa série de eventos em homenagem a Pixinguinha, Radamés e Elizeth Cardoso apresentaram o recital Uma Rosa para Pixinguinha e, em parceria com a Camerata Carioca, gravou o disco Vivaldi e Pixinguinha.
A saúde começou a fraquejar em 1986, quando Radamés sofreu um derrame que o deixou com o lado direito do corpo paralisado. Em 1988, em decorrência de problemas circulatórios, sofreu outro derrame, falecendo no dia 13 de fevereiro de 1988 na cidade do Rio de Janeiro.

Durante toda sua carreira Radamés Gnattali transitou com igual desenvoltura entre a música clássica, que em declarações dizia preferir, e a música popular, que garantia sua renda. Ao mesmo tempo em que deu tratamento sinfônico aos arranjos populares, aproveitou em sua obra procedimentos melódicos e harmônicos tirados da música popular e do jazz.

Adicionalmente a todo este histórico artístico, Radamés dedicou-se também ao público infantil na sua maturidade profissional. Imortalizou sua arte musical em diversos volumes de história infantil para LP (coleção disquinho), hoje traduzidas em versão digital disponível em lojas virtuais como o itunes.

Foi membro da Academia Brasileira de Música e da Academia de Música Popular Brasileira.

Principais composições
Brasilianas nº 1,2,3,6,9 e 10 (1944-1962)
Concertos para piano e orquestra nº 1,2 e 3 (1963)
Concerto para Violoncelo e orquestra (1941)
Concerto para viola e orquestra de cordas (1967)
Concerto para harmônica de boca (1960)
Hino do estado do Mato Grosso do Sul, escolhido num concurso público.
10 Estudos para Violão