quinta-feira, 28 de setembro de 2017

KRAUS


Joseph Martin Kraus foi um compositor da era clássica, nascido em Miltenbertg am Main, na Franconia, região central da atual Alemanha, no dia 20 de Junho de 1.756. 

Filho do casal Joseph Bernhard Kraus, um funcionário do condado do arcebispado de Mainz e Anna Dorothea Schmidt.

Em roxo: a região da Franconia
A família de seu pai era originária de Augsburg e tinham um pequeno restaurante em Weilbach perto de Amorbach, e sua mãe era filha do mestre construtor, em Miltenberg, Johann Martin Schmidt. O casal teve 14 filhos, sendo que sete deles morreram ainda na infância.

Após uma breve estadia em Osterburken, a família Kraus mudou-se para Buchen (Odenwald) (em Baden-Württemberg) em 1761, onde seu pai arrumou um emprego de escriturário.

Foi em Buchen, que Kraus iniciou sua educação formal de música. Seus primeiros professores foram o reitor Georg Pfister (1730-1807) e o cantor Bernhard Franz Wendler (1702-1782), dando-lhe principalmente aulas de piano e violino.

Kraus demonstrou seu talento musical logo no início do aprendizado. Aos 12 anos, Kraus matriculou-se no Seminário Jesuíta de Ginástica e Música em Mannheim, onde estudou literatura e música alemã e latina.

Joseph Martin Kraus recebeu uma educação musical bastante rigorosa, especialmente na técnica de violino, de P. Alexander Keck (1724-1804) e P. Anton Klein (1748-1810).

O desejo de seus pais era que jovem estudasse direito na Universidade de Mainz em 1773, entretanto, não era o seu gosto e demonstrava insatisfação naquela universidade.


Após um ano no curso, ele se candidatou à Universidade de Erfurt, onde também poderia frequentar aulas de música. A música católica e luterana florescia em Erfurt, com uma rica tradição musical. Kraus negligenciou seus estudos de direito e concentrando-se na música e na literatura.

Um processo de difamação contra seu pai obrigou Kraus a interromper seus estudos por um ano e retornar para Buchen.

Durante este período em Buchen, iniciou a composição de sua tragédia Tolon, um drama em três atos e várias obras musicais para a igreja da cidade de St. Oswald.

Compôs ainda o Te Deum em Ré Maior e o Moteto Fracto Demum Sacramento em Ré Maior.

Klopstock
Após esse período de um ano, ele continuou seus estudos de direito em Göttingen. Embora o Göttinger Hainbund (o grupo de poetas alemão que floresceu 1772-74) já não existisse, Kraus ficou bastante atraído pelas ideias desse grupo de jovens poetas que ofereceram uma devoção quase fanática ao poeta Friedrich Gottlieb Klopstock.

Neste período, Kraus escreveu um livro de poesia, chamado Versuch von Schäfersgedichte, com dezenove poemas e que foi perdido.

Envolveu-se, cada vez mais, com o movimento Sturm und Drang, que influenciou tanto sua escrita quanto sua música.

Em 1775, aos dezesseis anos, Kraus escreveu seu Requiem, uma das suas primeiras composições. Embora os sinais da óbvia inexperiência do compositor sejam facilmente vistos, o trabalho está cheio de força dramática e ideias originais e arrojadas.

Na sequencia escreveu dois oratórios: Der Tod Jesu (A Morte de Jesus) e Die Geburt Jesu (O Nascimento de Jesus) em que compôs tanto a música quanto os textos dos libretos que demonstravam numa série de cenas o espectro completo das emoções humanas, da tristeza e do medo à alegria, esta obra se perdeu.
Gustavo III

O trabalho corresponde plenamente a uma pergunta de retórica já levantada no tratado musical Etwas von und über Musik fürs Jahr 1777 (Algo sobre música, para o ano de 1777): "A música da igreja  deve ser principalmente para o coração?"

Durante sua estadia em Göttingen, Kraus tornou-se amigo do sueco Carl Stridsberg, que o convenceu a acompanhá-lo até Estocolmo para se candidatar a um cargo na corte do rei Gustavo III.

Kellgren
Assim foi feito, em 1.778, rumou para Suécia, aos vinte e um anos de idade. O início de sua estadia foi complicado e por vezes pensou em voltar para casa, foram três anos de penúria, pois a fama do apreço que o Rei Gustav tinha pelas belas artes atraiu músicos de vários países.

A Royal Swedish Academy of Music rejeitou sua ópera Azire, entretanto decidiram dar-lhe uma segunda chance, e ficou com a incumbência de musicar o livreto da ópera Proserpin redigido por Gustav III, que o poeta Johan Henric Kellgren versificou. 

Palácio de Ulriksdal
A estreia ocorreu no dia 6 de Junho de 1781, no palácio de Ulriksdal, diante do rei e da casa real. Com a aprovação do monarca Kraus foi nomeado vice-mestre de capela da Royal Swedish Opera e diretor da Royal Academy of Music.

Com sucesso alcançado, Kraus escreveu para seus pais:
“Após a apresentação, o rei conversou comigo por mais de um quarto de hora... Simplesmente lhe dava muita satisfação. Ontem fiquei envolvido com ele. Claro que não me concederam nenhum título excelente, mas o cargo de Kapellmeister. O que vale muito mais para mim do que 600 florins é que eu vou empreender uma viagem para a Alemanha, França e Itália a expensas do rei".

O monarca enviou Kraus numa grande turnê pela Europa que durou cinco anos, nesse período ele deveria aprender tudo o que podia sobre o teatro no exterior. 
Gluck - Albrechtsberger - Martini - Haydn
Durante esse período conheceu Christoph Willibald Gluck, Johann Georg Albrechtsberger, Padre Martini e Joseph Haydn, para quem escreveu a Sinfonia em Ré maior, (VB 143), intitulada Haydn.

Cambini
Publicou sua Sinfonia em Mi menor (VB 141) em 1787 na cidade de Paris, sob o nome de Giuseppe Cambini, um compositor muito popular na época.
Zur Neugekrönten Hoffnung

Por essa época tornou-se membro da mesma loja maçônica que Wolfgang Amadeus Mozart, em Viena, a "Zur Neugekrönten Hoffnung" (Nova Esperança Coroada).


Durante sua jornada, Kraus também escreveu seu famoso quinteto de flauta em Ré Maior, que rompeu com todas as antigas convenções da época, sendo um trabalho inovador se comparado com as composições daqueles tempos, com um primeiro movimento surpreendentemente longo.

Uttini
Sua viagem também o levou por toda a Itália, França e Inglaterra, onde testemunhou as celebrações do Centenário de Handel na Abadia de Westminster em 1785. Retornou a Estocolmo em 1786, se tornando a figura principal na vida musical Gustaviana.

Em 1787 foi nomeado diretor da Real Academia de Música de Estocolmo e, no ano seguinte substitui Francesco Uttini como Mestre de Capela da corte, alcançando reputação como um maestro inovador, pedagogo progressista e compositor talentoso.

Ele também se tornou membro do círculo literário que se reuniu em torno do arquiteto Erik Palmstedt (que foi comissionado pelo rei Gustav III para construir a primeira ópera real), um grupo que discutiu a vida intelectual e cultural na capital sueca.

Em 1789, Gustav III quis persuadir o parlamento a aderir à guerra em curso com a Rússia, o monarca pretendia garantir a aprovação parlamentar do Ato de União e Segurança que lhe conferisse amplos poderes sobre a administração do governo. 

O rei pediu a Kraus que escrevesse Riksdagsmusiken para a abertura das cerimônias na igreja de São Nicolau em 9 de março de 1789. A música consiste em uma marcha baseada na Marcha dos Sacerdotes de Idomeneo, obra de Mozart, e uma sinfonia (Sinfonia per la chiesa). A legislatura aprovou as medidas do rei.

Kraus escreveu uma abertura, uma marcha e interlúdios para a montagem das Olimpíadas de Voltaire, em janeiro de 1792. Embora ele fosse considerado compositor de música de palco, seu maior trabalho, Aeneas i Cartago, permaneceu inédita durante sua vida.

Em 16 de março de 1792, Gustav III foi assassinado, sua morte trouxe consideráveis turbulências no movimento cultural. Kraus escreveu uma cantata funerária e a Sinfonia fúnebre, que foram executadas na cerimônia de enterro em 13 de abril.

A saúde de Kraus se deteriorou pouco depois, e morreu apenas alguns meses depois, no dia 15 dezembro de 1792, aos trinta e seis anos, vitimado por tuberculose. Ele foi enterrado fora de Estocolmo, no Tivoli, após uma cerimônia em que o caixão foi carregado através do gelo do Brunnsviken à luz das tochas.

Ficou conhecido como "o Mozart sueco".

Muitas de suas sinfonias foram perdidas ou atribuídas a outros compositores. Cerca de uma dúzia permaneceram, sendo que a maioria delas está em três movimentos, sem o minueto.
Sepultura de Krauss no Tivoliparken, em Solna
Seu túmulo traz a inscrição: Här det jordiska af Kraus, det himmelska lefver i hans toner (que se traduz em: Aqui a terra de Kraus, a vida celestial em sua música).

Ouça

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