quinta-feira, 10 de março de 2016

PIAZZOLLA

Astor Pantaleón Piazzolla nascido em Mar del Plata – Argentina no dia 11 de março de 1921, caso ainda estivesse vivo, completaria 95 anos, filho único dos imigrantes italianos Vicente “Nonino” Piazzolla e Asunta Mainetti, foi um bandoneonista e compositor argentino, cujo repertório incluía clássicos, como Adios Nonino, Libertango, dentre outras composições que trouxeram ao tango elementos do jazz e da música erudita.
Vicente, Asunta e Astor
Em 1925, aos quatro anos foi com a sua família viver em Nova York em busca de melhores condições de vida, permaneceram lá até 1936, com um breve retorno a sua cidade natal em 1930.
Nos Estado Unidos se tornou fluente em espanhol, inglês, italiano e francês. Em 1929 ganhou seu primeiro bandoneón de seu pai, que comprou o instrumento numa casa de penhores por dezenove dólares. A garoto estuda durante um ano com Andrés DÁquila, e realiza a sua primeira gravação não comercial em acetato, Marionete Spagnol, em 30/11/1931, na Rádio Recording Studio.
Dois anos mais tarde, em 1933, passou a estudar com o pianista húngaro Bela Wilda, discípulo de Sergei Rachmaninoff, e com ele aprende a gostar de música clássica, em especial de Johann Sebastian Bach.
Tempos depois conheceu o cantor Carlos Gardel, que se tornou amigo da família e convidou o pequeno Astor a participar do filme “El Dia Que Me Quieras” em 1935, onde Astor fazia uma pequena aparição, como entregador de jornal. Esta cena é emblemática na história do tango.

No ano seguinte, 1936, a família regressa para Mar del Planta, Astor Piazzolla estava com 15 anos de idade e mesmo ainda muito jovem começou a tocar em algumas orquestras de tango, quando passou a ter um contato mais direto com o tango e tornar-se um grande admirador das interpretações do violinista Elvino Vardaro, um exímio tocador de tango, que mais tarde viria a fazer parte de seu grupo.


Anibal Troilo

Dois anos mais tarde, aos 17 anos de idade, resolveu sair de Mar Del Plata e rumou para capital Buenos Aires, lá começou a tocar em diversos grupos e em algumas orquestras de tango, até realizar o seu sonho, em 1939, quando consegue ingressar na Orquestra de Aníbal Troilo Pichuco, que era um dos melhores intérpretes do bandoneon.

Alberto Ginastera
Raul Spivak
Necessitando evoluir musicalmente, e ser o arranjador da orquestra Troilo, inicia seus estudos com Alberto Ginastera em 1941.

No ano seguinte casa-se com Dedé Wolff, em 1943 nasce Diana, no mesmo ano estuda piano com Raul Spivak. Em 1944 nasce Daniel. Seus arranjos são considerados avançados para sua época.
Diana, Dede, Astor e Daniel - Mar del Plata - 1954

Francisco Fiorentino
Data de 1943 sua primeira composição de caráter erudito a Suíte para Cordas, Harpa e Orquestra. Em 1944 deixa a Orquestra de Troilo para acompanhar a orquestra do cantor Francisco Fiorentino por dois anos.
Em 1946, forma a sua primeira orquestra que dura apenas três anos, com esta orquestra desenvolve em suas obras um grande impulso criativo e colocando mais dinamismo harmônico nas orquestrações, enfim um tango ousado e moderno, e muito diferente daquele normalmente tocado dentro da Argentina, o que fez com seu nome começasse a aparecer.
Ainda neste ano compõe El Desbande, considerado por ele como seu primeiro tango.
Começa a compor trilhas sonoras para filmes e em 1949, desfaz a orquestra e por pouco quase não abandona o tango por completo. Por esse tempo ele estudava com os grandes maestros Bartok e Stravinsky e ainda direção orquestral com Hermann Scherchen, além de ouvir muito jazz. 
Bela Bartok                      Igor Stravinsky                  Hermann Scherchen
O músico perseguia um estilo, uma música que em nada se parecia com o tango. Aos 28 anos decide abandonar o bandoneon para dedicar-se à escrita e para aprofundar seus estudos musicais.
Entre 1950 e 1954 compõe várias obras, claramente distintas da concepção do tango até então, quando começa a definir o seu estilo: Para lucirse, Tanguango, Prepárense, Contrabajeando, Triunfal, Lo que vendrá.
Fabien Sevitzky
Em 1953 participa do Concurso Fabien Sevitzky com a obra: Buenos Aires (três peças sinfônicas) - composta em 1951, conquistando o primeiro prêmio, a obra é apresentada na Faculdade de Direito de Buenos Aires pela Orquestra Sinfônica da Radio do Estado com a adição de dois acordeões e sob a direção do próprio Sevitzky.
Dentre os prêmios deste concurso estava uma bolsa de estudo do governo francês e Piazzolla foi para Paris estudar música clássica com Nadia Boulanger, quando teve a oportunidade de mostrar a ela o seu tango. Nadia passou a incentivar Piazzolla com uma frase:
Nadia Boulanger

"Astor, suas peças clássicas são bem escritos, mas o verdadeiro Piazzolla está aqui, nunca mais deixar isso para trás." Isto fez com que retornasse ao tango e ao bandoneón. Desta forma começou a trabalhar com mais afinco e eficiência a estrutura sofisticada do tango e gravou uma série de músicas.

Em 1955, Astor Piazzolla retornou para a Argentina e fundou o Octeto Buenos Aires, quando ele passou a mostrar verdadeiramente a sua nova música e dando início a idade contemporânea do tango. Esse Octeto durou até 1958, quando ele retornou para Nova Iorque para trabalhar como arranjador.
Permaneceu nos Estados Unidos até 1959, e nessa época escreveu a canção Adiós Nonino, uma das mais conhecidas de suas composições, feita em homenagem ao seu pai, quando este estava no leito de morte, Vicente “Nonino” Piazzolla. Diria, vinte anos depois: “Talvez eu estivesse rodeado de anjos. Foi a mais bela melodia que escrevi e não sei se alguma vez farei melhor".



Com Adiós Nonino,Decarísimo e Muerte de un Ángel começou a trilhar um caminho de sucesso que tería picos em seu concerto no Philarmonic Hall de Nova York e na musicalização de poemas de Jorge Luis Borges.
Regressou então para Argentina onde fundou muitos de seus quintetos que ficariam famosos.
Astor e Amelita
Em 1966 seu casamento com Dedé Wolff acabou e pouco tempo depois passou a namorar a cantora Amelita Baltar. 
Desse época, até por volta do início da década de 70, Piazzolla fez diversas composições e atuou em Paris, Itália e Buenos Aires. Em 1973, após um período exaustivo de grande produtividade como compositor, ele sofreu um ataque cardíaco fazendo com que ele tivesse que diminuir as suas atividades artísticas.
Nesse mesmo ano mudou-se para Itália e durante esse período fez uma série de gravações e composições que duraram por volta de cinco anos.
Em 1973, teve algumas músicas usadas como trilha sonora do filme Toda Nudez Será Castigada, dirigido por Arnaldo Jabor e adaptado da peça homônima de Nélson Rodrigues. A principal delas foi Fuga n° 9, do disco Música Contemporânea de la Ciudad de Buenos Aires, Vol.1 (1971).
Por conta disso, Piazzolla ganhou uma Menção Especial do Júri, como melhor trilha, no Festival de Gramado do mesmo ano.
Em 1974 separou-se de Amelita Baltar e dois anos mais tarde conheceu Laura Escalada com que viveu até sua morte.
Astor e Laura Escalada
 
Em 1988, participou do Programa Chico & Caetano da Rede Globo. Participação de Astor Piazzolla no Programa Chico & Caetano em 1988

Até por volta de 1990, Astor Piazzolla fez uma série de concertos com o seu quinteto, inúmeras gravações, principalmente pela Europa, América do Sul, Japão e Estados Unidos.
No dia 4 de agosto de 1990, em Paris, Astor Piazzolla sofreu um acidente vascular cerebral e dois anos mais tarde, faleceu em Buenos Aires no dia 4 de julho de 1992.
Piazzola deixou um legado de mais de 1000 obras, gravações com diversos artistas como Gary Burton, Tom Jobim e Fernando Suarez Paz, entre outros.
A música de Astor Piazzolla é sem dúvida uma das maiores expressões artísticas que a Argentina já deu ao mundo. Incorporando ao tango um pouco de jazz e um pouco de música clássica, Piazzolla conseguiu um resultado formidável e ao mesmo tempo inovador, sofisticando esse ritmo portenho e revolucionando seus conceitos.

Por muito tempo recusou escrever ou colocar uma letra na sua grande obra-prima, porém, aceitou a proposta da cantora argentina Eladia Blázquez, que lhe apresentou um poema que havia escrito sob a versão musical, e ele, comovido, concordou. Resta referir que Eladia renunciou a quaisquer direitos de autor que podia reclamar, enaltecendo ainda mais esta grande obra do tango.
Astor Piazzolla e Eladia Blázquez - 1988

ADIÓS NONINO
Desde una estrella al titilar...
Me hará señales de acudir,
por una luz de eternidad
cuando me llame, voy a ir.
A preguntarle, por ese niño
que con su muerte, lo perdí,
que con "Nonino" se me fue...
Cuando me diga, ven aquí...
Renaceré... Porque...

¡Soy...! la raíz, del país
que amasó con su arcilla.
¡Soy...! Sangre y piel, del "tano" aquel,
que me dio su semilla.
Adiós "Nonino".. que largo sin vos,
será el camino.
¡Dolor, tristeza, la mesa y el pan...!
Y mi adiós.. ¡Ay! Mi adiós,
a tu amor, tu tabaco, tu vino.
¿Quién..? Sin piedad, me robó la mitad,
al llevarte "Nonino"...
Tal vez un día, yo también mirando atrás...
Como vos, diga adiós ¡No va más..!

Recitado:
Y hoy mi viejo "Nonino" es una planta.
Es la luz, es el viento y es el río...
Este torrente mío lo suplanta,
prolongando en mi ser, su desafío.
Me sucedo en su sangre, lo adivino.
Y presiento en mi voz, su propio eco.
Esta voz que una vez, me sonó a hueco
cuando le dije adiós Adiós "Nonino".

¡Soy...! La raíz, del país
que amasó con su arcilla...
¡Soy...! Sangre y piel,
del "tano" aquel,
que me dio su semilla.
Adiós "Nonino"... Dejaste tu sol,
en mi destino.
Tu ardor sin miedo, tu credo de amor.
Y ese afán... ¡Ay...! Tu afán
por sembrar de esperanza el camino.
Soy tu panal y esta gota de sal,
que hoy te llora "Nonino".
Tal vez el día que se corte mi piolín,
te veré y sabré... Que no hay fin.

Para ouvir e baixar, inclusive a versão cantada - acesse:

Nenhum comentário:

Postar um comentário