quinta-feira, 11 de maio de 2017

VIVALDI



Nascido em 04 de Março de 1678 em Veneza, que naquela época era república independente – a Sereníssima Reppublica. Antonio era o mais velho de sete filhos de Giovanni Battista Vivaldi e Camilla Calicchio.



Na infância, influenciado pelo pai que era violinista e barbeiro, foi matriculado na Capela Ducal de São Marcos para aperfeiçoar seus conhecimentos com as notas musicais e, induzido também a estudar Teologia, assim teria todas as garantias e a proteção da Igreja e transitaria livremente no meio musical de Veneza.

Aos 25 anos foi ordenado padre, naquela época era conhecido como o Padre Ruivo, pois era bastante raro ter os cabelos vermelhos além de não ser bem vistos. Exerceu o sacerdócio por pouco mais de um ano.

Conta-se que durante o sacerdócio, por vezes abandonava as missas para anotar melodias que lhe vinham à mente, o que acabou fazendo com fosse afastado das funções sacerdotais pelo Tribunal da Inquisição, porém, ele mesmo explicaria o seu problema, já no final da vida:

“Há vinte e cinco anos não celebro missa e não mais o farei, não por ordem ou proibição de meus superiores, mas de minha vontade espontânea, devido a uma doença congênita que me deixa a sensação de falta de ar. Assim que me ordenei padre, rezei a missa durante pouco mais de um ano e por três vezes tive que abandonar o altar sem terminar a cerimônia, por causa desse mesmo mal”.

Vivaldi chamava a tal doença de stretezza di petto – estreiteza de peito. Asma. É certo que sua saúde era frágil desde o nascimento.

No início do século XVIII em sua cidade natal, Vivaldi era professor de violino no Ospedale della Pietà, instituição religiosa que fornecia abrigo e formação musical para meninas carentes.

Tornou-se diretor desta casa em 1705, cargo bastante cobiçado, não tanto pela remuneração, mas por dispor de uma boa orquestra, coro e solistas sem qualquer limitação.

Assim pode desenvolver diversas experiências musicais, compondo especialmente para as crianças daquele orfanato.

Vivaldi dedicou-se também à ópera, não apenas como compositor, mas empresariado. Teve seu nome ligado ao Teatro Santo Ângelo de Veneza, onde se tornou o principal organizador, contratava e dispensa atores e cantores, resolvia os atritos, solucionava os problemas financeiros, ensaiava, montava turnês, a sua doença não o impedia de fazer aquilo que mais gostava.

Vivaldi e Giraud - cena do filme Vivaldi, um príncipe em Veneza
Escandalizou a sociedade conservadora de sua época, por estar sempre cercado de uma legião feminina, em especial, contava com a inseparável companhia de sua jovem aluna e cantora Anna Giraud. A história registra apenas que a morte do compositor os separou, mas nunca se casaram.

Sua companhia teatral esteve em inúmeras cidades, entretanto em Ferrara no ano de 1737, viu-se proibido de apresentar-se, pois o Cardeal Tommaso Ruffo considerava-o uma pessoa indigna:

- “Um padre que não reza missa e que mantém uma amizade suspeita com uma cantora”. 

Em virtude a proibição boa parte dos bens de Vivaldi foi consumida, o que para ele foi considerada uma ruína total. 

Quase falido e mal visto em sua cidade, parte para o Norte da Europa, em 1740.

Alguns pesquisadores defendem que Vivaldi fora expulso pelo governo do Grão Ducado de Veneza. Durante este exílio, na cidade de Viena, hospedou-se juntamente com Anna na casa de um desconhecido de nome Satler, ficando algum tempo ali vindo a falecer no dia 28 de Julho de 1741.

Foi sepultado de forma simples, pobre e sem qualquer ritual ou protocolo, na mais completa obscuridade.

Destacou-se principalmente em três gêneros:
- Música Sacra, Ópera e principalmente o Concerto, onde se encontra o melhor de sua música.

Compôs:
- 456 concertos, sendo 210 para o violino ou violoncelo solo, dos quais se destaca o seu mais conhecido e divulgado trabalho, As quatro estações.
- 73 Sonatas,
- 44 motetos,
- 3 oratórios,
- 2 serenatas,
- 100 árias (número aproximado)
- 30 cantatas e;
- 47 óperas.

Sem considerar o que foi perdido, pois desde 1729 deixara de publicar suas obras preferindo vendê-las a particulares, pois o lucro era maior.

Os números demonstram sua agitação e ânsia de compor, todas as peças têm a sedução como a sua marca pessoal, sua música é uma das mais ricas já compostas, embora com uma estrutura simples e clara.

Vivaldi deixou sua marca em toda a música instrumental que o sucedeu, é considerado o primeiro compositor sinfônico. Com ele os violinos adquirem grande força e densidade orquestral, é fixado o esquema tradicional de movimentos (rápido, lento, rápido), surge o concerto para solista, a instrumentação e a orquestração ganham importância nunca alcançada. Há também o lado impressionista representado em obras como As Quatro Estações e a Tempestade no Mar.

O amor à arte e a coragem de romper as regras vigentes na sociedade veneziana de sua época foram marcas principais na sua trajetória. As melodias agradavam a minoria intelectual e despertavam interesses em pessoas que, até então, se mantinham distantes da música. Sem temer críticas, o músico inovou em suas composições, iluminando a estrutura formal e rítmica do concerto. Buscou contrastes harmônicos, que resultam em originalidade. Uma irreverência que fez dele um dos maiores talentos do período barroco.

Sua música era moderna para a sua época e até hoje não perdeu seu encanto, era uma escrita de certa forma fácil, pois em grande parte foi composta para interpretação das crianças do orfanato.

Seus concertos foram tomados como modelos formais por vários compositores do barroco tardio, inclusive Johann Sebastian Bach, que transcreveu dez deles para teclados, nem todos os músicos demonstram o mesmo entusiasmo pela sua obra, Stravinsky afirmou em tom provocativo que Vivaldi não teria escrito centenas de concertos, mas um único e repetido centenas de vezes.

Apesar da fama de que gozou em vida, Vivaldi foi logo esquecido com o advento do classicismo. 

Seus originais foram encadernados, após sua morte, em 27 volumes e vendidos a particulares, sendo redescobertos na década de 1920 em Turim e Genova.

Alfred Tomatis
A música de Vivaldi, juntamente com a de Mozart, Tchaikovsky, Corelli e Bach foi incluída nas teorias de Alfred Tomatis sobre os efeitos da música no comportamento humano, sendo usada em terapia musical.


Peter Ryom
As obras de Antonio Lucio Vivaldi são identificadas por seus números RV ou Ryom-Verzeichnis compilados no catálogo de Peter Ryom.

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