Os pais |
Igor Fiodorovitch
Stravinsky, nascido em Oranienbaum, atual Lomonosov, uma pequena cidade russa
localizada nas proximidades do golfo da Finlândia, perto de São Petersburgo na Rússia em 17 de Junho de 1882.
Desde
cedo recebeu influências musicais por parte de seu pai, Fyodor Ignatievich Stravinsky que
era cantor da Ópera Imperial de São Petersburgo e casado com Anna Kyrillovna.
Ainda na infância teve
lições de piano, posteriormente teoria musical e fazendo algumas tentativas de
composição.
Aos oito anos, teve o seu
primeiro contato com uma orquestra quando assistiu “A Bela
Adormecida” espetáculo de balé de Tchaikovsky no Teatro Mariinsky e ficou fascinado.
Com quatorze anos
dominava o Concerto para Piano em Sol menor de Mendelssohn e, no ano seguinte,
finalizou uma redução para piano de um dos quartetos de cordas de Alexander
Glazunov.
Fachada atual da Universidade de São Petersburgo |
Mesmo com todo o
entusiasmo, desenvoltura e aptidão que demonstrava pela música, seus pais
insistiram e em 1.901, Stravinsky inscreve-se na Universidade de São Petesburgo
para estudar Direito, no ano seguinte com a morte de seu pai e a ausência de vocação
para o curso dedicava mais tempo aos estudos musicais do que a faculdade e em
quatro anos não frequentou cinquenta aulas.
Em 1905, ocorreu o massacre
conhecido como Domingo Sangrento em 22 de janeiro, impedindo que terminasse o
curso, recebendo apenas um diploma de meio curso, em Abril de 1906.
Rimsky-Korsakov |
Concentrou-se
então apenas na sua paixão, a música, Nikolai Rimsky-Korsakov, que conhecera
enquanto se preparava para a advocacia, aconselhou que não entrasse no
Conservatório de São Petersburgo, passando a lecionar piano e harmonia duas
vezes por semana, Stravinsky o tinha como um segundo pai. Começa a compor a sua
Primeira Sinfonia, bem como a Sonata para Piano.
Katerina |
Ainda em 1905 fica noivo de Katerina Gavriilovna Nossenko, sua prima, em 23 de Janeiro de 1906, casa-se, os seus primeiros filhos, Fyodor e Ludmilla, nasceram em 1907 e 1908 respectivamente.
Também em 1908 falece o seu mestre Rimsky-Korsakov, a quem dedicou
a Sinfonia em Mi bemol maior.
No ano seguinte, na
apresentação de Feu d'artifice (Fogo de artifício), em São Petersburgo, Sergei
Diaghilev, o diretor dos Ballets Russos em Paris, estava presente e ficou bastante
impressionado com a obra e convidou Stravinski a concluir algumas orquestrações
e compor uma partitura completa do ballet, L'Oiseau de feu ("O Pássaro de
Fogo"). O que foi prontamente aceito, viajou com a companhia de Sergei
Diaghilev para a França e outros países europeus, conheceu vários músicos e
compositores dentre eles Debussy, Ravel e Satie.
No alto: Stravinsky com Diaghilev e com Debussy Embaixo: Stravinsky com Ravel e Eric Satie |
Concluiu “O Pássaro
de Fogo” em 1910, encenado pela primeira vez em Paris, uma obra com orquestração
muito imaginativa, rica em imagens e sons. Sucesso absoluto, proporcionando a
Stravinsky o início da fama.
No mesmo ano muda-se
para a Suíça onde nasce o seu segundo filho, Soulima (que mais tarde se
tornaria um compositor menor), e a sua segunda filha, Maria Milena, nasceu em
1913. Durante esta última gravidez, descobriu-se que Katerina tinha tuberculose.
Ludmila, Katerine, Fyodor, Milena, Stravinsky e Soulima (1.920) |
Compôs Petruschka e A
Sagração da Primavera (Le Sacre du Printemps), em 1911 e 1913, respectivamente,
ambas para a companhia de Diaghilev. Petruschka foi o primeiro balé a mostrar a
mitologia folclórica, enquanto que Sagração foi causadora de muita polêmica,
pela composição, cenário e a coreografia de Nijinski. Stravinsky tentou mostrar
a brutalidade da Rússia pagã, que inspirou temas violentos através da obra e utiliza
a orquestra como um grande instrumento de percussão, em que o ritmo conduz a
estrutura da obra. Passava, então, a ser visto como um dos líderes da vanguarda
musical. Seu nome entrava para a história da música universal.
Imagens da apresentação de Sagração da Primavera |
Ramuz |
As dificuldades devido aos tempos difíceis na Europa, a sua esposa com uma saúde frágil e ainda tendo de manter quatro filhos, Stravinsky decide então com seus amigos Ramuz, Ernest Ansermet (maestro da companhia de Diaghilev) e Auberjonois (pintor e ilustrador) criar um “espetáculo de bolso”: “L’Histoire du Soldat” (A História do Soldado) baseado num conto popular russo. Stravinski tinha uma significativa relação artística com o filantropo suíço Werner Reinhart de quem obteve assistência financeira enquanto escrevia este espetáculo.
Ansermet |
Reinhart |
Mudou-se para a
França em 1920, onde iniciou uma relação musical e de negócios com o fabricante
de pianos francês Pleyel.
Arranjou muitos de seus
trabalhos iniciais para que pudesse ser usada na Pleyela, a marca de pianolas
de Pleyel.
Em 1934, época em que
se naturalizou francês, passa a residir na rua Faubourg-St.Honoré, Stravinski
recordaria depois esta como a sua última e mais infeliz residência europeia, a
tuberculose da sua mulher infectou a sua filha mais velha, Ludmila, e a ele próprio.
Ludmila morreu em 1938, e Katerina no ano seguinte. Stravinski passou cinco
meses no hospital, durante os quais a sua mãe também morreu.
Durante o período em
que morou na França escreveu as seguintes obras Sinfonia para Instrumentos de Sopro (1920-23), Pulcinella
em colaboração com Pablo Picasso (1920), com Jean Cocteau compôs o oratório Oedipus
Rex – Édipo Rei (1927) e com George Balanchine escreveu Apollon musagète –
Apolo líder das musas (1928), Sinfonia dos salmos (1930), Persephone (1933), Jeu de Cartes –
Jogo de Cartas (1936).
Stokowsky |
Os patronos estavam
sempre por perto. No início dos anos 1920, Leopold Stokowski deu apoio regular
a Stravinski. O compositor era também capaz de atrair encomendas: muito do seu
trabalho depois d' O Pássaro de Fogo foi escrito para ocasiões específicas e
foi pago generosamente. O período compreendido entre 1920 e 1939, passado em
França, corresponde à composição de obras ao estilo neoclássico, reativando os
estilos e gêneros musicais do séc. XVIII.
No final dos anos 30,
desgostoso com tantas perdas, busca novos ares.
Stravinsky mantinha
relações profissionais com diversas pessoas nos Estados Unidos, na época
trabalhava na sua Sinfonia em Dó para a Orquestra Sinfônica de Chicago, e foi convidado
para conferências em Harvard entre 1939-40.
Vera de Bosset |
Após a morte de sua esposa Katerina, assume o romance com Vera de Bosset Sudeikina (1888-1982), o verdadeiro amor da sua vida, companheira até à sua morte. Com o início da Segunda Grande Guerra em Setembro decide deixar a Europa para trás e morar nos Estados Unidos. Vera seguiu-o no início do ano seguinte e eles casaram-se em Bedford, MA, EUA, em Nove de Março de 1940.
Disney e Stravinsky |
Em Los Angeles, e por vezes conduziu concertos com a Orquestra Filarmônica de Los Angeles no Hollywood Bowl.
No dia 15 de Abril de 1940, devido ao seu arranjo da The Star-Spangled Banner levou à sua prisão pela polícia de Boston por violar a lei federal que proibia a rearmonização do Hino Nacional.
Stravinsky recebeu a cidadania americana em 1945.
Durante a década de 40 compôs as seguintes obras:
A já citada Sinfonia
em Dó em 1940, a Sinfonia em Três Movimentos em 1945, Orpheus em 1947 que ainda
remetiam a classicismo musical de meados do século XVIII ao início do XIX, compôs
ainda Ebony Concerto para clarinete e jazz band em 1945 e a ópera The Rake's
Progress em 1950. Foi em 1951, que terminou seu último trabalho neoclássico - a
ópera A Carreira do Devasso, com libreto de W. H. Auden, baseado na obra de
Hogarth.
Robert Craft, Vera e Stravinsky |
No início da década
de 1950, Stravinski começa suas composições seriais, cruzando com elementos
medievais e renascentistas assim como elementos oriundos do seu próprio passado
musical, e incluindo ainda o dodecafonismo de Schönberg, tudo isto com o incentivo
de seu amigo Robert Craft. Experimentos com trabalhos de pequena escala para
voz e câmara como Cantata (1952), Septet e Three Songs from Shakespeare (ambas de 1953),
Canticum sacrum (1956).
Agon (1954–57) é seu o
primeiro trabalho a incluir o dodecafonismo, expandido em Threni (1958), A
Sermon, a Narrative, and a Prayer (1961) e The Flood (1962), todos baseados em
textos bíblicos. Agon é um balé coreografado para doze dançarinos, e representa
a transição entre o neo-clássico ao serial.
São deste período ainda
Movimentos para piano e orquestra (1959), Variações (1960), Elegia para JFK
(1964) e Réquiem (1966).
Em 1959, Stravinski
recebeu o Sonning Award, a mais alta honra musical da Dinamarca. Em 1962
aceitou um convite para regressar a Leningrado (hoje São Petersburgo) para uma
série de concertos. Teve uma conversa de mais de duas horas com o líder soviético
Nikita Khrushchev, que pediu que retornasse à União Soviética. Apesar do
convite, Stravinski continuou estabelecido no Ocidente.
Em 1969 mudou-se para
Nova Iorque, passando os seus últimos anos na Essex House. Dois anos depois,
com a idade de 88 anos, morreu em Nova Iorque no dia 06 de Abril de 1971 e foi sepultado
em Veneza na ilha cemitério de San Michele, próximo ao túmulo do Sergei
Diaghilev.
Stravinski foi também
um membro devoto da Igreja Ortodoxa Russa durante toda a sua vida, comentando
certa vez, "A música louva Deus. A música é tão bem, ou melhor, capaz de
louva-Lo que o edifício da igreja e toda a sua decoração; é o maior ornamento
da Igreja".
A vida profissional
de Stravinski havia compreendido a maior parte do século XX, incluindo muitos
dos estilos musicais clássicos modernos, e influenciou compositores tanto
durante como após a sua vida. Tem uma estrela na Calçada da Fama em 6340
Hollywood Boulevard, e recebeu postumamente o Grammy Award por Lifetime
Achievement em 1987.
Stravinsky através de
sua obra expõe um panorama da arte do Séc. XX, com as variedades estilísticas de
sua época tempo. O contato com outras grandes figuras da cultura do séc. XX
(Diaghilev, Nijinsky, Cocteau, Picasso, Baskt, Foukine, Balanchine, entre
outros) reflete o seu carácter cosmopolita e de uma curiosidade insaciável.
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