terça-feira, 6 de setembro de 2016

GOTTSCHALK


Sete de Setembro, uma data que remete à Independência do Brasil, afinal foi quando Dom Pedro I rompeu com Portugal decidindo que a então Colônia seria um País Livre e Independente.

Poderia dedicar esta postagem para falar sobre o Hino Nacional, mas como ele já foi comentado aqui


Usarei este espaço para expor um pouco sobre Louis Moreau Gottschalk, pianista e compositor norte-americano, nascido no dia 08 de Maio de 1829 em New Orleans, na Louisiana, nos Estados Unidos.

Planta de New Orleans
Filho de pai judeu alemão e mãe pertencente à pequena nobreza francesa.

Em sua cidade natal teve contato com uma grande variedade de influências musicais.

 Aprendeu a tocar piano muito cedo e logo foi reconhecido como um prodígio neste instrumento. 
St. Charles Hotel

Em1840 deu seu primeiro concerto público no hotel St. Charles.

Em 1842 foi para a Europa se aperfeiçoar em música erudita. 

Sua matrícula foi rejeitada inicialmente pelo Conservatório de Paris e seu reconhecimento no meio musical francês só foi alcançado através de amigos.

Em 1853 retornou à América. Esteve em Cuba em 1854 e a partir desta época iniciou uma série de viagens à América Central e América do Sul. Na década de 1860, era considerado o mais importante pianista do Novo Mundo.
Louisiana em vermelho ao lado do Texas e abaixo de Arkansas
Era um sulista que apoiava a causa da União durante a Guerra Civil Americana. Mesmo retornando à sua cidade com pouca frequência, ele sempre se apresentava como nativo de Nova Orleans.

Nas suas composições apresentava a música folclórica e popular dos Estados Unidos, das Antilhas através de um arranjo erudito em peças para piano. Foi o precursor do nacionalismo nas Américas.

Em Setembro de 1865 ele foi forçado a deixar os Estados Unidos como resultado de um caso escandaloso com uma estudante do seminário feminino de Oakland na California.

Dom Pedro II
Com isso iniciou uma viagem pela América do Sul, passando por Santiago no Chile, Buenos Aires e Rio de Janeiro, onde se apresentava em recitais de sucesso.

Foi um dos primeiros artistas estrangeiros a empolgar o público brasileiro no tempo de D.Pedro II.

Estava em temporada no Rio de Janeiro, tocando no Teatro Lírico Fluminense, quando se sentiu mal, vítima de malária, em 24 de novembro de 1869.

Um fato muito comentado à época é que ele acabara de tocar sua peça romântica “Morte!!“ logo antes de seu colapso, mas de fato o incidente ocorreu quando ele iniciava a interpretação da peça “Tremolo”. Não conseguindo se recuperar.

Seu médico recomendou uma temporada num hotel no alto da Tijuca (atual Alto da Boa Vista). Ali ficou por cerca de três semanas, vindo a morrer logo após, no dia 18 de dezembro de 1869, em seu quarto no hotel, provavelmente em decorrência de doses excessivas de quinino.

Gottschalk foi sepultado com grande honra no Cemitério de São João Batista e posteriormente seus restos mortais foram trasladados para seu país de origem e se encontra atualmente enterrado no Green-Wood Cemetery no Brooklyn, Nova York.

Bom, mas por que falar desse tal de Louis Moreau Gottschalk? Vocês devem estar se perguntando...

Pirncesa Isabel e Conde d'Eu
A resposta é bastante simples:

Uma de suas composições mais conhecidas no Brasil é a "Grande Fantasia Triunfal Sobre o Hino Nacional Brasileiro", uma série de variações sobre a música de Francisco Manuel da Silva. A composição foi dedicada à Condessa d’Eu, a Princesa Isabel, filha de D. Pedro II.

A “Grande fantasia Triunfal” estreou no Rio de Janeiro em 1869, num concerto com a participação de 650 músicos.

Segundo carta que escreveu para seus amigos nos Estados Unidos, afirmou :
“Os meus concertos no Brasil são um verdadeiro furor… o Imperador, a família Imperial e a Corte não perderam um só dos meus concertos e a minha “Fantasia Triunfal” agradou a D. Pedro II. Cada vez que me apresento, tenho que tocar essa obra“.

A “Grande Fantasia Triunfal com Variações sobre o Hino Nacional Brasileiro” é uma das mais empolgantes exaltações musicais de brasilidade.

Entretanto, em 1973, uma consulta de origem desconhecida à Comissão Nacional de Moral e Civismo, ameaçou por algum tempo de proibição a peça de Gottschalk. O processo rolou por alguns anos até que, graças principalmente ao parecer do musicólogo Alfredo Melo, que esclareceu devidamente a diferença entre “arranjo” e “variação”, e condenou “essa interdição como um “crime de lesa-cultura”, a “Grande fantasia Triunfal”, foi liberada. Finalmente, a 7 de setembro de 1981, junto ao Monumento do Ipiranga, ela foi executada em apoteose para 800 mil pessoas, no melhor estilo “gottschalkiano”.

É um grande sucesso no repertório de pianistas brasileiros e também de outros países.
Esquecida por muitos anos, esta peça tornou-se novamente popular ao ser utilizada pela Rede Globo na transmissão do cortejo fúnebre de Tancredo Neves em 1985. Além disso, sua introdução foi ouvida por diversas vezes no início de programas televisivos do PDT, mais precisamente, de Leonel Brizola. Editada no final do século XIX pela Casa Levy,foi, muitos anos depois, gravada pela pianista Eudóxia de Barros.


Baseado no texto de Roberto Muggiati.

Apresento nesta postagem:

01. Grande Fantasia Nacional sobre o Hino Nacional Brasileiro, op. 69.
02. “The Union” Concerto-Paráfrase sobre Árias Nacionais Norte-Americanas, op. 48.
03. Marcha Solene Brasileira, para orquestra e banda militar.

04. Grande Tarantela para piano e orquestra.

Aproveitem o feriado

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