quinta-feira, 30 de maio de 2019

HAENDEL



Em 23 de Fevereiro de 1.685, nascia em Halle, no então reino da Saxonia, atual Alemanha, o filho de Dorothea Taust, a segunda esposa de Georg Haendel, o cirurgião-barbeiro do Duque de Saxe, Georg Friedrich Haendel. A grafia de seu nome tem algumas variações tais como: Georg Friedrich, George Frideric, Händel ou Hendel.

Casa de Haendel em Halle
Haendel teve seis meios-irmãos do primeiro casamento de seu pai, um irmão, que morreu logo após nascer, e duas irmãs. A casa em que nasceu atualmente é o centro cultural e museu Casa de Haendel.

Seus primeiros estudos gerais se deram no Gymnasium de Halle entre 1692-1702 e, período durante o qual aprendeu a tocar órgão e cravo, contrariando ao pai que desejava que seu filho fosse advogado, não se sabe ao certo de que forma, acredita-se que numa espineta danificada que tinha em sua casa e não emitia som ou com sua mãe que sendo filha de um pastor luterano teria alguma educação musical, ou ainda na escola onde poderia receber rudimentos na arte.

Em certa ocasião quando acompanhou o pai numa visita a Weissenfels, e teve acesso ao órgão da capela, diante do duque da Saxónia e do mestre capela J. Krieger, surpreendeu a todos demonstrando sua habilidade com o teclado.
Duque João Adolfo

Aconselhado pelo Duque João Adolfo que percebendo o interesse do garoto pela música, seu pai contratou Friedrich Wilhelm Zachow, organista da Igreja de Nossa Senhora em Halle, para que lecionasse fundamentos de harmonia e alguns instrumentos como: órgão, cravo, violino e oboé, condicionando o menino que estudaria Direito, pois considerava que música fosse uma perda de tempo.

Como instruções dadas por Zachow copiou grande quantidade de música de outros mestres, compôs um moteto por semana e ocasionalmente substituía o professor ao órgão da igreja.

Em 1696, aos doze anos, escreveu suas primeiras sonatas para oboé e cravo.

Seu pai faleceu em 1697 e deixando a família numa condição financeira precária, o jovem teve de arranjar uma ocupação para ajudar no sustento. Começou a lecionar no Gymnasium, além de conseguir uma nomeação como organista assistente na igreja de Halle.

Conheceu o compositor GeorgPhilipp Telemann que era seu admirador como organista e tornaram-se grandes amigos, em 1701.

Em 1702, em respeito ao desejo do pai, se matricula na Universidade de Halle, entretanto não abandona a música, e segue dividindo o seu tempo entre os estudos jurídicos, e o posto de organista na catedral calvinista de Halle que conquistara, e as de professor do ginásio.

Em 1703, abandonou os estudos na Universidade, decidido que a música tinha mais importância na sua vida. Com isso abandonou a faculdade, seu emprego e seu alunos e foi embora para Hamburgo, que na época era um dos principais centros europeus de música, onde conseguiu emprego como segundo violino e cravista do teatro de ópera da cidade.

Dois anos mais tarde em 1705, estreou a sua primeira ópera Almira, e logo em seguida a segunda, Nero, de grande sucesso. A fama veio rápida e novos alunos o procuravam.

Nesta época viajou até Lübeck para ouvir o grande organista Buxtehude.

Aceitou um convite para ir a Itália, em 1706, viajou por Florença, Roma, Nápoles e Veneza para se familiarizar mais com o gênero de óperas italianas e contatando compositores tais como Arcangelo Corelli, Bernardo Pasquini, Domenico Scarlatti e Giovanni Pergolese.

Em Florença, estreou em 1707, com enorme sucesso, a cantata Rodrigo.
Cardeal Ottoboni

Naquela época, Roma era um dos maiores centros de arte da Europa, entretanto o papa havia proibido a produção de óperas, tidas como imorais, assim predominava a música instrumental e os oratórios, um estilo operístico, porém com temática sacra. O cardeal Pietro Ottoboni, o maior patrono da música, reunia em seu palácio, semanalmente, personalidades para debates sobre arte e ouvir música.

Em 1708, compõe o oratório La Resurrezione, para o príncipe Ruspoli, estreando no dia 8 de abril com uma montagem suntuosa. Seguiu-se a cantata sacra Il Trionfo del Tempo e del Disinganno dedicada ao cardeal Ottoboni. Em Nápoles, compôs uma cantata pastoral para o casamento do Duque de Alvito, em junho do mesmo ano.

Georg Ludwig
Em Veneza, no dia 26 de Dezembro de 1709, estreou em Veneza a sua ópera Agrippina, com enorme sucesso.

Em 1710 mudou-se para Hanover, onde assumiria o cargo de mestre de capela da corte do Eleitor Georg Ludwig, no ano seguinte recebeu um convite para visitar a corte britânica, solicitou licença ao nobre, com a autorização para viajar, partiu para Londres.

Em solo inglês compôs a ópera Rinaldo que estreou em 24 de fevereiro de 1711, com muito sucesso. Ao término de sua licença, retornou a Hanover onde reassumiria suas atribuições. Esteve em sua terra natal, em novembro daquele ano, para ser padrinho de uma sobrinha. 

No ano seguinte obteve nova permissão para viajar a Londres, ansiava alcançar o mesmo sucesso, entretanto as duas óperas que compôs em sua chegada não tiveram um êxito significativo.

Lord Burlington
Em 1713 residiu na casa do jovem Lord Burlington, cuja mansão da família era um centro de arte, por influência da família foi convidado a compor a Ode for the Queen's Birthday e de Te Deum para celebrar a Paz de Utrecht. O resultado prático da Ode foi uma pensão anual de 200 libras concedida pela Rainha. No ano de 1714 tornara-se compositor da corte inglesa, com vencimentos que lhe permitiam luxos e aplicações em sociedades comerciais. Sua licença havia terminado, e ele não retornou a Hanover, o que aborreceu o Eleitor Georg Ludwig, que por ironia do destino, o nobre era o sucessor da rainha Ana e assumiu o posto com a morte da monarca naquele mesmo ano, sendo intitulado George I.

Encontro entre Haendel e George I
Os nobres londrinos da época tinham como um dos passatempos favoritos o passeio de barco pelo Tâmisa, acompanhados de uma pequena orquestra que os seguia em um barco próprio. Numa dessas ocasiões o Rei foi convidado a participar, então o Barão Kielmansegge, amigo de Haendel, providenciou para que a música executada fosse do compositor alemão, sem que o nobre soubesse, numa forma de reconciliação entre os dois, George aprovou a composição e ao ser revelado a autoria, perdoou-o.

Existe outra versão de que tal reconciliação se deveu por intermédio de Francesco Geminiani, célebre virtuoso do violino, que exigiu que o cravista fosse Haendel, para se apresentar diante do Rei.

Assim George I não só confirmou a pensão de Haendel como a dobrou.

Nos anos que se seguiram, acompanhou o Rei em visita aos domínios alemães, também teve autonomia para que visitasse outras localidades, com isso pode visitar sua mãe e auxiliar a viúva de Zachow, seu antigo mestre, com uma pensão por muitos anos.
Johann Christoph
 Schmidt

Reencontrou Johann Christoph Schmidt, um amigo que já havia casado e tinha filhos, a quem convenceu a seguir com ele para Londres como seu secretário e copista.

Em 1717, tornou-se o mestre de capela do Duque de Chandos para quem trabalhou por três anos, produzindo peças como o Chandos Te Deum e os Chandos Anthems. Também compôs músicas litúrgicas, serenatas, e seu primeiro oratório inglês, Esther, além de lecionar música para as filhas do Príncipe de Gales.

Margherita Durastanti.
Em 1719 com a participação do Rei, a nobreza decidiu formar a Royal Academy of Music, inspirada na academia francesa, sendo Haendel alistado como compositor oficial, foi até a Alemanha para contratar cantores, sem muito sucesso Haendel retornou a Londres apenas com um nome famoso, a soprano Margherita Durastanti.

A estreia da Academia deu-se no ano seguinte, com uma obra inexpressiva do compositor Giovanni Porta. Posteriormente encenou-se Radamisto, de Haendel, que foi apresentada por dez vezes, e seguiu-se a ópera Narciso, de Domenico Scarlatti, com uma recepção pior que as anteriores.

O Lord Burlington decidiu contratar Giovanni Bononcini como segundo compositor para a Academia, tornando-se o maior rival de Haendel.
Giovanni Bononcini

A ópera Astarto de Bononcini foi um grande sucesso. Na temporada seguinte foram apresentadas outras três obras do italiano, enquanto Haendel uma, Floridante.

Entretanto, no ano seguinte, a situação reverteu no ano seguinte, Floridante foi reapresentado com boa acolhida, e outras duas, Muzio Scevola e Ottone, tiveram excelente repercussão.

A dificuldade de relacionamento entre ele e os cantores não era tranquilo, eles tinha altas remunerações, extravagantes, exigentes, rebelde e vaidade incontrolável, transformava o ambiente cada vez mais insustentável, até que em 1728 a Academia foi dissolvida.

Após o fracasso da Royal Academy, lançou por conta própria uma companhia operística, em associação com o empresário Heidegger, alugou o King's Theatre por cinco anos e buscou cantores na Itália, sem muito sucesso. A estreia da companhia foi sem muito sucesso com a peça Lothario. Para a temporada seguinte recontratou Senesino e a obra Poro foi um sucesso. Contratou também o baixo Montagnana, entretanto as apresentações de Ezio e Sosarme em 1732 foram um fracasso.

Em fevereiro de 1733, reapresentou Esther em forma de oratório, e no fim do ano encenou a ópera Acis and Galatea, ambos em inglês e bem sucedidos.

No ano seguinte apareceu Orlando, outro sucesso, e foi convidado pela Universidade de Oxford para apresentar os oratórios Esther, Athaliah e Deborah. Todos tiveram as casas lotadas.

Com altos e baixos de sua companhia, e sendo envolvido em disputas entre o Rei e seu filho, o Príncipe de Gales, que formou uma Companhia que rivalizou com a sua. O atrito com as novas gerações de compositores britânicos, uma perda de 9000 libras, o levou a falência em 1737.

Após várias tentativas de se reerguer e vários reveses em 1741, anunciou que encerraria suas atividades. Entretanto o convidaram para uma série de concertos beneficentes em Dublim, e ali mais uma vez sua estrela voltou a brilhar, escreveu Messias (Messiah), a sua obra mais conhecida, e reapresentou L'Allegro, cujas récitas foram um verdadeiro triunfo. Logo arranjou para que outras obras fossem encenadas, todas recebidas com entusiasmo.

Mais uma vez, as crises da nobreza interferiam em sua situação financeira e novamente viu-se afundado em dívidas, em 1745, Horace Walpole afirmou que se tornou então uma moda, nos dias em que Haendel oferecia seus oratórios, os nobres irem todos à ópera.

Durante a rebelião jacobita ele aproveitou a movimentação política escrevendo obras de cunho patriótico. Seu oratório Judas Maccabaeus, composto em honra do Duque de Cumberland, que derrotara os revoltosos, teve enorme repercussão, dando-lhe mais renda do que todas as suas óperas juntas, e de uma hora para outra tornando-o o "compositor nacional". Na sequência outras composições suas tiveram boa aceitação. Susanna foi um sucesso notável, bem como a Fireworks Music, uma suíte orquestral. Finalmente suas finanças se estabilizaram.

Os anos seguintes foram entre viagens e dificuldades de saúde, sofreu um acidente de carruagem, estava com problemas de visão, o braço estava semiparalisado, em 1756 estava praticamente cego, mas a saúde estava normal e bastante jovial, ainda tocava órgão e cravo com perfeição, e também se dedicava à caridade.

Seus oratórios davam bastante lucro, tanto que ao morrer deixou um patrimônio de 20 mil libras, uma pequena fortuna, incluindo uma expressiva coleção de obras de arte.

Em 1758 abandonou a maioria de suas atividades públicas, pois sua saúde declinava rapidamente.

Sua última aparição em público aconteceu em 6 de abril de 1759, numa apresentação de O Messias, mas desmaiou durante o concerto e foi levado para casa, onde permaneceu de cama, falecendo na noite de 13 para 14 de abril. Foi enterrado na Abadia de Westminster, um grande privilégio, em uma cerimônia assistida por milhares de pessoas.


Seu testamento foi executado em 1 de junho, deixando a principal parte de seus bens para sua afilhada Johanna, com dotes para outros familiares e seus assistentes, além de mil libras para uma instituição de caridade. Seus manuscritos ficaram com o filho de seu secretário Johnann Schmidt, de mesmo nome do pai, que os guardou até 1772, quando os ofereceu para Jorge III em troca de uma pensão anual.

Os obituários foram eloquentes: "Foi-se, a Alma da Harmonia partiu!"... "O mais excelente músico que qualquer época jamais produziu"... "Enternecer a alma, cativar o ouvido, antecipar na Terra as alegrias do Céu, esta foi a tarefa de Haendel", e foram publicados vários outros desse teor.

Haendel deixou mais de 600 composições, entre oratórios, óperas e música instrumental. Os mais conhecidos são o oratório O Messias e seu coro Aleluia. A primeira apresentação de Música para fogos de artifícios, em Londres, no ano 1749, reuniu 12 mil pessoas.


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