Francisco Paulo Mignone foi
flautista, pianista, compositor, regente e, professor, nasceu em São Paulo,
capital, no dia 03 de setembro de 1897, filho do flautista italiano Alferio
Mignone, que imigrou para o Brasil em 1896.
Prédio do Conservatório na Av. São João |
Francisco iniciou os estudos
de flauta com seu pai, que era professor de flauta no Conservatório Dramático e
Musical de São Paulo, músico de orquestra e regente.
Aos dez anos de idade começa
a estudar piano com Silvio Motto.
Três anos mais tarde, estreia como flautista
e pianista condutor em orquestras de cinema.
Savino de Benedictis |
Também integra grupos de choro e
compõe muita música popular e de salão, era conhecido por tocar nas rodas de
choro em bairros como o Brás, Bixiga e Barra Funda como Chico Bororó,
pseudônimo que abandona após 1914.
Antes de completar quinze
anos, em 1912, ingressa no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, foi
aluno de Luigi Chiaffarelli, de Savino de Benedictis (harmonia) e de Paolo Agostino
Cantu (harmonia, composição e contraponto).
Ao longo do curso, exibe-se
frequentemente como solista ao teclado.
Obteve o segundo lugar em um concurso
de música popular realizado no conservatório com a valsa "Manon" e o
tango "Não se impressione".
Foi diplomado em 1917. nessa instituição,
conheceu um de seus amigos: Mário de Andrade.
Edvard Grieg |
Mesmo depois de formado ainda
continuou a ter aulas com o pai.
Em 16 de setembro de 1918, se
apresenta como pianista, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, interpretando o
primeiro movimento do Concerto em Lá menor para Piano e Orquestra de Edvard Grieg.
Apresentou também algumas obras de sua autoria, como o poema sinfônico Caramuru
(1917) e a Suíte campestre (1918).
Vicenzo Ferroni |
Agraciado com uma bolsa de
estudos pela Comissão do Pensionato Artístico do Estado de São, em 1920, viajou
para Milão, onde estudou com o maestro Vicenzo Ferroni, ex-aluno do compositor
francês Jules Massenet, que o introduz nas técnicas composicionais francesas
bem como na tradição operística italiana.
Richard Strauss |
Com a ajuda do maestro escreve sua
primeira ópera, em 1921, O Contratador de Diamantes, cujo libreto, de Gerolamo
Bottoni, inspira-se no drama homônimo de Afonso Arinos, que estreou no Theatro
Municipal do Rio de Janeiro, em 20 de setembro de 1924, desta obra se tornou
célebre, o bailado do segundo ato: Congada, escrita em 1921 e estreada no
Brasil pela Orquestra Filarmônica de Viena em 1923, (antes da representação
integral da ópera), sob a batuta de Richard Strauss.
Também na Itália compôs sua segunda
ópera, L’Innocente, concluída em 1927, e que também estreou no Rio de Janeiro,
em 05 de setembro de 1928.
Euclides da Cunha |
Entre 1927 e 1928 esteve na
Espanha, onde compôs a Suíte Asturiana. Enquanto esteve na Europa, participou
de dois concursos promovidos pela Sociedade de Concertos Sinfônicos de São
Paulo.
No primeiro, em 1923, foi vencedor com a peça Cenas da Roça. No segundo,
em 1926, foi duplamente premiado, com as peças Festa Dionisíaca, um poema
sinfônico escrito em 1923, e No sertão (1925), inspirado em "Os
sertões" de Euclides da Cunha.
Francisco Alves |
Ainda em 1928, Francisco
Alves lança o maxixe “Aí, pirata”, a primeira obra de música popular de
Francisco Mignone gravada pelo selo Odeon.
Foram nove anos na Europa, com
constantes visitas ao Brasil, que estabeleceram a qualidade do embasamento:
"E no final de todos esses ensinamentos eu me tornei o meu próprio
professor".
Beniamino Gigli e Tito Schippa |
Seu retorno ao Brasil
acontece em 1929, em São Paulo, atua como pianista trabalhando com os tenores
Beniamino Gigli e Tito Schippa, e também se torna professor no Conservatório
Dramático e Musical, onde reencontrou Mario de Andrade, uma figura importante
para a reorientação estética da obra de Mignone.
Em 1931, sua Primeira
Fantasia Brasileira, para piano e orquestra, à qual se seguem mais três, todas
explorando ritmos e desenhos melódicos característicos brasileiros.
Liddy e uma aluna |
Em 1932, casa-se com Elisa
Hedwig Carolina Mankel Chiaffarelli Mignone, Liddy, educadora musical,
musicista e pianista, filha do professor de piano Luigi Chiaffarelli.
No ano seguinte, Mignone se
muda para o Rio de Janeiro para assumir o posto de professor de regência do
Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da UFRJ.
Mario de Andrade |
É desta época a
elaboração do bailado Maracatu do Chico Rei com a colaboração de Mário de
Andrade, principal marco da transição para o nacionalismo, inspirado em
episódios da construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Salvador.
Em 1936 participou da
fundação do Conservatório Brasileiro de Música, sendo seu primeiro
vice-diretor. Em 1939, pôr concurso, Mignone é efetivado junto ao INM na
matéria que lecionava.
Nesse mesmo ano, atinge o ponto
alto da fase nacionalista com a suíte orquestral Festas das Igrejas, descrevendo
o ambiente festivo de quatro templos religiosos brasileiros (São Francisco da
Bahia, Rosário de Ouro Preto, Minas Gerais, O Outeirinho da Glória no Rio de Janeiro e
Nossa Senhora do Brasil em Aparecida).
Entre 1938 e 1942,
destacam-se as Doze Valsas de Esquina, (cada
uma composta sobre um dos 12 tons menores), e nas quais buscava reproduzir a
maneira de tocar dos chorões.
Alberto Cavalcanti |
Em 1951, assume a direção do
Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Na década de 1950, escreve
para cinema, compondo as trilhas de Caiçara, 1950, e Menina Moça, 1951, ambos
de Alberto Cavalcanti.
Prêmio Saci |
Compõe a Sinfonia Tropical, em 1958. No ano seguinte
recebe o Prêmio Saci de melhor composição por Sob o Céu da Bahia, 1957, de
Ernesto Remani.
Em 1961 foi o regente do
primeiro concerto da recém-fundada Orquestra da Rádio MEC, atual, Orquestra
Sinfônica Nacional (OSN-UFF).
Liddy, sua esposa, faleceu em um acidente aéreo em 26 de Novembro de 1962, no ano seguinte
casou-se com a pianista paraense Maria Josephina, com quem desenvolve frutífera
parceria em recitais a quatro mãos.
Deste matrimônio nasceu Anete Mignone. Na
década de 1960, começou a compor as primeiras obras atonais e afastou-se da
fase nacionalista.
Monina Raitzin de Távora |
Carlos Barbosa Lima |
Em 1967, aposentou-se da
cátedra da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Em 1970 foi apresentado ao
violonista Carlos Barbosa Lima, pelo professor do mesmo, Isaías Sávio, e assim
nasceu o interesse do compositor pelo violão.
Até então, havia composto apenas
Modinha, em 1956, obra dedicada à violonista argentina Monina Raitzin de Távora.
Maria Josefina |
Compõe algumas das melhores obras clássicas para
violão no Brasil, especialmente dois grandes ciclos no mesmo ano, 1970 (12
Valsas para Violão e 12 Estudos para Violão) e o Concerto para Violão e
Orquestra.
Em 1976, compôs a ópera
"Chalaça", e dois anos depois a ópera "O sargento de
milícias".
Em 1978, gravou RGE em duo pianístico com sua mulher Maria
Josefina o LP "Ernesto Nazareth", um disco tributo ao compositor
Ernesto Nazareth.
Capa do Álbum Mário de Andrade trezentos, 350 |
Em 1983, participou
juntamente com Camargo Guarnieri, Lenita Bruno e Teca Calazans do álbum duplo
"Mário de Andrade, trezentos, 350" lançado pela Funarte em homenagem
ao escritor Mário de Andrade.
Segue atuando como regente e
pianista até pouco antes de sua morte, que ocorre no Rio de Janeiro, em 19 de
fevereiro de 1986, aos 88 anos de idade.
Villa Lobos |
Francisco Mignone é
considerado um dos três maiores compositores do país, ao lado de Villa-Lobos e
Lourenzo Fernandez.
Os estudiosos dividem sua
obra em duas fases: a primeira, de influência italiana, mesmo tendo composto
nesta fase sobre temas brasileiros, e a segunda, quando a partir de influências
do amigo aderiu ao movimento modernista e, até o fim da vida, acabou
construindo um repertório único, que se notabilizou por fundir o popular, o
folclórico e o clássico.
Apelidado “o rei da valsa”
pelo amigo Manuel Bandeira, frequentador de seus saraus junto com Carlos
Drummond de Andrade, Antônio Houaiss e Alfredo Volpi.
Manuel Bandeira - Carlos Drummond de Andrade - Antonio Houaiss - Alfredo Volpi |
Tem 1.024 obras
catalogadas que abrangem os mais diversos gêneros, desde peças para piano, com
destaque para as Lendas Sertanejas, as Valsas de Esquina, as Valsas Choro,
quatro Sonatas e quatro Sonatinas; os Concertinos para fagote e clarineta, o
Concerto para piano, os bailados: Maracatu do Chico Rei, Leilão e Quincas Berro
D’Água, peças orquestrais como Festa das Igrejas e a Sinfonia Tropical e as
óperas O Chalaça e Sargento de Milícias.
O piano foi seu instrumento
preferido, sendo um talentoso pianista, seria um grande intérprete, entretanto
optou pela composição.
Oscar Lorenzo Fernandez |
Francisco Mignone e Oscar
Lorenzo Fernández foram homenageados no I Concurso Nacional Funarte de Canto
Coral, em 1997, ano em que se comemorava o centenário de nascimento de ambos os
compositores.
O regulamento do concurso exigia a execução de obras desses
compositores pelos coros participantes.
Aos coros que melhor o fizessem, era
concedido o Prêmio Centenário.
Ainda hoje, Mignone é tocado
no mundo todo – é comum chegarem direitos autorais referentes a execuções em
países como a Austrália e a Finlândia.
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