quarta-feira, 15 de agosto de 2018

FRANCISCO MIGNONE



Francisco Paulo Mignone foi flautista, pianista, compositor, regente e, professor, nasceu em São Paulo, capital, no dia 03 de setembro de 1897, filho do flautista italiano Alferio Mignone, que imigrou para o Brasil em 1896.

Prédio do Conservatório na Av. São João
Francisco iniciou os estudos de flauta com seu pai, que era professor de flauta no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, músico de orquestra e regente.

Aos dez anos de idade começa a estudar piano com Silvio Motto. 

Três anos mais tarde, estreia como flautista e pianista condutor em orquestras de cinema. 

Savino de Benedictis
Também integra grupos de choro e compõe muita música popular e de salão, era conhecido por tocar nas rodas de choro em bairros como o Brás, Bixiga e Barra Funda como Chico Bororó, pseudônimo que abandona após 1914.

Antes de completar quinze anos, em 1912, ingressa no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, foi aluno de Luigi Chiaffarelli, de Savino de Benedictis (harmonia) e de Paolo Agostino Cantu (harmonia, composição e contraponto).

Ao longo do curso, exibe-se frequentemente como solista ao teclado. 

Obteve o segundo lugar em um concurso de música popular realizado no conservatório com a valsa "Manon" e o tango "Não se impressione". 

Foi diplomado em 1917. nessa instituição, conheceu um de seus amigos: Mário de Andrade. 
Edvard Grieg
Mesmo depois de formado ainda continuou a ter aulas com o pai.

Em 16 de setembro de 1918, se apresenta como pianista, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, interpretando o primeiro movimento do Concerto em Lá menor para Piano e Orquestra de Edvard Grieg

Apresentou também algumas obras de sua autoria, como o poema sinfônico Caramuru (1917) e a Suíte campestre (1918).

Vicenzo Ferroni
Agraciado com uma bolsa de estudos pela Comissão do Pensionato Artístico do Estado de São, em 1920, viajou para Milão, onde estudou com o maestro Vicenzo Ferroni, ex-aluno do compositor francês Jules Massenet, que o introduz nas técnicas composicionais francesas bem como na tradição operística italiana. 

Richard Strauss
Com a ajuda do maestro escreve sua primeira ópera, em 1921, O Contratador de Diamantes, cujo libreto, de Gerolamo Bottoni, inspira-se no drama homônimo de Afonso Arinos, que estreou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 20 de setembro de 1924, desta obra se tornou célebre, o bailado do segundo ato: Congada, escrita em 1921 e estreada no Brasil pela Orquestra Filarmônica de Viena em 1923, (antes da representação integral da ópera), sob a batuta de Richard Strauss.

Também na Itália compôs sua segunda ópera, L’Innocente, concluída em 1927, e que também estreou no Rio de Janeiro, em 05 de setembro de 1928.

Euclides da Cunha
Entre 1927 e 1928 esteve na Espanha, onde compôs a Suíte Asturiana. Enquanto esteve na Europa, participou de dois concursos promovidos pela Sociedade de Concertos Sinfônicos de São Paulo. 

No primeiro, em 1923, foi vencedor com a peça Cenas da Roça. No segundo, em 1926, foi duplamente premiado, com as peças Festa Dionisíaca, um poema sinfônico escrito em 1923, e No sertão (1925), inspirado em "Os sertões" de Euclides da Cunha.

Francisco Alves
Ainda em 1928, Francisco Alves lança o maxixe “Aí, pirata”, a primeira obra de música popular de Francisco Mignone gravada pelo selo Odeon.

Foram nove anos na Europa, com constantes visitas ao Brasil, que estabeleceram a qualidade do embasamento: "E no final de todos esses ensinamentos eu me tornei o meu próprio professor".

Beniamino Gigli e Tito Schippa
Seu retorno ao Brasil acontece em 1929, em São Paulo, atua como pianista trabalhando com os tenores Beniamino Gigli e Tito Schippa, e também se torna professor no Conservatório Dramático e Musical, onde reencontrou Mario de Andrade, uma figura importante para a reorientação estética da obra de Mignone.

Em 1931, sua Primeira Fantasia Brasileira, para piano e orquestra, à qual se seguem mais três, todas explorando ritmos e desenhos melódicos característicos brasileiros.
Liddy e uma aluna

Em 1932, casa-se com Elisa Hedwig Carolina Mankel Chiaffarelli Mignone, Liddy, educadora musical, musicista e pianista, filha do professor de piano Luigi Chiaffarelli.

No ano seguinte, Mignone se muda para o Rio de Janeiro para assumir o posto de professor de regência do Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da UFRJ. 

Mario de Andrade
É desta época a elaboração do bailado Maracatu do Chico Rei com a colaboração de Mário de Andrade, principal marco da transição para o nacionalismo, inspirado em episódios da construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Salvador.

Em 1936 participou da fundação do Conservatório Brasileiro de Música, sendo seu primeiro vice-diretor. Em 1939, pôr concurso, Mignone é efetivado junto ao INM na matéria que lecionava.

Nesse mesmo ano, atinge o ponto alto da fase nacionalista com a suíte orquestral Festas das Igrejas, descrevendo o ambiente festivo de quatro templos religiosos brasileiros (São Francisco da Bahia, Rosário de Ouro Preto, Minas Gerais, O Outeirinho da Glória no Rio de Janeiro e Nossa Senhora do Brasil em Aparecida).

Entre 1938 e 1942, destacam-se as Doze Valsas de Esquina, (cada uma composta sobre um dos 12 tons menores), e nas quais buscava reproduzir a maneira de tocar dos chorões.

Alberto Cavalcanti
Em 1951, assume a direção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Na década de 1950, escreve para cinema, compondo as trilhas de Caiçara, 1950, e Menina Moça, 1951, ambos de Alberto Cavalcanti. 

Prêmio Saci
Compõe a Sinfonia Tropical, em 1958. No ano seguinte recebe o Prêmio Saci de melhor composição por Sob o Céu da Bahia, 1957, de Ernesto Remani.

Em 1961 foi o regente do primeiro concerto da recém-fundada Orquestra da Rádio MEC, atual, Orquestra Sinfônica Nacional (OSN-UFF).

Liddy, sua esposa, faleceu em um acidente aéreo em 26 de Novembro de 1962, no ano seguinte casou-se com a pianista paraense Maria Josephina, com quem desenvolve frutífera parceria em recitais a quatro mãos.

Deste matrimônio nasceu Anete Mignone. Na década de 1960, começou a compor as primeiras obras atonais e afastou-se da fase nacionalista.

Monina  Raitzin de Távora
Carlos Barbosa Lima
Em 1967, aposentou-se da cátedra da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Em 1970 foi apresentado ao violonista Carlos Barbosa Lima, pelo professor do mesmo, Isaías Sávio, e assim nasceu o interesse do compositor pelo violão. 

Até então, havia composto apenas Modinha, em 1956, obra dedicada à violonista argentina Monina Raitzin de Távora. 

Maria Josefina
Compõe algumas das melhores obras clássicas para violão no Brasil, especialmente dois grandes ciclos no mesmo ano, 1970 (12 Valsas para Violão e 12 Estudos para Violão) e o Concerto para Violão e Orquestra.

Em 1976, compôs a ópera "Chalaça", e dois anos depois a ópera "O sargento de milícias". 

Em 1978, gravou RGE em duo pianístico com sua mulher Maria Josefina o LP "Ernesto Nazareth", um disco tributo ao compositor Ernesto Nazareth.

Capa do Álbum Mário de Andrade
trezentos, 350
Em 1983, participou juntamente com Camargo Guarnieri, Lenita Bruno e Teca Calazans do álbum duplo "Mário de Andrade, trezentos, 350" lançado pela Funarte em homenagem ao escritor Mário de Andrade.

Segue atuando como regente e pianista até pouco antes de sua morte, que ocorre no Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 1986, aos 88 anos de idade.

Villa Lobos
Francisco Mignone é considerado um dos três maiores compositores do país, ao lado de Villa-Lobos e Lourenzo Fernandez.

Os estudiosos dividem sua obra em duas fases: a primeira, de influência italiana, mesmo tendo composto nesta fase sobre temas brasileiros, e a segunda, quando a partir de influências do amigo aderiu ao movimento modernista e, até o fim da vida, acabou construindo um repertório único, que se notabilizou por fundir o popular, o folclórico e o clássico.

Apelidado “o rei da valsa” pelo amigo Manuel Bandeira, frequentador de seus saraus junto com Carlos Drummond de Andrade, Antônio Houaiss e Alfredo Volpi.

Manuel Bandeira - Carlos Drummond de Andrade - Antonio Houaiss - Alfredo Volpi
Tem 1.024 obras catalogadas que abrangem os mais diversos gêneros, desde peças para piano, com destaque para as Lendas Sertanejas, as Valsas de Esquina, as Valsas Choro, quatro Sonatas e quatro Sonatinas; os Concertinos para fagote e clarineta, o Concerto para piano, os bailados: Maracatu do Chico Rei, Leilão e Quincas Berro D’Água, peças orquestrais como Festa das Igrejas e a Sinfonia Tropical e as óperas O Chalaça e Sargento de Milícias.

O piano foi seu instrumento preferido, sendo um talentoso pianista, seria um grande intérprete, entretanto optou pela composição.
Oscar Lorenzo Fernandez

Francisco Mignone e Oscar Lorenzo Fernández foram homenageados no I Concurso Nacional Funarte de Canto Coral, em 1997, ano em que se comemorava o centenário de nascimento de ambos os compositores. 

O regulamento do concurso exigia a execução de obras desses compositores pelos coros participantes. 

Aos coros que melhor o fizessem, era concedido o Prêmio Centenário.

Ainda hoje, Mignone é tocado no mundo todo – é comum chegarem direitos autorais referentes a execuções em países como a Austrália e a Finlândia.

Conheça um pouco da obra

Nenhum comentário:

Postar um comentário