sábado, 26 de julho de 2014

Sinfonia nº 5 de Beethoven

As biografias sobre Beethoven sempre o tratam como gênio. A genialidade é um dom. E Ludwig van Beethoven realmente foi um.
Edmond Bordeaux Szekely, em seu livro, Ludwig Van Beethoven, escreveu: “Beethoven foi mais do que um simples músico, foi um super-homem... Seus acervos de ideias criativas capacitam-no a igualar-se a um Shakespeare, ou a um Michelângelo, na história da evolução humana”.
As sinfonias ímpares de Beethoven, excluindo a Nona, são vigorosas. Enquanto que as sinfonias pares são elegantes e ternas, refletindo aspecto masculino nas ímpares, e aspecto feminino nas pares, coincidência?
Não creio, tanto que a Nona Sinfonia é o elo de união entre o masculino e o feminino.
Não irei comentarei sobre as sinfonias, o que já foi feito em uma postagem anterior, tampouco sobre a biografia deste gênio, que fico devendo, e sim de uma peça específica, sua Sinfonia n.º 5 em Dó menor Op. 67, composta entre 1804 e 1808, trata-se de uma das obras mais populares da Música Erudita, se não for a mais conhecida! Exatamente o centro das nove sinfonias.
Meu primeiro contato com a música chamada clássica foi num programa que passava aos domingos pela manhã, e que eu não gostava, achava bastante chato... “Concertos para a Juventude” na Rede Globo de Televisão. Talvez tenha sido num destes programas que ouvi aqueles acordes iniciais da Quinta Sinfonia pela primeira vez, não me recordo ao certo.
As quatro sinfonias anteriores foram compostas em tonalidade maior (Dó, Ré, Mi bemol e Si Bemol, respectivamente), sendo esta a primeira em tonalidade menor, fato que tornou a ocorrer apenas em 1824 com a Sinfonia n.º 9, em Ré menor op. 125, complementando a 6ª em Fá, a 7ª em Lá e a 8ª em Fá.
Quando começou a escrever essa sinfonia, Beethoven encontrava-se num momento difícil de sua vida. Desilusões amorosas, e a surdez que se acentuava.
Capa da publicação da Sinfonia com a dedicatória
ao príncipe Lobkowitz (acima) e ao conde Razumovsky (abaixo)
A Quinta Sinfonia começou a ser composta em 1805, logo após o término da Terceira. Havendo entre as duas, afinidade expressiva. Como uma ideia central poderosa. Curiosamente algo aconteceu fazendo que a composição ficasse interrompida durante todo o ano de 1806. Voltou a trabalhar na obra em 1807, concluindo no início do ano seguinte, a Sinfonia foi dedicada ao conde Andrey Kirillovich Razumovsky e ao príncipe Franz Josef Maximillian von Lobkowitz, seus principais mecenas na época.
O motivo da interrupção é desconhecido, sabe-se que neste período Beethoven compôs a Quarta Sinfonia, uma peça menos sisuda. Talvez o seu envolvimento afetivo com a condessa Theresa Brunswick que ocorreu justamente naquele ano, fizera-lhe alterar o humor ou ainda, viu-se afastando daquela alternância já mencionada, entre o masculino e o feminino, o que o obrigou a criar a peça intermediária.
Existe ainda a possibilidade da dúvida, afinal trata-se de uma obra revolucionária para época, não havia a introdução lenta das outras sinfonias da escola Haydniana, que Beethoven seguira nas sinfonias anteriores, também não há a fanfarra das aberturas das óperas. A sinfonia parte direto para o tema principal.
"Beethoven enfrenta as ondas do mar e permanece no leito do oceano que para as nuvens no seu curso, dispersa as névoas e revela o puro azul do céu e a face escaldante do sol.”  Foi essa a descrição quanto à energia do primeiro movimento feita por Richard Wagner.
O primeiro movimento expressa o sentimento de conflito e luta, enquanto os seguintes progridem para sua superação, culminando no sentimento de exultação e vitória do final.
Os instrumentos usados nesta sinfonia são:
Família
Instrumentos
Madeira
2 flautas
2 oboés
2 clarinetes (em si bemol e dó)
2 fagotes
1 contrafagote e 1 piccolo (ambos apenas no 4º Movimento)
Metais
2 trompas (em mi bemol e dó)
2 trompetes
3 trombones (alto, tenor e baixo, apenas no 4º Movimento)
Percussão
2 Tímpanos (em sol e em dó)
Cordas
Violinos
Violas
Violoncelos e
Contrabaixos

Composta em quatro movimentos, que representariam cada um os quatro elementos da natureza:
O primeiro andamento: Allegro con brio, grande tensão, com dramatismo extremo, o fogo.
Uma análise do primeiro movimento, eu me lembro dessa explicação no filme CONRACK, estrelado por Jon Voight:
O destino ou a morte batendo à porta, os instrumentos duelam algo como o bem e o mal, o arrependimento ou desfaçatez, por fim a batalha final... Quem vence? A música neste movimento é rápida e enérgica.
O segundo andamento: Andante com Moto – Più mosso – Tempo I, uma marcha fúnebre que se eleva pela sua emoção e beleza, o ar. Temos a predominância de uma melodia triste, bonita e sentimental. Retratando as desilusões pelas quais que o compositor passava e sofria.
O terceiro andamento: Scherzo Allegro – Trio – Scherzo, uma contração, a água. É a parte musical mais simples da sinfonia. Representaria o terceiro movimento vem como a esperança diante da tristeza representada no movimento anterior.
O quarto andamento: Allegro – Presto, magnificência, a terra. É a parte mais emotiva da composição e tem um tom triunfal. Beethoven quis representar a esperança de novos rumos que sua vida podia tomar.
A Quinta Sinfonia é uma síntese de tudo o que representa Beethoven: Sua força, tristeza e grandiosidade.
Como já comentado na postagem sobre as sinfonias, na Quinta, a Esfera da Cabala, A Força do Rigor, o Geburah, foi expressa por Beethoven, o Destino batendo à nossa porta. Sua audição é recomendada quando quisermos sair dos estados de irritação, egoísmo, vingança e ódio. Conhecida como ”Sinfonia da Vitória” tem a interpretação espiritual da conquista do eu inferior. É a Sinfonia do ‘Destino do Homem’. Estimula a traçar as estruturas do que queremos ser na vida, ou seja, a criar nosso destino.
Provemos então da taça...
Algumas curiosidades:
Durante a Segunda Guerra Mundial, os países ocupados pela Alemanha eram proibidos de ouvir outras rádios que não as indicadas pelo III Reich. Todavia, muitas pessoas desafiavam a proibição para escutar a BBC de Londres, que durante a guerra usou como prefixo as notas iniciais da V Sinfonia de Beethoven, cujas notas - três curtas e uma longa - correspondem a letra "V" - vitória - em código Morse. Nesta, como em outras ocasiões, a liberdade foi associada a Beethoven.
código Morse
Em 1976, o pianista Walter Murphy gravou uma versão em música disco para esta sinfonia, e a lançou como single. O single fez muito sucesso, chegou ao primeiro lugar na Billboard Hot 100 e foi incluído no legendário filme Os Embalos de Sábado à Noite. "A Fifth of Beethoven" é considerada um clássico desse gênero, e frequentemente aparece quando se fala na era Disco.

Uma pesquisa do Programa de Oncobiologia da UFRJ expôs uma cultura de células MCF-7, ligadas ao câncer de mama, à meia hora da obra. Um em cada cinco delas morreu, numa experiência que abre uma nova frente contra a doença, por meio de timbres e frequências.


Maiores informações sobre a pesquisa no link abaixo:

No link disponível a Quinta Sinfonia na íntegra e a versão Disco.



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